A primeira e improvável congratulação a Antônio Luiz Neto

Diplomacia

Acompanhado de sua comitiva, o presidente coral, Antônio Luiz Neto, assistiu à final do Estadual em um camarote da tribuna de honra, na Ilha do Retiro.

Espaço cedido pela diretoria leonina, devolvendo a gentileza do jogo de ida.

No entanto, com o setor tomado por rubro-negros, a passagem de dirigentes corais com a camisa do clube acabou gerando algumas discussões.

Havia um time de seguranças para os tricolores. Para evitar qualquer atrito maior, o Batalhão de Choque foi acionado. Ficou de prontidão na porta do camarote até o fim…

Quando Sandro Meira Ricci encerrou a decisão, dando início à festa dos visitantes, Antônio Luiz Neto, naturalmente, quis descer até o campo, para a entrega do troféu.

Com o clima pesado, foi contido pelo comandante do Choque.

“Presidente, não é prudente sair agora. Tem muita gente aí fora e a torcida está nervosa.”

“Mas eu preciso sair, preciso comemorar o título.”

“Presidente, é melhor não sair.”

“Rapaz, eu tenho que sair daqui!”.

E saiu mesmo. Por sinal, o mandatário puxou a fila tricolor.

Abriu a porta, bem reticente com que o aguardava a partir dali.

Foi só aparecer no corredor que logo foi reconhecido pelos vários rubro-negros que deixavam o estádio. Um deles apontou o dedo para ALN, com a cara séria.

“Ei, é o presidente do Santa…”

Silêncio de alguns segundos e o complemento da frase.

“Parabéns pelo título, presidente”.

Com direito a uma salva de palmas dos demais rubro-negros. Surreal. E real…

Bastidores da contratação de Zé Teodoro

Pernambucano 2012, final: Sport 2 x 3 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Comandante coral nas duas conquistas estaduais, o técnico Zé Teodoro por muito pouco não foi contratado pelo Santa Cruz.

Em entrevista ao Superesportes, o presidente Antônio Luiz Neto revelou os bastidores daquela negociação, que mudaria para sempre a história do clube.

No início da atual gestão no Arruda, oito nomes foram estudados para a função técnica. No Dia D, todas as sugestões foram avaliadas em uma longa reunião.

Nome por nome, com os trabalhos realizados, perfil, metas estipuladas etc.

Entre eles, estava o de Zé Teodoro.

Pois justamante na apresentação de Zé, com a maioria da diretoria tricolor rechaçando a opção a princípio, o mandatário acabou disperso, numa conversa paralela.

“Avaliamos todos os nomes, mas me descuidei no nome de Zé. Quando voltei a atenção para a mesa, com quase todos contrários ao nome, o de Zé já tinha passado”.

Em casa, Antônio Luiz Neto refletiu. Ponderou sobre Zé Teodoro, campeão estadual com o Alvirrubro em 2004, no Arruda, logo contra o Santinha.

Pois o dirigente acabou ligando no dia seguinte para Sandro Barbosa, hoje assistente-técnico, mas então na função de gerente.

“Pedi para Sandro falar mais sobre aquele nome. Sandro o indicou e aceitei a opção.”

Faltava, no entanto, conversar com o próprio Zé Teodoro, numa ligação interurbana Recife-Goiânia. Foi uma conversa franca, sobre sobre valores e objetivos.

“Coloquei logo para o técnico que seria preciso utilizar a nossa base, que vinha com bons nomes, e que ele buscasse atletas que quisessem crescer, mesmo na Série D. Não era fácil. Zé Teodoro perguntou o valor da folha do elenco e eu disse que não passaria de R$ 140 mil, pois o clube estava sem dinheiro. Ainda está, na verdade”.

O conversa continuou, até que chegou a proposta salarial para o próprio técnico.

“Não adiantava nem negociar. Ofereci a Zé o valor máximo que poderíamos pagar, que era R$ 25 mil. Ele escutou atentamente e devolveu: ‘abra seu coração, presidente.'”

Nessa última parte, o presidente não conteve a gargalhada ao relembrar o papo.

“Só disse uma coisa: ‘Zé, meu coração já está todo aberto'”.

O valor não subiu, mas Zé Teodoro topou o desafio. Ganhou o Estadual. Dois, por sinal.

Pernambucano 2011, final: Santa Cruz 0x1 Sport. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

O surpreendente custo-benefício de DM9

Pernambucano 2012, final: Sport 2x3 Santa Cruz. Foto: Paulo Paiva/ Diario de Pernambucano

Dênis Marques ficou 600 dias sem jogar futebol.

Na prática, havia abandonado o esporte. Desestimulado.

Nesta temporada, houve o convite do Santa Cruz, que topou fazer uma aposta no atacante, que havia brilhado pela última vez há cinco anos.

O condicionamento físico do jogador partiu do zero. Tanto que a sua estreia acabou ocorrendo apenas na 8ª rodada do campeonato estadual.

Acabou como campeão, como artilheiro isolado. Marcou 15 gols em 16 jogos. No post, o gol do título e o primeiro gol com a camisa coral.

Na Copa do Brasil, ele balançou a rede uma vez em duas partidas. Portanto, nos quatro primeiros meses do ano, 16 gols em 18 jogos, com a ótima média de 0,88.

Como veio de forma condicionada para o Recife, o seu salário foi baixo em relação ao padrão do futebol de alto nível no país. No contra-cheque, R$ 15 mil.

Será que algum torcedor coral (ou adversário) imaginava um custo benefício desse?

Ganhou R$ 60 mil e marcou 16 gols. Cada tento do jogador “custou” 3.750 reais.

Naturalmente, a conta aumentará a partir de agora. Propostas surgiram, dentro e fora do estado, algo comum no mercado. Cabe ao Tricolor o esforço para manter o seu centroavante rumo à caminhada na Série C, o principal objetivo do ano.

Um amistoso festivo pelo título, no dia 20 de maio, no Arruda, é o primeiro passo da campanha “Fica DM9”, com o objetivo de angariar recursos.

Os corais querem valorizar o novo ídolo. E esse já é um passo importante…

Pernambucano 2012: Santa Cruz 3 x 1 Porto. Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco

O apanhado preto e encarnado fora da cartilha da Série A

Pernambucano 2012, final: Sport 2x3 Santa Cruz. Foto: Paulo Paiva/ Diario de Pernambucano

Em 2003, o futebol brasileiro passou por uma profunda transformação. Após 32 edições da Série A com fórmulas diferentes, o modelo passaria ser uniforme, por pontos corridos.

Mais longo, mais desgastante e com menos times. O campeonato foi enxugado de 24 para 20 clubes, com quatro deles caindo a cada ano.

A longa preparação técnica e tática se tornou essencial. Aquela era de times montados às pressas, buscando a última vaga para a fase seguinte, tentando daí por diante “arrancar” no torneio, não surte qualquer efeito.

Os Estaduais passaram a ser a verdadeira pré-temporada, a época de testes, para modelar pelo menos uma espinha dorsal da equipe. Para ganhar confiança.

Contratações de quatro meses deram lugar a reforços por uma temporada. No mínimo. Cada posição com duas opções de qualidade. Na criação de jogadas, a necessidade de ainda mais recursos. Até porque, conforme dito acima, a competição é longa.

Pois bem. Estamos em 14 de maio, um dia após o catastrófico aniversário do Sport.

Dentro de cinco dias, o Leão voltará a pisar no gramado com o status de primeira divisão. No entanto, parece entrar rebaixado após mais um vice estadual.

Autoestima no chão, logo numa era de “profissionalização” do departamento de futebol. Mas sem comando técnico, agora de forma literal. Enquanto tentava convencer a todos com os números, Mazola acabava rebatido com o time visto em campo, mal orientado.

Uma equipe que não sabe nem o que fazer com a bola após um simples rebote de escanteio, fora a falta de concentração, com zagueiro atuando como centroavante num esquema 3-5-2. Na prática, apenas um jogo voltado para as faltas próximas à area.

Aí, encontra-se um problema de elenco também, claro, com carência nos mais diversos setores, mesmo sendo um time caro, milionário. Sem cara de campeão.

No meio-campo, quantas vezes não se questionou o fato de ter apenas Marcelinho Paraíba, de 37 anos, como referência? O Brasileirão não dá espaço para algo assim. O torneio comprova ano a ano, do 17º colocado ao 20º, o quanto isso não funciona.

Portanto, não há outra solução. É preciso investir, ainda mais considerando as cotas milionárias para quem entra na disputa. Investimento em maio, com o fim dos campeonatos estaduais Brasil afora. Era esse o planejamento desde o início? Se a resposta for “sim”, então a situação está mesmo complicada.

Um antigo lema rubro-negro tem voltado a ficar em evidência.

“Quando mais apanhado, mais preto e encarnado”.

Não entenda isso como um bom sinal…

Pernambucano 2012, final: Sport 2x3 Santa Cruz. Foto: Paulo Paiva/ Diario de Pernambucano

As manchetes do Santa Cruz, do bicampeão

Capas do Diario de Pernambuco e do Superesportes: 15-05-12

As manchetes do bicampeonato pernambucano de futebol do Santa Cruz.

Confira as capas do Diario de Pernambuco e do caderno Superesportes desta segunda-feira, em três cores. No alto, os destaques “No peito e na raça” e “O presente é meu”.

Para ver as imagens em uma resolução maior, clique aqui e aqui.

Abaixo, as capas do título coral de 2011, “De corpo e alma” e “Ser Santa é luxo”

Das quatro manchetes, qual foi a que você mais gostou? Comente!

Capas do Diario de Pernambuco e do Superesportes: 16-05-11

Um título estadual, duas taças oficiais

Troféus do Campeonato Pernambucano de 2012. Foto: Celso Ishigami/Diario de Pernambuco

Ao ser apresentado, o então troféu oficial do Campeonato Pernambucano de 2012 foi bombardeado de críticas. Também pudera, a peça não era sequer uma taça (veja aqui).

A peça confeccionada pelo designer Hans Donner, que há 30 anos é o responsável pela identidade visual da Rede Globo, homenageada no Estadual, parecia um disco de platina. Muito diferente do que manda a tradição nos campeonatos de futebol.

Sem alarde, mas consciente de que era preciso arrumar uma solução urgente, a FPF encomendou rapidamente um novo troféu e entregou os dois ao campeão estadual. Em um mês, um novo troféu. Mais um, na verdade.

Acertou a federação, ao produzir uma taça de fato e de direito, até porque as duas apresentam elementos representativos da emissora.

Para não ficar nenhuma dúvida, eis os nomes oficiais das peças acima: Troféu Campeonato Pernambucano 2012 e Troféu Rede Globo Nordeste 40 anos.

Os dois foram parar nas Repúblicas Independentes do Arruda…

O maior público absoluto do Campeonato Pernambucano

Pelo quinto ano seguido, a média de público do Campeonato Pernambucano aumentou. Sempre em um novo patamar. Em 2007, no único ano sem subsídio do governo do estado desde 1998, a média de público acabou caindo em relação ao ano anterior.

Porém, a partir dali, o índice só fez crescer. Em 2012, os dados finais apresentam a segunda maior média da história (abaixo apenas de 1998, com 10.895) e o maior público absoluto de todos os tempos, superando justamente a temporada passada.

2007 – 4.509 (405.812 / 90 jogos)
2008 – 5.897 (778.449 / 132 jogos)
2009 – 6.881 (908.304 / 132 jogos)
2010 – 7.007 (1.009.073 / 144 jogos)
2011 – 8.548 (1.230.993 / 144 jogos)
2012 – 9.133 (1.260.458 / 138 jogos)

Confira as cinco maiores médias de público do Pernambucano de 2012.

1º) Santa Cruz (13 jogos como mandante)
Total: 346.349
Média: 26.642
Contra intermediários (10) – T: 230.090 / M: 23.009

2º) Sport (13 jogos)
Total: 249.760
Média: 19.212
Contra intermediários (9) – T: 154.111 / M: 17.123

3º) Náutico (12 jogos) 12.694
Total: 136.555
Média: 11.379
Contra intermediários (9) – T: 91.230 / M: 10.136

4º) Salgueiro (12 jogos)
Total: 104.213
Média: 8.684

5º) Central (11 jogos)
Total: 82.127
Média: 7.466

Dados da FPF. Confira os dados do Campeonato das Mutidões de 2011 aqui.

As imagens eternizadas do bicampeonato tricolor

Santa Cruz, o campeão pernambucano de 2012. Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco

Ganhar dois títulos pernambucanos consecutivos mesmo estando duas divisões nacionais abaixo dos dois maiores rivais é uma prova absoluta de superação.

Ainda mais considerando que o bi não era alcançado há 25 anos! Curiosamente, em 1986 e 1987 o vice-campeão foi o Sport, como agora.

Esse renascido Santa Cruz Futebol Clube estava fazendo falta.

No post, as imagens das duas conquistas corais, em 2011 (abaixo) e 2012 (acima), ambas sob a batuta do técnico Zé Teodoro.

Taças erguidas no Arruda e na Ilha do Retiro. E festa em todo o estado…

O museu tricolor, agora com 26 Estaduais, está revigorado.

Santa Cruz, o campeão pernambucano de 2011. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco