Eurocopa – Fúria de novo nas cabeças, sem acelerar

Eurocopa 2012, quartas de final: Espanha x França. Foto: Uefa/divulgação

Como poucos no mundo do futebol, o time espanhol sabe ficar desmarcado na grande maioria do tempo com a bola nos pés.

Considerando que há alguns anos a Fúria termina quase todas as apresentações com o maior percentual na posse da pelota, então o time realmente se mexe bastante…

Os jogadores focam o desempenho coletivo, se sobrepondo ao lampejo individual.

Isso explica um pouco o primeiro gol da vitória por 2 x 0 sobre a França, neste sábado, que levou o país à semifinal da Eurocopa, em busca do tricampeonato.

Da intermediária, o meia Xabi Alonso seguiu sozinho à área dos Bleus, onde cabeceou livre, livre. O gol saiu aos 19 minutos do primeiro tempo.

A vantagem logo cedo fez com que a partida ficasse ainda mais no ritmo cadenciado dos espanhóis, que tiveram 55% de domínio da bola.

Enquanto isso, a França tinha apenas o arisco Ribéry e o perigoso Benzema para tentar algo. Na etapa complementar, entraram Ménez e Nasri. Não deu resultado.

Aos 44 minutos, num raro lance à frente, a Espanha ainda teve um pênalti a favor. Destaque no Real Madrid, Xabi Alonso deslocou o goleiro e fechou o placar.

Com um toque de bola que oscila entre a plasticidade e a burocracia, a Espanha agora vai encarar Portugal. No clássico ibérico será preciso esquentar o clima.

Eurocopa 2012, quartas de final: Espanha x França. Foto: Uefa/divulgação

O adversário secreto no Arruda

Carpina Sport Club e Carpinense Esporte Clube

Uniformes nas cores azul e branco. Um leão como mascote, ambos.

Rivalidade em Carpina. Confusão no Arruda.

Em seu décimo jogo durante esse período de paralisação da Série C, o Santa Cruz protagonizou um episódio insólito nesta sexta. Um duelo contra o desconhecido.

Os corais aguardavam o Carpinense Esporte Clube. Fundado em 6 de janeiro de 1998.

Pois apareceu o Carpina Sport Club. Criado em 6 de janeiro 2006.

Até a equipe pisar no gramado, ninguém tinha se dado conta. Até que um radialista do município da zona da mata se aproximou dos repórteres da capital…

“Pessoal, eu vi que vocês vêm chamando o time de Carpinense. Mas vocês se confundiram. Quem veio jogar contra o Santa foi o Carpina.”

Reação geral de incredulidade…

De fato, aquela informação estava correta. O próprio clube havia trocado as bolas.

O Carpinense não disputará competição alguma este ano. A sua última foi a segunda divisão de 2010, quando acabou como vice-lanterna.

O Carpina, por sua vez, será o representante da cidade de 75 mil habitantes na segundona deste ano. Só participou uma vez, em 2006. Ficou na 6ª colocação.

Após resolver o mal entendido, o Tricolor venceu por 1 x 0. Nas dez partidas, seis vitórias, dois empates e duas derrotas, com 66% de aproveitamento.

Chega de Carpina e Carpinense na agenda. Que venha a Série C…

Eurocopa – Futebol total da Alemanha, não mecânica

Eurocopa 2012, quartas de final: Alemanha 4 x 1 Grécia. Foto: Uefa/divulgação

Campeã da Europa em 1972, 1980 e 1996, a Alemanha conseguiu na edição atual a sua melhor arrancada no torneio, com quatro vitórias seguidas.

Chega à semifinal do torneio apresentando o melhor futebol, compacto e bastante ofensivo, esbanjando objetividade no toque de bola.

É uma equipe que vem assimilando bem o processo de renovação nos últimos anos, com uma preparação avançada para o próximo Mundial, em solo brasileiro.

Antes, quer ratificar a posição de destaque na Eurocopa. Nesta sexta-feira, o time espantou a zebra grega e goleou por 4 x 2, em uma grande apresentação.

O capitão Lahm abriu o placar num golaço de fora da área, em um chute cheio de efeito. Era apenas um tento entre inúmeras chances desperdiçadas.

Samaras, aos quatro da etapa final, empatou. Parecia um castigo. Mas a tradicional Mannschaft, mentalmente equilibrada, continuou praticando o seu jogo eficiente e marcou outros belos gols com Khedira (de prima), Klose (cabeça) e Reus (rebote).

De pênalti, a Grécia marcou o gol de despedida de sua torcida, que via na Eurocopa a chance de desopilar em relação ao colapso econômico do país.

Na Alemanha, fica a certeza sobre como é antiquado o discurso de que os germânicos são mecânicosEles jogam futebol. Muito bem.

Eurocopa 2012, quartas de final: Alemanha 4 x 1 Grécia. Foto: Uefa/divulgação

As regras do jogo para ter a Seleção Brasileira no Recife

Evandro Carlos (FPF) e José Maria Marin (CBF). Foto: CBF/divulgação

Mostrando o óbvio, que o critério de escolha dos jogos da Seleção Brasileira no país é político, o Recife poderá voltar a receber um amistoso do Brasil este ano.

Em 11 de setembro, provavelmente contra a China. Desde 1995, só houve um jogo aqui.

Em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em 10 de junho de 2009, a Canarinha venceu o Paraguai por 2 x 1, com gols de Robinho e Nilmar.

O longo hiato ocorreu devido ao embate entre Carlos Alberto Oliveira e Ricardo Teixeira. Uma “paz” entre os dirigentes foi costurada pelo governador e o estado recebeu o jogo.

Agora, com novos dirigentes nas cabeceiras, FPF e CBF estão cada vez mais próximas, com Evandro Carvalho e José Maria Marin. Pedido protocolado e negociações retomadas.

Naturalmente, a 73ª colocada do ranking da Fifa não é o alvo ideal do escrete visando 2014. Em relação ao mercado chinês, contudo, trata-se de uma prioridade para a CBF.

No Arruda, o Brasil segue invicto em trinta anos de história, com públicos enormes.

As oito partidas que a Seleção realizou no Arruda levaram 512.717 torcedores às arquibancadas do estádio coral, o que proporciona uma média de 64.089 pessoas.

Na última apresentação, com ingressos caríssimos de R$ 100, R$ 200 e até R$ 300, a renda bruta chegou a R$ 4.322.555, a maior da história do futebol pernambucano.

Ao Santa Cruz, 10% do apurado. O Brasil será mesmo bem-vindo, financeiramente.

Apesar desses números no Recife e por mais que o torcedor tenha saudade de ver a Seleção de perto, jogos deste porte dependem de um acerto político.

São as regras do jogo. De um jogo pra lá de truncado…

Ricardo Teixeira (CBF) e Carlos Alberto Oliveira (FPF). Foto: FPF/divulgação

O preço da fama em Miami

Miami Heat, campeão da temporada 2011/2012 da NBA. Foto: Miami Heat/divulgação

Quando o Miami Heat foi criado, em 1988, os tradicionais Boston Celtics e Los Angeles Lakers já tinham em suas galerias 11 e 16 títulos da NBA, respectivamente.

A liga norte-americana de basquete estava em expansão. Quatro franquias, nome aplicado ao negócio (business), foram abertas na ocasião. Uma delas na Flórida.

Desde então, o dinheiro da milionária família Arison, primeiro com o fundador Ted e atualmente com seu filho, Micky, foi dando resultado gradativamente.

Em 24 temporadas, o Heat alcançou os playoffs em 16, com nove títulos na divisão sudeste e três títulos da conferência leste. E, sobretudo, com os dois modelos do Troféu Larry O’Brien, como campeão da liga. Em 2006 e agora, em 2012.

A conquista deste ano com o alto investimento em um trio de ouro justifica o crescimento do Miami Heat, que antes do título era a 7ª franquia mais valorizada, com uma avaliação de 425 milhões de dólares, segundo a Forbes Magazine (veja aqui).

A festa do bi, com um 4 x 1 sobre o Oklahoma Thunder, teve a marca do craque LeBron James (2,03m), do caladão Chris Bosh (2,08m) e do marrento Dwayne Wade (1,93m). Os dois primeiros assinaram em 2010. No embalo, o ídolo caseiro também renovou.

Eles formam o “The Big 3”, alicerce absoluto de uma campanha que superou a perda do título no ano passado para o Dallas Mavericks. Espetáculo e muita eficiência.

Na vitória que rendeu a festa na animada noite de Miami Beach, por 121 x 106, o trio marcou 70 pontos, ou 57,8% de toda a equipe. E olhe que nove jogadores marcaram cestas no triunfo diante de 19 mil pessoas na American Airlines Arena.

O preço do sucesso? Somando os salários de LeBron, Wade e Bosch nos seis anos de contrato, o Miami Heat desembolsará US$ 327 milhões. Let’s go Heat!

Miami Heat, campeão da temporada 2011/2012 da NBA. Foto: Miami Heat/divulgação

Fim da maldição de LeBron

Miami Heat, campeão da temporada 2011/2012 da NBA. Foto: Miami Heat/divulgação

LeBron James, 27 anos. Apontado como um dos melhores jogadores de basquete da atualidade, most valuable player da NBA em 2009, 2010 e 2012.

Ao deixar o Cleveland Cavaliers, em 2010, após sete temporadas, chegou a ser chamado de egoísta. Pior. A revolta na franquia foi tão grande que LeBron saiu com uma maldição.

A de que não seria campeão antes do Cleveland. Lá, apesar das excelentes temporadas, sempre faltou algo nos playoffs. Na melhor campanha, o vice-campeonato em 2007.

No Miami, duas jornadas. No ano passado, mais um vice na carreira. Nesta temporada, a redenção. E jogou muito! Basta dizer que nas cinco partidas em quadra na série final contra o Thunder, o jogador do Heat teve uma média de 28,6 pontos (veja aqui).

Na decisão, liderou o time também nos rebotes e nas assistências. Um monstro.

Apenas outros dois jogadores jogadores conseguiram um scout deste porte nas finais da NBA. Magic Johnson em 1987 e Tim Duncan, em 2003.

Portanto, fim da maldição de LeBron. No instante seguinte ao título, a Nike lançou um vídeo com a produção do tradicional anel de campeão da NBA. LeBron agora tem um.

A final de Libertadores com mais torcedores da história

Camisa 12, do Corinthians

Boca Juniors e Corinthians, o choque das massas.

Desde 1960, quando a Taça Libertadores da América foi criada pela Conmebol, nenhuma final contou com tantos torcedores envolvidos de forma direta como em 2012.

O confronto desta temporada vai reunir a incrível marca de 41.985.756 adeptos.

A camisa 12 vai pulsar, dos dois lados…

Focado no troféu inédito, o Timão tem 13,4% da torcida brasileira, segundo pesquisas. Isso dá uma margem de 25.778.450 pessoas no bando de loucos de São Paulo.

O Alvinegro é o quarto clube do mundo com mais seguidores em seu país de origem. Uma posição abaixo neste ranking aparece o time mais popular da Argentina (veja aqui).

O gigante de Buenos Aires, hexacampeão continental, conta com 40,4% da preferência dos hinchas argentinos, o que corresponde a 16.207.306.

Ambos venceram as edições dos seus campeonatos nacionais em 2011 e chegam a uma decisão sem favoritos, por mais que a camisa do Boca costume pesar na Libertadores.

Os duelos serão na La Bombonera e no Pacaembu, que curiosamente não são os maiores estádios das duas maiores metrópoles da América do Sul. Muita gente ficará de fora.

Já que o tema é a paixão futebolística, vale lembrar que esse elevado grau vem acompanhado de uma dose cavalar de rejeição. Absolutamente natural no futebol.

Os milhões que irão torcer a favor poderão ter uma massa ainda maior secando na TV.

Não fique espantado se para muitos torcedores, lá e cá, o Boca Juniors for o Brasil na Libertadores e o Corinthians for a Argentina na Libertadores…

Difícil mesmo será ficar indiferente a esta superfinal.

La 12, do Boca Juniors

O cerco está se fechando para novos campeões nacionais

Arame farpado

Coritiba x Palmeiras, a final da 24ª Copa do Brasil, que afirma um contexto preocupante.

Está ficando cada vez mais difícil o surgimento de um novo campeão nacional.

Desde a Taça Brasil de 1959, a primeira competição nacional oficial do país, o maior período sem que fosse consagrado um novo campeão de elite foi entre 1991 e 1999, do Criciúma ao Juventude, ambos na Copa do Brasil.

O chamado “G12”, bloco não escrito com os principais times do Brasil, possui títulos deste porte. Outras dez equipes fora do bolo também já ganharam.

Com a decisão do mata-mata desta temporada,  o jejum atual, desde a volta olímpica do Paulista de Jundiaí, em 2005, só não será igualado se a vigente Série A for vencida por Náutico, Ponte Preta, Portuguesa, Figueirense ou Atlético-GO.

Caso não ocorra alguma zebra no campeonato brasileiro, portanto, o futebol brasileiro poderá entrar num ciclo quase fechado de campeões nacionais.

A opinião é fundamentada em uma Série A enxuta e elitizada e agora com a reformulação da Copa do Brasil a partir de 2013, contando com todas as forças, inclusive as agremiações que disputam simultaneamente a Taça Libertadores da América.

Levando em consideração a Taça Brasil (1959-1968), Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967-1970), Série A (1971-2012) e Copa dos Campeões (2000-2002), confira abaixo quantos anos se passaram até que um novo clube pudesse bordar uma estrela dourada.

Com a estrutura atual, o 23º campeão nacional deverá surgir em quanto tempo?

Jejum de campeões nacionais

Eurocopa – Cristiano Ronaldo, decisivo até a semifinal

Eurocopa 2012, quartas de final: Portugal 1x0 República Tcheca. Foto: Uefa/divulgação

No confronto que abriu as quartas de final da Eurocopa, Portugal jogou bem melhor que a República Tcheca, na polonesa Varsóvia, nesta quinta.

Foi de fato um duelo entre o atacante Cristiano Ronaldo e o goleiro Petr Cech.

O craque luso lutou bastante. Correndo, driblando, finalizando. Acertou duas vezes a trave. A bola teimava em não entrar e o descontrole emocional parecia incomodar.

Na base da insistência, o gol saiu aos 4 minutos do segundo tempo, em uma cabeçada fulminante do atacante do Real Madrid. Na velocidade de um chute.

Cech, que fazia um partidaço, se esticou todo. Chegou a triscar na bola. Não evitou.

Nos descontos, com as duas torcidas sem coragem de continuar observando o jogo, Cech se lançou na área adversária. Seria a redenção? Não.

O triunfo de Portugal por 1 x 0 foi o suficiente para colocar o país novamente na semifinal da Euro, em busca da Taça Henri Delaunay, que escapou por pouco em 2004.

Portugal espera agora por uma revanche. Nada de vida fácil para um país com tradição individual e clubística, mas que ainda busca a afirmação como conjunto, seleção.

Em 2006, a seleção foi eliminada pela França na semifinal do Mundial. Quatro anos deopis, no clássico ibérico contra a Espanha, foi despachada da Copa nas oitavas…

Em forma, Cristiano Ronaldo agora quer ser o protagonista. Seja qual for o oponente.

Eurocopa 2012, quartas de final: Portugal 1x0 República Tcheca. Foto: Uefa/divulgação

Fogos corintianos no Grande Recife

Fogos

Fim de jogo no Pacaembu. Corinthians classificado à final da Taça Libertadores.

No Recife, um intenso foguetório. O ato sincronizado ao apito final do árbitro Leandro Vuaden indica que não havia relação alguma com os festejos na capital.

Fogos em todos os cantos da cidade, sem distinção econômica.

Através do twitter foi possível conferir o relato de torcedores dos times pernambucanos das mais diversas localidades da região metropolitana do Recife.

A incredulidade com o tamanho da ação (invasão?) mostra que o aumento da paixão clubística fora dos limites geográficos do estado não é tão silenciosa assim…

Nas últimas duas pesquisas com dados do Grande Recife (Opine/2008 e Plural/2011), o Corinthians já aparece com a quarta maior massa da cidade, tendo 1% da preferência.

Segundo a estimativa demográfica mais recente do IBGE, a capital e seu entono são ocupados por 3.898.470 habitantes. Assim, existem quase 39 mil corintianos.

No interior não há novidade quanto à presença corintiana, que varia entre 4,8% e 8,1%.

Essa concorrência bem no coração das maiores torcidas locais pode ser o estalo para uma análise mais profunda, com aspectos como o processo migratório, por exemplo.

A inserção do Timão na mídia local só tende a aumentar. Neste ano, com Náutico e Sport na Série A, a grade será composta pela presença do Corinthians, com 11 partidas.

No primeiro turno, por exemplo, o Timbu só terá um jogo transmitido na TV aberta.

Isso reforça a tese de que a imagem dos clubes pernambucanos precisa ser revitalizada, caso queiram preservar o fato de contar com a maioria absoluta no estado (veja aqui).

Essa margem de 1% assusta ou é fogo de palha? A certeza é que já faz barulho.

Fogos