Um salário de R$ 700 mil, assinado em 2010. O maior entre os técnicos do futebol brasileiro. O cartel de Luiz Felipe Scolari por si só justificaria o investimento no treinador.
No Palmeiras, contudo, o apelo era a história do Gene Hackman tupiniquim.
Felipão havia alçado o Palestra Itália ao maior capítulo de sua vitoriosa história, com a conquista da Taça Libertadores da América de 1999.
Havia dado à Academia uma aura copeira. Ou seja, a instituição conhecida pela arte havia encarnado o seu estilo, aguerrido até o último instante.
O gaúcho Scolari, como se sabe, foi bem além e conquistou a Copa do Mundo de 2002 com a Seleção Brasileira, vencendo os sete jogos na rota do penta, na Ásia.
Após o giro na Europa, acumulando fortuna e experiência tática, decidiu voltar ao país. Felipão desembarcou em São Paulo, na mesma casa, sem títulos nacionais há doze anos.
Retornou a um clube sem qualquer parceria de co-gestão, que durante anos foi o duto para a formação de grandes equipes. Seu contracheque seria a única loucura palestrina.
Com o investimento abaixo dos três rivais na maior metrópole do continente, o técnico de 63 anos suportou uma grande carga de pressão nesses três anos após inúmeros fiascos. Pressão de diretores, torcedores e da imprensa, sempre em pé de guerra.
Nada de vagas na Libertadores. Nenhuma final. Nem no Estadual…
Cogitou sair, mas ficou e fez história, de novo, agora na Copa do Brasil de 2012.
Torneio com a assintura do técnico, que já colecionava três títulos, em 1991 pelo Criciúma, 1994 com o Grêmio, e 1998 com o próprio Palmeiras.
Consciente de que a sua equipe não daria espetáculo, o comandante armou o Palmeiras com um centroavante matador (o argentino Barcos), uma meia criativo, apesar de oscilante (o chileno Valdívia), e uma defesa sólida. Time com alma.
Acima de tudo, contou com a experiência e a bola parada do meia Marcos Assunção.
Veterano, o jogador ia pendurar as chuteiras, aos 36 anos. O meia foi convencido pelo técnico a continuar mais algum tempo na “família”. Juntos pela meta de um troféu.
E assim caminhou a campanha invicta do Porco, em falta com o primeiro lugar.
Na decisão contra o Coritiba, vitória por 2 x 0 na Arena Barueri e empate em 1 x 1 no estádio Couto Pereira, nesta quarta, impondo ao adversário o segundo vice seguido.
Após sofrer um gol na finalíssima, a equipe teve maturidade para buscar o resultado no minuto seguinte. Aos 18 do segundo tempo, Marcos Assunção, sempre ele, cobrou a falta e Betinho, ex-Náutico, cabeceou para as redes. A glória estava garantida.
Foi o 18º título de Felipão em 29 finais espalhadas pelos 30 anos de carreira.
Conseguiu fazer com que todos lembrassem que o Palmeiras segue um gigante no Brasil.
Foi o 11º título nacional do Verdão, o maior campeão do país. Que ninguém se esqueça…