Em 1979, o Náutico fez uma excursão internacional com um roteiro improvável: Caribe, Oriente Médio e Suécia. Tudo começou a partir de uma promessa de cotas de US$ 4 mil a cada jogo. E seriam oito nas Antilhas, amistosos contra equipes tecnicamente limitadas. Dinheiro fácil, sem aperreio em campo. Ao menos nas palavras de Borg Lantz, o empresário sueco que entrou em contato com Hélio Pinto, o intermediário junto ao Alvirrubro. Fora do combinado, o ponto alto seria justamente a estreia, digna de um conto do vigário. Segundo o divertido relato assinado por Lenivaldo Aragão na revista Placar da época, previsão era enfrentar a seleção de Trinidad e Tobago. Só para chegar lá já foi bronca, com troca de avião em Manaus, após um defeito na aeronave, escala na Guiana Francesa, com os jogadores batendo três vezes na madeira para evitar o azar, e finalmente o destino, Port of Spain, três dias depois.
Na alfândega do aeroporto local, o time ficou preso durante cinco horas, até a chegada do despachante com o contrato assinado por Lantz. No papel estava “New York Cosmos”, também excursionando, a caminho da Colômbia. Era o milionário time ianque, de 1970 a 1985, famoso por contratar estrelas do futebol, inclusive um tal de Pelé – e reativado em 2010. Aquela equipe tinha ninguém menos que Franz Beckenbauer, já consagrado aos 34 anos, o artilheiro italiano Giorgio Chinaglia e o diabo loiro Marinho Chagas, que brilhara na lateral timbu sete anos antes. Um jogão, mas com cara de goleada, num temor do jovem time pernambucano, que tinha entre os mais experientes Didi Duarte (28 anos) e Campos (26). Em 7 de março de 1979, o Queen Stadium foi tomado por 20 mil pessoas, mais interessadas na presença do Cosmos. Entretanto, o público saiu sem ver um golzinho sequer, graças ao goleiro Ademar, que defendeu uma cabeçada de Chinaglia. Acompanhado do italiano, o Kaiser foi ao vestiário timbu cumprimentar o goleiro após o jogo. E os alvirrubros, como o lateral Carlos Alberto Rocha, tiraram fotos com o craque alemão. O time enfim se animara com a viagem.
Empolgação à parte, a agenda do sueco se desmanchou, com cancelamentos, brigas nos bastidores e nove dias sem jogos. Turismo puro, até o dia 16, quando o Náutico venceu Barbados por 3 x 1. Com isso, já garantia oito mil dólares. Na lábia, Lantz convenceu a todos de que pagaria a quantia em Copenhague (na Dinamarca!), numa conexão para mais partidas. E não é que o Náutico topou? Com Hélio Pinto contendo a justa impaciência de José Omar Braga, chefe da delegação alvirrubra, e dos próprios atletas, que ameaçaram não entrar em campo. Mas a grana foi paga e a excursão seguiu, com quatro vitórias nos campos sintéticos do mundo árabe. Mais dólares e um novo local de pagamento: a casa de Lantz. O empresário aproveitou, como não poderia deixar de ser, para promover mais um amistoso na Suécia, contra o Malmö. O adversário vivia grande fase e seria o vice-campeão europeu daquele ano. Em 6 de abril, cinco dias antes da semifinal, venceu o desgastado time do Recife por 1 x 0. Terminava ali a viagem mais longa do Náutico, com tantas histórias que houve até agradecimento ao “esforço” de Lantz…
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O nautico só tem história velha