O Ibope se organiza para lançar, em 2016, a maior pesquisa de torcida de sua história. Até hoje, o levantamento com mais entrevistados no país, aumentando a fidelidade da amostragem sobre a preferência futebolística, ocorreu em 2001, numa parceria com o jornal Lance!. Pouco menos de oito mil pessoas em 140 cidades. Agora, o instituto poderá ouvir até doze mil pessoas, num acréscimo de 50%. E a novidade vai além da amostragem e da resposta “direta”.
Número de entrevistados nas pesquisas de torcida do Ibope
1ª) 1993 – 3.503
2ª) 1998 – 3.000
3ª) 2001 – 7.700
4ª) 2004 – 7.207
5ª) 2010 – 7.109
6ª) 2014 – 7.005
7ª) 2016 – De 9.000 a 12.000
De passagem no Recife para uma palestra no workshop promovido pela FPF, o diretor-executivo do Ibope/Repucom, José Colagrossi, deu os primeiros detalhes da pesquisa. Além da tradicional pergunta “Para qual clube você torce?”, o questionário, em fase final de definição sobre a metodologia, terá “Você simpatiza por um outro time? Qual?”, numa segunda opção muito comum no futebol brasileiro, mas há tempos sem uma mensuração do tipo.
Ou seja, um torcedor “misto” (caso opte por um segundo time, naturalmente) pode responder um questionário com Sport e Vasco, Real Madrid e Sport, Santa e Flamengo, Chelsea e Santa, Náutico e Palmeiras, Bayern e Náutico e por aí vai. Isso mesmo, as respostas estão abertas a qualquer canto do mundo. Haveria alguma grande mudança sobre as últimas pesquisas no estado? Claro, os times locais também podem ser beneficiados em outras localidades, num processo de mão dupla. A influência atual de Flamengo e Corinthians fora de seus domínios foi apresentada num gráfico, num destaque conhecido.
Ao blog, Colagrossi explica que um dos objetivos é mesmo medir a influência dos europeus. Em setembro de 2015, numa pesquisa com 1.000 internautas, o Ibope apontou que 69% das pessoas, entre 16 e 29 anos, torceriam por um clube do velho mundo – mesmo na condição de simpatizante, tendo o Barça como líder absoluto, com 25%. Agora, a pesquisa será no formato tradicional.
Sem pretensão científica, o blog antecipa a discussão, embora considere que o leitor deste canal seja mais definido sobre a preferência local. Vamos à enquete.
Como é a sua relação com o seu clube do coração?
- Torço só por um clube, do Brasil (59%, 3.368 Votes)
- Torço por um clube do Brasil e simpatizo por um segundo no exterior (24%, 1.384 Votes)
- Torço por um clube do Brasil e simpatizo por um segundo no país (15%, 853 Votes)
- Torço por um clube do exterior e simpatizo por um segundo do Brasil (1%, 38 Votes)
- Torço por um clube do exterior e simpatizo por um segundo no exterior (1%, 30 Votes)
- Torço só por um clube, do exterior (0%, 22 Votes)
Total Voters: 5.695
A diferença no estudo deve aparecer na camada mais nova, a mais conectada em redes sociais, canais por assinatura e videogames – com ascendência sobre o futebol internacional, através do Fifa Football e do Pro Evolution Soccer.
“Eu não tenho dúvida que existe um percentual da população que torce exclusivamente por time de fora. Principalmente a “geração Y”, entre 16 e 24 anos. O pessoal de mais idade, não. Talvez ainda não chegue a 1%, mas pode ser uma ameaça a longo prazo.”
Sobre os pontos de pesquisa, Colagrossi tratou como “mito” a dúvida (recorrente) no Recife de que “pesquisa não sobe morro”:
“Sobe morro, entra em favela, vai nos sertões, rincões. Não adianta.”