Pernambucano em 2 linhas – 5ª/2014

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Sport x Santa Cruz, Náutico 0x2 Salgueiro e Central 2x1 Porto. Fotos: Ricardo Fernandes (Ilha) e Paulo Paiva (Arena), ambos do DP/D.A Press e Flávio Romeu/divulgação (Caruaru)

A fase principal do Pernambucano chegou à sua metade, após a 5ª rodada. A tabela ficou finalmente completa, com a realização do clássico adiado da abertura, Náutico 2 x 1 Sport. No meio desta semana, mais três jogos, mexendo bastante na classificação e deixano o atual tricampeão estadual fora do G4.

Desde que o sistema de semifinal e foi implantado pela FPF na competição, em 2010, os três grandes da capital sempre avançaram ao mata-mata. Hoje, as semifinais seriam Sport x Central e Náutico x Salgueiro.

Em 15 jogos nesta fase do o #PE2014 saíram 36 gols, com média de 2,4. Em relação à artilharia, que oficialmente considera apenas os dados hexagonal e o mata-mata, Neto Baiano segue na ponta, com quatro tentos.

Sport 3 x 0 Santa Cruz – O Leão foi arrasador no primeiro tempo, “matando” o confronto. Com a goleada definida, se poupou na etapa complementar.

Náutico 0 x 2 Salgueiro – Numa atuação apagada, com a arena às moscas, o Timbu foi surpreendido pela proposta tática do Carcará, povoando a meiuca.

Central 2 x 1 Porto – Com dois gols de Jonathan Goiano no segundo tempo, a Patativa ganhou mais um derby caruaruense e entrou no G4.

Destaque: Felipe Azevedo. Marcou dois gols no Clássico das Multidões. Aliás, dois golaços, numa bomba no ângulo e outro por cobertura.

Carcaça: Zaga coral. Estática na Ilha do Retiro, a defesa do Santa foi superada inúmeras vezes pelos leoninos, deixando Tiago Cardoso sem ação.

Próxima rodada:
08/03 (16h00) – Porto x Náutico
09/03 (16h00) – Central x Sport
09/03 (16h00) – Santa Cruz x Salgueiro

Classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2014 após a 5ª rodada. Crédito: Superesportes

Ato 1: Leão passa por cima dos corais e retoma a liderança estadual

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Sport 3x0 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Agenda recheada em março, com grandes clássicos na Ilha e no Arruda.

A primeira das quatro edições do Clássico das Multidões neste mês terminou com um atropelamento dos rubro-negros.

Em partida válida pelo hexagonal do Campeonato Pernambucano, o Sport goleou o grande rival por 3 x 0 e retornou à liderança da fase.

A vitória, diante de 18 mil torcedores e a uma semana do aguardado confronto pela semifinal da Copa do Nordeste, mostrou um ataque leonino soberano diante a estática defesa coral, plantada em campo na noite desta quinta-feira.

O passeio começou logo aos cinco minutos, num golaço.

Numa bola levantada na grande área, Felipe Azevedo – criticado justamente pela falta de pontaria – acertou um sem pulo, no ângulo de Tiago Cardoso.

A desvantagem tão cedo desmontou o time de Vica, necessitando pontuar para voltar à zona de classificação do Estadual.

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Sport 3x0 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A única chance do Santa Cruz – para realmente equilibrar a partida – aconteceu aos dez minutos, com Raul, livre livre. O meia chutou pra fora.

Fora isso, um primeiro tempo para esquecer. Mas estava apenas começando…

Aos 16, Neto Baiano, exercendo muito bem o papel de pivô, tocou para Patric. De lesionado, o lateral foi a surpresa do clássico e mandou para as redes.

Aos 29, a goleada improvável num jogo com previsão tão equilibrada até então. Outra assistência de Neto Baiano, desta vez para Felipe Azevedo, numa atuação endiabrada. Encobriu o paredão coral, com categoria.

No intervalo, Vica conversou bastante, visando um ajuste no posicionamento.

O segundo tempo até foi mais equilibrado, com o time da casa cadenciando um resultado já definido e com o visitante mais disposto. Era tarde.

O peso da partida – ainda pela fase classificatória do certame local – findou um jejum dos rubro-negros, que não venciam os corais há cinco duelos.

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Sport 3x0 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A relação Arena/Metrô, a mãe de todos os erros em Pernambuco

A Arena Pernambuco foi lançada pelo governo do estado em 15 de janeiro de 2009, num projeto integrado a algo maior, a Cidade da Copa, uma nova centralidade urbana na zona oeste do Recife. O novo campo utilizaria de forma massiva o metrô, um modal sem conexão direta com os estádios da capital.

O transporte nos trilhos seria o grande diferencial na mobilidade, com uma nova estação de metrô, a Cosme e Damião, a apenas 700 metros da arena. Pois bem. O estádio (R$ 650 milhões) e a estação (R$ 7,4 milhões) foram construídos… e a ideia inicial, tão divulgada pelo estado, acabou relegada.

De forma incompreensível, a arena ficou a uma caminhada de 4,1 quilômetros do acanhado terminal de Cosme e Damião, ou 485% acima da previsão inicial. Por isso, e pela falta de integração ao Metrorec nos jogos noturnos, o formato – que utilizou bastante dinheiro público – ainda não surtiu efeito na arena.

Agora, o poder público agora tenta lançar a versão de que a estação já estava prevista antes do estádio, sem uma relação direta com o projeto. No entanto, o terminal de Cosme e Damião só foi viabilizado por causa da arena, tanto que o gasto foi inserido na Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo.

Vamos a exemplos de outros estádios de ponta, no Brasil e no exterior, nos quais o metrô é o principal modal para o transporte do público. Através do Google Maps, com o mesmo zoom, é possível notar a disparidade.

No caso do estádio do Porto, a estação portuguesa fica dentro do estádio. Entre os exemplos, o mais distante foi o campo da Internazionale e do Milan, com cerca de dois quilômetros, ou metade do caminho em São Lourenço da Mata.

Ou seja, em todos os estádios o trajeto entre a estação e o campo é inferior a apenas um sentido no percurso para o modelo pernambucano.

Estádio do Dragão (Porto, Portugal) – Estação integrada

Estádio do Dragão. Crédito: Google Maps

Santiago Bernabéu (Madri, Espanha) – 220 metros

Santiago Bernabéu. Crédito: Google Maps

Wembley (Londres, Inglaterra) – 400 metros

Wembley. Crédito: Google Maps

Camp Nou (Barcelona, Espanha) – 450 metros

Camp Nou. Crédito: Google Maps

Maracanã (Rio de Janeiro, Brasil) – 500 metros

Maracanã. Crédito: Google Maps

Estádio da Luz (Lisboa, Portugal) – 550 metros (inclui retorno)

Estádio da Luz. Crédito: Google Maps

Stade de France (Saint-Denis, França) – 650 metros

Stade de France. Crédito: Google Maps

Amsterdam Arena (Amsterdã, Holanda) – 700 metros (inclui retorno)

Amsterdam Arena. Crédito: Google Maps

Allianz Arena (Munique, Alemanha) – 1,38 km

Allianz Arena. Crédito: Google Maps

San Siro (Milão, Itália) – 1,9 km

San Siro. Crédito: Google Maps

Arena Pernambuco (São Lourenço da Mata, Brasil) – 4,1 km (inclui retorno)

Arena Pernambuco. Crédito: Google Maps

Poucas testemunhas alvirrubras no primeiro triunfo do Carcará na Arena

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Náutico x Salgueiro. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Quarta-feira de Cinzas, 22h, em São Lourenço e com transmissão aberta na tevê. Nem mesmo a liderança e as duas vitórias seguidas, incluindo um clássico, conseguiram dobrar o torcedor alvirrubro num cenário tão adverso.

Foram apenas 1.801 testemunhas na Arena Pernambuco, num processo que não gera prejuízo ao consórcio, mas ao cidadão, que irá financiar o estádio.

Entre os torcedores que se arriscaram, a expectativa era ver um Náutico com movimentação e força ofensiva, como nas últimas apresentações. Porém, o Timbu encontrou uma marcação encaixada do Salgueiro, com três volantes.

Apesar do sistema, o time sertanejo também se lançou ao ataque, com moderação. A proposta do visitante se manteve durante todo o jogo.

Aos sete minutos do segundo tempo, o golzinho para completar a proposta. Num belo lançamento – com a falha no corte de Luiz Alberto -, Vitor Caicó invadiu a área, driblou o adversário e tocou para o gol vazio. Tirou Lisca do sério.

O treinador mexeu na equipe logo depois, com o objetivo de dar mais mobilidade ao meio-campo – com a saída e Marcus Vinícius para a entrada de Roberson. Apesar da vontade, o Timbu não reagiu. Pior, nos descontos, Luiz Alberto voltou a falhar, cometendo pênalti em Fabrício Ceará. O mesmo bateu, 2 x 0.

Num cenário inóspito, o Náutico sofreu o seu primeiro revés no Estadual. Ao Salgueiro, a primeira vitória de um time do interior na Arena, sem público.

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Náutico x Salgueiro. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Smartphones com capas alvirrubras, rubro-negras e tricolores

Capas de iPhone para Náutico, Sport e Santa Cruz

Com novos aplicativos a cada semana, os smartphones redefiniram o dia a dia das pessoas, com a possibilidade de serviços e comunicação.

Como aconteceu na geração passada dos celulares, as “capinhas” voltaram ao cenário, dando personalidade a cada aparelho.

Entre os números temas estampados, um espaço enorme para o futebol. Os grandes clubes da Europa contam com dezenas modelos de capas para cada modelo, como iPhone (4 e 5) e Galaxy (S3 e S4).

Com valores entre R$ 40 e 59, Náutico, Sport e Santa Cruz licenciaram as suas marcas com fabricantes nacionais. Confira alguns dos modelos no mercado…

Capas de iPhone para Náutico, Sport e Santa Cruz

Tomando conta das ladeiras em vermelho e preto

Carnaval do Sport. Fotos: sobreascidades.wordpress.com, Diario de Pernambuco  e Cláudio Maranhão/flickr

O carnaval rubro-negros não tem um bloco oficial na capital pernambucana. Até o início da década de 1990 havia o Leão Dourado. Mas nem por isso o frevo deixa de arrastar uma multidão de torcedores do Sport, com a maior quantidade de blocos espontâneos em Pernambuco.

Os frevos leoninos seguem em alto e bom som nos metais na Ilha, nas ladeiras de Olinda, no Galo da Madrugada e pelo interior do estado, com o maior número de blocos espontâneos. Na arquibancada, a orquestra da Treme-Terra puxa o frevo-de-rua mais famoso do clube, numa composição do maestro Nelson Ferreira, um tricolor, diga-se. A música Cazá Cazá, ainda tocada nas rádios, foi composta a pedido de Eunitônio Edir Pereira em 1955, ano do cinquentenário do Leão. O mesmo Eunitônio compôs o hino oficial anos do clube depois.

Seguindo o tom carnavalesco, há um frevo-canção ainda mais antigo, de 1936, também sob a batuta de Nelson Ferreira, em parceria com Sebastião Lopes, o “Pelo Sport Tudo”, o famoso dos brados. A música ficou conhecida como Moreninha, com vários elementos do carnaval, retrando bem a época.

Entre outros frevos do Sport, Haroldo Praça, autor do gol da vitória rubro-negra sobre o Santa Cruz por 6 x 5 na inauguração da Ilha do Retiro, em 1937, é citado no Frevo Nº 1 do Recife, de Antônio Maria, gravado em 1951 pelo Trio de Ouro.

No carnaval, acredite, há espaço até para homenagem a um dirigente após uma conquista emblemática. Com Jarbas Guimarães assumindo a presidência, em 1975 o Sport acabou com o jejum de doze anos. Mereceu um frevo-canção de Rogério de Andrade, “Este ano, nosso time / vai ser mesmo campeão / todo mundo vai cantar e dizer / ninguém segura o Sport não”.

Os blocos
Raça Rubro-negra (Bezerros/1994, terça-feira)
Leão da Barra (Goiana/2000, terça-feira)
Nação Rubro-negra (Pesqueira/2002, sexta-feira)
Rubro-negro de Coração (São José da Coroa Grande/2007, segunda-feira)
Cazá-Cazá (Nazaré da Mata/2008, terça-feira)
Cazá Cazá (Afogados da Ingazeira/2012, domingo)
Bloco do Sport (Condado/2012, terça-feira)
Leões da Mata (Palmares/2013, quinta-feira)
Leões na Folia (Ipojuca/2013, terça-feira)
Torcida do Sport (Bom Jardim, terça-feira)

As músicas

Pelo Sport tudo (Nelson Ferreira e Sebastião Lopes, 1936).

Moreninha que estas dominando
Desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Vejo no batom dos teus lábios
E no teu cabelo ondulado
As cores que dominam altaneira por morena
Do meu glorioso estado
Moreninha que estas dominando
desacatando agora pelo entrudo (2x)
Chegou a hora de gritares loucamente
Hip, Hip, Hip, Hurra Pelo Sport Tudo!
Ter passado o carnaval
Pra que não te falte a boa sorte
Tira da minha vida e te manter eternamente
Tudo, tudo pelo Sport
Cazá, cazá, cazá, cazá, cazá
A turma é mesmo boa… É mesmo da fuzarca!
Sport! Sport! Sport!

O mais querido (Jovino Falcão, 1974)

Está comprovado
Já foi conferido
Que o mais amado
O mais amado é que é, é que é
É o mais querido
É ele o maior em nosso Estado
Destaca-se do remo ao futebol
É o consagrado campeão do Norte
O mais querido, o mais querido
É o nosso Sport

Ninguém segura o Sport (Rogério Andrade, 1975)

Este ano nosso time
Vai ser mesmo campeão
Todo mundo vai cantar e dizer
Ninguém segura o Sport não
Na Ilha vou ver, hei!
A turma pular, hei!
De alegria quando o time entrar
E mostrar a bola no pé
Meu Sport em ação
Cazá, cazá, cazá
Ninguém segura o Leão

Hino à Treme Terra (Renato Barros, 1979)

Chegando lá na Ilha do Retiro
Ô abre alas que o Sport vai jogar
O rubro-negro, é cor de guerra
É o super sport que estremece a terra
Chegando lá na Ilha do Retiro
Ô abre alas que o Sport vai jogar
O rubro-negro, é cor de guerra
É o super Sport que estremece a terra
Vivendo com o Sport esta emoção
A galera se engrandece muito mais
Quem não fala no Sport é mudo
Cazá, cazá, e pelo Sport tudo!

Pelo Sport Tudo / Moreninha (1936, Nelson Ferreira e Sebastião Lopes)

Cazá Cazá (1955, Nelson Ferreira)

O mar sem fim dos corais no carnaval

Carnaval do Santa Cruz. Fotos: Blog do Santinha, Juna d m-fard junior/divulgação e Diario de Pernambuco

Os blocos Cobra Fumando, no Arruda, e Minha Cobra, em Olinda, levantam a poeira no carnaval. No Tricolor de Capiba e Nelson Ferreira, o frevo-canção e a marcha-exaltação estão na boca do povão muito antes do concreto colossal no José do Rego Maciel. É o imenso carnaval do Santa Cruz.

Em um século de história do frevo, o Santinha teve dois dos maiores compositores do envolvente ritmo pernambucano. Nelson Ferreira (1902 – 1976) e Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba (1904 – 1997). O primeiro foi um gênio nos frevos-de-rua, extraindo dos metais a animação total do público, mas sem perder a linha como compositor. Cresceu com o frevo.

No supercampeonato de 1957, Nelson criou um frevo-canção gravado pelo cantor alvirrubro Claudionor Germano. “Vamos cantar com toda emoção / Um, dois, três, quatro, cinco, seis / Saudando a faixa de supercampeão / A que fez jus / O mais querido Santa Cruz / Foram três as vitórias colossais”.

O segundo, com 200 músicas no repertório, foi conselheiro coral em 1948, quando compôs a marcha “O Mais Querido”, decorada no Mundão e famosa da mesma taça de 1957. “Santa Cruz, Santa Cruz , junta mais essa vitória…”.

Irmão de Capiba, Marambá criou “Cobral Coral” em 1959, na voz de Rubens Cristino. “Quando aparece num gramado / O Santa Cruz dando xaxado / O adversário vai cair / Disso não pode fugir / Deixa a fumaça subir”. Bem antes disso tudo, Sebastião Rosendo compôs o mais famoso frevo-canção do clube, de 1942, atendendo um pedido de Aristófanes de Andrade, renomado tricolor. Saiu o frevo “Santa Cruz de Corpo e Alma”.

De corpo e alma ao papa-taças, as canções que apaixonam nas orquestras.

Os blocos
Cobra Fumando (Recife, Arruda/1992, segunda-feira)
Triloucura (Bezerros/2004, segunda-feira)
Minha Cobra (Olinda, Sítio Histórico/2006, segunda-feira)
A Cobra Vai Subir (Afogados da Ingazeira/2008, terça-feira)
Paixão Coral (Pesqueira/2009, segunda-feira)
Naza Coral (Nazaré da Mata/2011, domingo)
Tricolor na Folia (Timbaúba, segunda-feira)

As músicas

Santa Cruz de Corpo e Alma (Sebastião Rosendo, 1942)

Eu sou Santa Cruz
De corpo e alma
E serei sempre de coração
Pois a cobrinha quando entra no gramado
Eu fico todo arrepiado e torço com satisfação (2x)
Sai,sai Timbu
Deixa de prosa,
O seu Leão
Periquito cuidado com lotação
Que matou pássaro preto
Tricolor é tradição

O mais querido (Capiba, 1957)

Santa Cruz, Santa Cruz
Junta mais essa vitória
Santa Cruz, Santa Cruz
Ao te passado de glória
És o querido do povo
O terror do Nordeste
No gramado
Tuas vitórias de hoje
Nos lembram vitórias
Do passado
Clube querido da multidão
Tu és o supercampeão”.

Papa-Taças (João Valença e Raul Valença (década 1970)

Quem é que quando joga
A poeira se levanta
É o Santa, é o Santa
Escreve pelo chão
Faz miséria e não se dobra
É a cobra, é a cobra
É sem favor o maioral
O tricolor, a cobrinha coral
O mais querido timão das massas
Por apelido o papa-taças 

Se tu és tricolor (Capiba, 1990)

Se tu és tricolor
Que Deus te abençoe
Se não és tricolor
Que Deus te perdoe
O Santa tem a fibra
Dos Guararapes
Por tradição
É o mais querido
E sempre será
O clube da multidão

Santa Cruz de Corpo e Alma (1942, Sebastião Rosendo)

Vulcão Tricolor (2007, Maestro Forró). O último dos frevos-de-rua dos clubes.

A folia alvirrubra começa cedinho

Carnaval do Náutico. Fotos: www.nauticonews.com.br, Juna d m-fard junior/divulgaçã

É a torcida mais apressada para o carnaval. Desde cedinho já está acordada, mudando o humor da cidade, fazendo abrir o sorriso alvirrubro a cada esquina.

O domingo é do Timbu Coroado desde 1934, quando os atletas de remo do clube saíram pela Rua da Aurora, onde fica até hoje a garagem do remo timbu. Uma tradição que se mantém viva na base do frevo. O desfile agora ocorre nos Aflitos, com o bloco mais tradicional entre os grandes clubes o estado.

Além do Come e Dorme, frevo-de-rua do compositor coral Nelson Ferreira, que mesmo sem letra alguma se confunde com o próprio hino alvirrubro, os metais levantam a timbuzada com outra composição de Nelson, no frevo-canção Hino do Timbu Coroado, de autoria de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso.

Músicas que ficaram ainda mais populares no rádio, na execução a cada gol alvirrubro, sobretudo na era de ouro do Náutico, no hexacampeonato. Naquela época, aliás, a segunda-feira de carnaval reservava espaço para o desfile do maracatu do Timbu Coroado. Tempos depois, o Náutico teve até um boneco gigante, o Bonzão da Timbucana, sempre presente nos Aflitos nos anos 80. Agora, a ampliação carnavalesca, com a Casa Alvirrubra no Recife Antigo.

Com um repertório superior a 50 versões do frevo-canção, as músicas em homenagem ao clube ficaram ainda mais populares no rádio, na execução a cada gol do time, sobretudo nos anos 1960.

Os blocos
Timbu Coroado (Recife, Aflitos/1934, domingo)
Nação Alvirrubra (Bezerros/2001, segunda-feira)
Alvirrubros em Folia (Pesqueira/2009, segunda-feira)
Timbu Coroado (Limoeiro, sábado)

As músicas

Hino do Timbu Coroado (Nelson Ferreira, década de 1930)

O nosso bloco é mesmo enfezado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Desde cedinho já está acordado
É o Timbu, é o Timbu Coroado
Entre no passo
Que o frevo é de amargar
Pois a turma é muito boa
E no frevo quer entrar
Não queira bancar o tatu
Conheço seu jeito, você é Timbu
Esse negócio de casá, casá, casá
É negócio pra maluco
Pois ninguém quer se amarrar
Timbu sabe isso de cor
Casá pode ser bom, não casá é melhor
N – Á – U – T – I – C – O
Todo mundo vai saber isso de cor

Timbuate (Aldemar Paiva e maestro Luiz Caetano, década de 1950)

Timbu, no céu, no lar
Timbu, meu sol, meu ar
Ene-a-u-tê-i-cê-o
Sou de verdade teu fã
Mais do que ontem
Menos que amanhã (2x)
Timbuate é um sonho
Encantamento
Carnaval, delícia de cores
Movimento
Ene-a-u-tê-i-cê-o
Sou nos esportes teu fã
Sou nos esportes teu fã
Mais do que ontem
Menos que amanhã
Timbu no céu no lar
Timbu, meu sol, meu ar

Timbuzinho (Jorge Gomes, 1964)

Sou timbuzinho
Sou timbuzinho
Gosto do frevo
E gosto de carinho (2x)
As minhas cores são
Encarnado e branco
O Náutico é bicampeão
Nino dá a Nado
Nado a Geraldo
Gol, que sensação 

Papai do Nordeste(Jocemar Ribeiro, 1966)

Ene-a-u-tê-i-cê-o
A garra do leão
Baixou de cotação
O homem do boné
Levou um grande olé
O feitiço, meu amigo, deu azar
Foi cinco a um, na tabuleta o placar
Sou da cidade o tetracampeão
Vou gargalhar, ai, ai, ai
A vitória vai ficar
Para toda geração
Do Nordeste sou o papai

Hino do Timbu Coroado (letra de Edvaldo Pessoa, Turco e Jair Barroso e composição de Nelson Ferreira)

Come e Dorme (1953, Nelson Ferreira)

Zona Mista, um novo espaço na arena para a reeducação das torcidas

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2x1 Sport. Foto: Heitor Cunha/DP/D.A Press

Uma das novidades estruturais da Arena Pernambuco é a diversidade de setores. A opção de ingresso não é restrita ao assento, no cimento, cadeira ou camarote. Se passa pelos serviços oferecidos, como lounge e bares exclusivos.

Esses novos ingressos apresentam valores acima dos preços comuns no Recife. O assento premium, por exemplo, custa R$ 120. No jogo Náutico x Porto, domingo, dos mil bilhetes disponíveis, apenas um foi vendido no setor.

No Clássico dos Clássicos na quinta-feira, na partida adiada da primeira rodada do Estadual, o número de ingressos comercializados foi bem maior  E aí há um outro aspecto sobre esse setor diferenciado, pois trata-se de uma “zona mista”.

Torcidas rivais sentadas lado a lado, como foi um dia num passado já quase distante. Hoje, o Maracanã e a Fonte Nova também contam com setores do tipo.

Porém, alvirrubros e rubro-negros chegaram a bater boca durante a partida.

Trabalho extra para os stewards, os seguranças treinados da arena.

Pela estrutura pernambucana, com cada grande clube tendo seu estádio, a medida nunca foi popular. Por isso, é preciso um plano de reeducação e respeito para que a ideia da zona mista não só continue como se torne comum.

Provavelmente, a mudança cultural não será rápida. Mas é necessária…

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2x1 Sport. Foto: Wellington Araújo/www.twitter.com/wareporter

Clássico às moscas numa soma de erros, cuja conta na arena será paga por nós

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2 x 1 Sport. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O primeiro Clássico dos Clássicos no estádio em São Lourenço da Mata válido pelo campeonato estadual teve um horário indigesto. O duelo entre Náutico e Sport foi iniciado às 20h de uma quinta-feira. Segundo os dirigentes, era a última data possível antes do colapso no Estadual.

Numa partida agendada nas coxas – sem levar em conta o potencial e os custos do jogo -, tudo pesou contra, pois a cidade fervilhando com o carnaval. Neste contexto, o torcedor, um aventureiro, teria que encarar a hora do rush na capital.

Justo entre 18h e 20h, na volta pra casa de grande parte dos trabalhadores. A falta de mobilidade, incentivo e informação prejudicaria o público, óbvio. Muitos desistiram de ir e outros tantos chegaram atrasados na arena.

O blog registrou uma visão panorâmica da Arena Pernambuco no início dos dois tempos. Houve um leve crescimento na etapa final. Insuficiente para registrar o bom público no clássico vencido pelo Alvirrubro.

O borderô oficial ainda apontou 8.784 torcedores presentes, num número bem superior ao visual. De toda forma, o público foi ruim. Vale lembrar que qualquer prejuízo na arena, e consequentemente do consórcio, é repassado ao governo do estado. Logo, todos nós pagamos a conta das cadeiras vazias…

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2 x 1 Sport. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press