O consumo de cerveja nos estádios brasileiros está proibido desde 2009.
A determinação partiu da própria CBF.
Naquele mesmo ano, alguns estados já haviam publicado leis estaduais com o veto, como Pernambuco. Aqui, a lei nº 932/2009 está em vigor desde 24 de março de 2009, quando foi sancionada pelo governador Eduardo Campos.
A proibição visava o combate à violência no futebol.
Cinco anos depois, há uma dúvida clara em relação aos resultados obtidos, uma vez que o número de crimes segue alarmante no esporte.
Paralelamente a isso, a pressão pela volta das bebidas alcoólicas foi aumentando. Entre os clubes, políticos, empresários… Fora os torcedores.
A Bahia aprovou neste mês a liberação, através da lei nº 20.506, votada na Assembleia Legislativa em 28 de janeiro e já assinada pelo governador Jaques Wagner. Contudo, há nessa decisão uma outra leitura da situação…
A Fonte Nova foi executada como uma parceria público-privada, como a Arena Pernambuco. Entre as fontes de receita, destaque para o milionário contrato de naming rights entre os gestores do estádio de Salvador e a cervejaria Itaipava.
Por R$ 100 milhões em dez anos, o nome virou “Itaipava Arena Fonte Nova”.
Curiosamente, o palco em São Lourenço também fechou com a empresa, incluindo tempo e valor, sendo rebatizado de “Itaipava Arena Pernambuco”.
Seria improvável que uma marca disposta a investir em uma década no empreendimento se sujeitasse a ficar proibida de vender o seu produto no período.
Não foi o caso da Bahia. Considerando o cenário semelhante em Pernambuco…
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, visitará o Recife pela terceira vez neste longo processo de preparação da subsede para a Copa do Mundo. Apesar do discurso oficial do dirigente, desta vez a pauta não será o estádio.
Nas anteriores, com caráter de inspeção, o cenário foi mesmo, a Arena Pernambuco. Em 26 de junho de 2012, quando a obra estava em 43%, e em 5 de março de 2013, com o empreendimento alcançando 90% de avanço físico.
Agora, mais uma vez uma visita, com o estádio pronto e em franca operação. A viagem foi anunciada pelo próprio francês nesta sexta (veja aqui).
Valcke retorna ao Brasil em 24 de março, em um tour por Fortaleza, Recife e Salvador. As três praças estiveram na Copa das Confederações, o que “diminui” as exigências para o Mundial, apesar da pressão sobre os planos de mobilidade.
O maior empecilho encontra-se em Pernambuco, com a fan fest cancelada na capital. Assim, um encontro entre Valcke e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, deve ser agendado. O gasto atrelado à cidade para o evento no Marco Zero, calculado em R$ 20 mi, já teria baixado para R$ 11 milhões, com alguns cortes.
No encontro, espera-se um possível acordo sobre as despesas.
Curiosamente, ambos sentaram lado a lado na última visita, em uma longa mesa com autoridades. Resta saber se a conversa resultará numa disputa (judicial) ou numa parceria (forçada). Se a cara dos dois for a mesma…
A Cidade da Copa foi apresentada pelo governador do estado, Eduardo Campos, em 15 de janeiro de 2009. Um projeto faraônico, orçado em R$ 1,59 bilhão.
A construção de uma nova centralidade urbana na zona oeste da região metropolitana da capital pernambucana, a dezenove quilômetros do Marco Zero, teria um bairro de 40 mil habitantes, estádio de futebol, centro de convenções, hotéis, escolas, faculdade, centro de comando da polícia…
Tudo agregado em 270 hectares num rincão em São Lourenço da Mata.
O gasto, que na prática passaria dos dois bilhões de reais, entre recursos públicos e privados, seria aplicado em quatro fases distintas do projeto: 2014 (imagem acima), 2015-2019, 2020-2024 e 2025 (imagem abaixo).
Naturalmente, já estamos no limite do primeiro módulo. Confira as oito diretrizes e as respectivas subdivisões da primeira etapa, com prazo vencido.
1 – Arena Pernambuco e Arena Indoor
2 – Praça de Celebração e zonas de comércio, entretenimento e alimentação (72.000 m²)
3 – Centro de Convenções (9.500 m²) e hotel com 300 quartos
4 – Melhorias na área norte do Rio Capibaribe
5 – Campus Educacional
6 – Instalação de Segurança (Centro de Comando e Controle Integrado)
7 – Radial da Copa finalizada
8 – Grande loja de varejo ao longo da BR-408
Apenas a Arena Pernambuco e a Radial da Copa foram construídas.
Até o momento, a Cidade da Copa, na prática, não existe.
“A iluminação por LED não estava prevista no projeto inicial e, por isso, não havia sido licitada. Para viabilizar o plano de antecipação da obra para a Copa das Confederações, foi realizada a mudança no projeto da fachada, o que garantiu que entregássemos 8 meses antes da data prevista. De toda forma, estão sendo realizados estudos de viabilização técnica e financeira para a realização do projeto para a Copa.”
A explicação da Arena Pernambuco em sua fan page oficial no facebook é recorrente, tamanha a quantidade de perguntas realizadas pelos torcedores, e olhe que são 166 mil curtidores na página.
Apesar da pequena esperança dada na última frase da nota oficial, visando o Mundial, a beleza do projeto em três dimensões, numa fachada semelhante à da Allianz Arena, em Munique, deve mesmo ficar no campo virtual.
Saiba mais sobre a polêmica em relação à fachada de LED aqui.
Além da agenda próxima, há outro ponto em comum nessas apresentações. O curso comum da negociação deveria ter levado os shows para a Arena Pernambuco, o empreendimento mais moderno do estado para eventos do tipo.
O consórcio do estádio informa que recebeu uma recomendação da Fifa para não realizar eventos no gramado – para evitar o desgaste do piso até o Mundial. Por isso, vem abrigando eventos apenas em sua área externa e no auditório.
A recomendação está em vigor desde janeiro. No entanto, o pedido (seria, na prática, uma exigência?) parece valer apenas no Recife…
Curiosamente, o Castelão, outro palco nordestino para a Copa do Mundo, também receberá um show de Roberto Carlos. O Rei irá cantar em Fortaleza em 5 de abril, uma semana antes da capital pernambucana.
Antes, em 26 de fevereiro, será a vez de Elton John – que também irá à Fonte Nova, quatro dias antes. O palco do inglês possui 17 metros de altura, medindo 24m x 18m e sustentan mais de 50 toneladas, acima das recomendações.
Falando em infraestrutura, a Arena Pernambuco foi concebida para receber até 55 mil pessoas em um show. Até agora, houve apenas um evento do tipo, com um público de 20 mil em agosto de 2013, com Cláudia Leite.
Na ocasião, uma área do campo de aproximadamente dez mil metros quadrados foi coberta com um piso de plástico propileno de alta resistência e proteção ao impacto, justamente para evitar desgastes.
Apesar disso, a recomendação ao local deve vigorar até o final de julho…
A Arena Pernambuco será o primeiro estádio de futebol da região metropolitana do Recife a contar com um programa de visita guiada.
A partir do dia 22 de fevereiro, o moderno palco da Copa do Mundo de 2014 será inserido oficialmente no contexto turístico do estado.
O tour oficial terá um roteiro semelhante ao dos estádios mais famosos da Europa, como Camp Nou do Barcelona e o Santiago Bernabéu do Real Madrid, incluindo visitas aos bastidores e áreas restritas aos jogadores e dirigentes.
Na versão em São Lourenço, um tour pelo vestiário, zona mista, setor de imprensa, camarotes, lounge e campo de jogo. O percurso será realizado em grupos de até 50 pessoas, com duração de aproximadamente 40 minutos.
A visita deverá custar R$ 20, com a vantagem de meia entrada para os sócios-torcedores em dia de Náutico, Santa Cruz e Sport.
Impressiona se dar conta de que Arruda, Aflitos e Ilha do Retiro, com décadas de uma rica história, ainda não contam com visitas do tipo…
Milionários, modernos e erguidos no mesmo ano. Dezoito estádios foram inaugurados em 2013, sendo seis deles no Brasil, justamente os palcos da Copa das Confederações. Entre os empreendimentos, a Arena Pernambuco, construída a partir da quinta e última versão do Padrão Fifa, ao custo de R$ 650 milhões.
Todas as arenas concorrem ao prêmio internacional de Estádio do Ano – 2013, nomeação anual organizada pela stadiumdb.com (da Inglaterra) e stadiony.net (da Polônia), considerando os palcos para o futebol abertos na temporada correspondente, com ao menos dez mil lugares.
A votação do Stadium DataBase, aberta ao público, tem uma estrutura diferente. Em vez de um, o participante escolhe cinco estádios, dando cinco estrelas para o melhor, quatro para a segunda opção e assim sucessivamente, até a quinta opção, com apenas uma estrela.
A votação irá até o dia 22 de fevereiro. Abaixo, a lista completa dos candidatos.
Em 2012, quando foram inaugurados 16 estádios mundo afora, o prêmio foi vencido pela Arena do Grêmio, em uma votação com a participação de 14.439 pessoas. O estádio gaúcho recebeu 216.585 pontos.
Na sua opinião, qual deve ser a posição da arena de São Lourenço da Mata diante desta concorrência…?
A Fan Fest da Copa do Mundo de 2014 foi cancelada no Recife.
O palco oficial da Fifa seria armado no Marco Zero e contaria com um telão de 144 metros quadrados para a exibição de todas as partidas.
A expectativa era de um público diário acima de 35 mil pessoas na ilha, com entrada franca, durante 35 dias, conforme a previsão inicial.
Alegando o custo do evento, de R$ 20 milhões – excluindo os equipamentos eletrônicos, fornecidos pela entidade -, a Prefeitura do Recife cancelou o projeto, faltando quatro meses para o Mundial.
Após ler a repercussão nas redes sociais sobre o assunto, sei que provavelmente estarei entre a minoria nessa discussão…
Na minha opinião, porém, foi um erro da prefeitura da capital pernambucana. O município não cumpriu com a palavra, dada há um bom tempo.
Pernambuco foi eleito com uma das doze subsedes em 30 de maio de 2009.
Desde então, como as outras localidades selecionadas, se dispôs a cumprir uma enorme matriz de responsabilidades. Cara, com prazos apertados.
Estádio de última geração, obras de mobilidade, reforma do aeroporto, construção de terminal portuário e ações de turismo. No caso pernambucano, a previsão de gasto chegou a R$ 2,9 bilhões, em investimentos federal, estadual, municipal e privado.
No quesito relacionado ao turismo, além do número de leitos nos hotéis, sistema de transporte e placas de sinalização, haveria um item presente no torneio desde 2006. As fan fests se tornaram uma parte importante da Copa do Mundo.
Reúnem multidões – população local e turistas – em eventos de longa duração, com shows, ações de marketing etc. Uma atração popular à parte da arena, com a lotação esgotada.
E esse ônus seria da Prefeitura, fato. Há cinco anos se sabe disso. Não só o Recife, mas Natal, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre…
Politicamente – e talvez seja este o ponto com o qual discordei dos comentários que li nas redes sociais -, é algo positivo economizar 20 milhões de reais para gastar em outros equipamentos (necessários) para a cidade.
Contudo, esta verba já era matéria vencida, comprometida, como o carnaval de 2014, já pago, por exemplo.
Na suposta parceria governo/prefeitura para o evento, Geraldo Júlio contradiz com o veto à fan fest as atitudes do governador Eduardo Campos, até pouquíssimo tempo o maior entusiasta da participação pernambucana.
Entre as explicações a favor da decisão vem o fato de a “Fifa explorar o Brasil de todas as formas na organização da Copa do Mundo”.
De fato, a dona Fifa é exigente demais e já fez pedidos além do razoável.
Independentemente de a fan fest ser ou não “razoável” – e eu considero que seja, pois é mais um vetor para movimentar a cidade massivamente -, o projeto estava no contrato original, assinado.
Como a Radial da Copa, a duplicação da BR-408, obras que ficarão para a população, obviamente, mas com o mesmo peso burocrático do compromisso.
Durante o Mundial, o Recife Antigo, até então na expectativa de se tornar um imenso polo de animação, poderá passar no limbo, caso os patrocinadores do evento – com aportes em outras direções – não banquem a conta inesperada.
Ou mesmo o governo do estado…
Enquanto isso, as outras onze cidades seguem com o formato completo de entretenimento de uma subsede, garantindo estádio e fan fest.
E assim deverá continuar ocorrendo nas próximas edições da Copa do Mundo.
Com um ano de operação, a Arena Pernambuco ainda vem sendo pouco utilizada pelos grandes clubes. Na prática, só tem o Náutico. O Sport mandou lá duas vezes, atuando outras duas como visitante. Já o Santa segue distante do palco do Mundial. Não por acaso, o consórcio parece contar as horas para o primeiro flerte.
Concebida em uma parceria público-privada (PPP), com duração de trinta anos, o consórcio vem enfrentando dificuldades para conseguir clientes e, claro, na operação – em 2013 a arrecadação em 22 jogos foi de R$ 7,4 milhões, abaixo da projeção, com uma taxa de ocupação de apenas 26,9%, ou 12.477 torcedores.
Dos três grandes clubes do Recife – ao contrário do que o governo do estado “prometeu” no projeto -, apenas um assinou. Ainda assim, a parceria com o Timbu segue nebulosa, com muitas queixas dos alvirrubros em relação à administração.
O Leão deverá assinar um contrato em breve. Contudo, em vez de três décadas, como o rival, o acordo seria de cinco anos, o tempo de construção de sua arena. Falta, portanto, o Tricolor. Irredutível e com o respaldo do conselho deliberativo.
Apertando o cerco, o governo do estado condicionou o Todos com a Nota à presença em pelo menos dois jogos como mandante no estádio em São Lourenço. Os corais bateram o pé e saíram do programa subsidiado.
Independentemente da costura de um acordo para alguns jogos como mandante, deixando o Arruda temporariamente de lado, o Santa já tem data para a “estreia”.
Em 23 de março, a Arena Pernambuco receberá o Clássico das Emoções, já contando inclusive com esquema de divulgação na capa do site oficial.
O mando será do Náutico, mas como o regulamento do Estadual reserva uma carga de 20% aos visitantes nos clássicos, os tricolores terão 9.242 ingressos à disposição. Essa degustação deverá exigir bastante dos gestores do estádio…
Na rodada de abertura do turno principal do campeonato estadual haverá o clássico entre Náutico e Sport, na Arena Pernambuco, em 10 de fevereiro.
Será o segundo Clássico dos Clássicos em São Lourenço da Mata em 2014.
Desta vez, os valores dos ingressos mais baratos à disposição para o público geral serão os mesmos para as torcidas do mandante e do visitante.
Antes, o consórcio vinha divulgando esquemas com preços distintos, mais caros para os clubes visitantes.
A decisão, no entendimento do blog, feria o regulamento geral de competições da CBF, no artigo 84/2º do capítulo VII.
“Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou equivalente.”
Coincidência ou não, após a denúncia do blog a Arena Pernambuco passou a conferir o mesmo (e justo) preço para todos os torcedores, com a setorização semelhante aos dos clássicos nos Aflitos, na Ilha do Retiro e no Arruda.
Atualização: o clássico acabou adiado por decisão do STJD.