Uma gota perto de 2014

Copa do Mundo de 2010: Itália 1 x 1 Paraguai

Aconteceu algo raro em Mundiais nesta segunda-feira. Falha do sistema defensivo (catenaccio) da Itália? Não. Paraguai jogando de forma ofensiva? De forma alguma.

Foi algo bem mais simples. Natural, na verdade. Chuva!

Muita chuva… O belíssimo estádio Green Point recebeu 62.869 pessoas. Menos mal que elas estavam em assentos cobertos.

Mas, para completar o cenário atípico, uma congelante temperatura de 8 graus na noite sul-africana, com ventos de 21 km/h (veja AQUI).

Já em Rustemburgo (onde ingleses e norte-americanos também empataram em 1 x 1), o estádio Royal Bafokeng tem as arquibancadas descobertas, algo que não se via num Mundial desde o Vélodrome, em Marselha, na Copa de 1998.

A última Copa do Mundo disputada no inverno havia sido em 1978, na Argentina. Desde então, Copas no verão do hemisfério norte. A próxima no inverno? Em 2014. Entre junho e julho, no Brasil. Essa chuva na Cidade do Cabo foi apenas uma gotinha…

Foto: AFP

Azzurra não foge da história

O empate da tetracampeã Itália com o Paraguai, em 1 x 1, na Cidade do Cabo, foi surpreendente. E olhe que a Azzurra começou o confronto em desvantagem…

Mas basta uma rápida passagem pelo retrospecto do primeiro jogo dos times que defenderam o título ao longo das Copas para constatar que a Azzurra apenas deu sequência a uma “quizila” com zebras históricas na Copa do Mundo. Os campeões do mundo já defenderam o título em 17 oportunidades.

O detentor do troféu (Jules Rimet ou Fifa) saiu derrotado em 4 partidas. Ainda foram registrados 4 empates. Vitórias? Nove. Considerando o sistema de 3 pontos por vitória e 1 por empate (implantado em 1994), o aproveitamento dos campeões fica em 60%. Ruim. Confira abaixo (o “mandante” era o campeão vigente).

1934 – O Uruguai não quis participar da Copa
1938 – Itália 2 x 1 Noruega
Copa do Mundo de 2010: Itália x Paraguai1950 – Itália 2 x 3 Suécia
1954 – Uruguai 2 x 0 Tchecoslováquia
1958 – Alemanha 3 x 1 Argentina
1962 – Brasil 2 x 0 México
1966 – Brasil 2 x 0 Bulgária
1970 – Inglaterra 1 x 0 Romênia
1974 – Brasil 0 x 0 Iugoslávia
1978 – Alemanha 0 x 0 Polônia
1982 – Argentona 0 x 1 Bélgica
1986 – Itália 1 x 1 Bulgária
1990 – Argentina 0 x 1 Camarões
1994 – Alemanha 1 x 0 Bolívia
1998 – Brasil 2 x 1 Escócia
2002 – França 0 x 1 Senegal
2006 – Brasil 1 x 0 Croácia
2010 – Itália 1 x 1 Paraguai

Passando de faixa

Copa do Mundo de 2010: Japão 1 x 0 Camarões

Camarões x Japão. Quantos torcedores apostaram o bolão no time africano? Vários… Afinal, os Leões Indomáveis têm um time fisicamente muito forte e habilidoso e com um atacante do quilate de Samuel Eto’o. Camisa 9 e capitão.

No Japão, a obediência tática em estado bruto. Um país que disputa apenas a sua 4ª Copa do Mundo, mas que, curiosamente, esteve presente nas últimas quatro.

Em fevereiro de 1998, a Terra do Sol Nascente conseguiu a sua melhor posição na história do ranking da Fifa, com um 9º lugar. Mas foi uma colocação sem lastro. A péssima campanha no Mundial do mesmo ano baixou um pouco a animação oriental. Mas o futebol local, bem distante dos grandes centros (literalmente também), foi mudando.

Importou jogadores e técnicos. Mas também exportou atletas. O primeiro deles foi Kazuyoshi Miura, ou simplesmente Kazu, que jogou no futebol brasileiro nos anos 80.

O objetivo era aprender. Fortalecer um sistema dentro das limitações técnicas do elenco. Um pouco disso pôde ser visto nesta segunda-feira, com um time mecânico, mas que foi eficiente e bateu Camarões por 1 x 0.

O  gol de Honda saiu em uma jogada ensaiada que o time tentou inúmeras vezes na partida. Previsíveis cruzamentos na área, como nos velhos tempos da Inglaterra. Jogada conhecida como wing play.

Aos poucos, o Japão vai mudando de faixa. Agora é necessário aprender algo mais. Até a preta falta muita coisa. E Camarões? Falta a obediência tão presente no Japão.

Foto: Fifa

Dinamarca contra

Copa do Mundo de 2010: Holanda 2 x 0 Dinamarca

Diante de 83 mil pessoas no Soccer City, o ala esquerdo dinamarquês Simon Poulsen cometeu a primeira grande “gafe” do Mundial de 2010.

Logo no primeiro minuto da etapa final, Poulsen deu uma cabeçada incrível, marcando o primeiro gol contra da Copa, a favor da Holanda (foto). No fim, a nova versão da Laranja Mecânica (mais apelido do que tática) fechou o placar por 2 x 0, mantendo uma invencibilidade de 20 partidas.

Copa do Mundo de 2010: Holanda 2 x 0 DinamarcaMas o que fica da partida é mesmo a entrada de Poulsen na história pela porta dos fundos. Ao lado, o print screen do scout da Fifa. Constrangedor, não?

O primeiro gol contra numa Copa do Mundo aconteceu em 1938, quando o suíço Loertscher marcou a favor da Alemanha nas oitavas de final. Os germânicos ganharam por 4 x 2.

O gol contra mais rápido da história das Copas aconteceu em 2006, em Frankfurt. O zagueiro paraguaio Gamarra desviou de cabeça contra a própria meta com apenas 3 minutos de jogo contra a Inglaterra. Resultado? Derrota por 1 x 0.

Recorde de gols contra em Copas: 4, em 1954, 1998 e 2006.

Recorde em uma partida: 2, no jogo EUA 3 x 2 Portugal, com um vacilo para cada lado.

O único jogador a “desfazer” a bobagem foi o holandês Ernie Brandts, que marcou um gol contra a Itália e depois fez um a favor na mesma partida, ajudando o seu time a vencer por 2 x 1, no Mundial de 1978, em Buenos Aires.

Foto: Fifa

Casa quase cheia

Copa do Mundo de 2010

A Fifa já havia avisado antes de começar a Copa do Mundo que nem todos os ingressos para os 64 jogos da competição haviam sido vendidos, apesar das inúmeras promoções para os sul-africanos.

Fiasco de público? Longe disso.

Até agora, apenas dois jogos tiveram públicos fracos para o porte de uma Copa. Ambos citados nas imagens acima: Eslovênia 1 x 0 Argélia, com 30.325 pessoas, e Coreia do Sul 2 x 0 Grécia, com 31.513, com muitas cadeiras vazias… O maior foi logo na abertura, com 84.490 pessoas no estádio Soccer City.

Nos oito jogos realizados, os borderôs registraram 406.253 pessoas, com uma média de 50.781. Considerando todas as 19 edições, a Copa da África do Sul está em 5º lugar.

Confira abaixo todas as médias de público da história da Copa.

  • De 20.000 a 30.000 torcedores:

1930 (24.139 em 18 jogos); 1934 (23.235 em 17 jogos); 1938 (26.833 em 18 jogos); 1958 (24.800 em 35 jogos); 1962 (24.250 em 32 jogos)

  • De 30.001 a 40.000 torcedores:

1954 (36.269 em 26 jogos); 1982 (39.699 em 52 jogos)

  • De 40.001 a 50.000 torcedores:

1974 (46.685 em 38 jogos); 1978 (42.376 em 38 jogos); 1986 (46.956 em 52 jogos); 1990 (48.368 em 52 jogos);  1998 (43.517 em 64 jogos); 2002 (42.268 em 64 jogos)

  • De 50.001 a 60.000 torcedores:

1966 (50.459 em 32 jogos); 1970 (52.312 em 32 jogos); 2006 (52.491 em 64 jogos); 2010 (50.781 em 8 jogos)

  • Acima de 60.001 torcedores:

1950 (60.772 em 22 jogos); 1994 (68.991 em 52 jogos)

Fotos: Fifa

Alemanha. Aleluia

Copa do Mundo de 2010: Alemanha 4 x 0 Austrália

Durban.

A cidade que finalmente viu uma grande atuação de um time na Copa do Mundo.

Argentina, Espanha, Holanda e Brasil. Os times que geram a expectativa de bom futebol na África do Sul. Até aqui, coube à seleção da Alemanha mostrar um futebol contundente. Decisivo ofensivamente e seguro na defesa.

A Alemanha de sempre, fria e técnica, mas com um grupo renovado em 2010, montado apenas com atletas quem atuam na Bundesliga, a liga local. Habilidade, movimentação e velocidade. E, sobretudo, objetividade no passe: acertou 77% dos 618 na estreia.

Contra a Austrália, neste domingo, os tricampeões mundiais não deram qualquer chance. Com 8 minutos o placar já havia sido aberto. Ao contrário da estreia da Argentina, os germânicos souberam aproveitar as chances de gol que foram criadas.

A pontaria estava apurada. Dos 16 chutes na meta do goleiro Schwarzer, 10 foram certeiros, na meta. E 4 balançaram as redes. Klose e Podolski (o mesmo ataque de 2006, apesar da série de mudanças) no primeiro tempo e Müller e Cacau no segundo.

A goleada por 4 x 0 foi incontestável. Um bom jogo, o melhor da Copa até o momento. E o time sequer pôde contar com o craque Michael Ballack, que foi cortado por lesão.

A Alemanha sempre “surpreende” o mundo. Ou seria apenas o Brasil, através de boa parte da imprensa? O velho senso comum de duvidar do país de Beckenbauer.

Calada há quatro anos, a Alemanha reaparece mais uma vez. Favorita. Como sempre.

Foto: Fifa

Limite técnico

Após sete anos, o técnico Luiz Felipe Scolari volta a trabalhar no Brasil.

Após o pentacampeonato mundial com a Seleção em 2002, Felipão passou pelo escrete de Portugal, durante cinco anos, Chelsea (Inglaterra) e Bunyodkor (Uzbquistão).

Felipão e Gene HackmanNeste domingo, o campeoníssimo treinador assinou com o Palmeiras. Começa a trabalhar após a Copa do Mundo, em 15 de julho, com contrato até o fim de 2012 (veja AQUI e AQUI)

O motivo do post, no entanto, é o tamanho do investimento no técnico. Especula-se que Scolari e a sua comissão técnica cheguem ao Palestra Itália custando R$ 700 mil por mês.

Repito: R$ 700 mil! O futebol brasileiro aguenta um investimento deste porte? Lembrando que o Atlético Mineiro paga cerca de R$ 500 mil ao staff de Vanderlei Luxemburgo.

Mas Felipão está de volta. Certamente, um dos maiores personagens da bola no Brasil. Abaixo, um de seus episódios mais polêmicos, durante a disputa da semifinal da Taça Libertadores entre Palmeiras e Corinthians, em 2000.

Saiba mais sobre a carreria do ator Gene Hackman clicando AQUI.

Safra esquecida

Copa do Mundo de 2010: Gana 1 x 0 Sérvia

Dos 23 jogadores de Gana convocados para a Copa do Mundo na África do Sul, apenas 5 estiveram no Mundial Sub-20 do ano passado.

Detalhe pra lá de relevante: a seleção de Gana conquistou o título daquela competição, o primeiro de um país africano (veja AQUI). A base, porém, não foi aproveitada.

Estiveram neste domingo em Pretória, na estreia da Copa contra a Sérvia, apenas o goleiro Daniel Agyei, o atacante Dominic Adiyiah, o zagueiro Jonathan Mensah, o volante Samuel Inkoom e o meia Andre Ayew. Destes, apenas Ayew, de 20 anos, foi titular na equipe comandada pelo técnico – curiosamente – sérvio, Milovan Rajec.

Artilheiro do Mundial júnior com 8 gols, o atacante Dominic Adiyiah foi apontado como melhor jogador daquele campeonato, que também foi realizado na África (Egito). Apesar do status alcançado na terra dos faraós, o jogador segue no banco.

Asamoah Gyan, atacante de 24 anos de GanaDepois do jogo deste domingo, bateu a dúvida se a safra utilizada pelo treinador ganês, Sellas Tetteh, em 2009, não teria colaborado um pouco mais tecnicamente.

Mas um gol de pênalti, o primeiro do Mundial de 2010, garantiu uma importante vitória para Gana, por 1 x 0.

O gol foi marcado pelo atacante Gyan (foto), um dos mais experientes da equipe. Pode não parecer, mas o atleta – que joga no clube francês Rennes – tem apenas 24 anos.

Já a Iugoslávia começa de forma desmantelada a sua participação na Copa do Mundo. Eu disse Iugoslávia? Errei. O certo é Sérvia, a 5ª bandeira da cidade de Belgrado no maior campeonato de futebol desde 1930 (veja AQUI).

Fotos: Fifa

Até Zidane encarou

Copa do Mundo de 2010: Eslovênia 1 x 0 Argêlia

Além das vuvuzelas, a maior polêmica antes da Copa foi sobre o “desempenho” da bola oficial do Mundial, a Jabulani. A bola da Adidas foi detonada por muitos craques. Boa parte deles patrocinados por outras marcas esportivas, diga-se.

Mas quem disse que também não é possível maltratar a bola?

Argélia e Eslovênia provaram isso na manhã deste domingo. E logo diante do gênio francês Zinedine Zidane (de origem argelina), que foi ao estádio. Em campo, Koren fez 1 x 0 para a Eslovênia, aos 34 do 2º tempo, em mais um frangaço na Copa. E só.

Era consenso que só os mais “secões” do futebol assistiriam a este clássico, marcado em um horário tão ingrato, às 8h30. Mas, como mostrou o Twitter, a audiência brasileira foi até boa. Apesar do sono, coloquei dois despertadores no celular e acordei.

Eslovênia e Argélia eliminaram Rússia e Egito na repescagem. Esse confronto teria sido melhor? Essa dúvida fica para 2014. Em tempo: nada como começar uma nova enquete no blog sobre o Mundial de 2010 logo nesse jogo!

O que você está achando da Copa do Mundo da África do Sul?

  • Razoável. Os craques estão fazendo falta
  • Boa, com bons jogos (apesar das vuvuzelas)
  • Ruim, incluindo as vuvuzelas

Fotos: Fifa

Prato do dia para os tablóides

Copa do Mundo de 2010: Inglaterra 1 x 1 Estados Unidos

Os tablóides britânicos costumam ser bem exagerados.

Um passeio na calçada pode ser a manchete do dia seguinte.

Basta Sir Fulano de Tal de Windsor ter conversado durante dois minutos com a duquesa Beltrana de Nottingham e pronto! Explosão de fotos, títulos bombásticos e polêmica.

Isso se estende, como não poderia deixar de ser, ao football. A vida amorosa dos grandes craques é esmiuçada até o limite (ou além disso) da privacidade. E de vez em quando aparece algo mesmo, como o caso extraconjugal do zagueiro John Terry, que até perdeu a braçadeira de capitão do English Team por causa do episódio.

Ok, fim do prelúdio do post.

Então, qual é a chance do goleiro Robert Green ter vida fácil nas edições de domingo dos tablóides? O goleiro do West Ham, de 30 anos, levou um frangaço na Copa.

Acima, a chamada da versão online do The Sun, que foi o primeiro a detonar o jogador inglês, que fez apenas a sua 11ª partida pela seleção. De fato, foi um lance absurdamente constrangedor. Um chute fraco do meio da rua, a apenas 65 km/h. Posição clássica na hora da defesa e… bola no fundo das redes.

Após sofrer o empate diante dos EUA, a Inglaterra tentou reagir. Lutou bastante, mas no duelo de pai e filho, ficou o empate em 1 x 1. As manchetes serão pesadas.

O frango é o prato do dia em Londres.

O vídeo abaixo mostra que esse prato já foi servido antes na Terra da Rainha…