Rio de Janeiro – A quantidade de jornalistas estrangeiros no Maracanã impressiona e corrobora com a tese de que o número de credenciados seria incomparavelmente maior que na Copa das Confederações.
No amplo centro de imprensa, gente de todos os cantos. Inglaterra, Itália, Índia, França, Bélgica, Bósnia e outros tantos cantos de línguas diferentes.
Daí, a dúvida inicial… Como compreender tantas declarações diferentes, tanto nas perguntas quanto nas respostas? Para amenizar o problema, a Fifa conta com uma equipe de tradutores instantâneos
Todos os jornalistas recebem um equipamento de áudio com quatro canais. Inglês, português, espanhol e a língua correspondente aos jogadores e técnicos na mesa.
Neste sábado, na primeira coletiva da Bósnia e Herzegovina, o canal especial foi para a língua croata. Vale informar informar que o país, dissidente da ex-Iugoslávia, tem três idiomas, croata, bósnio e sérvio.
Resta confiar no grau de fidelidade das traduções. Em alguns momentos, frases são perdidas, o que deixa o texto pouco abaixo dos 100% de certeza…
A expectativa da Fifa apontava plena ocupação dos estádios brasileiros nos 64 jogos da Copa do Mundo de 2014, com 3.334.524 pessoas presentes, o que proporcionaria numa média de 52.101 espectadores.
Nesta conta estão treze categorias de público, incluindo torcida geral, cortesias, os caríssimos pacotes de hospitalidade, jornalistas credenciados etc. Numa balanço nos dois primeiros dias do Mundial, os espaços vagos estão visíveis nas transmissões na televisão…
É curioso constatar isso levando em conta os ingressos esgotados para os respectivos jogos. Há de se considerar a capacidade reduzida pela Fifa nas doze arenas por questão de segurança (veja aqui).
Ainda assim, números curiosos. Dos quatro jogos analisados, dois passaram da ocupação máxima projetada, mesmo com os clarões na arquibancada.
Públicos oficiais dissociados do visual… Esse modus operandi não é novo.
Brasil 3 x 1 Croácia – Itaquerão (62.103 pessoas)
Capacidade máxima: 67.349
Capacidade na Copa: 59.955
Ocupação na estreia: 103,58%
México 1 x 0 Camarões – Arena das Dunas (39.216 pessoas)
Capacidade máxima: 44.070
Capacidade na Copa: 39.305
Ocupação na estreia: 99,77%
Espanha 1 x 5 Holanda – Fonte Nova (48.173 pessoas)
Capacidade máxima: 54.907
Capacidade na Copa: 49.280
Ocupação na estreia: 97,75%
Chile 3 x 1 Austrália – Arena Pantanal (40.275 pessoas)
Capacidade máxima: 44.335
Capacidade na Copa: 39.553
Ocupação na estreia: 101,82%
A cada Copa do Mundo a Fifa lança uma série de novidades na cobertura dos jogos. Uma mudança já clássica é a evolução das estatísticas ao vivo de cada partida, disponibilizadas pela internet.
No acompanhamento em tempo real, finalizações, faltas e posse de bola estão entre as opções mais tradicionais. O mapa de calor das equipes fez sucesso em 2010.
Em 2014, conforme esperado, novos dados e gráficos, como a distância com posse de bola e sem posse, passes curtos, médios e longos e direcionamento dos chutes na barra…
Aqui, o primeiro quadro oficial do Mundial, com o jogo Brasil 3 x 1 Croácia.
Para ver os dados de cada atleta, separadamente, clique aqui.
Acredito que todo mundo, quando criança sobretudo, já teve conversas com amigos imaginando o futuro, mas daqueles bem utópicos.
“Já pensasse… Uma Copa do Mundo aqui no Brasil?”
“Peraê, né véi… Já teve aquela de 1950. Duvido que a Fifa faça outra aqui.”
“Danosse.”
“Mas e se fizesse? Será que colocariam o Recife de novo? E seria muito maior, com 24 países. Seria arretado, vá por mim.”
“Seria, né velho. Mas tás viajando na maionese. A gente teria que construir um bocado de estádio. O Brasil tá liso.”
“Era só reformar o Arruda. Ano passado deu quase 100 mil lá com a Seleção. Como é que tu vai dizer que não serve? Ainda tem o Maracanã, o Morumbi, a Fonte Nova, o Serra Dourada…”
“Bote fé, po. Mas a turma ia roubar tão pouquinho mesmo…”
“Vixe, nem fale. Mas daqui a 20 anos a gente vê então.”
Não exatamente com essas palavras, mas algo bem próximo disso aconteceu em 1994, na época do tetra, em Rio Doce, Olinda. Na rodinha de conversa furada, eu e meus amigos, entre 11 e 12 anos de idade.
Após um tempão com cada um querendo falar mais alto que o outro, o consenso foi de que, se tivéssemos uma chance, seria com no mínimo vinte anos.
Com boa vontade e ainda achando impossível. A arenga logo tomou outro rumo, sobre sobre quem seria o Romário do futuro…
Quanto à Copa do Mundo, o maior evento com o esporte mais popular que existe, era algo realmente distante da gente, sempre alvo de admiração.
Tinha sido assim em 1990, na Itália. Foi, e como, em 1994, nos Estados Unidos. Dos 24 países imaginados, a competição evoluiu para 32. Cada vez mais agigantada.
Veio a beleza da França em 1998, a tecnologia de japoneses e sul-coreanos em 2002 e a plena organização germânica em 2006. Aquela mesma emoção guardada a cada quatro anos sempre voltava bem viva durante o Mundial.
Até que em 30 de outubro de 2007, direto da sede da Fifa, em Zurique, Joseph Blatter tirou de um envelope um papel branco com o seguinte texto na cor azul:
2014 Fifa World Cup Brazil
Era fato. O país seria novamente a sede de uma Copa do Mundo. O momento econômico em expansão, os índices sociais enfim melhorando.
A história havia, sim, virado a nosso favor.
Na ocasião, a escolha veio com a seguinte mensagem. Curta e direta.
“O Comitê Executivo decidiu, unanimamente, dar a responsabilidade, não apenas o direito, mas a responsabilidade de organizar a Copa de 2014 ao Brasil.”
Teríamos sete anos para nos prepararmos. Nunca um país havia tido tanto tempo para fomentar a infraestrutura e logística necessária.
Estádios, aeroportos, mobilidade urbana, telecomunicações, serviços etc. Bilhões seriam investidos. E foram, na verdade… Mais de R$ 25 bi.
A aplicação desses recursos e a forma é que corroboraram com as indagações dos meninos de duas décadas atrás.
A incompetência na gestão pública em todas as esferas – municipal, estadual e federal – acabou deixando o sonho parcialmente embaçado.
É da índole do brasileiro se contagiar com a Copa, quanto mais com uma Copa aqui. Ao mesmo tempo, soa errado – para alguns – aproveitar o momento sabendo a forma na qual ela foi executada.
Daí, uma mistura histórica de entusiasmo e protesto.
A contagem regressiva acabou. Infelizmente, antes de parte das obras.
A Copa do Mundo começa neste 12 de junho de 2014.
Não foi como eu imaginei há 20 anos – e muito menos esperava participar da cobertura como jornalista, pois eu queria ser piloto de avião. Ainda assim, me sinto prestigiado de ver o sonho se tornando real.
A responsabilidade de organizar uma Copa nos foi dada pela segunda vez, com a expectativa de três milhões de pessoas assistindo aos 64 jogos nos estádios e três bilhões acompanhando na televisão.
Em junho de 2014, de minha parte, em campo, irei curtir bastante o Mundial.
Em outubro de 2014, de minha parte, nas urnas, cobrarei tudo o que não foi cumprido nesse sonho tão antigo… desde menino.
A transmissão na televisão dos 64 jogos da Copa do Mundo será universal.
Os rostos dos caras dos craques serão amplamento divulgados de forma oficial no torneio de 2014, tudo previamente definido.
Toda a produção está a cargo da Fifa, monitorada no Centro Internacional de Transmissão (IBC, na sigla em inglês) e distribuída para dezenas de emissoras mundo afora.
O material, atrelado ao site oficial da entidade, traz imagens de todos os 736 jogadores. Com inúmeras mudanças nos últimos dias, a Fifa vem correndo para captar imagens de todos os atletas – fotos diferentes daquelas presentes no álbum do torneio.
Aqui, as versões parte dos convocados brasileiros e a produção de uruguaios e franceses.
A gama de equipamentos eletrônicos da Fifa, presente a cada grande evento, vem sendo implantada em todos os doze estádios da Copa do Mundo de 2014.
Como novidade, a tecnologia na linha do gol, através de câmeras, para ver se a bola entrou ou não. Para o entretenimento, dois telões de 77m² da Sony, no caso da Arena Pernambuco, e placas laterais de LED para a publicidade, instaladas nesta segunda por uma equipe estrangeira.
Em São Lourenço da Mata, a estrutura visual já foi testada. Nos telões, animações com o mascote Fuleco devem fazer parte da grade de transmissão durante as cinco partidas agendadas para o local.
Já em relação à primeira imagem das placas laterais, o teste foi com o anúncio do site oficial da entidade (fifa.com) e a seguinte mensagem bem no meio do campo:
A instalação, que tomou boa parte do estacionamento interno da arena, tem capacidade para até 600 profissionais, numa indicação do documento oficial da Fifa sobre a infraestrutura “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, com 420 páginas, de abril de 2011.
O media centre está no mesmo local escolhido na Copa das Confederações. Desta vez, mais mesas – visando a demanda maior pela frente – e luminárias particulares para a cada computador. Novamente, voluntários bilíngue.
Todas as mesas são equipadas com televisões de LED, todas da Sony, patrocinadora oficial do evento, e internet em alta velocidade, a cabo ou via wi-fi. Tudo à disposição dos jornalistas credenciados. Como em 2013, o centro climatizado – através de geradores de energia na área externa – foi customizado com as cores do torneio, agora o Mundial.
O espaço, logo abaixo da arquibancada oeste, é dividido em setores de organização, área de repórteres, área de fotógrafos e ilhas de edição. No local também está montado um estande da Secopa.
A estrutura conta ainda com serviços de bar produtos atrelados aos patrocinadores da Fifa, um caixa eletrônico do Itaú, um balcão de venda de serviços de telefonia para jornalistas e até balcão de empréstimo de equipamentos para fotógrafos.
Fifa à parte, a capacidade regular da sala de imprensa do estádio, um piso acima, é de 150 pessoas.
Aproximadamente 200 mil ingressos serão entregues para público geral visando as cinco partidas na Arena Pernambuco. A lotação já está esgotada.
Após a compra online, que tirou a paciência de muita gente na fila de espera virtual, a retirada dos bilhetes é algo bem mais prático, finalizada em até cinco minutos.
O principal centro de distribuição de ingressos no Recife foi armado no térreo do segundo edifício-garagem do Shopping Recife – em 2013, na Copa das Confederações foi no último andar.
Uma curiosidade no local é a presença de duas mesas de totó, liberadas para os torcedores.
Nos dois jogos em questão, o clássico é o mesmo… Náutico x Sport.
Curiosamente, ambos cederam os seu centros de treinamento para a infraestrutura oficial do Mundial. Coincidência na escolha das mesas?