A campanha do Náutico na Série A de 2013 foi a pior da história do clube.
Foram 28 derrotas em 38 jogos, culminando com o descenso.
Fora de campo, apesar dos salários atrasados e da crise administrativa, o Timbu teve o maior orçamento de sua história, segundo o balanço financeiro oficial.
O total de receitas operacionais de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2013 foi de R$ 48.105.068, ou 17% maior que a verba da temporada anterior, de R$ 41 milhões, até então o recorde na história do clube (veja aqui).
Apesar disso, a dívida de Rosa e Silva cresceu bastante, quase 16 milhões de reais (22%).
Somando os passivos circulante e não circulante, eis o aumento do buraco…
O exercício do ano terminou com um déficit de R$ 721.230.
Como costuma ocorrer, o Alvirrubro publicou o seu relatório no caderno executivo do Diário Oficial do Estado. No ano passado, em 28 de abril. Desta vez, na data limite, 30 de abril.
O que preocupa nesses dados é que eles foram contabilizados na elite nacional. Na última vez em que esteve na Segundona, em 2011, a receita foi de R$ 19 milhões.
Atualização:
Após a publicação do post, Paulo Wanderley, presidente timbu no biênio 2012/2013, entrou em contato com o blog. Ele rechaçou o relatório, que não contou com a sua assinatura. “Deixei o balancete de janeiro a novembro no conselho em 23 de dezembro. Só faltava o último mês, que não estava fechado. Mas eles (nova gestão) mudaram o regime contábil, de caixa para competência. Assim, em vez de somar só o que entrou no ano, pegaram todas as dívidas de todas as gestões e jogaram no meu balanço. Foi uma covardia. A dívida do Náutico subiu para 75 milhões de reais, e não 87. Vou processar Glauber Vasconcelos.”
Em seguida, o presidente Glauber também foi ouvido pelo blog. Justificou a posição de reunir as dívidas antigas. “Não estou dizendo que as dívidas são dele (Paulo). O que se fez foi o registro de dívidas do clube. O Clube Náutico Capibaribe não pode ficar na fantasia, as dívidas existiam. Pode processar à vontade. Talvez no processo fique mais claro. Estamos fazendo uma auditoria que vai até maio.”
O Náutico disputou a Série A do futebol brasileiro em 2012 e 2013. No primeiro ano, uma boa campanha, com o 12º lugar e a vaga na Copa Sul-Americana. Na segunda temporada, a última colocação, com o rebaixamento.
No biênio, contudo, o clube teve a maior receita de sua história. Com dados fechados, o orçamento de 2012 foi de R$ 41 milhões, mais que o dobro do ano anterior, quando o Timbu disputou a segundona, com R$ 19,2 milhões.
Mesmo com esse cenário, o clube terminou bem no vermelho…
A gestão de Paulo Wanderley foi encerrada, entrando no lugar Glauber Vasconcelos, eleito representando o Movimento de Transparência Alvirrubra.
Fazendo justiça ao nome, o MTA apresentou um balancete dos últimos dois anos. A prestação final deve ser publicada até março no Diário Oficial do Estado.
Nos dois anos mais robustos do Alvirrubro, um incrível déficit de R$ 14.774.879.
Pendências no futebol profissional, no departamento administrativo, em acordos judiciais e extrajudiciais, luvas de atletas, comissionamentos, parcelamentos fiscais e obrigações fiscais. Para se ter ideia, só com os atletas a dívida é de R$ 4,8 milhões. Bronca é dever R$ 378 mil a empresários de jogadores…
Alguns pontos surpreendem nesse anúncio. Primeiramente, o fato de o déficit oficial de 2012 ter sido de R$ 392.993, o que leva a uma conclusão (rasa?) de que somente em 2013 o rombo foi de R$ 14.381.886!
Ampliando o caos, lembremos dos aportes da Arena Pernambuco, em seu primeiro ano de contrato, e da venda do lateral-esquerdo Douglas Santos, que rendeu cerca de 4 milhões de reais, na maior negociação da história do clube.
Voltando ao presente, em 2014, o Náutico terá uma Série B pela frente, com uma sensível redução nas receitas, sobretudo nas cotas de televisão.
Nota-se que a situação financeira não é das melhores…
Saiba mais sobre os balanços de Náutico, Santa e Sport em 2011 e 2012 aqui.
Acabou a agonia da torcida. O Náutico está, sim, rebaixado à segunda divisão.
Um ano imaginado como um dos mais gloriosos da história de Rosa e Silva termina de forma vexatória.
O orçamento recorde de R$ 45 milhões, a Série A exclusiva, a estreia na arena, a participação na Sul-Americana. Tudo isso foi suplantado com frustração em cima de frustração, estadual, nacional e internacional.
Para encerrar a ínfima chance matemática de reversão na elite, o Alvirrubro, presente na zona de rebaixamento em todas as rodadas, enfrentou o seu lado oposto, um clube que vive a sua temporada mais espetacular.
Campeão da Taça Libertadores da América de forma brilhante, o Atlético Mineiro vem “brincando” no Campeonato Brasileiro.
E mesmo assim o Galo de Cuca se mantém entre os primeiros colocados.
Vai se preparando, mesmo sem Ronaldinho, em recuperação, para o Mundial de Clubes. Vai aprimorando as jogadas, sempre rápidas, com bola de pé em pé.
Com tamanho entrosamento e contra um adversário frágil e fragilizado, o alvinegro de Belo Horizonte impôs a 23ª derrota aos pernambucanos, 5 x 0.
No primeiro tempo, atacando de forma rápida, sem deixar o visitante pegar na bola, Fernandinho e Jô marcaram os gols.
No segundo gol, uma falha grotesca do zagueiro William Alves. Contratado após o bom estadual disputado pelo Santa Cruz, o jogador foi um fiasco nos Aflitos.
Um entre tantos outros erros da direção na formação da equipe, alguns de forma esperada e outros de maneira surpreendente, como Martinez e Derley, pilares em 2012 e dispensáveis em 2013.
Na volta do intervalo, cenário mantido, com muita facilidade em campo e gols de Guilherme, Tardelli e Alecsandro.
A goleada no Horto na noite deste sábado, a 11ª sofrida pelo Timbu, fará com que o clube olhe de uma vez por todas para 2014. Urgentemente.
Entretanto, restam mais seis jogos…
Manter o mínimo de dignidade, pela torcida, é preciso. Sabe-se lá como o time atual do Náutico conseguirá. Até aqui conseguiu apenas 17 pontos…
Historicamente, as eleições presidenciais nos grandes clubes pernambucanos sempre focaram mandatos de dois anos no comando executivo. Durante décadas o sistema funcionou desta forma, de biênio em biênio. Somente em 2014 houve uma mudança, no Arruda, com a implantação do triênio.
Em relação ao formato da disputa, o último a adotar a eleição direta, com a participação de todos os sócios, foi o Náutico. Até 2011, apenas os membros do Conselho Deliberativo podiam votar.
Paralelamente à modernização dos estatutos, os clubes vêm convivendo com seguidos embates políticos. Se até os anos 1990 a formação do “consenso” era quase uma regra no processo eleitoral, hoje em dia o bate-chapa se tornou quase inerente às urnas nos Aflitos, no Arruda e, sobretudo, na Ilha do Retiro, que já contou até com urnas eletrônicas, com 21 equipamentos em 2000. Em Caruaru o consenso também vem passando longe.
Confira os dados das eleições com mais de uma chapa inscrita, com pleitos históricos do passado e todos os embates desde 2000, com percentuais dos votos válidos, e os curiosos nomes das candidaturas…
Última atualização em 06/12/2017
Náutico
1978 – 160 votos (apenas conselheiros)
João de Deus (Situação) – 108 votos (67,5%)
Virgínio Cabral de Melo (Oposição) – 52 votos (32,5%)
1979 – dado desconhecido
João de Deus (União e Trabalho) – vencedor
José Ventura (Movimento de Restauração Alvirrubro)
2009 – 160 votos (apenas conselheiros)
Berillo Albuquerque (Náutico Acima de Tudo) – 121 votos (75,62%)
Paulo Alves (Náutico Para Todos) – 39 votos (24,37%)
2011 – 1.632 votos
Paulo Wanderley (Náutico de Primeira) – 1.139 votos (69,79%)
Marcílio Sales (Movimento Transparência Alvirrubra) – 475 votos (29,10%)
Paulo Henrique (Renovação) – 18 votos (1,10%)
2013 – 2.146 votos
Glauber Vasconcelos* (Movimento Transparência Alvirrubra) – 1.575 votos (73,39%)
Marcílio Sales (Alvirrubros de Coração) – 458 votos (21,34%)
Alexandre Homem de Melo (Renovação) – 70 votos (3,26%)
Alberto de Souza (Náutico pra frente) – 43 votos (2,00%)
2015 – 1.544 votos
Marcos Freitas* (Náutico de Todos) – 777 votos (50,32%)
Edno Melo (Vermelho de Luta, Branco de Paz) – 767 votos (49,67%)
Santa Cruz
1975 – 1.387
José Nivaldo de Castro (Situação) – 1.195 votos (86,15%)
José Marcionilo Lins (Oposição) – 192 votos (13,84%)
Há exatamente quatro meses, o presidente timbu, Paulo Wanderley, anunciou na sede do clube a criação de um colegiado de diretores para comandar o futebol do Náutico. Faltavam cinco dias para a largada da Série A, no ano de maior orçamento da história do clube, com R$ 45 milhões. O objetivo era captar forças para a montagem do time e a organização no restante da temporada.
Foram nada menos que 17 dirigentes, entre eles, caciques como André Campos e Ricardo Valois. Com uma campanha vexatória desde o início, sempre presente na zona de rebaixamento, as rusgas foram reaparecendo. A cada novo nome para o elenco, a discussão era grande. De fato, não parece fácil o entendimento de um colegiado tão grande. Velhas arestas ideológicas ficaram escancaradas.
Aos poucos, alguns diretores foram escanteados, outros foram soltando o verbo nas redes sociais e alguns optaram pelo descaso. Quatro meses depois, com o rebaixamento virtualmente consumado e o dinheiro do clube comprometido para a próxima temporada, o colegiado, já rachado, chegou ao fim, numa breve reunião em um restaurante. Dos 17, apenas dois permaneceram com o atual mandatário, Carlos Hunka e Alexandre Homem de Melo.
No texto sobre a criação do colegiado, em 20 de maio, o blog escreveu “caberá ao colegiado conviver com as diferenças para fazer valer a quantidade de nomes neste modelo.” Sem segredo, a convivência está difícil nos Aflitos…
O ano prometia. Seria o único representante pernambucano na elite nacional, com o maior orçamento da história do clube, acima de R$ 41 milhões. A base mantida após a 12ª colocação no último Campeonato Brasileiro. Pré-classificado à Copa Sul-americana, de forma inédita no estado. E mais…
Contrato assinado com atuar na Arena Pernambuco, aumentando a receita e a cota de ingressos promocionais do Todos com a Nota, de 8 mil para 15 mil entradas. Ainda sobre a infraestrutura, teria a modernização do centro de treinamento, com direito a um novo sistema de iluminação e hotel. Para completar, um jogador convocado para a Seleção Brasileira.
O cenário do Náutico no começo de 2013 apontava um ano de ouro. Ainda estamos no mês de setembro e o panorama é o avesso do plano alvirrubro.
Colecionando fiascos em larga escala, incluindo Estadual, Copa do Brasil, Sul-americana e Série A, o clube já começa a vislumbrar 2014.
Uma nova temporada e provavelmente num patamar abaixo…
Em pouco mais de oito meses, foram cinco técnicos no Náutico. Administração à parte, quem é o maior culpado entre os treinadores?
1) Gallo, que trocou o planejamento nos Aflitos pela base da Seleção.
2) Mancini, que não conseguiu formar um bom time no Estadual.
3) Silas, que teve tempo, mas não arrumou a casa para a Série A.
4) Zé Teodoro, que afundou o Náutico na classificação.
5) Jorginho, que não conseguiu sequer um empate no Brasileiro.
A temporada deve terminar de forma interina com Levi Gomes e Kuki…
Agora, sobre a gestão do clube vermelho e branco, qual foi o maior erro?
A relação das torcidas organizadas com as direções dos clubes de futebol é quase umbilical. As primeiras aglomerações organizadas de torcedores surgiram em Pernambuco na década de 1970, num cenário completamente diferente, inclusive pela estrutura de comunicação da época.
Acredite, as torcidas dividiam o mesmo espaço nas arquibancadas. O objetivo era cantar mais alto, levar mais sacos de papel picado e bandeiras.
É difícil precisar o momento exato em que essas torcidas ganharam um poder além da conta, mas foi nos anos 1990. Um fenômeno de norte a sul. Ganharam espaços nos estádios, salas nas sedes dos clubes, caminho livre.
Foram ganhando dinheiro com produtos de suas próprias marcas, elevando o status entre os torcedores, sobretudo os mais jovens, em busca de uma identidade. E os gritos do clube foram abafados pela autoexaltação.
Aos poucos, 50 viraram 500, que viraram 5 mil e hoje são 50 mil.
No Recife não foi diferente. Disputas internas acabaram os grupos menores, incorporados à Fanáutico (20 mil), Inferno Coral (80 mil) e Torcida Jovem (90 mil). Uma massa humana assim, num processo democrático, pode ser utilizada de inúmeras formas. Nos jogos, determina a pressão ou apoio a um jogador ou dirigente na arquibancada. Nas eleições, uma conta exata de votos.
Conscientes disso, os diretores locais abraçaram as organizadas, alheios aos problemas causados pelas mesmas, responsáveis por 800 crimes em cinco anos, segundo o Ministério Público. Brigas, roubos, depredação etc.
Tudo via uma contrapartida extraoficial, de apoio financeiro por apoio maciço nas urnas, com mensalidades quitadas faltando poucos dias para o pleito.
Contudo, no palanque o tom até de presidentes é de apoio à presença das uniformizadas nas partidas, dentro e fora de casa. Tratam casos de violência como pontuais, por mais que a sensação seja onipresente em relação aos episódios envolvendo os supostos integrantes dessas facções.
Vestir uma camisa ou colocar um boné de uma organizada pode até gerar o apoio segmentado de parte da torcida a um dirigente.
Na maioria do público, o ato não parece ser encarado da melhor forma.
Os dirigentes também sabem disso. Mas enquanto isso não influenciar nas urnas, dentro e fora dos clubes, não deverá fazer muita diferença…
Sem técnico e ainda sem os reforços prometidos, o Timbu viajou a Florianópolis. Na rota do Brasileirão, o Flamengo, perambulando pelo país até que o Maracanã seja liberado pela Fifa. A confiança alvirrubra estava num nível bastante baixo.
Ofensivamente, vinha sendo pouco eficaz. Na defesa, sustos a todo momento. Na arquibancada, pressão contrária. Interinamente comandado por Levi Gomes, no entanto, o Náutico surpreendeu na noite desta quarta-feira.
O time entrou mordendo o adversário, aplicado. Se lá na frente continuava pecando, na zaga, João Felipe e William Alves, nomes que chegaram há pouco, se apresentavam de forma segura. No gol, Gideão reassumiu o lugar de Felipe.
Com raras exceções, como a chance desperdiçada no primeiro tempo por Jones Carioca, foi o ataque carioca contra a defesa pernambucana. Sem afobação e consciente de sua limitação, o Náutico trabalhou bem para pontuar fora de casa, algo pra lá de necessário, sobretudo após os tropeços em casa.
Se o empate já configurava uma recuperação, a vitória não só tirou o time da lanterna como da zona de rebaixamento, alcançando o 15º lugar. Aos 36 minutos do segundo tempo, o estreante Hugo fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Rogério concluir de primeira. Sem erro, 1 x 0.
No domingo, novo compromisso fora de casa, diante do Coritiba. Depois, a pausa obrigatória para a Copa das Confederações. Até lá, novo técnico e reforços. Não dá para caminhar apenas na base da raça.
A expectativa era grande na Arena Pernambuco, de todos. Conhecer a nova casa, o lar pelas próximas três décadas. Tudo novinho. Cadeiras, gramado impecável, cobertura moderna, serviços diferenciados. Faltava apenas o futebol alvirrubro ir no embalo. A torcida do Náutico fez a sua parte e, como cobaia do governo estadual, se deslocou em peso via metrô, lotando as estações.
No amistoso internacional contra os portugueses do Sporting, o time pernambucano ficou no 1 x 1, repetindo o empate no primeiro amistoso (ou “amigável”, como se diz em Lisboa), em 1952, no Recife. De forma incrível, o primeiro tento foi contra, anotado pelo zagueiro Luiz Eduardo, no primeiro tempo.
No restante do jogo, como nove substituições do técnico Silas, o que se viu foi um esforço desordenado da equipe vermelha e branca, há menos de uma semana da estreia na Série A, maior objetivo da temporada.
A acústica da arena mostrou a sua força, com um “uhhhhhhh” em altíssimo volume na bola na trave de Adeilson e numa falta cobrada por Dadá. Seria ainda maior no gol. Alguns torcedores já deixavam o estádio, certamente pelo temor do esquema de mobilidade para voltar para casa, quando veio o empate.
No pênalti cobrado por Elton, nos minutos finais, o centroavante entrou para a história, com o primeiro dos muitos gols que deverão ser marcados pelo clube em São Lourenço até 2043. Neste primeiro ato foram 26.803 espectadores, proporcionando uma renda espetacular, de R$ 1.040.104, a segunda maior da história dos clubes pernambucanos. Confira o ranking do blog aqui.
A bilheteria foi excelente para uma estreia. Nesta quarta especial, a receita foi toda do consórcio. A partir de agora, consórcio e Náutico irão dividir a renda.