Se o Santa segue trabalhando para se apresentar de forma mais organizada, parece certo que o Central deste Estadual não irá conseguir isso. Marca mal e ataca mal, facilitando bastante a vida do adversário – neste hexagonal já são seis derrotas em sete jogos. Enquanto isso, o atual bicampeão foi a campo com força máxima, para dar uma resposta imediata aos seus torcedores após o insosso desempenho no Clássico das Emoções. Jogou com seriedade, mas nem precisou se esforçar tanto. A goleada por 5 x 1 foi construída com extrema tranquilidade, avançando com a bola quase sempre com perigo. Uma rápida triangulação, por exemplo, era quase sinônimo de chance de gol.
Bom para quem estava devendo, como Éverton Santos. O atacante somava dois gols na competição, curiosamente na vitória sobre o mesmo Central, no jogo da terceira rodada, na arena. Balançou as redes novamente em dose dupla. Com menos de vinte de minutos de bola rolando, lances parecidos. Cruzamento na área, finalização de Halef Pitbull e rebote de Éverton Santos.
No geral, considerando também o Nordestão, o atacante chegou a cinco gols, se igualando naquele momento a Pitbull. Mas o camisa 9 não deixou barato. Logo depois, completou um passe de Vítor na pequena área. Essa disputa e importante, com as fases decisivas das duas frentes se aproximando. Embora a Patativa tenha diminuído numa falha de marcação no escanteio, o jogo seguiu controlado, com Eutrópio fazendo testes pontuais, como Gino no lugar de David. Salles (de falta) e o próprio Gino (aos 45/2T) fecharam o placar.
Artilheiros corais em 2017 (PE + NE, com 21 gols em 12 jogos) 6 gols – Halef Pitbull 5 gols – Éverton Santos
2 gols – Léo Costa, Thomás e Anderson Salles
1 gol – Barbio, Julio Sheik e Gino
1 gol contra (Ranieri, do Salgueiro)
Perto de completar um mês no comando do Náutico, com quatro partidas disputadas, o técnico Milton Cruz foi entrevistado pelo 45 minutos. Na sala de imprensa do centro de treinamento alvirrubro, na Guabiraba, contou a sua experiência de duas décadas no São Paulo, em diversas funções, e o papel de Muricy Ramalho no acerto com o timbu, no seu primeiro trabalho fora do Morumbi. Claro, comentou a preparação para a reta final dos torneios no primeiro semestre e o início do mapeamento de reforços para a Série B. E ainda relembrou os estágios recentes, de 27 dias ao todo, com Zidane (Real), Luis Henrique (Barça) e Simeone (Atlético de Madri). História pra contar.
Neste podcast, estou com Celso Ishigami, Fred Figueiroa e Rafael Brasileiro
A transmissão dos jogos do grandes clubes do estado em 2017, através da Globo Nordeste, começou em 29 de janeiro, com o Clássico das Emoções pelo Campeonato Pernambucano. A exibição na televisão ocorre em sinal aberto para todo o estado, com duas partidas por semana. Em termos de mensuração de audiência, o Kantar Ibope costuma estimar o público sintonizado na Região Metropolitana do Recife. São dados para consumo interno, do instituto e da emissora. Assim, a audiência média das partidas é divulgada publicamente a conta-gotas. De toda forma, o blog compilou as cinco principais audiências em seis semanas de bola rolando, com horários e competições distintas.
A liderança (provisória) do Clássico das Multidões não surpreenda, pois é, disparado, o jogo de maior apelo popular no futebol local. Porém, a presença massiva do Sport na Copa do Brasil talvez seja um indício da força do mata-mata neste cenário, mesmo considerando as fases prévias. Até o momento, o hiato entre a maior e pior audiência é de 234 mil pessoas por minuto, ou quase dez pontos no Ibope. O blog vai seguir atento ao assunto…
O recorde local data de 18/02/2009, com Colo Colo 1 x 2 Sport, na Libertadores, com 57 pontos. Na época, correspondeu a 1,29 milhão de telespectadores.
753 mil (31,0 pontos) – Santa Cruz 1 x 1 Sport (18/02, sábado, Estadual)
670 mil (27,6 pontos) – Boavista 0 x 3 Spot (08/03, quarta, Copa do Brasil)
636 mil (26,2 pontos) – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (12/03, domingo, Nordestão)
570 mil (23,6 pontos) – Salgueiro 0 x 1 Santa Cruz (05/03, domingo, Estadual)
519 mil (21,4 pontos) – Sport 1 x 1 Náutico (01/03, quarta, Estadual)
Jogos com dados não divulgados: Náutico 1 x 1 Santa Cruz (29/01), Santa Cruz 0 x 0 Belo jardim (01/02), Juazeirense 0 x 1 Sport (05/02), CSA 1 x 4 Sport (08/02), Campinense 2 x 0 Náutico (12/02), Guarani 1 x 0 Náutico (15/02), Sport 3 x 0 Sete de Dourados (22/02), Uniclinic 0 x 2 Santa Cruz (25/02)
Vindo de Usina Trapiche, na zona rural de Sirinhaém, Ramón chegou ao Arruda ainda na adolescência. Já mostrando o faro de gols que o eternizaria no clube. Nos idos de 1967, com 17 anos e ainda no time juvenil, ele ganhou a primeira chance para treinar contra a equipe profissional do Santa Cruz. Com apenas cinco minutos de movimentação, segundo a própria memória, aproveitou uma sobra na marca do pênalti e mandou de bico, estufando as redes. Não demoraria a ser integrado no time principal, onde brilharia intensamente.
Pelo tricolor, marcou 148 gols, sendo 21 deles no Brasileirão de 1973, onde tornou-se o primeiro artilheiro atuando em um clube nordestino. De fato, viveu a era de ouro do clube nos gramados. É o 3º maior goleador da história coral, só abaixo de Tará e Luciano Veloso. Este, aliás, tornou-se um amigo, companhia constante nas cadeiras pretas do Mundão, onde ainda acompanha o Santa, 50 anos depois e já como conselheiro. No aniversário de 67 anos de Ramón, o Santa disponibilizou uma entrevista com o ídolo e suas histórias. Tem bastante.
Maiores artilheiros do Santa Cruz* 207 gols- Tará (1931-1948) 174 gols – Luciano Veloso (1968-1975) 148 gols – Ramón (1967-1983) 143 gols – Betinho (1971-1980) 123 gols – Fernando Santana (1967-1976)
* Segundo o acervo de Carlos Celso Cordeiro
Com o apoio de 672 torcedores no acanhado estádio Aureo Bradley, o Flamengo de Arcoverde empatou com o Afogados e terminou como líder do hexagonal da permanência do Estadual 2017. Precisou virar o jogo e depois viu a situação facilitada após a expulsão de dois adversários. No fim, 2 x 2 e muita festa no gramado, a 255 quilômetros da capital. A permanência na elite local já estava assegurada, mas o resultado recolocou o clube no Campeonato Brasileiro.
Veja a comemoração da vaga no perfil oficial do clube no facebook clicando aqui.
Há vinte anos, o Tigre disputou a terceirona, que era o último degrau. Acabou ficando na última colocação do grupo 5, que também contou com ASA, Juazeiro-BA e Centro Limoeirense. Desta vez, vai à Série D, sendo o 10º clube do estado a disputar a competição. No entanto, a vaga é para a próxima temporada, devido à reorganização do calendário da CBF, visando o “planejamento dos clubes”. De fato, o rubro-negro sertanejo terá tempo. Serão 15 meses até junho de 2018.
Antes disso, a Série D de 2017, com Belo Jardim, Central e Serra Talhada, que curiosamente acabou rebaixado no Pernambucano. Ficou a um ponto da permanência e da própria vaga ao Nacional de 2018. Desde já, a lição ao Fla.
Todos os times pernambucanos na Série D (entre parênteses, a colocação) 2009 – Central (12º) e Santa Cruz (28º) 2010 – Santa Cruz (14º) e Central (32º) 2011 – Santa Cruz* (2º) e Porto (38º) 2012 – Ypiranga (28º), Petrolina (39º) 2013 – Salgueiro* (4º), Central (14º) e Ypiranga (23º) 2014 – Central (16º) e Porto (18º) 2015 – Central (14º) e Serra Talhada (25º) 2016 – América (26º), Central (36º) e Serra Talhada (67º) 2017 – Central, América e Serra Talhada 2018 – Belo Jardim, Central e Flamengo
* Os clubes que conseguiram o acesso
Nº de participações na Série D (2009-2018) 8 – Central 3 – Santa Cruz e Serra Talhada 2 – Ypiranga, Porto e América 1 – Petrolina, Salgueiro, Belo Jardim e Flamengo
Paralelamente ao hexagonal envolvendo o Trio de Ferro, outro hexagonal foi disputado no Campeonato Pernambucano de 2017, reunindo os não classificados da fase preliminar. Objetivo: evitar o rebaixamento (os dois últimos) e brigar pela terceira vaga do estado à Série D de 2018 (ao líder, naturalmente). Após a última rodada, a classificação traz um cenário impressionante.
Primeiro, o aproveitamento do Atlético: 0%. Acima, cinco clubes separados por um mísero ponto. Do Flamengo de Arcoverde, o vencedor, ao Serra Talhada, rebaixado. Todos com saldo positivo e com mais vitórias que derrotas. E olhe que o Cangaceiro estava em 3º lugar antes de a bola rolar. Receberia o América, com a vitória podendo levá-lo ao Nacional. Torcia por um empate em Arcoverde, o que aconteceu (Fla 2 x 2 Afogados), mas… acabou derrotado. O gol do Mequinha, no fim, salvou o alviverde e empurrou o Serra, também ultrapassado pelo Vitória, que fez o dever de casa sobre o moribundo lanterna.
A partir deste cenário bizarro, vale a curiosidade sobre os campeonatos mais equilibrados da história do futebol, segundo o banco de dados do site RSSSF, especializado em estatísticas do futebol. E é preciso ir bem longe, em distância, tempo e divisões, para achar algo realmente surpreendente.
O torneio mais parelho que se tem notícia foi o campeonato romeno da terceira divisão da temporada 1983/1984. Exceção feita ao campeão, sete pontos à frente do vice, os outros 15 times foram separados por três pontos após trinta rodadas! Nove equipes terminaram com 29 pontos, entre o 7º e o 15º, este rebaixado. E sem contar o fato de que oito times são chamados de “Minerul”.
Vitória valendo 2 pontos e empate 1 ponto.
O segundo caso de maior equilíbrio foi na África, na edição 1965/1966 do campeonato marroquino. Com 14 clubes, também no formato pontos corridos, a diferença entre o campeão (Wyad Casablanca) e o lanterna (Maghreb) foi de apenas oito pontos. O Kawkab, de Marrakech, terminou em 5º lugar, com 53 pontos, a quatro pontos do título e quatro pontos do rebaixamento.
Vitória valendo 3 pontos, empate 2 pontos e derrota 1 ponto (sim, derrota).
Com a forte demanda do carnaval pernambucano, seja nas ladeiras de Olinda ou no Recife Antigo, evita-se jogos de futebol de grande porte na capital durante a Quarta-feira de Cinzas. Com o apertado calendário de 2017, não só teve jogo como um clássico, o primeiro duelo entre rubro-negros e alvirrubros. Além da ressaca momesca, é preciso considerar que o Sport escalou um time reserva e o Náutico estava em péssima fase, quase fora do Nordestão. Na Ilha, o reflexo disso tudo, com apenas 3.430 espectadores, no menor público do Clássico dos Clássicos neste século. E o desinteresse se estendeu à televisão.
A transmissão na Globo Nordeste registrou uma audiência aquém, com 21,4 pontos no Grande Recife. Bem abaixo do índice da competição (28 pontos, dados de 2016), ainda mais considerando que, embora atrapalhe o torcedor in loco, o jogo das 21h45 na quarta-feira é o pico de audiência televisiva.
A audiência do 1 x 1 foi informada por Vinícius Paiva, do blog Teoria dos Jogos. A partir deste dado, chega-se à quantidade de telespectadores, 519.812. Apesar da robusta escala, houve uma queda de 25,7% sobre a média do torneio, de 700 mil, via Ibope. Para se ter ideia, o clássico anterior, Santa 1 x 1 Sport, teve 753 mil telespectadores, com 31 pontos. De fato, era um jogo de maior apelo, mas ocorreu num sábado à tarde, horário com menos aparelhos ligados.
A data pode atrapalhar, mas tecnicamente o jogo precisa ser cativante…
As 10 maiores audiências no Estadual desde 2010*
1.153.620 – Sport 1 x 0 Náutico (05/05/2010) – final (volta, abaixo)** 1.050.763 – Sport 1 (5) x (3) 0 Santa Cruz (13/04/2014) – semifinal (volta) 1.040.976 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (15/05/2011) – final (volta) 988.773 – Náutico 0 x 1 Sport (23/04/2014) – final (volta)** 969.817 – Santa Cruz 1 x 1 Sport (26/03/2014) – hexagonal 961.620 – Sport 2 x 0 Náutico (16/04/2014) – final (ida)** 942.762 – Sport 0 x 2 Santa Cruz (08/05/2011) – final (ida) 887.984 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (28/04/2010) – semifinal (volta) 863.818 – Santa Cruz 0 x 0 Sport (06/05/2012) – final (ida) 853.000 – Sport 2 x 1 Santa Cruz (21/02/2016) – hexagonal
* Número de telespectadores considerando os jogos já divulgados pela emissora. Entre os não revelados, destaque para as decisões de 2013 e 2016
** Jogos realizados na noite de quarta-feira, pico de audiência no futebol
Após 75% das partidas programadas para o Campeonato Pernambucano de 2017, ou 72 de 95, a média de público segue a pior desde que a FPF passou a contabilizar o dado, em 1990. Apenas 1,2 mil pessoas, considerando os jogos com borderô – afinal, oito ocorreram de portões fechados, um recorde negativo. Até agora, apenas uma partida registrou mais de 10 mil espectadores, justamente a de maior apelo, o Clássico das Multidões. Na 6ª rodada da fase principal foi realizado o quarto clássico da competição, desta vez Náutico 2 x 1 , com 6.419 torcedores na Arena – 74% dos pagantes sendo leoninos. De tão nivelado por baixo, o dado foi suficiente para que o Timbu subisse no ranking de público, ultrapassando justamente o rival. O Santa segue à frente.
Em relação à arrecadação, a FPF tem direito a 8% da renda bruta de todos os jogos. Logo, do apurado de R$ 892 mil, a federação já arrecadou R$ 71.439.
Dados até a 6ª rodada do hexagonal do título e a 9ª rodada da permanência:
1º) Santa Cruz (3 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 19.577 torcedores
Média de 6.525
Renda: R$ 195.630
Média de R$ 65.210
2º) Náutico (3 jogos como mandante, na Arena Pernambuco) Público: 12.410 torcedores Média de 4.136 Renda: R$ 212.970
Média de R$ 70.990
3º) Sport (3 jogos como mandante, na Ilha do Retiro) Público: 9.466 torcedores Média de 3.155 Renda: R$ 148.885
Média de R$ 49.628
4º) Salgueiro (6 jogos como mandante, no Cornélio de Barros) Público: 13.598 torcedores Média de 2.266 Renda: R$ 68.831 Média de R$ 11.471
5º) Central (6 jogos como mandante; 2 no Lacerdão, 2 no Antônio Inácio, 1 na Arena e 1 no Carneirão) Público: 7.758 torcedores Média de 1.293 Renda: R$ 112.970 Média de R$ 18.828
6º) Belo Jardim (6 jogos como mandante; 5 no Antônio Inácio e 1 no Arruda) Público: 1.765 torcedores Média de 294 Renda: R$ 16.112 Média de R$ 2.685
Geral – 64* jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência) Público total: 79.217 Média: 1.237 pessoas Arrecadação: R$ 892.993 Média: R$ 13.953 * Mais 8 jogos ocorreram de portões fechados
Fase principal – 18 jogos (hexagonal do título e mata-mata) Público total: 53.679 Média: 2.982 pessoas Arrecadação total: R$ 672.057 Média: R$ 37.336
Há precisamente 200 anos, em 6 de março de 1817, eclodiu no Recife um movimento libertário. A revolução que deu aos brasileiros uma república, um governo próprio, constituição, exército, marinha, polícia e embaixador no exterior, tudo pela primeira vez, como destaca a reportagem do Diario de Pernambuco sobre o bicentenário. Durante 74 dias, Pernambuco foi, literalmente, um país. A revolução foi controlada após a chegada de tropas do Rio de Janeiro e de Portugal, mas o sangue daqueles revolucionários sedimentou a base da independência nacional definitiva, cinco anos depois.
“A correspondência diplomática internacional, a cobertura da imprensa e a própria consciência das elites na América portuguesa revelam que a Revolução de 1817 fez o Brasil, pela primeira vez, partícipe do movimento libertador que inflamava o resto do continente”, relata o professor de história Aníbal Monteiro, em artigo enviado ao blog (íntegra na caixa de comentários).
A discussão sobre o presente, caso a revolução pernambucana tivesse resistido, seguiria para a economia (qual seria o grau de dependência na relação com o ‘outro’ Brasil?) e política (liberal, nacionalista etc), mas aqui agora vamos traçar um paralelo “lógico”, com o futebol. As regras da modalidade só seriam criadas 46 anos depois, na Inglaterra. O próprio Campeonato Pernambuco só começaria no século seguinte, em 1915. De toda forma, em algum momento o esporte faria parte da vida pernambucana. Massiva do mesmo jeito.
Antes do texto, vamos partir de alguns princípios… 1) O Brasil continuaria existindo, mas com 25 unidades federativas (Alagoas também foi incorporada no início da Revolução, o período considerado aqui) 2) No viés continental, Pernambuco teria o porte (para fins de rankings e vagas) de Paraguai, Bolívia, Equador etc. Com um país a mais, considerei que todas copas internacionais foram “ampliadas” 3) Ainda que o Pernambucano (o “Nacional”) provavelmente tivesse uma história distinta, pois as saídas e chegadas de jogadores de outros estados (outro país) seriam diferentes, vamos manter a lista histórica de resultados
Pois bem, neste “e se”, os clubes locais teriam tido 183 hipotéticas campanhas internacionais, contra 10 campanhas reais (ou 5,4% da simulação).
Seriam 129 incursões na Taça Libertadores, 8 na extinta Copa Conmebol e 46 na Sul-Americana. E olhe que esse número não considera título algum, o que renderia vagas extras. O Náutico do hexa teria chegado até onde? E o Santa de 75? O Sport da década de 1990… A presença numa copa internacional seria absolutamente corriqueira. Para se ter uma ideia, o Leão estaria presente, de forma consecutiva, desde 1990. Mesmo com apenas três títulos desde 1989, o Náutico só teria ficado ausente pela última vez em 1998. O Santa, em 2009. Ao todo, 19 (dezenove!) clubes teriam participado ao menos uma vez de torneios da Conmebol. Os rivais de Caruaru já teriam disputado onze copas, cada (abaixo, o quadro completo). Antônio Inácio recebendo o River Plate? Acredite.
Focando a disputa local, o próprio Campeonato Pernambucano seria diferente (nada de segundo plano). Tecnicamente, é difícil prever, mas em termos de organização a competição teria, provavelmente, bem mais de 12 clubes. Em vez de 9,2 milhões de habitantes, o “país” teria mais de 13 milhões. Com isso, até três divisões de 16/18 clubes, fora os torneios semiamadores. Na capital, creio, veríamos algo semelhante a Montevidéu, Buenos Aires e Santiago, com mais de uma dezena de times em cada metrópole. Afinal, com 4 milhões de habitantes, o Grande Recife teria uma demanda maior por “futebol nacional”. Clubes como Santo Amaro, Ferroviário, Torre e Tramways ainda existiriam – e não seriam andarilhos, mas com torcidas respeitáveis e estádios de 5 mil lugares no subúrbio. Com o estado-nação integrado (incluindo até Alagoas, embora a existência de CRB, CSA e ASA, atrelada a Pernambuco, pudesse ser diferente), o interior caminharia para uma representatividade forte, até mesmo pelas várias vagas internacionais distribuídas (8 por ano), pelo calendário completo e pela torcida menos sintonizada em Flamengo e Corinthians (que só chegariam via sinal internacional de tevê). Provavelmente a queixa interiorana seria sobre a exposição do Recife.
Em vez do hexagonal atual, com o campeão jogando apenas 14 partidas, o certame duraria de 8 a 9 meses. Resta saber se a história da competição principal seria próxima ao futebol brasileiro, com décadas de regulamentos distintos, quase sempre com fases de grupos e mata-mata, ou com dois torneios por ano, recorrente na Argentina, Uruguai e Chile. Fico com a primeira opção, lembrando o modelo dos Estaduais dos anos 1980, com até 47 partidas para levantar a taça (como em 1983). Com a influência brasileira (que trato aqui como grande), poderia seguir existindo torneios estaduais/regionais, à parte do nacional pernambucano, com disputas paralelas no Grande Recife, Alagoas, Agreste, Sertão e Sertão do São Francisco, cujo rio cortaria todo o sul do país.
Ah, com o calendário sem Brasileiro (38 rodadas) e Copa do Brasil (até 14 jogos), haveria espaço para a “Copa Pernambuco”, descontinuada em 2011 e disputada pelos times alternativos do Trio de Ferro. Neste contexto, teria um peso maior, como torneio de primeira linha. Final em jogo único na Arena Pernambuco? Só se o Palácio do Campo das Princesas bancasse o estádio com outra finalidade. Afinal, a terrinha jamais teria recebido a Copa do Mundo. Nem em 1950 nem em 2014. Por outro lado, o empreendimento poderia ser o marco de uma Copa América no estado. Como o torneio continental foi criado em 1916, Pernambuco teria passado 51 anos se articulando para receber uma edição, até 1967. Em 75, 79 e 83, não houve sede fixa – com o Arruda escolhido nos jogos locais a cada mata-mata. Porém, há trinta anos foi formulado um rodízio de sedes. Neste formato, ao menos uma edição já teria sido realizada aqui (no máximo até 2011). Em 89, no Brasil, o Mundão recebeu dois jogos.
Com Pernambuco sendo o 11º filiado à Conmebol e com a liga local existente desde 1915 (e profissionalizada em 1937), o estado-nação teria uma presença regular na Copa América, já com 45 edições. Uma participação caseira seria determinante para o título, vide Peru em 1939 e Bolívia, em 1963. Vale lembrar que a seleção pernambucana representou o Brasil, de fato, no Sul-Americano de 1959. Ficou num honroso 3º lugar. A partir disso, imaginar uma estrela acima no distintivo da federação (ou confederação?) pernambucana não seria utopia (!).
Em relação à Copa do Mundo, o país revolucionário teria disputado todas as Eliminatórias – portanto, teria mudado todos os qualificatórios. Teria sido pioneiro no Mundial de 1930, no Uruguai, que originalmente teve apenas 13 países. Naquela época, o futebol já era consolidado no Recife e as seleções sul-americanas neste contexto foram convidadas pela Fifa. Possivelmente, pelo mesmo motivo, ocorreria isso em 1950, também com 13 seleções.
Um ponto importante para a composição da Cacareco – o apelido tradicional da seleção pernambucana – é a naturalização de jogadores de destaque no Náutico, Santa e Sport. Considerando os ‘nascidos no Brasil’ (e seriam muitos nomes), o caminho fica bem amplo. Neste modelo, aliás, a Cacareco já enfrentou a Seleção Brasileira em quatro oportunidades: 1934, 1956, 1969 e 1978, com três derrotas e um empate sem gols no último jogo. Porém, Pernambuco também fez um amistoso com a Alemanha Ocidental, em 1965. Venceu por 2 x 0 na Ilha do Retiro. Aquele time foi escalado num 4-2-4: Dudinha (Sport); Gena (Náutico), Alemão (Sport), Baixa (Sport) e Jório (Santa Cruz); Gojoba (Sport) e Ivan (Náutico); Nado (Náutico), Bita (Náutico), Pelezinho (Sport) e Lala (Náutico). E olhe que os germânicos seriam vice-campeões mundiais no ano seguinte (na polêmica final da bola que não entrou).
Numa convocação restrita aos naturais de Pernambuco, a missão seria bem trabalhosa, embora também mudasse bastante a formação da Canarinha, que não teria Ademir Menezes (artilheiro de 1950), Vavá (bicampeão em 58/ 62, marcando gols nas finais) e Rivaldo (melhor do mundo em 99 e campeão em 2002, com 8 gols em Copas).
Considerando os Mundiais nos últimos vinte anos, o time mais forte seria, na visão do blog, o de 2002 (compare no fim do post). Arrisco dizer que chegar nas quartas ou mesmo numa semifinal não seria exagero, ainda mais ao lembrarmos que Turquia e Coreia de Sul ficaram entre os quatro melhores. Dependeria sobretudo do rendimento do meio-campo, formado por Rivaldo e Juninho Pernambucano, ambos de grande fase na época. Num 4-4-2, o time seria o seguinte: Bosco (Cruzeiro); Russo (Vasco), Sandro (Botafogo), Nem (Atlético-PR) e Marquinhos (Goiás): Josué (Goiás), Cléber Santana (Sport), Juninho Pernambucano (Lyon) e Rivaldo (Barcelona); Catanha (Celta) e Araújo (Goiás). Técnico? O olindense Givanildo Oliveira, claro. No banco, nomes como Nildo (Sport,), Iranildo (Fla) e Carlinhos Bala (Beira-Mar). Levando em conta que a Revolução contou com a comarca de Alagoas e chegou a ter apoio da Paraíba, Rio Grande do Norte e até de parte do Ceará, delimitando uma região que hoje teria 20 milhões de habitantes, a ” seleção nacional” teria sido sido ainda mais qualificada. Em 2006, uma linha ofensiva mortal. A Taça Fifa estaria bem ali…
Esse devaneio todo por causa de 74 dias históricos? Mais que suficiente.
Como estaria o seu time em caso de um estado independente?
Total de participações internacionais* (19 clubes) 46 – Náutico 45 – Sport 40 – Santa Cruz 11 – Porto e Central 7 – Salgueiro 4 – Ypiranga 3 – Serra Talhada 2 – Recife, AGA, Itacuruba, Serrano e Petrolina 1 – Vera Cruz, Cabense, Belo Jardim, Pesqueira, América e Atlético
* Só com os resultados do Campeonato Pernambucano, à parte do Alagoano
Nº de clubes pernambucanos em torneios internacionais 1960-1965: 1 vaga 1966-1991: 2 vagas 1992-2001: 3 vagas 2002-2009: 5 vagas 2010-2011: 6 vagas 2012-2016: 7 vagas 2017: 8 vagas
Simulando as participações pernambucanas na LIBERTADORES
129 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 1960-1965: 1 vaga (campeão) 1966-1999: 2 vagas (campeão e vice) 2000-2016: 3 vagas (campeão, vice e 3º) 2017: 4 vagas (campeão, vice, 3º e 4º) *Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
Sport – 43 participações Como campeão: 23 vezes Como vice: 15 vezes Como 3º lugar: 5 vezes
Década 1951-1960: nenhuma Década 1961-1970: 62, 63, 66, 67, 68, 69 e 70 (7 vezes) Década 1971-1980: 72, 73, 74, 76 e 78 (5 vezes) Década 1981-1990: 81, 82, 83, 87, 88 e 89 (6 vezes) Década 1991-2000: 91, 92, 93, 95, 97, 98, 99 e 00 (8 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10 (10 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17 (7 vezes) Maior sequência de participações: de 1997 a 2017 (21 anos)
Náutico – 41 participações Como campeão: 14 vezes Como vice: 21 vezes Como 3º lugar: 6 vezes
Década 1951-1960: nenhuma Década 1961-1970: 61, 64, 65, 66, 67, 68 e 69 (7 vezes) Década 1971-1980: 71, 75, 76, 77, 78, 79 e 80 (7 vezes) Década 1981-1990: 82, 83, 84, 85, 86, 89 e 90 (7 vezes) Década 1991-2000: 92, 93, 94, 95, 96 e 00 (6 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 08, 09 e 10 (9 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 14, 15 e 17 (5 vezes) Maior sequência de participações: de 2000 a 2006 (7 anos)
Santa Cruz – 36 participações Como Campeão: 21 vezes Como vice: 13 vezes Como 3º lugar: 2 vezes
Década 1951-1960: 60 (1 vez) Década 1961-1970: 70 (1 vez) Década 1971-1980: 71, 72, 73, 74, 75, 77, 79 e 80 (8 vezes) Década 1981-1990: 81, 84, 85, 86, 87, 88 e 90 (7 vezes) Década 1991-2000: 91, 94, 96, 97 e 00 (5 vezes) Década 2001-2010: 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07 e 10 (8 vezes) Década 2011-2020: 11, 12, 13, 14, 16 e 17 (6 vezes) Maior sequência de participações: de 2000 a 2007 (8 anos)
Salgueiro – 4 participações Como vice: 1 vez Como 3º lugar: 2 vezes Como 4º lugar: 1 vez
Década 2011-2010: 13, 15, 16 e 17 (4 vezes) Maior sequência de participações: de 2015 a 2017 (3 anos)
Porto – 2 participações
Como vice: 2 vezes
Década 1991-2000: 98 e 99 (2 vezes)
Central – 2 participações Como vice: 1 vez Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 08 e 09 (2 vezes)
Ypiranga – 1 participação Como 3º lugar: 1 vez
Década 2001-2010: 07
Simulando as participações pernambucanas na COPA CONMEBOL
8 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 1992-1999: 1 vaga (3º lugar) *Seguindo a ordem da vagas dos países abaixo de Brasil, Argentina e Uruguai
3 participações – Santa Cruz (92, 93 e 95) 2 participações – Sport (94 e 96) 2 participações – Náutico (97 e 99) 1 participação – Recife (98)
Simulando as participações pernambucanas na COPA SUL-AMERICANA
46 campanhas
Número de vagas de Pernambuco* 2002-2009: 2 vagas (4º e 5º) 2010-2011: 3 vagas (4º, 6º e 6º)
2012-2016: 4 vagas (4º, 5º, 6º e 7º)
2017: 4 vagas (5º, 6º, 7º e 8º) *Seguindo a ordem das vagas dos países abaixo de Brasil e Argentina
9 participações – Porto (07, 08, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16) 9 participações – Central (02, 03, 04, 10, 11, 12, 15, 16 e 17) 3 participações – Salgueiro (09, 10 e 12) 3 participações – Ypiranga (09, 13 e 14) 3 participações – Náutico (07, 13 e 16) 3 participações – Serra Talhada (15, 16 e 17) 2 participações – AGA (03 e 04) 2 participações – Itacuruba (05 e 06) 2 participações – Serrano (05 e 06) 2 participações – Petrolina (12 e 13) 1 participação – Recife (02) 1 participação – Vera Cruz (08) 1 participação – Cabense (11) 1 participação – Belo Jardim (14) 1 participação – Pesqueira (14) 1 participação – Santa Cruz (15) 1 participação – América (17) 1 participação – Atlético (17)
Cacareco na Copa do Mundo (jogadores nascidos em Pernambuco)
2002 (Coreia do Sul/Japão) Bosco (Cruzeiro, 28 anos); Russo (Vasco, 26), Sandro (Botafogo, 29), Nem (Atlético-PR, 29) e Marquinhos (Goiás, 25): Josué (Goiás, 23), Cléber Santana (Sport, 21), Juninho Pernambucano (Lyon, 27) e Rivaldo* (Barcelona, 30); Catanha (Celta, 30) e Araújo (Goiás, 25)
2006 (Alemanha) Bosco (São Paulo, 32 anos); Tamandaré (Sport, 25), Nem (Braga, 33), Valença (Santa Cruz, 24) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano* (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Araújo (Cruzeiro, 29)e Carlinhos Bala (Santa Cruz, 27)
2010 (África do Sul) Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Édson Henrique (Figueirense, 23), Rovérsio (Osasuna, 26) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); Josué* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Juninho Pernambucano (Al-Gharafa, 35); Ciro (Sport, 21) e Araújo (Al-Gharafa, 33)
2014 (Brasil) Rodolpho (Chapecoense, 32 anos); Mariano (Bordeaux, 27), Édson Silva (São Paulo, 27), Kaká (La Coruña, 32) e Diego Renan (Criciúma, 24); Josué (Atlético-MG, 34), João Victor (Mallorca, 25), Cléber Santana (Flamengo, 32) e Hernanes* (Lazio, 28); Walter (Goiás, 24) e Bobô (Kayserispor, 28)
Seleção da Revolução (PE-AL-PB-RN)
2006 (Alemanha) Bosco (São Paulo, 32 anos); Russo (Sport, 30), Pepe (Porto, 23), Durval (Sport, 26) e Lúcio (São Paulo, 27); Josué (São Paulo, 27), Cléber Santana (Santos, 25), Juninho Pernambucano (Lyon, 31) e Rivaldo (Olympiacos, 34); Marcelinho Paraíba (Hertha Berlin, 31) e Aloísio (São Paulo, 31)
2010 (África do Sul) Bosco (São Paulo, 36 anos); Mariano (Fluminense, 24), Durval (Santos, 29), Pepe* (Real Madrid, 27) e Diego Renan (Cruzeiro, 20); José* (Wolfsburg, 31), Cléber Santana (São Paulo, 29), Hernanes (São Paulo, 25) e Marcelinho PB (Sport, 35). Hulk (Porto, 24) e Denis Marques (Flamengo, 29)
A 6ª rodada do campeonato estadual foi “branda”. Nada de expulsões e apenas um pênalti assinalado. Lá no estádio Antônio Inácio, logo aos 7 minutos de bola rolando. Apesar de o jogo ter sido em Caruaru, o mando era do Belo Jardim (coisas da FPF). A penalidade foi a favor do “visitante”, com o lateral-esquerdo do Central, Altemar, abrindo o placar. Ele ainda faria mais um gol no 4 x 1, assumindo a artilharia do Pernambucano, ao lado do alvirrubro Erick.
Vamos à atualização das duas listas levantadas pelo blog após 18 jogos.
Pênaltis a favor (9) 3 pênaltis – Sport (desperdiçou 2) 2 pênaltis – Náutico, Belo Jardim e Central Sem penalidade – Santa Cruz e Salgueiro
Pênaltis cometidos (9) 3 pênaltis – Central e Belo Jardim (defendeu 1) 1 pênalti – Santa Cruz, Náutico (defendeu 1) e Sport Sem penalidade – Salgueiro