O futebol pernambucano registrado em cores nas décadas de 1960 e 1970

O acervo fotográfico de boa parte da história do futebol pernambucano é baseado em imagens em preto e branco. Somente a partir da década de 1990 as fotos coloridas começaram a ganhar destaque, com as primeiras páginas impressas desta forma nos maiores jornais do Recife. Antes disso, todas as imagens produzidas pelo Diario de Pernambuco eram P&B, entre fotos reveladas, filmes e slides, por mais que já existissem câmeras capacitadas para o outro formato. Por isso é raro encontrar as cores vivas de Náutico, Santa Cruz e Sport há quarenta anos ou mais. Nem mesmo a Rede Globo conta com isso, com poucos filmes locais na década de 1970, todos em preto e branco. Cores na telinha, só a partir dos anos 80.

Portanto, vale conferir as imagens históricas abaixo, entre 1968 e 1975, quase todas da revista Placar, que desde o seu início contava com algumas páginas coloridas. O Arruda com apenas um anel de arquibancada, antes do Colosso, a Ilha do Retiro sem os tobogãs das gerais, Ramón no Tricolor, Dario no Rubro-negro, o Náutico fazendo um sucesso em São Paulo…

Não por acaso, em 1975, o trio foi a manchete de uma edição da revista Placar. Os três avançaram à fase decisiva do Campeonato Brasileiro (quanta diferença, hein?), entre os 16 melhores. Confira a capa da reportagem aqui.

Náutico

O Tiimbu de Jorge Mendonça avançando à fase final do Campeonato Brasileiro de 1975. Os alvirrubros chegaram a golear o Santos por 3 x 0, na Vila Belmiro.

Náutico no Brasileirão de 1975. Foto: Placar/reprodução

Entrada do Náutico no Arruda, para o clássico contra o Sport, no Estadual de 74. O time de Rosa e Silva venceria por 3 x 1, tirando o rival da briga pelo título.

Náutico num clássico contra o Sport, no Arruda, no Estadual de 1974. Foto: Milton Neto/Náutico

O pôster oficial do Náutico campeão pernambucano de 1974, quando evitou o hexa do Santa Cruz, vencendo a decisão nos Aflitos por 1 x 0.

Pôster do Náutico campeão pernambucano de 1974. Foto: Placar/reprodução

Foto ainda mais antiga, de 1968, com o técnico Duque e um garotinho com a faixa alvirrubra referente ao hexacampeonato pernambucano. Vale o registro.

Duque, técnico do Náutico no hexacampeonato estadual em 1968

Santa Cruz

Tricolores comemoram um dos gols do 3 x 2 sobre o Palmeiras de Ademir da Guia, em São Paulo, abrindo caminho à semifinal da Série A de 1975.

Santa Cruz enfrentando o Palmeiras em São Paulo. Foto: Placar/reprodução

O artilheiro coral Ramón vibra no Maracanã, no triunfo do Santa sobre o Flamengo, por 3 x 1, na fase decisiva do Brasileirão de 1975.

Ramón festeja um gol contra o Flamengo, no Maracanã, em 1975. Foto: Placar/reprodução

Pôster do Santa Cruz, semifinalista do Brasileirão de 1975, a melhor campanha do clube no cenário nacional em todos os tempos. Ramón, Nunes, Givanildo…

Pôster do Santa Cruz, semifinalista do Brasileirão de 1975. Foto: Placar/reprodução

O Arruda em 1972, no ano da inauguração, após a reforma que ampliou o estádio para 60 mil pessoas, visando a Copa da Independência.

Arruda em 1972

Sport

Campeão pernambucano em 1975, após doze anos de jejum, o Sport montou um time conhecido como “Seleção do Nordeste”. No Brasileiro, Ilha lotada.

Sport em ação no Campeonato Brasileiro de 1975. Foto: Placar/reprodução

Dario, a maior contratação do Leão em 1975, marcou 32 gols, conquistando a artilharia do Estadual. Na foto, Luciano Veloso, contratado junto ao Santa.

Dario, principal estrela do Sport em 1975. Foto: Placar/reprodução

Pôster do Rubro-negro no Brasileirão de 1975, logo após a conquista do título estadual daquela temporada. Dario, Luciano Veloso, Assis Paraíba…

Pôster do Sport em 1975, campeão pernambucano e durante o Brasileirão. Foto: Placar/reprodução

A Ilha dos velhos tempos, sem tobogãs atrás das barras. Daquele formato, no fim da década de 1960, o estádio seria ampliado em 1984, 1997 e 2007.

Ilha do Retiro no início da década de 1970. Foto: skyscrapercity.com/reprodução

Rankings de clubes da Folha de S. Paulo, Placar e Pluri Consultoria e os mais variados critérios de pontuação

Como se mede a galeria de conquistas de um clubes de futebol? Pode parecer simples, pois bastaria em tese enumerar as taças de cada um. No entanto, publicações e empresas especializadas no meio criaram ao longo dos anos vários modelos de rankings, com critérios de pontuação completamente distintos. Com o fim da temporada de 2014, vamos a três exemplos no Brasil.

Qual ranking você considera mais justo? Comente sobre os critérios adotados.

A resposta também pode ser “nenhum”, se quiser…

Folha de São Paulo (jornal) / Veja a explicação aqui.

14º) Sport – 371 pontos
23º) Náutico – 200 pontos
* O Santa Cruz não aparece na lista

O ranking da Folha, organizado pelo tradicional jornal paulista desde 1996, pontua não só os campeões, como os vice-campeões de torneios estaduais, regionais, nacionais, continentais e mundiais. Contudo, a edição considera somente os times que já disputaram ao menos uma final nacional de elite ou decisão internacional – fazendo com que o ranking tenha apenas 35 clubes do país. Assim, não figura na conta títulos (ou vices) das Séries B, C ou D. Ou seja, mesmo 27 vezes campeão estadual, o Santa Cruz – cujo ápice na elite foi chegar na semifinal da Taça Brasil em 1960 e da Série A em 1975 – ficou de fora. O Náutico, com seis títulos a menos que os rivais, aparecem devido ao vice da Taça Brasil de 1967. O Sport soma quatro finais nacionais na lista.

Ranking de clubes da Folha de S. Paulo

Ranking de clubes da Folha de S. Paulo

Placar (revista) / Veja o critério de pontuação aqui.

14º) Sport – 169 pontos
21º) Santa Cruz – 82 pontos
26º) Náutico – 63 pontos

A lista elaborada pela revista Placar só leva em conta os títulos, mas todas as competições oficiais reconhecidas foram mensuradas de acordo com a tradição, grau de dificuldade e equipes participantes. Cada título do campeonato pernambucano, focando o viés local, vale 3 pontos, a mesma quantidade dos estaduais do Paraná e da Bahia. Está abaixo de São Paulo e Rio de Janeiro, com 6 pontos, e de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com 4, mas está à frente de outros 22 estaduais, variando de 1 a 2 pontos. Há uma polêmica, pois o ranking confere os pontos de campeão de brasileiro de 1987 tanto para o Sport quanto para o Flamengo, por mais que justifique a “chancela da CBF”. A mesma análise sobre a polêmica edição ocorre no estudo da Folha.

Ranking de clubes da Placar em 2014. Crédito: reprodução/internet

Pluri Consultoria (empresa) / Veja o critério de pontuação aqui.

13º) Sport – 289 pontos
19º) Santa Cruz – 136 pontos
34º) Náutico – 63 pontos

A Pluri Consultoria adotou outro sistema, bem mais complexo. Desconsiderou torneios de um passado distante, mesmo os títulos do Brasileirão e da Taça Libertadores da América, somando os dados somente a partir de 2008, com o objetivo de mostrar qual seria o maior clube brasileiro da “atualidade”, e não o de toda a história. Tanto que algumas competições pontuam até o 8º colocado, pesando a regularidade competitiva. Por outro lado, a curiosidade é o peso de rebaixamento, que reduz a pontuação das equipes.

Ranking de clubes de Pluri Consultoria de 2008 a 2014. Crédito: reprodução

Crucificando as capas e gerando debates

Capas da revista Placar em outubro/2012 e agosto/2001

Jornalisticamente falando, não é uma ideia nova. Mas gera polêmica.

A imagem de um personagem crucificado, não sendo ele Jesus Cristo, já estampou revistas não só de esportes como de outras editorias. Pautas diversas.

A edição recém-lançada da Placar, com Neymar em destaque, vem sendo tema de um debate sobre o uso da fotomontagem, tida como uma “ofensa” aos cristãos.

Houve até uma nota de repúdio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que viu no “um recurso editorial com mera finalidade comercial”.

Mesmo que tenha sido focada no viés comercial, essa capa feriu até que ponto a liberdade de expressão na imprensa? A própria Placar já havia encampado esta ideia em agosto de 2001, com o meia Marcelinho Carioca.

Na época, a revista ainda era semanal. Não houve a mesma repercussão…

Reflexo das mídias sociais e da aceleração da informação?

Na década de 1970, a espanhola Don Balon colocou o craque Johan Cruyff. Em 1981, a revista Veja, a publicação de maior circulação do país, “crucificou” o cidadão brasileiro…

Qual é a sua opinião sobre o assunto?

Revista Don Balon e Veja

Está lá na Placar, há mais de 40 anos

Revista Placar

Polêmica ou não, a revista Placar é, sem dúvida, uma das publicações esportivas mais tradicionais do país, circulando desde 1970 e com mais de 1.300 edições.

Confira todas as edições, na íntegra, clicando aqui.

São cerca de 80 mil páginas digitalizadas…

É possível recordar boas campanhas dos clubes pernambucanos nos anos 70, 80 e 90, e, obviamente, relembrar a cobertura do periódico no Brasileirão de 1987.

Para conferir a reportagem sobre o título do Sport, de 12 de fevereiro de 1988, uma vez que a Placar passou anos apontando o Flamengo como único campeão, clique aqui.

O Santa Cruz também estampou uma capa da revista, em abril de 1979, com outro tema de discussão infinita, sobre o tamanho das torcidas no país. Veja esta capa aqui.

Boa parte da história do futebol brasileiro foi contada nas páginas da revista…

Revista Placar

Fusão de ideias sem embasamento no futebol

Matéria sobre o "Flumifogo", da revista Placar, de 1999

Fluminense + Botafogo = Flumifogo. Devaneio? Total.

Os dois clubes cariocas, cujo o clássico é disputado desde 1905, despontam nas primeiras colocações do Campeonato Brasileiro desta temporada. Brigam não só por vagas na Taça Libertadores como pelo próprio título nacional.

No entanto, a imagem acima ilustra uma reportagem da revista Placar de março de 2000. Há cerca de uma década, os dois clubes estavam em baixa.

Acompanhavam sem força alguma o  sucesso de Vasco e Flamengo, com títulos nacionais e internacionais no período.

O Flu acabara de participar da terceira divisão, até então o degrau mais baixo do futebol brasileiro, enquanto o Fogão ainda juntava os cacos após perder a Copa do Brasil para o intermediário Juventude em pleno Maracanã, diante de 100 mil pessoas.

Esse tipo de assunto surge a cada má fase… Quatro anos antes, em 1996, já havia sido especulado em Curitiba a criação do “Atlético Paraná”, com a fusão do Atlético Paranaense com o Paraná Clube. Também não andou, obviemente.

Algumas fusões aconteceram na história, durante a transição do futebol amador para o profissional, na década de 1930, e nos anos 80, com o próprio triocolor do Paraná.

Em quase todos os casos, eram clubes sem apelo popular. Sem força estrutural. O que, francamente, não é o caso dos rivais cariocas.

Contudo, o post se estende a outras cidades, como o próprio Recife.

Volta e meia e sempre aparece algum consultor esportivo afirmando que a capital pernambucana “só comporta no máximo dois clubes de massa”.

Por que, cara pálida?

Na justificativa, a certeza de dois clubes unidos (ou até mesmo três) formariam uma entidade mais representativa em solo nacional. Será mesmo? Ou será que isso está embasado no imediatismo?

O que fica sempre no é como seria contornado o apoio das massas em questão, ainda mais se for levado em consideração que quase 80% dos pernambucanos torcem por Náutico, Santa Cruz ou Sport.

História à parte, os três têm estádios particulares (com nível de ocupação muito acima da média nacional), terrenos valorizados e marcas que atraem patrocinadores. Se não são os melhores do país, também não são os piores. Ainda geram boas receitas.

Nacruz, Santasport, Sportimbu? Esqueça.

Mesmo que apareça megainvestidores como George Soros, Warren Buffet e Eike Batista sondando uma fusão, é mais fácil qualquer um dos três clubes virar pó do que se fundir com o rival. O mercado ainda não controla algo simples e antigo, a paixão.

Na Placar, pernambuquês nas páginas 38 e 39

Revista Placar de maio de 2011Em maio, a edição da revista Placar traz uma reportagem sobre o futuro incerto do meia Kaká. Nas páginas 38 e 39, no entanto, o detalhe pernambucano da publicação.

A Placar produziu uma matéria para a seção Aquecimento sobre o Campeonato Pernambucano de 2011, puxando pela média de público.

O texto, assinado por Jonas Oliveira, chega a chamar a competição de “o melhor Estadual do Brasil”.

Exagero à parte, foi uma visão interessante da competição, que, neste ano, realmente vem sendo animada. Dentro e fora do campo.

O site da FPF acabou disponibilizando as duas páginas para leitura. Leia clicando AQUI e AQUI.

Até o fechamento da reportagem, o público absoluto era de 1.039.363 pessoas em 130 jogos, com média de 7.995.

Este dado já subiu. Agora é de 1.137.983 em 141 jogos, com média de 8.070.

O nível técnico das partidas e a qualidade dos estádios, porém, não foram esquecidos…

Praça 12

Aos 61 anos, o técnico Givanildo Oliveira tem uma imagem consolidada como um comandante sério, detalhista e exigente. Ou até “chato”, para alguns.

Já era assim em 1994, quando o técnico – que sempre gostou de morar em Olinda – comandava o Sport pela 3ª vez  – agora é a sexta. Uma das manias do treinador era ir várias vezes por semana até a banca de revistas localizada na Praça 12 de Março, em Bairro Novo, conhecida só como “Praça 12”. Colada à Sorveteria Bacana. Quem já foi uma vez em Olinda, sem ter sido no Alto do Sé, conhece…

Revista Placar de maio de 1994Ele sempre ia comprar jornais do dia, uma ou outra revista e bater um papo com um dos donos, os irmãos “quase gêmeos” Cid e Celso.

Numa dessas passagens, um menino de 12 anos, que morava a menos de 200 metros da banca, lia uma revista Placar que havia acabado de chegar. Era a edição de nº 1094, de maio, sobre os “80 anos da Seleção Brasileira” (capa ao lado).

Uma compilação de todas as partidas do Brasil desde 1914 até então. Com as fichas técnicas, naturalmente. Fanatismo puro.

Apesar de ter comprado a revista, a mania do menino era começar a ler a revista ali mesmo. Foi quando Givanildo viu o título da revista e se aproximou para dar uma olhadinha.

Começou a ler a mesma edição do moleque. Com menos de 2 minutos, ele resolveu matar a curiosidade. Ele = o técnico.

“Menino, tem todos os jogos da Seleção aí mesmo? Todos!?”

O menino olhou, reconheceu – surpreso, é claro – o então treinador do Sport (que já havia sido bicampeão em 91/92) e respondeu:

“Sim. São todas as partidas, com ficha e tudo. Público, data…” (100% metódico)

Givanildo, então, pediu para checar se a revista era mesmo tão completa assim.

“Veja se o Brasil enfrentou a Itália em 1976, por favor.”

“Está aqui, ó. Jogou sim. Ganhou por 4 x 1. Oxe… Esse não foi o placar da final de 70 também?”, disse o menino, querendo demonstrar um mínimo de conhecimento de futebol para o treinador.

“Interessante… Falcão jogou, né? Ele foi substituído?”, retrucou o técnico.

“Falcão entrou como titular sim. E foi substituído!”, respondeu o garoto, mais uma vez.

“Quem entrou no lugar dele?”, questionou pela última vez o treinador.

“Givanildo…”, disse o menino, de olhos arregalados.

No papel daquele menino há quase 16 anos, posso assegurar que o técnico não correspondeu à tal imagem consolidada no início do post. No fim daquele ano, Givanildo terminaria com os títulos de campeão estadual e da Copa do Nordeste. E o menino continuou comprando a Placar na mesma banca, para tentar aprender um pouco mais.

Gringo quer ser o melhor

Petkovic

Palmeiras 0 x 2 Flamengo.

Em pleno Palestra Itália, no domingo. Diante do líder.

Gols do sérvio Petkovic, de 37 anos. No primeiro, um golaço. No segundo… Um gol olímpico! 😎

As atuações do gringo, que chegou na Gávea como contrapeso, já estavam recebendo destaque na mídia. Nesta terça, talvez a maior prova disso…

Em sua 12ª partida na Série A, ele recebeu a nota 8 pela atuação no domingo na disputa da Bola de Prata, da revista Placar. Com isso, chegou a uma média de 6,46, assumindo nada menos que a liderança da Bola de Ouro, prêmio para o craque do campeonato. Que virada, hein…? Ainda mais para quem joga com o número 43.

A premiação da revista existe desde 1970, um ano antes do início do Brasileirão. Na ocasião, o prêmio foi dado aos destaques do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o nacional da época.

Em tempo: “Pet” já ganhou a Bola de Prata como meia em 2004 (Vasco) e 2005 (Fluminense).

Ganhando o Brasil

PlacarA boa campanha do Sport na Libertadores segue rendendo frutos ao clube. O Leão é um dos destaques da edição de abril da revista Placar. A revista costuma ser lançada com até 4 capas, seguindo interesses regionais. No Nordeste, Daniel Paulista estampa a revista deste mês.

A reportagem sobre o clube tem 4 páginas, e conta desde os bons resultados na Libertadores até a participação da torcida, com destaque para os 1.800 fanáticos em Santiago, na já histórica estreia do time na competição de 2009.

Nesta sexta-feira haverá o lançamento oficial da revista no Recife. O evento será na loja oficial do clube, a Espaço Sport, às 18h, com a participação do volante Daniel Paulista.

Obs. Até segunda-feira, a revista – de circulação nacional – será vendida exclusivamente na loja do Sport.