O novo contrato de transmissão na televisão do Campeonato Pernambucano começa a vigorar neste ano. Novamente firmado com a Rede Globo, o Estadual foi negociado pela FPF de 2015 a 2018. Além do sinal aberto, o contrato engloba a exibição via pay-per-view, mas num módulo ainda enxuto.
Transmitido há três anos pelo Premiere FC (PFC), a competição segue como “degustação” nos pacotes de tevê paga, como um bônus ao assinante que comprar o PPV dos campeonatos estaduais do São Paulo e de Rio de Janeiro. A mesma situação ocorre com o campeonato baiano, diga-se.
Em 2015, o PFC irá exibir uma partida exclusiva a cada rodada do Pernambucano. Somente nas finais haverá a transmissão simultânea junto à Globo Nordeste. Além do Brasil inteiro, o sinal do PFC também é enviado para 56 países, através do canal Globo Internacional.
Se ainda não há a transmissão da tabela completa de Náutico, Santa Cruz e Sport, como ocorre no Brasileiro, ao menos a maioria das partidas são transmitidas, somando os sinais aberto e fechado.
Balanço das transmissões do Pernambucano no pay-per-view:
2014
Jogos no Premiere: 15
8 – Sport
7 – Náutico
6 – Santa Cruz
Total de jogos transmitidos (Globo + PFC): 27
2013
Jogos no Premiere: 12
5 – Náutico
5 – Santa Cruz
5 – Sport
Total de jogos transmitidos (Globo + PFC): 27
2012
Jogos no Premiere: 15
8 – Santa Cruz
7 – Sport
4 – Náutico
O Campeonato Pernambucano de 2014 teve uma audiência média de 696 mil telespectadores por jogo no Grande Recife. Ao todo, 14 partidas foram exibidas em sinal aberto na televisão, conforme informado pelo blog (veja aqui).
Mais dados do relatório produzido pela Rede Globo para comercializar a competição foram divulgados pela FPF, com o top 10 entre as maiores audiências domiciliares na capital, segundo o Ibope Media Workstation.
O jogo mais assistido foi o Clássico das Multidões na semifinal decisiva, na Ilha, com 1.050.763 telespectadores e 39,9 pontos no Ibope. A cada 100 aparelhos ligados, 72 estavam sintonizados na partida, vencida pelos leoninos nos pênaltis. Foi a única peleja com mais de um milhão de pessoas diante da tevê.
Já a grande decisão, com o Clássico dos Clássicos na Arena Pernambuco, ficou em segundo lugar, mas mesmo assim foi o que registrou mais pontos, 43.
No balanço dos dez jogos mais vistos, eis o ranking de presença:
7 – Sport
5 – Náutico
4 – Santa Cruz
2 – Porto
1 – Salgueiro e Central
Confira também o top 10 do Estadual de 2010 a 2012 clicando aqui.
Ainda sobre audiência no futebol local, o recorde data de 18 de fevereiro de 2009, no jogo Colo Colo 1 x 2 Sport, na Libertadores, com 57 pontos.
O estúdio Mooz criou o projeto gráfico do plano comercial do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste de 2015, a pedido da Globo Nordeste. No contato com os empresários, com o objetivo de vender inserções comerciais na tevê durante os torneios, foi apresentado um livro contendo informações do estadual e do regional, tendo como brinde baralhos exclusivos de Náutico, Santa Cruz e Sport. Na descrição, a frase “a sua torcida com cartas na manga”.
Os mascotes se transformaram no coringa. Em relação ao design, o que achou dos quatro naipes nas cores do seu clube?
Apesar da criação, ainda não há previsão de comercialização do produto.
Sobre o plano comercial do Estadual desta temporada, clique aqui.
A Globo Nordeste adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Pernambucano em 2000. Desde então, manteve o Estadual em sua grade de forma exclusiva, já com um acordo articulado junto à FPF até 2018. A cada temporada a emissora elabora um plano comercial para vender inserções na televisão dos patrocinadores interessados no produto futebol.
Há dois anos, a Globo anuncia o Pernambucano junto à Copa do Nordeste, torneio em que também detém a exclusividade no sinal aberto no estado. O plano de 2015 chegou ao mercado ainda no fim do ano passado, trazendo alguns dados. Um dos principais pontos se refere ao potencial de audiência no Grande Recife, com alcance de até 3,7 milhões de pessoas.
Os números de pontos, share e telespectadores em 2014 foram os maiores do Pernambucano nos últimos cinco anos. O formato enxuto, com hexagonal decisivo, semifinal e final colaborou, assim como o horário das decisões, nas noites de quarta-feira, cujo histórico aponta uma audiência maior que as tardes de domingo. Segundo o Ibope Media Workstation, o índice da competição chegou a 696 mil telespectadores por jogo – ao todo, foram exibidas 14 partidas.
Já o share indica que a cada 100 aparelhos de tevê ligados, 57 viram os jogos do futebol local no horário. Ainda há o perfil do telespectador específico, formado em sua maioria por homens, de classe C e com mais de 25 anos.
A audiência das últimas cinco edições do Pernambucano, segundo o Ibope:
2010
25 pontos de média
53% de participação nas televisões ligadas
541 mil telespectadores a cada jogo
2011
24 pontos de média
53% de participação nas televisões ligadas
526 mil telespectadores a cada jogo
2012
24 pontos de média
55% de participação nas televisões ligadas
524 mil telespectadores a cada jogo
2013
24 pontos de média
54% de participação nas televisões ligadas
555 mil telespesctadores a cada jogo
2014
28 pontos de média
57% de participação nas televisões ligadas
696 mil telespectadores a cada jogo
O pay-per-view do Campeonato Pernambucano continuará com um formato de “degustação” em 2015. Os jogos continuam na grade do canal Premiere FC, que nesta temporada exibiu 15 partidas do Estadual, sendo uma por rodada.
Ao contrário de outras praças, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais todos os jogos dos times tradicionais são transmistidos, em Pernambuco ainda não será possível.
Em 2014, o formato de negociação transformou o torneio local em um “bônus” para quem adquiriu pacotes completos do Paulistão ou do Carioca na tevê por assinatura. Viveram a mesma situação os campeonatos goiano e baiano.
De toda forma, a FPF enxerga como importante este modelo atual, pois o produto é exibido para 56 países, através do canal Globo Internacional. O presidente da entidade, Evandro Carvalho, não prevê quando todos os jogos serão transmitidos, como ocorre nas 38 partidas das Séries A e B do Brasileiro.
Em relação ao contrato com a Globo – detentora dos direitos nos sinais aberto e fechado -, o acordo vai até 2018. A divisão das cotas, segundo a federação, é a seguinte: 50% para Náutico, Santa e Sport e 50% para os demais intermediários.
O aumento na premiação da Copa do Nordeste de 2015 será de 10,8% em relação à última edição. Ao blog, o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela, informou que o percentual de aumento nas cotas aos clubes, baseado em patrocínios, deve ser de 15%, mas somente a partir das quartas de final. A partir disso, foi possível calcular o quanto valerá cada classificação.
O aumento absoluto é de R$ 1,08 milhão. Os direitos comerciais para o campeão, somando os valores de participação e premiação, saltaram de R$ 1,9 milhão para R$ 2.185.000. Um cheque de bom tamanho para o terceiro Nordestão organizado nesta retomada após o acordo com a CBF.
A diferença no valor está na distribuição das parcelas de participação na fase de grupos. O valor de R$ 350 mil foi mantido. Dos 20 clubes, somente os dois maranhenses e os dois piauienses ficam de fora. Sob contrato, os novos integrantes estão entrando numa período de testes, de três anos. Além disso, a liga já tinha um acordo de divisão na fase para os 16 integrantes originais.
O próximo Nordestão terá 74 jogos, em vez de 62, com transmissão ao vivo na Rede Globo, em sinal aberto, e no Esporte Interativo, na tevê paga.
Cotas absolutas para as campanhas na Copa do Nordeste:
2015*
Campeão – R$ 2,185 milhões
Vice – R$ 1,38 milhão
Semifinalista – R$ 977 mil
Quartas de final – R$ 690 mil
Primeira fase – R$ 350 mil
Total: R$ 11.080.000 * Estimativa do presidente da liga
2014
Campeão – R$ 1,9 milhão
Vice – R$ 1,2 milhão
Semifinalista – R$ 850 mil
Quartas de final – R$ 600 mil
Primeira fase – R$ 350 mil
Um dado para ser levado em conta pelas operadoras de TV por assinatura…
Segundo o Ibope Pesquisa de Mídia, 79% do público no Recife, em Fortaleza e em Salvador considera “importante” ou “muito importante” a existência de um canal que transmita os jogos dos times nordestinos na tevê paga.
O instituto optou pelas três maiores cidades da região pelo que cada uma representa no futebol, com os sete clubes mais populares do Nordeste. Foram ouvidos 3.738 homens, de 20 anos ou mais, inseridos nas classes A/B/C/D/E.
O estudo focou o nicho da televisão paga. Atualmente, focando os nove estados, estão no ar o Sportv e o pacote PFC, com as Séries A e B – e dez clubes envolvidos -, e o Esporte Interativo Nordeste, voltado exclusivamente para a região e que tem como ponto forte a Copa do Nordeste, além dos direitos de sete campeonatos estaduais.
Outro dado já revelado sobre o levantamento aponta que 59% dos entrevistados admitem que os canais esportivos influenciam na escolha da operadora. Pela ordem, vêm em seguida canais de filmes e notícias.
Quanto mais futebol nordestino na televisão, mais audiência. Parece óbvio.
Falando em televisão… eis os dados da audiência em 2014:
Nordestão (Esporte Interativo)
1,6 milhão de telespectadores/jogo
Pernambucano (Globo Nordeste)
555 mil telespectadores/jogo
A Rede Globo detém os direitos de transmissão das principais competições de futebol no país, como Copa do Brasil, Série A, Libertadores e Mundial de Clubes.
Quando não é um pacote exclusivo, divide a exibição com no máximo uma emissora, mas ambas com o mesmo o jogo. A empresa domina a transmissão nacional há mais de três décadas. Em alguns momentos da história, porém, perdeu o comando para outros canais. Casos raros e históricos…
Com a audiência numa maré baixa em 2014 – Coritiba 0 x 0 Corinthians, no domingo, deu apenas 13 pontos na Grande São Paulo, segundo o Ibope -, a direção da Globo vai se reunir com os vinte clubes da elite nacional.
Segundo Daniel Castro, colunista do portal Uol, “a emissora apresentará aos dirigentes dos times um estudo que mostra que o futebol vem perdendo cerca de 10% da audiência a cada ano. Se continuar assim, em dez anos passará a ser um produto relevante apenas para a TV paga. Vai ‘morrer’ na TV aberta, sua principal fonte de sustento atualmente”.
É uma bravata grande essa possibilidade de desistência na tevê aberta.
Primeiro porque a empresa já tem contrato assinado com os clubes até 2019.
Segundo porque as experiências anteriores, com as competições nas mãos da concorrência, geraram audiências históricas nas finais…
Abaixo, os recordes dos principais torneios exibidos no pais quando a Globo esteve fora da jogada. Vale lembrar até um caso local, com o Estadual de 1999 na TV Pernambuco, um canal estatal. A final do segundo turno entre Santa Cruz e Sport deu 50 pontos na região metropolitana do Recife. Recorde. No ano seguinte a Globo Nordeste comprou os direitos, já esticados até 2018…
Campeonato Brasileiro 1990 (Band/Luciano do Valle, 53 pontos em SP)
Corinthians 1 x 0 São Paulo
Taça Libertadores 1992 (Rede OM/Galvão Bueno, 50 pontos em SP)
São Paulo (3) 1 x 0 (2) Newell´s Old Boys
Copa do Brasil 1995 (SBT/Luiz Alfredo, 52 pontos em SP)
Grêmio 0 x 1 Corinthians
Mundial de Clubes 2000 (Band/Luciano do Valle, 53,1 pontos em SP)
Vasco (3) 0 x 0 (4) Corinthians
Obs. As finais do Brasileiro de 1987 (Sport 1 x 0 Guarani) e da Copa do Brasil de 1992 (Inter 1 x 0 Flu) foram exibidas nacionalmente por SBT e Rede OM.
Entre os sete principais tópicos na distribuição de receita dos maiores clubes do país, a cota de transmissão na televisão aparece, sem surpresa, como o maior, com exatamente 1/3 dos R$ 3,3 bilhões.
Mas o que realmente chama a atenção é o peso da bilheteria. Considerando o período de 2006 a 2013, o faturamento com a venda de ingressos dos 27 clubes analisados – entre eles os três grandes de Pernambuco – variou de 8% a 13%. No último ano, 11%, sendo o 4º tópico da lista elaborada pela Pluri Consultoria.
É muito pouco, mas condiz com a média de público da Série A – apenas a 15ª liga da última temporada, com 14.951 espectadores. Com estádios vazios, mesmo com as arenas, o cenário clama por uma transformação (preços, pacotes, conforto, logística etc).
Neste contexto, vale uma observação local. Em 2014, o Santa recebeu cerca de R$ 3 milhões pelo televisionamento da Série B, bem abaixo do Sport (R$ 27 mi). Então, é até compreensível que a arrecadação coral nos jogos seja maior, sendo o ponto fora da curva entre os demais times analisados, mas o dado também segue abaixo do marketing. Aí sim uma falha coral, sobretudo porque o marketing geral vem forte nos balanços desde 2008.
Em relação ao Alvirrubro, a venda dos direitos econômicos dos jogadores (Douglas Santos no caso mais rentável) teve um peso considerável, não sendo possível compará-lo ao Tricolor, dependente dos guichês.
O estudo teve os seguintes balanços: Atlético-MG, Atlético-PR, Avaí, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Criciúma, Cruzeiro, Figueirense, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Guarani, Inter, Joinville, Náutico, Palmeiras, Paraná, Ponte Preta, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Sport, Vasco e Vitória.
Confira a análise completa, com 15 páginas, clicando aqui.
Como era de se esperar, a transmissão na TV aberta de Coritiba x Corinthians no último domingo – enquanto o Sport jogava no mesmo horário fora de casa – causou uma onda de revolta dos pernambucanos nas redes sociais. A decisão de optar pela partida do time paulista, naturalmente, não partiu da TV Globo Nordeste. Sequer foi uma escolha. Há uma determinação contratual que limita a transmissão de apenas um jogo por rodada para atender ao “interesse regional” de todas as praças com exceção de Rio de Janeiro e São Paulo (que têm sempre um jogo garantido com seus clubes em ação).
A revolta dos pernambucanos não é isolada e se repete em estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Bahia. E mais: ela se soma com a indignação crescente em torno da distribuição da cota de televisionamento que, a cada ano, amplia as diferenças econômicas entre os clubes do país. Onde este processo vai levar? Impossível prever.
A verdade é que o sentimento de revolta dos que ficam sem os jogos do seu time na TV releva apenas uma parte de um problema maior e que se consolida em uma espécie de ciclo de erros. Uma reportagem publicada ontem no site Uol, assinada por Daniel Castro, revela que a TV Globo – que detém os direitos de transmissão do futebol nacional – lançou uma ameaça (ou seria só uma bravata?) para os clubes que irão se reunir com a emissora esta semana: “se os espetáculos não melhorarem e a audiência não subir, dentro de alguns anos o esporte deixará de ser interessante para a TV aberta”, escreve Daniel Castro em seu texto.
A audiência de Coritiba x Corinthians, no último domingo, não foi bem digerida na emissora. Em São Paulo, ficou em apenas 13 pontos – a menor deste Campeonato Brasileiro. Se atingiu 13 em São Paulo, imagine então os números do Recife… Só para efeito de comparação, os jogos do Campeonato Pernambucano atingem, em média, 555 mil pessoas por jogo no Grande Recife. Algo em torno de 25 pontos (mais da metade das TVs ligadas).
Com comparativos inquestionáveis de audiência que a própria emissora possui, por que não abrir espaço de vez para explorar o público potencial de cada praça? Por que insistir na limitação contratual que privilegia Rio e São Paulo em detrimento de outros sete estados? E se a Globo pretende exigir dos clubes mais investimento em qualidade técnica por que não estabelecer uma divisão de cotas que diminua o abismo entre as equipes?
A resposta “padrão” para a última pergunta é que a remuneração dos clubes é feita conforme o número de jogos transmitidos e a audiência. Mas é justamente aí que se estabelece o ciclo vicioso. Tudo gira em torno dos mesmos clubes. Eles têm mais espaço porque recebem maior cota e têm uma cota maior justamente por terem mais espaço na grade de transmissão das partidas. E a tal audiência? Só diminui.
Será que não está claro que o futebol brasileiro precisa de outro modelo de investimento, transmissão e comercialização? A espanholização (termo usado para definir a intenção de transformar Corinthians e Flamengo) é um tiro pela culatra. O privilegiado futebol carioca – com todo protecionismo midiático e financeiro que tem da TV – tem hoje um time na Série B, um que deveria estar (mas foi salvo no tapetão), um na última posição da Série A e outro imerso em crise financeira e com cinco meses de salários atrasados. Juntos, os quatro possuem metade das dívidas fiscais do futebol nacional. Este é o caminho certo?
Destaco outro trecho da matéria de Daniel Castro: “A emissora apresentará aos dirigentes dos times um estudo que mostra que o futebol vem perdendo cerca de 10% da audiência a cada ano. Se continuar assim, em dez anos passará a ser um produto relevante apenas para a TV paga. Vai “morrer” na TV aberta, sua principal fonte de sustento atualmente”.
Antes de mais nada, o “morrer” na TV aberta na verdade deve ser entendido como “morrer” na emissora. Afinal se a Globo desistir das transmissões da Série A – o que duvido muito (tem contrato até 2019) – outra empresa poderia mudar a forma de “vender” o futebol, acabando, por exemplo, com o absurdo horário das 22h. Como seria a audiência dos jogos no meio de semana se fossem transmitidos na TV aberta às 20h30 por exemplo?
* Fred Figueiroa é editor de redes sociais do Diario e colunista de esportes.