Nas entrelinhas da entrevista de Evandro Carvalho sobre a ameaça ao Nordestão

FPF, a entidade de futebol superavitária. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O público pífio na abertura do Estadual, o menor neste formato com hexagonal do título, mostrou uma faceta inacreditável do presidente da FPF, que parece se negar a enxergar os problemas da competição que organiza.

Em entrevista ao repórter Alexandre Arditti, do Jornal do Commercio, Evandro Carvalho não só ameaçou a continuidade do torneio regional como inverteu a ordem que mantém a estrutura atual do futebol brasileiro. A seguir, as cinco aspas publicadas (em negrito) e as observações do blog.

“Do modo que está (a Copa do Nordeste), com 20 clubes e quatro meses de disputa, não dá. Ou o Nordestão volta a ser uma copa, iniciando e terminando antes dos Estaduais ou tem que ser extinto”
Mesmo ampliado, de 16 para 20 clubes, em 2015, o torneio manteve a mesma estrutura de 12 datas (6 na fase de grupos e quartas, semi e final em ida e volta). Desde a volta ao calendário oficial, em 2013, o regional foi realizado paralelamente ao Pernambucano, cuja média de público variou de 4,5 mil a 6,3 mil nos anos com TCN. Mais: enquanto presidente, Evandro não viu este cenário sugerido por ele. O que não dá, mesmo, é a autorização de gramados, mesmo na primeira fase, como ocorreu no Estadual 2017. Era única opção para iniciar o campeonato? Então nota-se que é preciso repensar o Campeonato Pernambucano, e não a Copa do Nordeste, ascendente financeiramente há 5 anos (de R$ 5,6 mi para R$ 18,5 milhões em premiações).

“A Copa do Nordeste está desvirtuada. A CBF misturou futebol e política e estrangulou os Estaduais. Não temos mais datas. Os Estaduais na região passam por dificuldades, mas estamos num momento de reviravolta. Temos que resolver isso de uma vez por todas. Não podemos esperar”
A segunda sentença beira o surrealismo, pois foi justamente a política, das federações junto à CBF, que tirou o Nordestão do calendário nacional, em 2003. Em 2001/2002, quando o regional foi disputado com turno (15 rodadas) e mata-mata, no auge econômico-esportivo, as federações da região enfraqueceram a disputa ao condicionar a mudança do Campeonato Brasileiro, que passou a ser de pontos corridos (46 rodadas na época) durante oito meses, à retirada das copas regionais. Porém, a briga foi parar na justiça, com a Liga do Nordeste (que possuía contratos assinados de patrocínio e tevê) exigindo mais de R$ 25 milhões de indenização. Acuada quase uma década depois, a CBF cedeu e incorporou a Lampions até 2022, via acordo judicial. E hoje já paga mais que o Estadual: R$ 600 mil por 4 jogos (podendo chegar a R$ 2,8 milhões por 12) x R$ 950 mil por 10 jogos. Lembrando que o calendário oficial de 2017, apresentado pela CBF em julho de 2016, reduziu a Copa do Nordeste de 12 para 8 datas. O formato atual só foi “autorizado” porque as federações dos estados nordestinos, que ganharam 4 datas, pulando de 14 para 18, “cederam” 4. Não há justificativa no regulamento, restando a constatação óbvia, de dar poder, outra vez, às federações. Logo, o discurso reducionista de Evandro pode, sim, ser aplicado, justamente por um regulamento geral desvirtuado, para usar a mesma palavra.

“Se os Estaduais acabarem, estaremos contribuindo ainda mais para a crise que afeta o país”
Para começar, não defendo o fim dos estaduais, mas uma reformulação. De acordo com a diretoria de registro de transferências da CBF, cerca de 80% de todos os 21 mil atletas profissionais do país ganham até R$ 1 mil e só trabalham durante 4 meses. A realização do Estadual, da forma como é hoje, independentemente do Nordestão, não é determinante para essa crise, mas sim o desemprego gerado em 2/3 do ano, com uma estrutura de calendários regulares, no âmbito nacional, para apenas 60 clubes (nas Séries A, B e C). Hoje, existem 766 clubes no país. Somando as quatro divisões, chega-se a 128 times em atividade anual, o que corresponde a 16% do total. O Estadual torna-se quase irrelevante numa análise expandida. Indo além dos empregos, caberia à própria federação a articulação de um contrato de TV (mais recursos, mais condições de pagar folhas e jogadores mais qualificados) ao menos razoável. Hoje, para dar um exemplo, Sport, Náutico e Santa, somados, ganham quase o mesmo da TV que o América-MG no campeonato mineiro (2,85 mi x 2,80 mi)

“Em Pernambuco, sabemos que a extinção do programa Todos com a Nota teria um impacto grande no público. A crise financeira que abala o país é outro fator negativo. Tem também a questão da violência, que assusta os torcedores de bem. Além disso, é início de competição. O Náutico não teve o fim de Série B que se esperava, enquanto o Santa Cruz foi rebaixado”
A violência é, sim, um problema crônico, com as (suspensas) uniformizadas. E a saída do Todos com a Nota foi um baque. Primeiro, porque, em alguns anos, o TCN turbinou o quadro geral com fantasmas. Denúncia feita várias vezes pelo Diario. Sem TCN, a competição local de 2016 teve uma média de 3.498, sendo a pior desde 2003, segundo dados da própria FPF. Afinal, foram 17 anos de ingressos subsidiados e o público precisa ser reacostumado a “pagar”, ingresso ou mensalidade de sócio (com acesso livre). Porém, o programa estatal também pode ser visto como uma muleta que impulsionou números num campeonato que há tempos necessitava de ajustes. E Evandro se sustenta em apenas dois pilares, ignorando o formato de uma competição na qual 4 dos 6 se classificam, com 2 dos 3 representantes do interior impedidos de receber os grandes clubes em suas cidades nesta edição. Qual o nível de competitividade disso? São jogos que pouco agregam a uma provável classificação do Trio de Fero, além da falha organizacional (da FPF) em fazer um torneio basicamente no Recife. E a federação que marcou Central (de Caruaru) x Náutico na Ilha do Retiro acha que o problema é o Nordestão?!

“Mas não temos dúvidas que, à medida que o campeonato aquecer, a média de público vai subir”
No mata-mata, a média deve subir, sem dúvida. Mas até lá, o que justifica uma média de 1.077 pessoas, contabilizando os 26 jogos com borderô na 1ª fase e no hexagonal, até o momento? A partir da semifinal, criada em 2010, os motivos são óbvios. 
Interesse numa disputa real (títulos e vagas nas copas) e a realização de clássicos com algum apelo. Contudo, o formato atual se restringe a quatro jogos à vera. Enquanto isso, liderar o hexagonal com 10 vitórias em 10 jogos não vale uma vantagem concreta, nem esportiva (o mando é único ponto) nem financeira. Exigir que os times atuem com forçam máxima em campanhas com classificações asseguradas em vez de decisivos confrontos no Nordestão e na Copa do Brasil é pensar em benefício próprio, o da FPF, cuja arrecadação caiu bastante em 2016, sem o TCN. Com 8% da renda bruta de todos os jogos, abocanhou R$ 379 mil, contra R$ 612 mil do último ano subsidiado.

Por fim, o posicionamento dos clubes, que não dão um pio. Acho mais grave que a visão do mandatário, porque beira covardia, pra não dizer outra coisa

Ranking dos pênaltis e das expulsões (1)

Pernambucano 2017, 1ª rodada do hexagonal: Sport 3x0 Central. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Pelo 9º ano consecutivo, o blog contabiliza os pênaltis marcados e os cartões vermelhos aplicados no Campeonato Pernambucano. Em 2017, como ocorre desde 2009, o levantamento analisa somente o turno principal. Nesta caso, as dez rodadas do hexagonal do título. Ou seja, só entram na conta os dados de Santa Cruz, Sport, Náutico, Salgueiro, Belo Jardim e Central.

Na primeira rodada do hexagonal, de cara, cinco marcações. Um pênalti na Ilha, convertido por Diego Souza, e quatro expulsões. Começou com o lateral centralino Luís Matheus, dando motivo à penalidade ao “espalmar” a bola em cima da linha. No Clássico das Emoções, confusão e um vermelho pra cada (Dudu e Jaime). No Antônio Inácio, Romário, do Calango, tomou dois amarelos.

Pênaltis a favor (1)
1 pênalti – Sport
Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Central, Salgueiro e Belo Jardim

Pênaltis cometidos (1)
1 pênalti – Central
Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Sport, Salgueiro e Belo Jardim

Cartões vermelhos (4)
1º) Sport e Salgueiro – 1 adversário expulso; nenhum vermelho
3º) Náutico e Santa – 1 adversário expulso; 1 vermelho
5º) Central e Belo Jardim – nenhum adversário expulso; 1 vermelho 

Rankings anteriores: 200920102011201220132014, 2015 e 2016.

Entre 2009 e 2011, com doze time e turno e returno, o ranking levou em conta 132 partidas em 22 rodadas. Com o torneio mais enxuto, num hexagonal a partir de 2014, o número de jogos analisados caiu para 30, em 10 rodadas.

Ano (jogos/pênaltis): 2009 (132/48), 2010 (132/70), 2011 (132/46), 2012 (132/57), 2013 (66/35), 2014 (30/6), 2015 (30/7) e 2016 (30/9)

Mais pênaltis a favor
2009 – Náutico (7)
2010 – Náutico (11)
2011 – Náutico e Araripina (7)
2012 – Santa Cruz (8)
2013 – Sport e Porto (6)
2014 – Santa Cruz (2)
2015 – Sport (3)
2016 – Náutico (4)

Mais pênaltis cometidos
2009 – Ypiranga (11)
2010 – Porto (12)
2011 – Petrolina e América (7)
2012 – Araripina (10)
2013 – Belo Jardim (5)
2014 – Porto (4)
2015 – Santa Cruz e Serra Talhada (2)
2016 – América (3)

Estadual 2017 registra os piores público e bilheteria na 1ª rodada do hexagonal

Pernambucano 2017, 1ª rodada do hexagonal: Náutico 1x1 Santa Cruz. Foto: FPF/facebook (@fpfpe)

A rodada de abertura da fase principal do Campeonato Pernambucano de 2017 foi a pior em termos de público e renda desde que a competição passou a ter este formato. Já são quatro temporadas com o hexagonal do título e esta edição foi a única a não reunir sequer dez mil espectadores nos três primeiros jogos. Com 4.622 na Arena (e tevê aberta na capital), 3.821 na Ilha do Retiro (e exibição no pay-per-view) e 228 no Antônio Inácio, em Caruaru, o público total chegou a 8.671 pessoas, um fiasco. Em todos os anos neste formato houve um clássico na abertura, inclusive em 2014, num confronto que acabou adiado – o Clássico dos Clássicos daquela 1ª rodada só ocorreu em fevereiro.

Clássicos na abertura do Estadual:
2014 – 8.784 pessoas (Náutico 2 x 1 Sport)
2015 – 24.143 pessoas (Santa Cruz 0 x 3 Sport)
2016 – 9.296 pessoas (Náutico 2 x 0 Santa Cruz)
2017 – 4.622 pessoas (Náutico 1 x 1 Santa Cruz)

Abaixo, o comparativo nos anos com hexagonal do título. Nos dois primeiros anos os ingressos foram subsidiados pelo governo do estado, via Todos com a Nota. De qualquer forma, caso a comparação seja apenas com 2016, a queda foi de 31% no público e 48% na arrecadação, mesmo com dois jogos no Recife.

Público e renda do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Sobre a corrida das multidões (por enquanto, longe disso), o Náutico começou liderando. Dos seis times no hexagonal, apenas o Santa ainda não atuou como mandante, somando todas as fases. Por sinal, considerando toda o torneio, a FPF, mesmo com o quadro pífio, já arrecadou R$ 24.678, ou 8% da renda bruta.

1º) Náutico (1 jogo como mandante, na Arena Pernambuco)
Público: 4.622
Taxa de ocupação: 10,0%
Renda: R$ 75.615

2º) Sport (1 jogo como mandante, na Ilha do Retiro)
Público: 3.821
Taxa de ocupação: 13,9%
Renda: R$ 60.780

3º) Salgueiro (3 jogos como mandante, no Cornélio de Barros
Público: 6.449 torcedores
Média de 2.149
Taxa de ocupação: 17,8%
Renda: R$ 26.729
Média de R$ 8.909

4º) Central (3 jogos como mandante; 2 no Lacerdão e 1 no Antônio Inácio)
Público: 3.856 torcedores
Média de 1.285
Taxa de ocupação: 8,1%
Renda: R$ 51.730
Média de R$ 17.243

5º) Belo Jardim (4 jogos como mandante, no Antônio Inácio)
Público: 818 torcedores
Média de 204
Taxa de ocupação: 2,7%
Renda: R$ 6.872
Média de R$ 1.718

Geral – 26* jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência)
Público total: 28.009
Média: 1.077 pessoas
Arrecadação: R$ 308.486
Média: R$ 11.864
* Mais 4 jogos ocorreram de portões fechados

Fase principal – 3 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 8.671
Média: 2.890 pessoas
Arrecadação total: R$ 138.385
Média: R$ 46.131

Pernambucano 2017, 1ª rodada do hexagonal: Sport 3x0 Central. Foto: Sport/twitter (@sportrecife)

Resumo da 1ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2017, 1ª rodada: Náutico x Santa Cruz, Sport x Central e Belo Jardim x Salgueiro. Fotos: Peu Ricardo/DP (Arena), Ricardo Fernandes/DP (Ilha) e FPF/facebook (Antônio Inácio)

Começou, de fato, o Campeonato Pernambucano de 2017. Ou seja, o hexagonal do título. No sábado, o Leão passeou diante do Central. Usou o time principal, ignorando o discurso de “Sub 20”. No domingo, um clássico esvaziado. Abrindo o centenário do duelo, alvirrubros e tricolores ficaram num empate. Foi o terceiro ano seguido que o atual campeão estreando num clássico e como visitante. Também no domingo, no Antônio Inácio, já que o gramado em Belo Jardim está vetado, o Calango foi derrotado pelo Salgueiro – que já larga bem outra vez. Nas arquibancadas, apenas 8.671 pessoas, com média de 2.890. Pois é. Lembrando que o torneio será intercalado com o Nordestão. No caso, haverá uma rodada no meio de semana antes da pausa para o regional e para a Copa do Brasil.

Nos três jogos realizados nesta fase do #PE2017 saíram 7 gols, com média de 2,3. Em relação à artilharia, que a FPF oficialmente considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, Rogério, Diego Souza e Lenis (Sport), Anselmo (Náutico), Léo Costa (Santa), Daniel e Dadá (Salgueiro) começaram liderando econômica lista, com 1 gol cada.

Sport 3 x 0 Central – Em ritmo de treino o Leão fez uma apresentação melhor, técnica e fisicamente, do que na estreia no Nordestão – sem DS na ocasião.

Náutico 1 x 1 Santa Cruz – Os rivais decepcionaram no primeiro confronto, com poucas chances. Ao menos, houve emoção a partir dos 44 do 2º tempo.

Belo Jardim 0 x 2 Salgueiro – Favorito entre os interioranos, o Carcará largou bem já como visitante. Deve ser o único a receber os grandes em seu campo.

Destaque: Diego Souza. O camisa 87 comandou o Sport no sábado, tanto na armação quanto na finalização. E não foi poupado, atuando os 90 minutos.

Carcaça: Péricles Bassols. O árbitro do clássico falhou tanto na questão disciplinar (um vermelho a menos) quanto na técnica (pênalti não marcado)

Próxima rodada
01/02 (20h30) – Central x Náutico, Antônio Inácio (Premiere)
01/02 (21h30) – Santa Cruz x Belo Jardim, Arruda (Globo NE)
02/02 (20h30) – Salgueiro x Sport, Cornélio de Barros (Premiere)

A classificação atualizada do hexagonal do título após a 1ª rodada.

Classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2017 após 1 rodada. Crédito: Superesportes

FPF marca Central x Náutico na Ilha do Retiro. Um jogo no Recife é inversão?

Central x Náutico na Ilha do Retiro, pela 2ª rodada do hexagonal estadual de 2017. Arte: Cassio Zirpoli sobre reprodução do google maps

A péssima situação dos gramados no interior, em 2017, resultou em mudanças drásticas na fase principal do Campeonato Pernambucano. Dos três interioranos no hexagonal, dois vão começar jogando fora de seus domínios. Sem condições no Mendonção, o Belo Jardim precisa viajar 49 km para mandar seus jogos no Antônio Inácio. E o Central, com o Lacerdão vetado pela FPF, terá que viajar 133 km até o Recife. Para receber o Náutico na Ilha do Retiro (01/02). Receber?

Confira o documento de informação de modificação de tabela clicando aqui.

Como se não bastasse o fato de o Antônio Inácio também ter sido vetado (contra os grandes) por questão de segurança, o alvinegro irá atuar como mandante na cidade do rival. Abaixo, o artigo 12 do Regulamento Geral de Competições da FPF de 2017 sobre as possibilidades de mudanças na tabela, longe de ser claro.

Regulamento Geral de Competições da FPF em 2017

Nem no regulamento geral nem no regulamento do Estadual há um detalhamento sobre o que seria “inversão de mando de campo”. Cidade, estádio, posse etc. O que chama a atenção é que o mesmo artigo 12 da versão anterior do RGC, válido em 2015-2016 (a seguir), dizia que só não seria considerado inversão na Arena Pernambuco, por ser um “estádio público sob concessão”.

Aquele texto só foi criado para que os clássicos pudessem ocorrer em São Lourenço da Mata, evitando o problema visto num Sport x Náutico em janeiro de 2015. Hoje, não há mais concessão, e nem o parágrafo de observação.

Regulamento Geral de Competições da CBF, para 2015, sobre a função do "árbitro de vídeo". Crédito: reprodução

Voltando um pouco mais no tempo, ao RGC de 2013-2014 (abaixo), agora no artigo 13, o texto era claro, evitando mudanças de tabela caso houvesse inversão já na origem dos participantes. Não só o estádio inscrito, mas a cidade. No caso da inversão, só havia uma exceção, em caso de reciprocidade. Fica a dúvida sobre o motivo deste texto ter sido alterado nos documentos seguintes. Para dar pleno poder de escolha à federação em casos do tipo?

Regulamento Geral de Competições da CBF, para 2014, sobre a função do "árbitro de vídeo". Crédito: reprodução

Moralmente, já na versão 2015-2016 um jogo de um clube do interior no Recife seria polêmico. Na ocasião, o Central até negociou com o (extinto) consórcio para receber o Santa na Arena, pela semi. Acabou demovido pela torcida. No hexagonal, o América atuou na Ilha contra Náutico e Santa e no Arruda contra o Sport. Porém, o clube é sediado capital, alugando campos locais há décadas.

Sobre o caso da Patativa em 2017, lendo o regulamento atual, a reprovação do Lacerdão (“passa por reparos em seu gramado”) parece justa – através do artigo 13, nos itens 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. O que não justifica a partida na cidade do adversário, num cenário possível também com tricolores (08/02) e rubro-negros (09/04). Ainda mais com outro palco em Caruaru. Menor (7.307 lugares), mas autorizado no mesmo hexagonal. Respondendo à pergunta: considero inversão.

Por fim, a clara desvalorização do torneio, no qual 4 dos 6 clubes avançam à semifinal. Com dois deles fora de suas cidades, só um esforço enorme, no mau sentido, para a desclassificação do Trio de Ferro. Não haveria outra praça para abrigar o jogo? Então, nota-se que é hora de repensar a competição…

Primeira fase do Estadual registra média de 842 pessoas e R$ 170 mil, a pior renda

A média de público na 1ª fase do Campeonato Pernambucano. Arte: Cassio Zirpoli/DP

A primeira fase do Campeonato Pernambucano de 2017 atraiu apenas 19.338 torcedores aos estádios. Dos 27 jogos realizados, quatro ocorreram de portões fechados, três em Carpina, onde o Atlético não conseguiu todos os laudos técnicos, e um em Paulista, na estreia do América, pelos mesmos motivos. Considerando, então, os jogos com borderô, a média foi de apenas 842 espectadores, quatro a mais que a temporada passada. Números quase idênticos e dentro de um mesmo contexto: a ausência do Todos com a Nota. Em 2015, na última edição com ingressos subsidiados, o TCN correspondeu a 92% do público. Antes, em 2013 e 2014, com números bem questionáveis (troca de ingresso sem presença efetiva), o índice chegou a 4 mil pessoas.

Na fase preliminar em 2017, o maior público foi na estreia do Salgueiro, com 2.264 torcedores no Cornélio de Barros, graças ao plano de sócios do clube sertanejo, com o associado adimplente pagando apenas R$ 1 pelo ingresso. Por sinal, a torcida salgueirense correspondeu a 33% do público absoluto. Já o pior borderô ocorreu no Nildo Pereira, num gramado inaceitável, com apenas 102 pessoas assistindo ao duelo de eliminados Serra Talhada x Afogados. Em relação à arrecadação, o valor bruto foi de R$ 170 mil, o menor na primeira fase, com a FPF tendo direito, segundo regras próprias, a uma taxa de 8% sobre a bilheteria de todas as partidas. Logo, a arrecadou R$ 13.608.

Público e renda na 1ª fase do Campeonato Pernambucano, com 1 jogo de portões fechados em 2016 e 4 em 2017. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Salgueiro, Belo Jardim e Central foram os classificados ao hexagonal do título. O blog, então, continuará levantando as médias de público e renda na fase principal da competição, além do balanço geral, somando todas as fases.

1º) Salgueiro (3 jogos como mandante, no Cornélio de Barros
Público: 6.449 torcedores
Média de 2.149
Taxa de ocupação: 17,8%
Renda: R$ 26.729
Média de R$ 8.909

Pernambucano 2017, 1ª fase: Salgueiro 2x1 Flamengo de Arcoverde. Foto: @CarcaraNet (twitter)

2º) Central (3 jogos como mandante; 2 no Lacerdão e 1 no Antônio Inácio)
Público: 3.856 torcedores
Média de 1.285
Taxa de ocupação: 8,1%
Renda: R$ 51.730
Média de R$ 17.243

Pernambucano 2017, 1ª fase: Central 2x0 Belo Jardim. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

3º) Belo Jardim (3 jogos como mandante, no Antônio Inácio)
Público: 590 torcedores
Média de 196

Taxa de ocupação: 2,6%
Renda: R$ 4.872
Média de R$ 1.624

Pernambucano 2017, 1ª fase: Belo Jardim 3x0 Vitória. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

A tabela do hexagonal do Estadual 2017, já com a grade de transmissão na TV

Os participantes do hexagonal do título do Pernambucano 2017: Santa Cruz, Sport, Náutico, Salgueiro, Belo Jardim e Central. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Salgueiro, Belo Jardim e Central foram os classificados, nesta ordem, para o hexagonal principal do Campeonato Pernambucano de 2017. Se juntam a Náutico, Santa e Sport, pré-classificados por disputarem as Séries A e B. Com o sexteto definido, vamos à tabela, que sofreu ajustes a partir da grade televisão, com a Globo Nordeste no sinal aberto e o Premiere no pay-per-view, além do choque de datas com Nordestão e Copa do Brasil – Sport x Belo Jardim, por exemplo, saiu de 08/02, que era o dia de CSA x Sport, pelo torneio nacional. Além disso, há a exigência da polícia militar, evitando mais de um jogo na capital no mesmo dia. Por isso, três rodadas (3ª, 8ª e 9ª) devem ser modificadas. O regulamento é o mesmo dos últimos anos, com os quatro melhores colocados avançando ao mata-mata, com semifinal (16 e 30 de abril) e final (3 e 7 de maio).

Entre os classificados da primeira fase, Central e Belo Jardim também se garantiram na Série D de 2018 – o Salgueiro está na C. A terceira vaga do estado será dada ao campeão do hexagonal da permanência. Lembrando que em 2017 o estado será representado na quarta divisão por Central, América e Serra Talhada, através das classificações obtidas na última edição do Estadual.

Participações no hexagonal do título (2014-2017)
4 – Central, Náutico, Salgueiro, Santa Cruz e Sport
1 – América, Belo Jardim, Porto e Serra Talhada

Número de clubes por mesorregião
2017 – RMR 3, Agreste 2, Sertão 1, Mata o
2016 – RMR 4, Agreste 1, Sertão 1, Mata 0
2015 – RMR 3, Sertão 2, Agreste 1, Mata 0
2014 – RMR 3, Agreste 2, Sertão 1, Mata 0

A seguir, a tabela do hexagonal, com o horário do Recife. Lembrando que o Belo Jardim vem mandando os seus jogos em Caruaru, uma vez que o Mendonção não foi aprovado na vistoria da FPF (o clube ainda tenta uma mudança).

Post atualizado em 03/04 (após o detalhamento da FPF)

1ª rodada
28/01 (16h00) – Sport x Central (Premiere)
29/01 (16h00) – Náutico x Santa Cruz, Arena (Globo NE)
29/01 (16h00) – Belo Jardim x Salgueiro, Antônio Inácio

2ª rodada
01/02 (20h30) – Central x Náutico, Antônio Inácio (Premiere)
01/02 (21h30) – Santa Cruz x Belo Jardim, Arruda (Globo NE)
02/02 (20h30) – Salgueiro x Sport, Cornélio de Barros (Premiere)

3ª rodada
08/02 (20h30) – Náutico x Salgueiro, Arena (Premiere)
09/02 (20h30) – Central x Santa Cruz, Arena (Premiere)
15/02 (20h30) – Sport x Belo Jardim, Ilha do Retiro (Premiere)

4ª rodada
18/02 (16h30) – Santa Cruz x Sport, Arruda (Globo NE)
19/02 (20h00) – Salgueiro x Central, Cornélio de Barros
20/02 (20h30) – Belo Jardim x Náutico, Arruda (Premiere)

5ª rodada
01/03 (21h45) – Sport x Náutico, Ilha do Retiro (Globo NE)
02/03 (15h00) – Central x Belo Jardim, Carneirão
02/03 (20h30) – Santa Cruz x Salgueiro, Arruda (Premiere)

6ª rodada
05/03 (16h00) – Náutico x Sport, Arena (Premiere)
05/03 (16h00) – Salgueiro x Santa Cruz, Cornélio de Barros (Globo NE)
05/03 (16h00) – Belo Jardim x Central, Antônio Inácio

7ª rodada
18/03 (16hh0) – Santa Cruz x Central, Arruda (Premiere)
18/03 (18h30) – Salgueiro x Náutico, Cornélio de Barros (Premiere)
19/03 (16h00) – Belo Jardim x Sport, Arruda (Globo NE)

8ª rodada
25/03 (16h00) – Náutico x Belo Jardim, Arena (Premiere)
26/03 (16h00) – Sport x Santa Cruz, Ilha do Retiro (Globo NE)
26/03 (16h00) – Central x Salgueiro, Lacerdão

9ª rodada
03/04 (20h00) – Sport x Salgueiro, Ilha do Retiro (Premiere)
05/04 (19h30) – Náutico x Central, Arena (Premiere)
05/04 (21h45) – Belo Jardim x Santa Cruz, Arena (Globo NE)

10ª rodada*
09/04 (16h00) – Central x Sport, Arruda (Globo)
09/04 (16h00) – Salgueiro x Belo Jardim, Cornélio de Barros
10/04 (20h30) – Santa Cruz x Náutico, Arruda (Premiere)

Nº de jogos transmitidos na Globo (9)
6 – Santa Cruz
5 – Sport
3 – Belo Jardim
2 – Náutico
1 – Salgueiro e 
Central

Nº de jogos transmitidos no Premiere (15)
8 – Náutico
5 – Sport, Salgueiro e Central
4 –
Santa Cruz
3 – Belo Jardim

Quase sem água, os precários campos da primeira fase do Pernambucano de 2017 estão ameaçados de veto no hexagonal

Estádio Pereirão em 13/12/2016. Foto: Serra Talhada/twitter (@Serra_TalhadaFC)

A crise hídrica, com o Nordeste vivendo a maior seca em um século, age diretamente na qualidade dos gramados dos times intermediários, da região metropolitana ao sertão. Com receitas modestas e pouca ajuda das prefeituras para bancar seguidos caminhões-pipa (de uma forma geral), o quadro é dos piores já vistos no futebol pernambucano. Tanto que a fase principal, o hexagonal do título, pode não contar com os palcos hoje autorizados. É o que diz primeira circular do ano, publicada pela FPF, chamando a atenção dos nove intermediários sobre o estado dos gramados. Todos foram alertados sobre a possibilidade de veto. Ainda que não haja tal regra no regulamento do Estadual 2017 (que exige, apenas, uma capacidade mínima de 10 mil espectadores a partir do mata-mata), no regulamento geral de competições da FPF há um artigo que dá à entidade o poder de veto, independentemente dos laudos técnicos.

Em caráter preventivo, a federação lembrou um artigo presente no RGC (abaixo, em itálico) e também a diretriz operacional quando os locais são utilizados por equipes das Séries A e B, caso do Trio de Ferro. Uma nova vistoria (já surpreende a primeira) será feita entre os dias 21 e 24 de janeiro.

Artigo 5º – Incumbe à diretoria de competições da FPF, na qualidade de órgão gestor técnico das competições:
VI – “Validar os estádios ao termino de cada fase/turno das competições, independentemente da vigência dos Laudos Técnicos estabelecidos em Lei, objetivando a qualificação do evento, exigida em face dos contratos de televisionamento e da premissa do programa de Projetos de Gramado, implantado pela CBF, em 2016.”

Dos nove times, oito estão no interior. Um deles já não joga em seu município, o Belo Jardim. Com o Sec-Mendonção castigado (imagine a situação!), o Calango acabou acertando com a liga caruaruense o aluguel do Antônio Inácio. Abaixo, imagens recentes dos campos de cada clube, todas registradas em janeiro.

América – Estádio Ademir Cunha (Paulista, a 17 km do Recife)
Foto em 17/01, no treino do América

O Mequinha toma conta do estádio municipal desde 2010. No último ano, o local acabou sendo bastante usado por categorias de base de outros clubes, além de peladas de fim de ano e ações sociais. Devolvido em péssimo estado, o campo vem recebendo placas de grama, compradas pelo próprio alviverde.

Estádio Ademir Cunha em 17/01/2017. Foto: América/twitter (@america_pe)

Atlético Pernambucano – Estádio Paulo Petribú (Carpina, 45 km)
Foto em 15/01, Atlético 0 x 2 América

O acanhado estádio, que começou sendo utilizado sem torcida, por falta de laudos técnicos de segurança e bombeiros, tem inúmeros buracos, com um piso duro. Ao menos, tem uma grama verdinha acima da média.

Estádio Paulo Petribú em 15/01/2017. Foto: América/facebook (@americafcpe)

Acadêmica Vitória – Estádio Carneirão (Vitória de Santo Antão, 50 km) 
Foto em 04/01, Vitória 3 x 0 América

O campo do Severino Cândido Carneiro foi o primeiro a chamar atenção negativamente, por causa da inédita transmissão via internet, com o globo.com exibindo Vitória x América. A quantidade de buracos nas laterias gerou críticas da FPF. Apesar da capacidade de público apta ao hexagonal, está ameaçado.

Estádio Carneirão em 04/01/2017. Foto: Márcio Souza/A Voz da Vitória (avozdavitoria.com)

Central – Estádio Luiz Lacerda (Caruaru, 130 km) 
Foto em 15/01, Central 2 x 0 Belo Jardim

Vale lembrar que em 2016 a Patativa firmou um acordo para a reutilização da água da Compesa. Em um mês, na ocasião, a reutilização gerou 120 caminhões com 12 mil litros cada. Ou seja, 1,44 milhão de litros sem uso aparente deixaram o campo verde. Neste ano, nem esse tipo de água foi suficiente. Além de caminhões-pipa, o clube vem usando água do poluído Rio Ipojuca.

Estádio Lacerdão em 15/01/2017. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

Belo Jardim – Estádio Antônio Inácio (Caruaru, 130 km)
Foto em 08/01, Belo Jardim 3 x 0 Vitória

O estádio, também conhecido como Vera Cruz, apresenta remendos, mas conta com um campo melhor que o do outro estádio da cidade. Tende a receber o Central caso o Lacerdão seja vetado ou não seja melhorado a tempo. Quanto ao Belo Jardim, o time é mandante a 49 km de distância. Às moscas. Em Belo Jardim, já treinou no estádio do rival local, o campo sintético da “Gameleira”.

Estádio Antônio Inácio em 08/01/2017. Foto: Belo Jardim/facebook (@CalangolBJFC)

Flamengo – Estádio Áureo Bradley (Arcoverde, 256 km) 
Foto em 04/01, Flamengo 2 x 1 Belo Jardim

Apontado pela FPF como o melhor campo no interior, neste ano, o gramado de Arcoverde é o único que vinha sendo cuidado pela prefeitura de maneira prévia, com acordo para fornecimento de água em níveis satisfatórios. O Fla só deixaria o local em caso de mata-mata (por falta de arquibancadas maiores).

Estádio Áureo Bradley em 04/01/2017. Crédito: Dárcio Rabêlo (darciorabelo.com.br) / Youtube (reprodução)

Afogados – Estádio Vianão (Afogados da Ingazeira, 386 km) 
Foto em 11/01, Afogados 1 x 3 Salgueiro

Utilizado pela primeira vez na primeira divisão estadual, o local tem um tom mais uniforme de grama, ainda que a irrigação também sofra com a estiagem.

Estádio Vianão, em Afogados, no dia 11/01/2017. Foto: Salgueiro/twitter (@CarcaraNet)

Serra Talhada – Estádio Nildo Pereira (Serra Talhada, 415 km) 
Foto em 08/01, Serra Talhada 3 x 3 Atlético

Uma calamidade o cenário no Pereirão. Sem grama em diversos pontos, com o Cangaceiro precisando implantar, desde dezembro, placas de grama – ainda insuficientes para todo o campo, como a grande área, de areia.

Estádio Pereirão em 08/01/2017. Foto: Geovani / Serra Talhada (ascom)

Salgueiro – Estádio Cornélio de Barros (Salgueiro, 518 km) 
Foto em 02/01, treino do Salgueiro

A casa do Salgueiro seria a única, hoje, a atender tanto a capacidade mínima na semifinal quanto o gramado. Ainda assim, vem tentando melhorar desde dezembro, uma vez que o piso estava completamento seco. Alega-se à falta d’água e de manutenção a disputa eleitoral. O prefeito eleito acabou sendo Clebel Cordeiro, ex-mandatário do Carcará.

Estádio Cornélio de Barros em 02/01/2017. Foto: Salgueiro/twitter (@CarcaraNet)

De R$ 900 a R$ 4.210, as taxas de árbitros no Pernambucano 2017. O mandante paga

A taxa de arbitragem na fase final do Campeonato Pernambucano de 2017. Crédito: FPF/reprodução

Além da taxa de 8% sobre a renda bruta dos jogos, a FPF ainda cobra outros encargos aos clubes no Campeonato Pernambucano. Em 2017, os mandantes precisam pagar por inúmeros serviços administrativos para a realização da peleja, ampliados a cada fase. Se na etapa preliminar basta a arbitragem e um delegado de jogo, no mata-mata são dez funções! Árbitro, dois assistentes, 4º árbitro, delegado especial de arbitragem, assessor de arbitragem, delegado do jogo, supervisor de protocolo, assessor de protocolo e fiscal da FPF.

Além disso, cada partida é precificada de uma forma. Logo, os valores da final são bem maiores que os da primeira fase. Somando essas taxas de funções, o gasto vai de R$ 2.725 a R$ 14.957 – no caso dos assistentes, a cota equivale a 75% do valor pago ao árbitro, com o 4º árbitro tendo 35% no mesmo modelo. Em comparação com o ano passado, um aumento de 8,4%. No caso do Árbitro Fifa, R$ 322 a mais. Não para aí. Também há a despesa com diárias para os árbitros. Em vez de estipular metas de distância, como e 2016, desta vez a federação já determinou o valor de cada cidade, com Salgueiro sendo a mais cara, R$ 210.

A responsabilidade de pagamento do mandante não é regra. Num viés local, basta dizer que na Copa do Nordeste as taxas de arbitragem são pagas pela CBF. No estado, os valores foram estipulados pela diretoria de competições da federação e pela comissão de arbitragem. No documento de 4 de janeiro, as assinaturas dos respectivos diretores, Murilo Falcão e Salmo Valentim.

Os “clássicos” envolvem, claro, os jogos entre Náutico, Santa e Sport, com até cinco categorias de árbitro – com os níveis CBF e Fifa sendo mais requisitados.

Taxa de arbitragem do Campeonato Pernambucano em 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O quadro seguinte é válido no hexagonal do título, nos jogos do Trio de Ferro no Recife diante dos três classificados da fase preliminar. No Arruda, Arena Pernambuco e Ilha do Retiro os jogos já contam com dez funções.

Taxa de arbitragem do Campeonato Pernambucano em 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Os jogos entre clubes intermediários (nove clubes ao todo) têm um preço diferente, necessitando de apenas uma função administrativa. Cenário válido na fase preliminar e hexagonais do título e da permanência. Ou seja, a tabela só mudaria num confronto do tipo a partir da semifinal (o que nunca ocorreu).

Taxa de arbitragem do Campeonato Pernambucano em 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

As cotas dos grandes clubes nordestinos nas competições oficiais em 2017

Receitas de Bahia, Vitória, Sport, Santa Cruz, Náutico, Ceará e Fortaleza. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O futebol pernambucano terá quatro clubes com calendário cheio em 2017. Com a definição das divisões, com o Sport na Série A, Santa Cruz e Náutico na B e o Salgueiro na C, é possível projetar as cotas de cada time, entre verba de transmissão na televisão e o repasse por classificação – obviamente, existem outras fontes, como bilheteria, patrocínio, Timemania, sócios etc.

O blog elencou todas as competições oficiais com os valores já divulgados. No caso do Brasileirão e da Copa Sul-Americana, foram considerados os dados último ano. Ampliando a lista, também foram apresentados as cifras de Bahia, Vitória, Ceará e Fortaleza, os principais adversários regionais.

As projeções de cotas de Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa Cruz, Sport e Vitória. Arte: Cassio Zirpoli/DP

As receitas de cada clube estão divididas em quatro colunas nos quadros abaixo, com o cenário mais pessimista na primeira, considerando o valor-base da televisão e a pior colocação possível na competição. Em seguida, duas colunas com campanhas acessíveis, passando uma fase nos respectivos torneios, ou, no caso do Brasileiro, nas primeiras posições acima da zona de rebaixamento, o mínimo esperado por qualquer participante.

No fim, chega-se a uma equação entre mercado e meritocracia esportiva, embora também exista uma enorme disparidade local (e regional) nas cotas a partir do modelo de gestão da televisão sobre o campeonato nacional.

Cotas e premiações: PernambucanoNordestãoCopa do Brasil, Série A e Sula.

Projeção de cotas do Sport nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Sport por mês: R$ 3.731.781
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 1.956.725 (+4,56%)
Calendário: de 57 jogos a 90 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 692.355

Com o contrato junto à Rede Globo até 2018 (e já tem um novo, de 2019 a 2024), o Sport tem a garantia de receita independentemente da série – ainda que esteja indo para o 4º ano seguido na elite. Além da cota fixa de R$ 35 milhões, há uma variação considerável (e ascendente) no pay-per-view. Com isso, nesta plataforma, o blog projetou o aumento de R$ 5 mi para R$ 7 mi em 2017. Sobre o aporte mínimo, o clube só não teria verba na Série A, pois a premiação esportiva começa a partir do 16º colocado (ou seja, em caso de permanência). Por outro lado, fazendo o básico, passando uma fase em cada torneio/copa e evitando o rebaixamento, o Leão já teria um aumento de R$ 2,6 milhões – lembrando que o Brasileiro e a Sula estão com valores de 2016, que tendem a ser reajustados.

Projeção de cotas do Santa Cruz nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Santa Cruz por mês: R$ 628.683
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 17.330.800 (-69,67%)
Calendário: de 56 jogos a 72 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125

Sem dúvida alguma, o maior baque financeiro no futebol pernambucano em 2017. Por não ser cotista no Brasileiro (até 2018, a Globo só firmou 18 contratos do tipo), o tricolor perdeu a cota de R$ 23 milhões (somando tevês aberta e fechada, ppv, sinal internacional e internet). Além disso, a canetada da Conmebol, que o tirou da Copa Sul-Americana (onde tinha vaga como campeão nordestino) custou mais R$ 791 mil, considerando a cotação atual sobre a cota da primeira fase do torneio, de US$ 250 mil. Para completar, a CBF tentou consolar o clube com uma pré-classificação às oitavas de final da Copa do Brasil. Porém, ainda que já largue ganhando R$ 880 mil (e possa ganhar R$ 1 mi caso avance no primeiro mata-mata), o Santa não tem direito às premiações das quatro fases anteriores, que somariam R$ 1,995 milhão.

Projeção de cotas do Náutico nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Náutico por mês: R$ 576.183
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 610.000 (+9,67%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 692.355

A derrota para o Oeste custou caro ao Náutico. Sem o acesso, perdeu a cota de R$ 23 milhões e ainda foi relegado ao grupo 3 da Copa do Brasil, com premiações inferiores nas primeiras fases. Na elite, receberia 420 mil reais na estreia. Como está na Série B, ganhará 250 mil (queda de 40,4%). Comparando com o valor mínimo estipulado no ano passado, a vantagem é a participação na Copa do Nordeste. Por sinal, passar da fase preliminar nas duas copas (regional e nacional) significaria mais R$ 765 mil, receita importante, dado já superior à média mensal que o alvirrubro deverá ter ao longo de 2017. Assim como o Santa, a premiação da Segundona será integral, independentemente da colocação (rebaixado ou campeão), pois os clube optaram por dividir o montante previsto para o G4. Assim, sobrou R$ 88,2 mil para cada um.

Projeção de cotas do Salgueiro nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Salgueiro por mês: R$ 30 mil
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 495.000 (-57,89%)
Calendário: de 35 jogos a 58 jogos oficiais

Fora do Nordestão, onde chegou às quartas de final na última edição, o Carcará aposta as suas fichas na Copa do Brasil, onde estreia com a vantagem do empate (assim como Sport e Náutico, nos jogos únicos da remodelada primeira fase). Passando de fase, o clube já ganharia mais uma cota, de R$ 315 mil. Caso não consiga, a pindaíba tende a ser grande no Cornélio de Barros. Isso porque a Série C segue sem cotas aos 20 participantes, tanto de transmissão quanto de premiação. Hoje, o dinheiro pago pelas emissoras detentoras dos direitos cobre apenas as despesas da competição (viagens e hospedagens dos clubes e arbitragens), segundo a CBF.

Projeção de cotas do Bahia nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Bahia por mês: R$ 4.461.666
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + 295.000 (+0,55%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125 

Apesar do retorno à Série A, o Bahia manteve o patamar financeiro da Série B, pois, como cotista da tevê (um dos 18 clubes até 2018), teve o valor integral na última temporada. A receita bruta, via Globo, é a maior do Nordeste por causa do pay-per-view, numa projeção a partir da pesquisa Ibope/Datafolha, a base da distribuição até então. O tricolor da Boa Terra teria 3,7% dos assinantes, contra 2,3% do Vitória e 1,5% do Sport, em dados de 2015 – hoje, na prática, a verba pode até ser maior. Uma diferença efetiva em 2017 (ainda que de pouco impacto geral) está na Copa do Brasil, com o clube no “grupo 2” dos repasses nas duas primeiras fases. Mudança ocasionada pela presença na elite.

Projeção de cotas do Vitória nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Vitória por mês: R$ 3.936.666
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: – R$ 834.650 (-1,73%)
Calendário: de 55 jogos a 78 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125

O Vitória se manteve na primeira divisão nacional, mas a projeção mínima prevê uma leve queda, devido à ausência na Copa Sul-Americana. O leão de Salvador ficou a dois pontos da zona de classificação à copa internacional, que em 2016, mesmo caindo logo no primeiro mata-mata, rendeu R$ 949 mil. O clube tem, rigorosamente, o mesmo calendário do arquirrival, com a variação de jogos a partir do rendimento de cada um, claro. Com quase 4 milhões de reais por mês, o clube terá a segunda receita da região, a partir dos critérios deste publicação.

Projeção de cotas do Ceará nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Previsão mínima de cotas do Ceará por mês: R$ 571.183
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 195.000 (+2,92%)
Calendário: de 51 jogos a 73 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125 

A projeção do Ceará é baseada nas poucas informações acerca da premiação da Primeira Liga, que terá o alvinegro como primeiro representante nordestino. Segundo a Rádio Verdes Mares, da capital cearense, o clube receberia R$ 230 mil por jogo. Porém, o torneio é mais curto que o Nordestão (sem o Ceará), com apenas três jogos na fase de grupos e quartas de final e semifinal em jogos únicos. Em relação ao título, a premiação de 2016 foi de R$ 500 mil. Com o aumento da receita do torneio, que pagará 4,6 vezes mais, o blog tomou a liberdade de estimar o valor da taça (R$ 2,3 mi).

Projeção de cotas do Fortaleza nas competições oficiais de 2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O terceiro Castelazo consecutivo tirou R$ 5 milhões do cofre do tricolor alencarino (que seria a cota da Série B). Indo para o 8º ano na terceira divisão, o clube segue bem à margem dos grandes clubes da região em termos de cotas de televisionamento. Receberá apenas passagens aéreas e hospedagens no Brasileiro. Tem na Copa do Brasil o melhor caminho para obter dinheiro a curto prazo – além, claro, de uma nova tentativa de acesso em outubro.

Previsão mínima de cotas do Fortaleza por mês: R$ 137.500
Variação sobre o mínimo absoluto de 2016: + R$ 105.000 (+6,79%)
Calendário: de 34 jogos a 65 jogos oficiais
Receita extra da Timemania, para abatimento de dívidas fiscais: R$ 1.800.125