Sem peças de reposição à altura, depois do desgaste do meia Eduardo Ramos do atacante Kieza no clássico, Waldemar Lemos não fez mistério algum.
O técnico fechou completamente o Náutico, sem nenhum pudor.
Escalou quatro volantes no meio-campo e viajou para São Paulo em busca do empate.
Contra o Grêmio Barueri, na tarde deste sábado, um jogo insosso.
Exatamente como o Timbu queria…
Como já ocorreu em outras oportunidades. Fato que não surpreendeu.
Não lembra, torcedor?
Pois este foi o 4º empate em 0 x 0 do Alvirrubro longe dos Aflitos nesta Série B.
Fechadinho, sem se expor, sem incomodar. Mas quase sempre pontuando…
Não joga e não deixa jogar. É claro que os dois times criaram algumas oportunidades. Elton, aos 44, quase marcou para o Alvirrubro. Nada do outro mundo.
No bojo, esses lances englobam a exceção à regra.
Não por acaso, o Timbu está garantido no G4 após 16 rodadas. Se falta um elenco de qualidade ao Náutico, sobra disposição para um time tão desacreditado há algum tempo.
A apatia na Ilha do Retiro assustou, mas o pontinho na Arena Barueri, logo em seguida, tranquilizou e manteve o grupo focado na meta de pelo menos 32 pontos no 1º turno.
Essa palavra se aplica bem ao contexto atual do Carcará, dentro e fora de campo. Após um início animador na Série B, o clube sertanejo só fez despencar na competição.
Começou a preencher a cartilha do rebaixamento. Só neste sábado foram dois episódios, com a demissão de Neco e a dispensa de Rosembrick, atleta mais renomado no elenco.
Na estreia do técnico Maurício Simões, então, mais turbulência… Um jogo maluco, para ser mais exato. Na média, um gol a cada 7 minutos e 30 segundos, num rimo alucinante.
No primeiro tempo foram seis tentos.
O time da casa abria vantagem e logo o visitante indigesto empatava. Bragantino e Salgueiro fizeram o improvável jogão da rodada, num deserto estádio no interior paulista.
Otacílio Neto aos 5, Élvis aos 15.
Lincom aos 29, Piauí aos 35.
Lincom aos 44, Fabrício Ceará aos 44.
No segundo tempo, “apenas” dois gols. Um do Bragantino… e o outro também.
Mudança no script. Bragantino 5 x 3. Obviamente, mais turbulência no Sertão…
Líder da Série B, a Portuguesa chegou com um cartel de respeito no Recife.
7 jogos como visitante, com 4 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota.
O elenco tem qualidade e o padrão de jogo é bem definido. Tocando bem a bola, a equipe busca reduzir a pressão dos mandantes, esfriando a partida, variando o jogo.
Depois, o bote. Foi exatamente o que aconteceu neste sábado, na Ilha do Retiro.
No caso, o Leão, até então invicto em sua jaula. Após a vitória no clássico, os rubro-negros tiveram uma prova de fogo para saber se havia chegado o momento de arrancar.
A torcida compareceu e a equipe treinada por Mazola mostrou o mesmo ímpeto diante do Náutico. No primeiro tempo foram pelo menos quatro ótimas oportunidades.
Por preciosismo, falta de pontaria ou mérito do goleiro, o time pernambucano não conseguiu balançar as redes. Apesar disso, desceu para o vestiário sob aplausos.
Mas, contra a melhor equipe da competição, isso seria venal…
De fato, a atuação não era ruim. Na etapa final, modificado, uma vez que Paulista não vem rendendo, o Sport tentou impor o mesmo ritmo. A mesma tática, o mesmo discurso.
Não conseguiu. Aí, já era o momento da Lusa, como nas rodadas anteriores. A própria torcida parecia saber disso, tensa a cada falta marcada a favor do adversário.
Em uma dessas infrações, logo aos 12 minutos, o meia Marco Antônio acertou uma cobrança no ângulo direito de Magrão. O ídolo falhou no lance…
E o camisa 1 voltaria a falhar aos 24, quando espalmou mal um chute, bem na frente de Henrique, que só teve o trabalho de empurrar para as redes.
A chuvas já tomava conta, a torcida já deixava o estádio. O Sport até lutou, diminuindo o placar com Williams. Mas Edno, em cobrança de pênalti aos 39, fez o terceiro.
Na base do abafa, Maylson marcou mais um. Não evitou a primeira derrota rubro-negra na Ilha: 2 x 3. Assim, o Sport ainda não conseguiu encaixar uma série de vitórias.
Pior, agora o Leão, abatido, sai de sua jaula para duas rodadas na savana…
O mascote da Portuguesa? Curiosamente, também é um leão. Selvagem.
Eis um esboço clássico do projeto para um centro de treinamento como tantos outros.
Vários campos de futebol com dimensões oficiais, 105m x 68m, como na Copa do Mundo, além de um alojamento compacto, bem equipado para a concentração.
Há pelo menos 15 anos isso se tornou algo vital para um clube de tradição, estruturado.
Em março de 2001, quando acabou a Lei do Passe, muitos dirigentes enxergaram a mudança da pior forma. No Sport, um exemplo claro, com o fim das categorias de base.
Para muitos, os clubes haviam perdido o benefício de revelar um atleta, dando suporte desde o infantil, o que, convenhamos, não é barato, se analisado em grande escala.
Pois não foi o que aconteceu. Contratos mais longos, com multas rescisórias, além de vantagens para a agremiação formadora, deixaram claro que esse ainda era o caminho…
Os anos foram passando e os principais clubes do país modernizaram os seus centros. Alguns tão grandes que ganharam o apelido de “cidade”, no caso do Atlético-MG.
Outros passaram a ter mais de um CT, separando o profissional da base. Mais à frente, a evolução, com o CFA, o Centro de Formação de Atletas, com direito a acompanhamento pedagógico, médico e odontológico. Mérito do São Paulo.
Em Pernambuco, uma marcha lenta, primeiro pela supracitada falta de interesse e depois devido aos recursos escassos. Verba originada da venda. Ou seja, era um ciclo.
No Náutico, na Guabiraba, o Centro de Treinamento Wilson Campos caminha desde 1999, aos poucos, com muito esforço, sempre evoluindo.
No Sport, em Paratibe, o Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, comprado por R$ 2 milhões em 2008, só agora começa a registrar a construção do alojamento.
Mas e o Santa Cruz? Tantos recordes no Arruda e nenhuma esperança de revelação?
A base deste ano, campeã pernambucana, pode ser apontada como um golpe de sorte. Não por causa da competência dos olheiros e técnicos da base, mas por causa da falta de estrutura oferecida para a geração que luta para tirar o time da Série D.
Ocorreu o mesmo com um tal de Rivaldo… Não dá pra viver esperando cair um raio.
Então, neste 10 de agosto de 2011, o Santa inicia a recuperação do tempo perdido.
O anúncio feito pelo presidente coral, Antônio Luiz Neto, de que um terreno de 10,5 hectares foi adquirido em Paratibe, a 18 quilômetros do Arruda, foi realmente animador.
Ainda sem maiores detalhes, o projeto terá cinco campos e alojamento (projeto clássico, como dito no início do post), em 60% da área do terreno, plano.
Certamente, o investimento do clube do povo não será barato.
Tomando por base os projetos de Sport e Náutico, de R$ 6 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente, é de se esperar no mínimo a metade desses valores. Parcerias deverão ser articuladas para bancar parte disso, como ocorreu com o rival da Ilha.
CT, cidade, CFA… Pode chamar como quiser. Inclusive de Ninho das Cobras. É real.
Infelizmente, o quebra-quebra nos estádios do Recife virou algo comum nos clássicos.
É quase de praxe: antes, durante e depois, vândalos presentes na torcida visitante depredam o patrimônio do rival. Portas e vasos sanitários quebrados, pichações etc.
Não foi diferente neste Clássico dos Clássicos com vitória do Sport por 2 x 0.
A única diferença foi o registro feito pelo departamento de comunicação do rubro-negro logo após a saída dos torcedores do Náutico no tobogã do placar eletrônico (veja aqui).
Confira abaixo o vídeo com o estrago provocado por alguns marginais, escondidos entre os verdadeiros torcedores alvirrubros, que foram apoiar a equipe na Ilha do Retiro.
Apesar da baixa qualidade na imagem, é possível perceber a quebradeira, com direito a arremesso de objetos arrancados do banheiro.
Em campo, um Sport esfacelado depois do vexame em Varginha.
Caso o elenco tivesse sido abduzido no sábado pelo famoso ET local, a torcida não ficaria tão triste, pois a apresentação foi ridícula, constrangedora.
Na verdade, muitos torcedores gostariam de ter sido abduzidos naquele dia, para não ter que acompanhar um time tão desalmado, sem cara alguma nesta Série B.
Paralelamente a isso, o Náutico vinha com uma excelente série invicta de sete jogos, ávido pelo fim do tabu de sete anos sem uma vitória na Ilha, com 15 jogos até então.
Mas a Ilha do Retiro é, também, a jaula do leão, nas palavras do contestado Mazola – inclusive pelo blog, diga-se. O treinador não caiu após o Boa e ganhou o respaldo da diretoria, ainda que isso não tenha convencido ninguém até esta noite.
No choque da boa fase com a péssima fase, um clássico numa noite de terça-feira, em um jogo adiado da 14ª rodada. Ou seja, foi uma espécie de volta ao passado.
Coincidentemente, o meia Marcelinho Paraíba, que poderia ter liderado a espaçonave do ET de Varginha há três dias, resolveu jogar como na época em que tinha 26 anos.
Hoje, é bom lembrar, o camisa 10 do Rubro-negro tem 36 anos e vem escutando críticas de todos os lados há tempos. Nos bastidores, como ocorreu em outras oportunidades, a sua dispensa chegou a ser especulada. A qualidade sumiu mesmo?
Pois ele não foi sequer sacado da titularidade. Livre, com tanto fôlego quanto Elicarlos.
Titular, ele marcou um gol e deu uma assistência para o tento de Maylson, numa bela trama do Sport. Apesar da insistência do goleiro alvirrubro Gideão, com grandes defesas no 1º tempo, Marcelinho acabou como destaque da vitória leonina por 2 x 0.
Vitória merecidíssima, mas o Sport mudou tanto assim de sábado para cá?
Em sua jaula, o Leão devorou o Timbu – precavido demais – com uma marcação dura, provocação e cara feia. A postura dos rubro-negros foi bem mais agressiva em relação ao último revés, ainda que com os mesmos erros, sobretudo no passe.
Se na savana esse leão não assusta ninguém, em seu reduto a fome é enorme. Serve como alívio, então, o fato de encarar o próximo jogo novamente no Recife. Mesmo diante do líder. Resta esperar para saber se o leão desta noite será abduzido até lá…
Nômades do futebol com prazo de validade expirado. Já era hora!
Grêmio Barueri em 2009, Grêmio Prudente em 2010, Grêmio Barueri em 2011…
Ituiutaba em 2010, Boa Esporte em 2011…
Guaratinguetá em 2010, Americana em 2011…
Nos três casos, o mesmo “clube”, mas com nome e sede diferentes a cada ano.
Esses exemplos, todos na atual Série B, mostram uma verdadeira avacalhação no futebol moderno, 100% voltado para o mercado. Para barganhar receitas junto às prefeituras, muitos diretores mudaram a sede e os nomes dos times nos últimos anos.
Ato que mancha o campeonato, a credibilidade do clube em questão e, sobretudo, o torcedor, que acaba sendo completamente desrespeitado.
Agora, através da resolução da presidência (RDP) 8/2011, a CBF passa a colocar uma grande barreira para essas mudanças, uma vez que qualquer troca precisará ser aprovada, na consequência de uma análise da entidade. Com direito à taxa, cara…
Que a RDP não passe de um elogiado projeto a uma simples fonte arredação!
Sugestão: para o clube que mudar de cidade e denominação, bem que ele poderia arcar com um rebaixamento automático no Nacional. Muito melhor que uma multa…
Texto publicado nesta terça-feira na página de Opinião, no Diario de Pernambuco, provavelmente com o maior oposicionista do arena leonina.
Ao longo dos seus 106 anos de existência, o Sport Club do Recife cresceu e consolidou-se como a maior agremiação sócio-esportiva do Norte e Nordeste do Brasil. Hoje, sua grandeza é superior à dos rivais de Pernambuco, tomados conjuntamente, e comparável, potencialmente, à dos grandes clubes do Sul e Sudeste do país.
Sua torcida imensa e apaixonada, seu corpo associativo vibrante, seus atletas de diferentes modalidades e seus dirigentes dedicados e destemidos, do presente e do passado, vêm garantindo-lhe uma bela história, repleta de glórias e memoráveis conquistas. No futebol, são 39 títulos estaduais e três nacionais.
A propósito, em 1987, além de vencer nos gramados, o Sport escreveu, com letras maiúsculas, uma importante página, na história do futebol brasileiro, impondo, nos tribunais, a força da Justiça e restaurando, no campo desportivo, o estado democrático de direito, ao derrotar o autoritarismo e a prepotência de dirigentes da CBF e de clubes do Sudeste e Sul, que até então agiam como se estivessem acima da lei. Nunca Pernambuco se viu tão unido: imprensa, lideranças políticas e torcedores de todos os times do estado, num movimento cívico em torno de uma causa, que transcendia o esporte e o Sport, por tratar-se de questão de cidadania e de reafirmação da altivez nordestina.
Mas o Sport não é só futebol. Pelo contrário. Quando lemos sobre sua história, quando visitamos a sua sala de troféus ou quando entramos em um dos seus ginásios, em dia de jogo, temos uma percepção bem nítida da sua grandeza, nas mais de vinte modalidades olímpicas que pratica, da importância desses esportes no cotidiano do Clube, na inclusão social que promove, na educação de jovens e na formação de novas lideranças que ali aprendem a amar e a lutar pelas cores rubro-negras. Esportes olímpicos fazem parte das tradições, da essência e da razão de ser do Sport. O mundo os valoriza cada vez mais. E, como sede das Olimpíadas de 2016, o Brasil como um todo precisa, mais do que nunca, apoiá-los.
Ocorre que, para tristeza de muitos pernambucanos, tudo isso está ameaçado. Pretende-se implodir o estádio da Ilha do Retiro, para edificar uma arena e um complexo com várias centenas de unidades imobiliárias, entre elas escritórios e apartamentos de hotel, transformando o nosso santuário rubro-negro, nosso parque esportivo, numa verdadeira selva de pedras.
Um golpe mortal na história, na tradição, no bom gosto e até no orgulho da imensa família rubro-negra. O que diriam os nossos antepassados, aqueles que nos deixaram esse colossal patrimônio de 140.000m2 numa das áreas mais nobres do Recife, avaliado em um bilhão de reais?
O que sentiriam eles ao ver todo esse legado, construído com tanto amor e sacrifício, ser entregue para exploração por terceiros durante trinta anos, período em que o Sport terá uma remuneração irrisória em relação ao patrimônio tornado indisponível? E se soubessem que uma questão tão séria, como essa, está sendo tratada de maneira apressada, sem maiores discussões, sem amadurecimento?
Por tudo isso, pedimos, humildemente, mais uma vez, agora de público, aos diletos amigos que atualmente dirigem o nosso Sport, para que reflitam sobre essas palavras de alerta e revejam suas posições. Que elaborem um projeto de uma arena moderna, como se pretende, mas cercada por uma monumental praça de esportes olímpicos, sem espigões destinados a negócios, conciliando, assim, modernidade com respeito à tradição e aos mais elevados interesses do nosso Clube.
E que o discutam de maneira ampla, organizada e profunda, para só então aprová-lo. De modo que implodir o estádio da Ilha não resulte em implodir o Sport. As futuras gerações, nossos netos e bisnetos, que certamente serão rubro-negros, agradecerão e terão orgulho de vocês.
Enfim, uma abertura na burocracia. Um avanço de décadas…
O Náutico será o primeiro clube do Nordeste a promover uma eleição presidencial de forma direta, apenas com os votos dos sócios, após o plebiscito nesta segunda-feira.
O primeiro pleito com o novo modelo, já histórico, será em dezembro deste ano, sucedendo o atual mandato de Berillo Júnior para o biênio 2012/2013.
Até então, apenas os membros do Conselho Deliberativo do clube podiam votar. Um raio de ação muito enxuto para uma agremiação do tamanho do Alvirrubro.
Para se ter uma ideia, apenas 160 conselheiros votaram no bate-chapa entre Berillo Júnior e Paulo Alves em 21 dezembro de 2009.
Sendo claro: o alvirrubro poderá votar em chapas diferentes para o Conselho Deliberativo e para a presidência executiva. Algo que parece óbvio. Estava longe disso!
Agora, os sócios das categorias contribuinte, patrimonial e remido poderão participar.
Os sócios-torcedores, que pagam mensalidades para ter direito apenas ao acesso a todos os jogos nos Aflitos, ficam de fora.
Na opinião do blog, essa é uma lacuna que ainda poderá ser modificada. A categoria sócio-torcedor também está inserida no quadro de associados do clube, fiel.
Mas ainda há bastante tempo para essa discussão sobre o agora moderno estatuto. O que não havia mais era paciência para um pleito formado por uma casta tão pequena…
Sport e Santa Cruz ainda realizam eleições indiretas, uma vez que os sócios escolhem as chapas do Conselho Deliberativo no mesmo dia da eleição para a presidente, cujo candidato vencedor é o da chapa do CD escolhida pelos associados. Haja burocracia.
Entre outras coisas, o sistema adotado na Ilha e no Arruda impede a participação dos sócios em outras votações, algo que agora é passado em Rosa e Silva.
Os rivais poderiam seguir a trilha do rival alvirrubro… Clubismo à parte.
Após 19.800 tuitadas em três dias, durante a campanha promovida pelo clube, o novo site do Náutico finalmente está no ar. O endereço é o mesmo da versão anterior.