Fan Fest, versão continental

Fan Fest da Copa América em Buenos Aires, em 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Implantada pela Fifa durante a Copa do Mundo de 2006, a Fan Fest se tornou algo rentável e de alto valor de promoção. No Mundial da África do Sul, o evento se estendeu até a outras cidades. O Rio de Janeiro, por exemplo, foi palco de uma Fan Fest. Agora, tornou-se também algo relacinado à Copa América.

Na Plaza San Martín, no centro da capital argentina, foi instalado um palco para shows e eventos da Copa América de 2011.

Em Pernambuco, uma Fan Fest será montada ao lado da futura arena em São Lourenço da Mata. Assim como em San Martín, fora do perímetro dos estádios do torneio continental, o Recife poderá ter mais uma Fan Fest, na praia de Boa Viagem.

No frio ou na praia, o objetivo é falar de futebol e conhecer novas pessoas, com a reunião de torcedores de todos os cantos da América. Ou, falando de 2014, do mundo.

Sinal fechado para o mau humor, apesar do futebol mandrake dos favoritos…

Avenida 9 de Julho, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Reportero, número 681

Centro de imprensa da Recoleta. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Finalmente, a credencial na mão. Do tipo C1, para a imprensa escrita, válida para jornais e web. No caso do blog, o trabalho duplo. Crachá de número 681.

Segundo a organização do centro de imprensa da Recoleta, o maior da Copa América, mais de oito mil pessoas ligadas à mídia realizaram o credenciamento. Jornalistas de toda a América Latina, e alguns da Europa e da Ásia, ainda estão chegando ao país…

De fato, o número de 2011 é bem expressivo. Para se ter uma ideia, na África do Sul, no último Mundial de futebol, foram 16 mil jornalistas.

Aqui, não basta ter apenas a credencial para ir aos jogos. Na Argentina ocorre uma disputa diária para conseguir um ingresso, com um pré-cadastramento via internet.

O blog está listado nos jogos de La Plata e Córdoba. A cidade de Mendoza, a 1.058 quilômetros da capital, também foi assinalada. Só para garantir…

América 4 – Cemitério de elefantes e do futebol

Copa América 2011: Paraguai 0x0 Equador. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – Se o empate sem gols entre Brasil e Venezuela foi uma surpresa daquelas, o 0 x 0 entre Paraguai e Equador, completando o grupo B, foi esperado…

Historicamente, o time guarani monta boas defeses, mas costuma encontrar dificuldades para um articulador de jogadas e, sobretudo, um ataque entrosado.

O Equador, por sua vez, carece de qualidade de uma maneira geral. Entrou na chave para brigar por uma possível terceira vaga.

Neste domingo, em Santa Fé, a partida quase não teve lances de perigo. Um verdadeiro velório, que acabou fazendo justiça ao nome do estádio, o Cemitério de Elefantes.

Eis que agora o grupo tem quatro líderes e quatro lanternas. Todos com um ponto, nenhum gol a favor e nenhum sofrido. Rigorosamente iguais. Pelo lado ruim…

Copa América 2011: Paraguai 0x0 Equador. Foto: AFA/divulgação

Com a camisa da seleção particular

Buenos Aires – Durante as quase duas horas no terminal de ônibus de La Plata, para tentar retornar à capital, vários brasileiros seguiram caminhando devagar nas filas com cachecóis, bandeiras e camisas da Seleção, tentando driblar o frio intenso.

Eles conversavam de forma discreta sobre o resultado, aceitando a brincadeira dos venezuelanos, que, pela primeira vez, pontuaram diante do Brasil em uma competição.

É quase certo que a torcida pernambucana, sempre presente, daria o ar da graça.

No lado canarinho, além da camisa da Seleção, inúmeros uniformes dos clubes brasileiros. Inclusive dos grandes times do Recife! Náutico, Santa Cruz e Sport estiveram “representados” na arquibancada. No vídeo abaixo, a família de Ana Izabel, de 32 anos, que veio com um grupo de dez pessoas para passar 9 dias na Argentina.

O vulcão de notícias das Américas

Copa América 2011, centro de imprensa do estádio Único, em La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Centro de imprensa no estádio Único, em La Plata.

Grande, com segurança, inúmeras televisões de 40 polegadas com a transmissão em HD das partidas da Copa América e internet à vontade…

Ou quase isso, pois o sistema wi-fi vem deixando muita gente na mão durante os jogos, com a cobertura na arquibancada, no espaço reservado à imprensa. Inadmissível.

Em 2014, o centro de imprensa dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo poderão chegar a ser três vezes maior que o ambiente da foto acima.

Aqui, a Fifa exige capacidade para pelo menos 200 profissionais da mídia…

Choripán secador

Argentinos secando o Brasil em La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Em vez do churrasquinho, o choripán… A fumaça densa nos arredores do belíssimo estádio em La Plata era a dica principal de que havia algum estbelecimento improvisado com o tal pão misturado com chorizo.

Argentinos da província sul, os vendedores se esforçaram bastante para falar o portunhol – os dois lados da conversa, por sinal -, mas durante o jogo, sem movimento algum, a diversão foi secar a Canarinha na TV. Sem pena.

Depois de ficar no 1 x 1 com a Bolívia, curiosamente no mesmo estádio Único, nada melhor que ver o arquirrival sair cabisbaixo.

Desanimado, talvez o torcedor brasileiro tenha deixado de comer o choripán no fim…

América 3 – Para virar um timaço, precisa ser um time

Copa América 2011: Brasil 0x0 Venezuela. Foto: CBF/divulgação

Buenos Aires – Badalada, a Seleção Brasileira estreou disposta a vencer e convencer. O show parecia bem ensaiado, com os artistas afinados.

O desempenho na partida contra a fraca, porém aguerrida, Venezuela não foi muito diferente do que o torcedor brasileiro tem visto nos últimos tempos.

Uma equipe de uma nota só, com um ou outro lampejo de técnica e explosão (Pato, no travessão). Falta o conjunto. Só com o nome não funciona mais…

O regulamento da Copa América evita qualquer desespero mesmo em um tropeço como esse 0 x 0, neste domingo, uma vez que dos três grupos, dois vão classificar três equipes, com os dois melhores terceiros colocados.

Portanto, tranquilidade na volta à Campana. De volta ao rachão com goleadas e treinamentos com muitas firulas, tudo sob o olhar sério do técnico Mano Menezes.

Qualidade o time tem. Basta olhar as duas fotos desta postagem. No entanto, transformar uma convocação em equipe é um passo à frente.

Por sinal, esse passo começa com algo simples no futebol, o passe.

Copa América 2011: Brasil 0x0 Venezuela. Foto: CBF/divulgação

Da plata ao caos

Copa América 2011, torcedores brasileiros e venezuelanos. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Em relação ao cuidado com as seleções e com a imprensa, com muitos voluntários prestativos, de fato a Copa América começou em alto nível. Para o público, infelizmente a ação foi restrita apenas à acomodação e segurança. Faltou algo básico, o transporte. Apontada como a arena mais moderna do país, o Estádio Único, em La Plata, acabou sendo um disfarce para o deslocamento do público, completamente caótico.

No domingo, muitos brasileiros – aproveitando o frio de 7 graus – foram torcer pela Canarinha na estreia da Copa América. Para alguns, corridas de táxi de até 250 pesos, só a ida. Nem todo mundo topou pagar R$ 200 para ir voltar de um jogo de futebol. Por isso, para a imensa maioria, o trajeto foi de ônibus. Com apenas duas empresas fazendo o traslado direto, as filas foram enormes. O blog acompanhou essa viagem/odisseia.

Na saída, a concentração em Constitución, em um bairro central em Buenos Aires. Pelo menos a passagem era barata, por 10 pesos (R$ 3,80). O estádio onde o Brasil ficou no frustrante empate sem gols com a Venezuela fica em uma área isolada. Então, foi necessário caminhar um “pouco” até o portão de entrada. Daí, a facilidade para a polícia montar barricadas de até um quilômetro da roleta.

Não havia mais ingressos, mas alguns torcedores que compraram na web não conseguiram retirar o tíquete no local, gerando queixas na delegacia do estádio. O clima no domingo, no entanto, era de pura cordialidade, com uma presença maciça de venezuelanos, uniformizados, animados e “conscientes” de uma suposta derrota.

Copa América 2011: Brasil 0x0 Venezuela. Foto: AFA/divulgação

Mesmo após o 0 x 0, o ambiente pacífico permaneceu. O tropeço não tirou ninguém do sério, mas a falta de informação irritou. Na saída, o blog encontrou diversos brasileiros buscando orientação para retornar à capital, na luta para comprar a passage.

Aí, o clima da Copa América já havia perdido toda a sua graça. Na porta do estádio, taxistas de Buenos Aires (com seus carros preto e amarelo) e de La Plata (branco e verde) negavam qualquer corrida que fosse para um ponto dentro do próprio município. Assim, uma multidão encarou uma caminhada de 40 minutos até o terminal de ônibus da cidade. Lá, fila dando voltas tanto na bilheteria quanto no embarque no coletivo, com o luxo de um ônibus leito.

O jogo terminou por volta de 18h10. A viagem de volta para Buenos Aires, onde a maioria da torcida estava hospedada – inclusive o blogueiro -, só partiu às 19h40. Depois do combate ao frio seguindo um jogo insosso, veio, finalmente, a chegada na Avenida 9 de Julio, a principal da capital dos hermanos.

Nos últimos minutos do trajeto, a conversa em português dentro do ônibus foi inevitável, com direito a um comentário que arrancou risadas. “A gente vai dar o troco neles (argentinos) em 2014, porque, aguardem, na Copa do Mundo eles não vão nem conseguir entrar em um transporte público.”

Com obras de infraestrutura cada vez mais atrasadas nas 12 subsedes do próximo Mundial de futebol, o “fiel” torcedor até tem um pingo de razão, e, como sabemos, o brasileiro costuma rir de si mesmo.

Copa América 2011: Termina de ônibus de La Plata. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Nem Boca nem River. Só All Boys

All Boys

Buenos Aires – Eis uma pergunta básica sobre o futebol portenho…

“Boca Juniors ou River Plate?”

Para a maioria dos turistas que puxam um papo sobre futebol, os dois gigantes argentinos são as únicas opções  para despertar a paixão clubística.

Mas ainda existem outros times tradicionais no país, como Independiente, Racing, Vélez Sarsfield e Estudiantes, todos com troféus da Libertadores e do Mundial.

Sendo assim, o que faz algúem torcer por outra equipe em Buenos Aires? Existem mais de 15 clubes na cidade, todos com estádio particular.

Torcero “bairro” ainda é uma tradição forte, sobretudo nas classes mais pobres.

Um desses times, encravado no bairro de Floresta, é o chico All Boys. Ausente na elite argentina durante 30 anos, o clube voltou recentemente e fez até estrago, vencendo o River Plate – algo que, de certa forma, indluenciou no rebaixamento do Millonario.

Abaixo, conheça o taxista e hincha Cristian Rojas, de 29 anos, que há mais de 15 anos gasta parte do salário para ir ao estádio Isla Malvinas, casa do alvinegro.

Não por acaso, ele foi falando de futebol durante os 50 minutos até La Plata…

Como não ignorar uma Copa

Copa América 2011, no Aeroparque. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Logo ao desembarcar no Aeroparque, um dos dois aeroportos internacionais da cidade, fica nítido o tamanho da divulgação da Copa América.

Não é para menos, pois apenas em ações de marketing e publicidade foram investidos 140 milhões de dólares. Os cartazes estão por toda parte. Enormes.

De fato, é algo que ajuda a entrar no “clima” da competição, como neste domingo.

Mas a estrutura para receber turistas não mudou muito. Na alfândega, apenas quatro guichês funcionavam para autorizar a entrada dos brasileiros, quase a totalidade do voo. Esse problema está cada dia mais evidente também no Brasil, diga-se.

Minutinhos a mais à parte, a Copa América passou mesmo a ser tratada como prioridade para a Albiceleste, que não ganha um torneio na categoria principal desde 1993.

Tirando a casa de câmbio, com atendentes robóticas, o primeiro contato com os hermanos foi no táxi até o hotel. A frustração da estreia não diminuiu o ânimo.

Talvez isso já seja um reflexo da campanha maciça na TV sobre a competição. Ganhar a Copa América para a Argentina virou questão de honra. Pelo jejum e pelo fato de jogar em casa, claro. Há quem diga que pensamento foca 2030, no centenário do Mundial…

Copa América 2011, quiosque oficial. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Seguindo em Buenos Aires, a exposição tenta dar conta do recado também no comércio.

Em um dos quiosques oficiais – acima, a lojinha em frente ao centro de imprensa na Recoleta -, o movimento era tímido. Segundo o vendedor, o domingo na capital vizinha esvazia qualquer lugar – fato confirmado na procura por um lugar para jantar.

O jantar, aliás, ocorreu na volta de La Plata, onde o Brasil jogaria. Até lá, o som da Radio Deportiva (AM 950), com o interminável debate sobre a qualidade de Messi – um ídolo sob eterna desconfiança.

Para esquentar a discussão, é claro que Maradona foi envolvido. “Messi é um fenômeno, mas Maradona é Deus”, disse um dos radialistas, com a aprovação irretocável.

Todas aquelas frases que sempre escutamos no Brasil sobre El Pibe, e que parecem brincadeira, são levadas bem a sério por aqui…

Menos mal que os cartazes oficiais estão tentando criar uma nova identidade na seleção local, sem Maradona. Para isso, acredita o povo local, só com a Copa… Onipresente.

Copa América, placa na autopista. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco