Teresópolis – O campo principal da Granja Comary atende a todos as exigências da Fifa. Com 105 metros de comprimento por 68 metros de largura, o gramado cumpre à risca a 5ª versão do documento “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, elaborado pela própria Fifa, com 420 páginas. A revisão lançada em abril de 2011 foi a base para a Copa do Mundo de 2014.
Plantado pela empresa Greenleaf – a mesma responsável pela Arena Pernambuco -, o campo tem o tipo de grama bermuda celebratrion, retirada do viveiro de grama do Maracanã, m Saquarema.
Mesmo com as viagens no Mundial, com possíveis destinos a São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro, a Seleção continuará tendo como base de treinamentos a Granja Comary.
Daí o tratamento especial. Segundo a especificação oficial, o campo tem “drenagem espinha de peixe e irrigação ramal, que pode acionar até cinco aspersores de uma vez”.
Agora, a curiosidade. Se na Granja Comary a Seleção vai treinando num campo com dimensões características do Mundial, nos últimos dois amistosos preparatórios a situação é diferente.
Serra Dourada (Brasil x Panamá): 110m x 75m (8.250 m²)
Morumbi (Brasil x Sérvia): 108,25m x 72,7m (7.869,7 m²)
Granja Comary, arenas e CTs da Copa: 105m x 68m (7.140 m²)
Em campos maiores, naturalmente os passes são aplicados com mais força, as arrancadas são mais longas o senso de deslocamento é diferente etc. Talvez, essa diferença seja encarada como um pequeno detalhe. No futebol, entretanto, cada detalhe faz a diferença com a bola rolando. Seja na Granja, no Serra ou no Maraca.
Teresópolis – A parceria é antiga. Fez sucesso no Grêmio, Palmeiras, seleção portuguesa e seleção brasileira. No bigode e no banco de reservas. O técnico Luiz Felipe Scolari e o auxiliar técnico Flávio Murtosa trabalham juntos há pelo menos duas décadas. Entre as muitas conversas para definir o time e buscar soluções táticas e técnicas, os amigos têm o costume de realizar caminhadas matinais.
Muitas das formações nos clubes e nas seleções supracitadas já saíram dessas conversas. Na Granja Comary não é diferente. É um costume quase diário. No bate-papo, certamente a articulação de um possível plano B para a Copa do Mundo de 2014, num jogo em que Neymar não esteja bem – o time depende demais dele -, a estrutura do meio-campo, com um passe mais aprumado ou uma chegada surpresa no ataque… Conversa para 40 minutos, caminhando.
Nesta quarta, enquanto os 23 jogadores convocados seguiam nos quartos, Felipão e Murtosa fizeram uma caminhada em todo o CT. Passaram pelo alojamento, campo 1 e campo 2, alternando passos lentos e pequenas corridas.
A conversa dos dois gaúchos seguia até ser interrompida para um aceno para as câmeras de televisão – a pedido dos cinegrafistas -, já reposicionadas atrás da trave no campo principal da granja. Um gesto para a exibição ao vivo de toda a movimentação no local. Um aceno e o vídeo garantido nas emissoras, e até uma foto no blog.
Que o sinal positivo seja mesmo para a escalação… e siga até a próxima caminhada.
Dos nove jogos disputados até agora, o Náutico atuou fora de casa em seis. É o maior índice entre os vinte participantes da Série B. Apesar das críticas sobre o elenco, limitado, e das notícias sobre o atraso salarial, o Alvirrubro conquistou um bom desempenho no último giro longe do Recife.
Enfrentou dois integrantes da zona de classificação à elite e somou quatro pontos. Nos dois casos, enfrentou times da capital – mineira e potiguar – no interior. No sábado, venceu o América Mineiro por 3 x 1. Na noite desta terça, reagiu e empatou com o ABC em 1 x 1, gol de Paulinho, no segundo tempo.
Mesmo com um jogo a menos e poucas partidas como mandante, o time se mantém na zona intermediária da tabela. Agora, o grupo comandado pelo técnico Sidney Moraes terá doze dias de “férias” até a volta aos trabalhos com bola.
Após a Copa do Mundo serão mais 29 partidas na Série B, das quais 16 na Arena Pernambuco. Portanto, há tempo para evoluir em campo, para melhorar a classificação. Há, sobretudo, tempo para que a diretoria reforce o elenco alvirrubro…
Após sete empates consecutivos, três vitórias seguidas. O Santa Cruz parece mesmo ter tomado gosto pela “regularidade” neste retorno à Segundona, mas agora em um nível melhor.
Após frequentar a zona de rebaixamento, repleto de críticas pela falta de padrão de jogo, o Tricolor vai se recuperando, em campo e na arquibancada. Aos poucos, mas vai. Consequentemente, vai subindo na classificação. Em vez de Z4, agora o horizonte aponta para o G4.
Um mês após a morte do torcedor Paulo Ricardo, o povão voltou à sua casa. O departamento jurídico coral conseguiu derrubar no dia anterior o ato administrativo da CBF, liberando o Arruda.
A cicatriz permanece, mas a imensa maioria, aquela que realmente ama o Santa Cruz, sabe que a lição foi grande, para a vida toda. Futebol é esporte, sempre foi, sempre será. A sua premissa é a diversão, e isso não faltou na noite desta terça, na última apresentação do clube antes do Mundial de 2014.
Gol de letra de Renatinho e Pingo driblando o goleiro e mandando para as redes, no 2 x 1 sobre a Ponte Preta, historicamente uma pedra no sapato dos tricolores. Aplausos no intervalo e no apito final, mesmo com algumas queixas (justas) sobre o excesso de passes errados.
Teresópolis – É o cara da Copa do Mundo? Aos 22 anos, Neymar irá disputar o seu primeiro Mundial, com quatro anos de atraso. Na Seleção Brasileira, já protagonista, ostenta um currículo invejável, ao menos nas estatísticas.
São 4.063 minutos em campo com a camisa da Canarinha, num tempo distribuído em 48 partidas. Já oficializado como o camisa 10 da Copa de 2014, o craque marcou o seu 31º gol pelo Brasil no amistoso contra o Panamá, numa cobrança de de falta. Na fácil vitória por 4 x 0 no Serra Dourada, nesta quarta, o jogador foi mais uma vez o destaque, driblando, chutando, deixando os companheiros na cara do gol. Além do gol, claro.
Com o tento, Neymar ficou a apenas um de entrar no top ten dos maiores artilheiros da Seleção. Se marcar mais um, irá igualar dois monstros na história do futebol nacional, Ademir Menezes e Tostão, ambos em 9º na seleta lista. Com média de 0,64 gol por partida, Neymar está abaixo, neste critério, somente de Pelé, Romário, Zico e Ademir Menezes.
A título de curiosidade, ele teria que balançar as redes mais 48 vezes para se tornar o maior artilheiro da história. Vale relembrar que Neymar tem apenas 22 anos. No futebol, o auge é projetado aos 28 anos. Difícil prever se ele chegará ao topo. Bem perto, provavelmente.
Teresópolis – A Granja Comary de 2014 é a nova Weggis? Eis uma questão corriqueira no dia a dia da Seleção Brasileira.
A paralisação de um treino no campo principal para a entrada do apresentador Luciano Huck, a presença de um comediante do programa Esquenta na restrita sala de musculação da equipe, entrevistas em programas de variedades todos os dias, convidados de patrocinadores, amigos de jogadores, cantores… Clima de oba-oba, sem dúvida.
Tudo na primeira semana de preparação da Canarinha para a Copa do Mundo.
Surpreende sobretudo pelos nomes que encabeçam a Seleção: Luiz Felipe Scolari, campeão em 2002 e conhecido pelos limites impostos, e Carlos Alberto Parreira, campeão em 1994 e que reconheceu a falha em 2006, na sua segunda passagem.
Na ocasião, a CBF escolheu – após um bom acordo financeiro, como de praxe – a pacata cidadezinha suíça de Weegis, de apenas quatro mil moradores.
Durante a preparação para o Mundial da Alemanha, a zorra tomou conta dos treinos do Brasil, com venda de ingressos, samba e seguidas invasões de campo, com mulheres atrás de Ronaldinho. Fora as noitadas dos jogadores no vilarejo, com relatos sobre a volta aos alojamentos às 5h da manhã.
A cobertura na época também foi grande, com 900 profissionais – são 1,6 mil agora. Diante de todo mundo, já tendo a internet como forte vetor, o circo foi armado.
Agora, de fato, ainda não chega a tanto. Contudo, há a volta da liberdade a um determinado segmento da mídia – sobretudo à emissora que pagou bem caro pelos direitos e quer expor o “produto” Seleção em toda a sua grade. O que não aconteceu na clausura na África, há quatro anos.
Controlar essa superexposição é a missão da comissão técnica, desde já. Manter o foco da equipe, dosar o clima amplamente otimista… A lição já existe.
A capital do estado foi sintetizada pela Fifa em um vídeo de 1 minuto e 42 segundos para a Copa do Mundo de 2014.
O vídeo será reproduzido antes da transmissão mundial na televisão de todos os jogos na Arena Pernambuco.
O filme faz um passeio no Grande Recife, focando, sem surpresa, as áreas mais desenvolvidas da metrópole de quase quatro milhões de habitantes. O vídeo ficou bonito, atrativo, mas sem qualquer resquício dos nosso problemas, o que tornando a peça em um ensaio da realidade. Se bem que o seu papel é claro, publicitário.
O blog registrou uma seleção com 11 imagens do “World Cup Host City: Recife”.
Vale lembrar que são esperados 119 mil turistas estrangeiros no estado durante o Mundial, com cinco jogos agendados em São Lourenço.
Uma relíquia acaba de ganhar a internet. Nada menos que o vídeo da final do Campeonato Pernambucano de 1968. Sim, o jogo que marcou o título mais importante da história do Náutico. A vitória que valeu a exclusividade, o hexacampeonato estadual…
Um filme que parecia perdido ressurge 46 anos depois. A raridade foi encontrada no acervo de Cesar Nunes, no Rio de Janeiro, com 1.800 películas, entre cinejornais e documentários. O registro da projeção foi publicada no facebook pelo Náutico Retrô.
Apontado na gravação como “O Clássico do Nordeste”, o jogo aconteceu em 21 de julho de 1968, com inacreditáveis 31.061 torcedores nos Aflitos, no maior público da história do Eládio de Barros Carvalho. O Timbu venceu o Sport por 1 x 0, gol de Ramos, e levantou a sexta taça consecutiva.
Por mais que a partida tenha sido filmada, durante anos (décadas) os registros ficaram perdidos. Na Rede Globo Nordeste, dona do maior centro de documentação audiovisual do estado, os arquivos regulares começam em 1980. Da década de 1970, apenas alguns jogos.
Portanto, o vídeo de 2 minutos e 56 segundos, em preto e branco, é uma oportunidade especial para reviver um grande capítulo da história do futebol pernambucano, incluindo o gol do título. Ainda há o curioso fato de que a final passou ao vivo na televisão para o Recife…
Teresópolis – São 1.632 profissionais da imprensa trabalhando na cobertura da Seleção Brasileira na Granja Comary. Acompanhar a preparação da equipe de Felipão para o Mundial de 2014 vem sendo bem corrido, com uma carga horária acima do normal e a consciência de que trata-se de um trabalho especial.
Numa interação com torcedores no twitter, algo que procuro (e gosto) fazer bastante, alguns me pediram algo específico. Sugeriram uma postagem sobre essa experiência (massa), justamente pela proximidade do relato, quase um canal direto com com o centro de treinamento da Seleção.
Realmente, fazia sentido. Afinal, no treino do mesmo dia, um domingo, postei várias mensagens e fotos sobre o desempenho dos jogadores no campo principal, mas sem deixar de conversar com a galera. Era tudo inédito para mim na Granja Comary.
Como jornalista esportivo – a área que sempre quis -, escrever sobre a Seleção é um objetivo que você projeta naturalmente. A minha primeira grande oportunidade do tipo (e inesquecível, diga-se) foi em 2011, na Copa América, durante 26 dias na Argentina. Agora, um cenário semelhante, mas com uma estrutura ainda maior, mais moderna. O mesmo espaço é dividido com jornalistas de renome nacional, como Juca Kfouri, PVC e Tino Marcos. É impossível ficar parado, pela agenda (treino às 9h30, coletiva com dois jogadores às 12h30 e treino às 15h30). Texto, texto, foto, texto, Superesportes, blog, correção…
O ritmo é diferente, sem dúvida. Ou seja, como profissional, só tenho a aprender aqui.
Em relação ao contato com os jogadores, há hoje uma barreira. Há 15 anos era possível entrevistar atletas pessoalmente, independentemente do seu veículo – e aqui, sem dúvida, isso faz diferença. Hoje, o contato é restrito às coletivas, em jogadores indicados pela própria comissão técnica/assessoria. Os principais, Neymar e Fred, por exemplo, demoram a entrar na pauta. A blindagem é clara.
No momento em que tudo isso é transmitido ao vivo em sites e canais de tevê, como ser diferente no conteúdo? Como justificar o investimento? E é óbvio que o Diario de Pernambuco fez isso para que eu estivesse no Rio. O caminho parece ser o de contextualizar depoimentos, histórias, treinamentos, regulamentos etc. Cada um procurando o seu viés. Ao jornal Estado de S. Paulo, a lesão de Paulinho, ex-Corinthians, ganhou um destaque maior. No Diario, a entrada do pernambucano Hernanes na vaga foi o direcionamento adotado. Leituras diferentes de um mesmo episódio.
Existem momentos complicados, desde uma apuração, uma pergunta não efetuada nas concorridas coletivas e problemas logísticos. No meu caso, o crachá ainda não estava no sistema no primeiro dia. Ou seja, não havia liberação para entrar na granja. Telefonemas, e-mails, respostas e, muito tempo depois, chegou.
Cada crachá de acesso, aliás, tem a sua limitação. Estou liberado para o centro de imprensa, para um palco provisório armado pela CBF atrás do gol do campo principal e na área de circulação da granja. Os alojamentos, claro, ficam do lado oposto.
Resumindo, é terminando um texto e seguindo para outra demanda. Tudo num frio considerável – ainda mais para quem vem do Recife. Tempo variando de 10 a 15 graus e bastante vento, o que só piora a sensação térmica.
Nos intervalos – acredite, é preciso se alimentar -, surge uma resenha diferente, no contato com jornalistas de outros estados. Cada um com seu time – e que certamente escutam as mesmas coisas que eu -, sua visão da profissão, suas histórias. Em uma dessas, já na noite de domingo, estava terminando o texto para o jornal numa sala de imprensa com três televisões. Duas passando jogos ao vivo e uma com a reprise de Corinthians x Botafogo. Pedi para que mudassem de canal, para a TV Brasil. Sim, Salgueiro x ASA. “Pode colocar aí, vá por mim. Canal 166 da Sky”.
Não me levaram a sério na hora. No fim, a turma – formada por cariocas, paulistas e mineiros – estava torcendo pelo Carcará, que venceu por 1 x 0. Até ali, na prática, mal sabiam que o Salgueiro existia. Mudou. E tudo por causa da ampla cobertura da Seleção na Granja Comary, por causa da presença de 1.632 profissionais. E porque tive o prazer, como jornalista formado, de ser um deles…
Teresópolis – O Comitê Organizador Local da Copa do Mundo recebe no dia 2 de junho as listas definitivas das 32 seleções. Nos formulários, cada país indicará 23 atletas. Apesar do caráter oficial, na prática será possível modificar os nomes dos convocados em um prazo até 24 horas antes da estreia. Tal formato acaba gerando uma apreensão constante entre os jogadores. Alguns sofreram lesões em amistosos a menos de um mês do Mundial, outros chegaram desgastados após o fim da temporada regular nos clubes e outros (a maioria?) vêm se poupando.
Esse cenário foi bem comum na primeira semana de preparação da Seleção Brasileira. O trabalho foi marcado por jogadores poupados. Na sexta, seis atletas sequer participaram das atividades. No dia seguinte, Bernard foi a baixa. No domingo, Paulinho sentiu um desconforto. Nos três dias, o capitão Thiago Silva não figurou entre os titulares.
Na entrelinhas, há mesmo uma precaução com o prazo de inscrição. Atletas até então titulares de Itália, Holanda e Bélgica se machucaram e não virão ao Brasil. Outros estão chegando no limite, como o português Cristiano Ronaldo e o uruguaio Luís Suárez. Com a hora definitiva chegando, torna-se natural uma atuação “cadenciada”, tanto nas seleções quanto nos clubes. Por mais complicado que seja admitir, o lateral-esquerdo Maxwell – reserva imediato de Marcelo na Canarinha – saiu do lugar-comum e revelou a existência de um trabalho de prevenção na Granja Comary.
“Desde que saiu a convocação (em 7 de maio), é difícil jogar 100% em todos os jogos, pois existe a preocupação de perder uma competição como essa, que é o sonho de todo mundo. É difícil ver um companheiro de trabalho perder isso (se referindo ao italiano Montolivo, cortado após fratura na tíbia). Agora é fazer uma boa preparação física, com trabalho de prevenção (atividades mais leves, na academia instalada no CT da CBF). Temos que jogar e esquecer os acidentes, mas o que pudermos fazer de prevenção, estamos fazendo.”
A partir da declaração do lateral de 32 anos, dá para imaginar o rendimento dos atletas nos amistosos contra Panamá (terça) e Sérvia (sexta)…