Sport passa em branco contra o Bahia e, pela final, terá que suportar a Fonte Nova

Copa do Nordeste 2015, semifinal: Sport x Bahia. Foto: Paulo paiva/DP/D.A Press

A vitória não veio na Ilha do Retiro e o Sport terá que se desdobrar na Fonte Nova, onde não vence há onze jogos, desde 18 de outubro de 1989, quando fez 2 x 1 no Brasileirão. Na abertura da semifinal da Copa do Nordeste, o Leão atuou bem e teve duas grandes chances, ambas com o atacante Samuel, cara a cara. Na primeira, chutou por cima da barra. Na segunda, acertou a coxa do goleiro tricolor, 0 x 0, mesmo placar da outra disputa, entre Ceará e Vitória.

No Recife, o duelo teve dois tempos distintos. O primeiro correu num ritmo muito veloz, num jogo eletrizante, mesmo em branco. O Sport começou com mais intensidade, surpreendendo pelo lado direito, com Vitor (geralmente cansado). Em um lance que deixou a defesa baiana desmontada, Samuel ficou livre, mas aí já viu. A partir dos 25 minutos o Bahia, com um time consistente, posicionou a sua marcação à frente, pressionando demais a saída de bola pernambucana, com Kieza pela esquerda e Gamalho na direita. No meio, o argentino Biancucchi driblou meio time na meia lua e chutou forte, com Magrão salvando.

Copa do Nordeste 2015, semifinal: Sport x Bahia. Foto: Paulo paiva/DP/D.A Press

Na volta do intervalo, já com Ronaldo (dinâmico) no lugar de Wendel (amarelado, suspenso) e Joelinton (disperso) no lugar de Mike (frágil diante dos armários), o ritmo diminuiu, nos dois times. A própria equipe de Sérgio Soares – técnico vice em 2014, quando perdeu o título no jogo de ida, na Ilha – passou a cadenciar a suas ações, com a formação tática mais recuada. Mas nem por isso os dois rivais pararam de buscar o gol – com muita luta do mandante. Já nos descontos, Kieza usou o último fôlego e arrancou, sendo desarmado por Durval na hora H. Aos 50 minutos – acréscimo justo diante da cera visitante -, o Leão ainda teve uma chance para levantar a Ilha, com a bola teimando em não entrar.

De uma forma ou de outra, o Leão terá que marcar gols em Salvador para ir à final. Um novo empate sem gols leva a decisão para os pênaltis. Em caso de empate com gols, o Leão passa, assim como uma possível vitória, algo bem distante contra o Baêa fora de casa. O tabu está aí à disposição do Sport…

Copa do Nordeste 2015, semifinal: Sport x Bahia. Foto: Paulo paiva/DP/D.A Press

Bola personalizada na semifinal do Nordestão, na sequência do marketing

Bola da semifinal da Copa do Nordeste 2015, Sport 0x0 Bahia. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Nas quartas de final da Copa do Nordeste, todos os times entraram em campo com um patch no uniforme, a marca oficial do torneio estampada. Na semifinal, mais uma ação de marketing, com bolas personalizadas.

Na Ilha do Retiro, para Sport e Bahia.
No Castelão, para Ceará e Vitória.

Em cada estádio a Asa Branca II, produzida pela Penalty, ganhou uma versão com os escudos dos semifinalistas, o nome do estádio e a data (veja aqui).

Antes da disputa, a bola ficou exposta em um púlpito na beira do gramado. Em cada palco, um ídolo local foi chamado para dar o ponta-pé inicial.

Leonardo no Leão e Sérgio Alves no Vozão. Nos confrontos de volta, ambos em Salvador, a ação deve se repetir, assim como na decisão.

O trabalho de marketing no Nordestão de 2015 tem sido recorrente. Válido.

Bola da semifinal da Copa do Nordeste 2015, Ceará 0x0 Vitória. Foto: Esporte Interativo/cortesia

Paulo Câmara cogita fim do Todos com a Nota, uma decisão numericamente improvável

Paulo Câmara, governador de Pernambuco em 2015. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press

Ao ganhar a eleição para governador, a figura de Paulo Câmara garantiu a manutenção do Todos com a Nota. Afinal, seria a continuidade da gestão sob a sigla do PSB, a mesma de Miguel Arraes e Eduardo Campos, criadores do subsídio estatal ao futebol pernambucano. No quarto mês de seu mandato, contudo, o político sinalizou indiretamente a possibilidade de acabar o programa, caso seja a solução para combater a violência.

Eis a declaração dada por Paulo Câmara à Rádio Jornal.
“Solicitei aos secretários de Defesa Social e da Casa Civil que iniciassem um processo de discussão imediata com os clubes de Pernambuco e com a FPF  para analisar os cuidados que se tem que ter com esse grupo de torcedores que continuam a fazer baderna. Pernambuco, como grande incentivador do esporte, a partir do programa todos com a nota, tem uma preocupação muito grande para isso. E se isso (a revisão ou a extinção) for uma solução a gente não vai se omitir de tomar as decisões necessárias, o que não vamos permitir é que se repitam cenas como a do último domingo passado”.

Na prática, considero inviável a curto prazo uma solução tão drástica.

Abaixo, alguns pontos que transformam a ideia em uma cortina de fumaça.

1) Simplesmente atrelar a violência ao TCN é preconceito, rasteiro. Os delitos (agressões, furtos, roubos etc) não estão inseridos na camada mais pobre da sociedade – a que mais consome o programa -, mas na impunidade, na falta de segurança, estrutura, transporte e educação, num contexto bem mais amplo da crescente cultura de violência em nossa sociedade.

2) O estado vem aumentando sistematicamente a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que representa 60% da receita. Desde 2007, a partir da gestão de Eduardo Campos, o crescimento foi de 150%. Como se sabe, a geração de notas fiscas é a base do Todos com a Nota. Considerando os dados do TCN de 2007 a 2011, os únicos divulgados, e projetando-os até 2014, a conta bruta apontaria 120 milhões de notas fiscais trocadas (R$ 2,08 bilhões). Os clubes receberam um repasse absoluto de R$ 36 milhões no Pernambucano. Ao estado, o programa rende.

3) Atualmente, são 420 mil usuários cadastrados no Grande Recife, onde é obrigatório o uso de cartões magnéticos no Todos com a Nota. Isso corresponde a 10,7% de toda a população na região metropolitana. Política, como se sabe, é voto. Não parece ser a melhor ideia do mundo privar tanta gente do benefício, institucionalizado há quase uma década. Dos 414 mil torcedores presentes nos 113 jogos do Estadual de 2015, 311 mil (75%) entraram via TCN.

4) A Arena Pernambuco, gerida em uma parceria público-privada, depende do Todos com a Nota. Não por acaso, a lei estadual do programa foi modificada, obrigando Náutico, Santa Cruz e Sport a atuar a algumas partidas por lá. Para completar, o ingresso pago pelo governo na arena é de R$ 25, o maior nos estádios locais, justamente para gerar mais receita ao empreendimento, que nos dois primeiros anos de operação registrou um prejuízo de R$ 54 milhões.