Quem ganhou mais clássicos, Sport ou Santa Cruz?
Quem foi o maior artilheiro do Náutico?
Quando aconteceu o primeiro jogo da história de cada grande clube?
Quem venceu mais no Campeonato Pernambucano? E o maior público?
Quem treinou mais? Quem conquistou mais títulos?
Se hoje a gente sabe qualquer estatística que alimente a rivalidade do Trio de Ferro, é possível afirmar que o mérito é todo de Carlos Celso Cordeiro.
Pernambucano de Tabira e radicado no Recife, um alvirrubro fanático, da época do hexa. Mas, sobretudo, um apaixonado pelo futebol pernambucano. Um abnegado em resgatar a nossa história, perdida nas páginas amareladas dos jornais da capital. Pesquisador nato, Carlos Celso começou a colecionar todos os dados possíveis sobre os resultados dos times do Recife em 1982. Ia diariamente ao Arquivo Público, na Rua do Imperador. Lia e revisava todas as edições à disposição, confrontando dados do Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Noite, Jornal Pequeno , Folha de Pernambuco etc. Escalações, gols públicos, bilheterias, arbitragens e outras curiosidades.
Primeiro, anotava tudo em cadernos empilhados em sua casa. Até 1992, quando adquiriu o seu primeiro computador, passando a armazenar os dados em disquetes. Com o avanço da tecnologia, com mais memória, revisou todo o acervo, tirando fotos das fichas, digitalizando todo o material em hd externos. Engenheiro aposentado na Chesf, viu no futebol uma nova dedicação e, mesmo sem apoio, passou a publicar livros em série sobre Náutico, Sport e Santa. O primeiro, em 1996, com um levantamento estatístico de todos os jogos do Timbu entre 1909 e 1969, o “Náutico – Retrospecto de todos os jogos”. Depois, mais três volumes, com a sua dedicação se estendendo aos rivais.
Sempre na base do esforço, com tiragens mínimas e sem o menor objetivo de enriquecer, pelo puro prazer de ver a sua paixão pela história compartilhada. Ao todo, o historiador publicou 21 livros, oriundos de seu incomparável acervo, com 20.200 partidas do futebol local desde a primeira peleja, em 1905. Mesmo com a saúde debilitada, se preparava para mais uma publicação, sobre o centenário do Clássico das Multidões em maio de 2016, repetindo a ideia de 2009, nos 100 anos de Náutico x Sport. Manter o foco era uma forma de seguir com forças.
Com muito orgulho, fui convidado por Carlos Celso para escrever uma apresentação do livro. Eu o conhecia desde 2004, quando entrei no Diario. No ano seguinte – ainda nem trabalhava em Esportes -, o convidei para participar da minha monografia da faculdade, ao lado de Fernando Menezes, Stênio José e Lenivaldo Aragão. Aceitou, claro, com a mesma educação mostrada nesse tempo todo de convivência. Sempre atencioso nas incontáveis matérias sobre história e estatística, no jornal ou no blog. Falo por mim, mas tendo a certeza que isso se aplica a todos os colegas.
Por isso, a enorme tristeza neste 24 de janeiro de 2016. Aos 72 anos, Carlos Celso não resistiu ao tratamento de câncer, falecendo na noite anterior, após uma infecção respiratória. Perdemos uma pessoa que reviveu a nossa história.
Perdi um amigo também.
Em 2008, no início do blog, Carlos Celso Cordeiro escreveu sobre uma série sobre o início da prática do futebol no Recife, de 1905 a 1915.
Capítulos: parte 1, parte 2, parte 3, parte 4, parte 5 e parte 6.
Fantástico ser humano. O futebol pernambucano passou a ter uma memória e uma história. Pra mim ele continua vivo, pois já vi em algum lugar o dito: ” O homem é eterno quando seu trabalho permanece”. Sem dúvida que Seu Carlos está presente em cada linha de suas grandiosas obras sobre o futebol pernambucano. O conheci por algumas horas, pessoalmente. Foi o suficiente para perceber que estava de um ser humano acima de tudo. Sem dúvida que está numa colônia para aqueles que vão ajudar bastante a seres humanos aqui em baixo. Muito obrigado Senhor Carlos Celso Cordeiro. Fica em Paz.
Homem com enorme caráter e dignidade!
Que seja sempre espelhado.
A família agradece pelos comentários elogiosos que o meu irmão recebeu, ele foi uma pessoa extraordinária.
Grande perda. Tive alguns contatos com ele em algumas pesquisas e era sempre muito solícito e educado. Que descanse em paz!
Um grande pesquisador do nosso futebol. Que esteja em paz pela eternidade nos braços do Criador. Meus sentimentos à família e amigos.
Obrigado pela resposta
Cassio como faço para comprar o achar esses livros gosto muito da historia do futebol de pe
Nota do blog
A FPF abriu uma biblioteca em sua sede, na Rua Dom Bosco, nº 871, no bairro da Boa Vista, no Recife.