Torcida visitante nos clássicos no Recife: 50%, 20%, 10% e possivelmente 0%

Sport 1 x 1 Santa Cruz na final do Pernambucano de 1996. Crédito: youtube/reprodução

“Eu não quero essa história de torcida única nos estádios no Pernambuco, não. Isso acontece no Campeonato Brasileiro”
Carlos Alberto Oliveira, presidente da FPF, em janeiro de 2009.

“Já estamos cogitando torcida única, embora não acredite que vá funcionar”
Evandro Carvalho, presidente da FPF, em setembro de 2016.

Nos mais de sete anos entre as duas declarações, o futebol local viveu um período de turbulência, com seguidos arrastões e brigas entre facções uniformizadas na cidade, detenções sem efeito, tentativas de homicídio (tiro e agressão) e dois assassinatos. Paulo Ricardo Gomes da Silva, de 26 anos, atingido por um vaso sanitário em 2015, e Márcio Roberto Cavalcante da Silva, de 36 anos, espancado em 2016. Mortos na saída de jogos de futebol no Recife.

A cada manchete violenta, repercutida no país, os organizadores tentaram impor ações, que posteriormente se mostraram paliativas. Foi assim até hoje, com o governo do estado pecando de forma absurda na questão, cristalina em relação à segurança pública. Agora, por mais que a violência tenha sido sensivelmente reduzida dentro dos estádios, o isolamento em clássicos segue como ‘solução’. Para 2017, já no Campeonato Pernambucano, há a possibilidade real de clássicos com torcida única, nos quatro principais palcos da região metropolitana. Como já ocorre nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte.

Como exemplo, dois Clássicos das Multidões, ambos na Ilha do Retiro e separados por vinte anos, 1996 e 2016. Mostram uma redução impressionante do espaço à torcida coral. Nacionalmente, hoje, o Regulamento Geral de Competições da CBF determina uma carga de 10% dos ingressos à torcida visitante. No cenário local, em 2009, o então mandatário da federação elevou o dado para 20%, válido apenas entre os confrontos envolvendo o Trio de Ferro, justamente para evitar a perda da identidade. Formada por clássicos divididos meio a meio nas arquibancadas e gerais, num passado cada vez mais remoto.

Com o cenário, a divisão nos clássicos (abaixo) perderia qualquer sentido…

Arruda*
Capacidade: 50.582 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (5.058 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (10.116 ingressos)

Ilha do Retiro*
Capacidade: 27.435 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (2.743 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (5.487 ingressos)

Aflitos** 
Capacidade: 15.000 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (1.500 ingressos)
Visitante (Campeonato Estadual – 20% (3.000 ingressos)

Arena Pernambuco*
Capacidade: 45.845 lugares
Visitante/Campeonato Brasileiro – 10% (4.584 ingressos)
Visitante/Campeonato Estadual – 20% (9.169 ingressos)

* Os limites autorizados pelo Corpo de Bombeiros, por questão de segurança
** A capacidade atual é de 22.856, mas será reduzida na reforma

Sport 5 x 3 Santa Cruz, na 24ª rodada do Brasileirão de 2016. Crédito: Rede Globo/reprodução

3 Replies to “Torcida visitante nos clássicos no Recife: 50%, 20%, 10% e possivelmente 0%”

  1. A redução no número de torcedores visitantes não vai resolver. Os confrontos entre torcedores não ocorrem dentro dos estádios e sim nas periferias. Estes indivíduos não são torcedores e sim vândalos. Precisamos é do cumprimento efetivo das leis. Policiais trabalham na elucidação dos delitos e no combate ostensivo destas infrações penais; o indivíduo é solto em uma audiência de custódia ou por não ter sido pego em flagrante delito, para responder em liberdade. O que impera é o sentimento de impunidade. Não precisamos de mais leis e sim o cumprimento efetivo das que já existe. Isto reduziria, significativamente, esta violência desenfreada.

  2. Torcida única a meu ver, só vai apressar ainda mais o fim da beleza do nosso futebol. Qual a graça de ir ai estádio para ver seu time jogar sem uma outra torcida para embelezar o espetáculo ? Lembro do tempo em que assistia junto, jogo de futebol com familiares simpatizantes de equipes diferentes, até mesmo em outros Estados, como Paraíba e/ou Rio Grande do Norte. Depois que essas Quadrilhas de vagabundos e marginais, infiltrados em Torcidas Organizadas tomaram conta de nossos Estádios e Avenidas, o futebol para mim, começou a acabar. Não curto ver jogo em TV- às vezes penso que tem até Rede de Televisão ajudando a sustentar essa violência, para conquistar uma maior audiência-, mas acho que o que resolveria mesmo, seria um trabalho sério integrado entre, Ministério Público, Polícias, Governo, Clubes, e Verdadeiros torcedores. Trabalho esse que seria acima de tudo, preventivo, para aí sim, talvez vim a ser repressivo. A Inglaterra fez, e em grande parte deu certo. Vândalos e afins foram afastados dos estádios, deixando estes para os verdadeiros torcedores. Por que aqui haveria de não dá ? Basta seriedade e vontade, não fechando estádios para torcidas adversárias.

  3. Certa vez escutei uma entrevista de uma autoridade de Minas afirmando que o que adianta é 50 e 50%. A alegação é que quando se está em maioria o meliante se sente mais confiante e quem está em minoria acaba pagando o pato. Em tempo: lá se aplixa torcida única e não resolveu.
    1-A solição é cadastro de todos, só frequenta estádio quem tem carteirinha.
    2-criminalizar dirigentes de futebol, para que parem de dar ingresso e suporte logístico.
    3-aperto fiscal das organizadas

    Sem essas medidas tudo que for feito é apenas emxugar gelo.

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