Naquela noite deu certo

Tensão nas arquibancadas do Arruda. Uma campanha ruim ia resultando numa catástrofe. O time estava caindo de divisão no Campeonato Brasileiro. Descer um degrau na estrutura do futebol nacional não estava nos planos do Tricolor.

Foi sofrido, mas há 10 anos os tricolores souberam evitar o pior.O trecho acima poderia ter sido encaixado em qualquer uma das últimas três temporadas do Santa Cruz. Tensão que resultou em rebaixamento. Da A pra B, da B pra C e da C pra D.

Mas não naquela noite, há 10 anos. Exatamente no dia 6 de outubro de 1998. Apesar da campanha irregular, o povão lotou o Arruda. Um público fantástico para tentar evitar a queda à Série C, algo impensável naquela época, mas que hoje até seria um bom negócio…

Foram 55.028 torcedores presentes. Que viram, atônitos, o histórico gol de cabeça do zagueiro Rau, aos 46 minutos do segundo tempo, contra o Volta Redonda, desempatando o 2 x 2 que estava rebaixando o Mais Querido.

E o time foi da queda à glória, pois no ano seguinte o Santa Cruz foi o vice-campeão da Série B e garantiu o acesso à elite nacional.

Abaixo, o sofrimento tricolor naquele 6 de outubro de 1998, minuto a minuto.

Primeiro tempo
9min – O tricolor Gilson cobra falta e o goleiro Sandro defende, no susto.
34min – O atacante Roberto abre o placar para o Volta Redonda, cabeceando no canto do goleiro Jeferson.
35min – Gilson empata o jogo, também de cabeça.
40min- O zagueiro Fábio salva o Volta Redonda de tomar o segundo gol, cortando um chute de Gilson, quando Sandro estava vencido no lance.
47min – Golaço do time do Rio, após um chute cruzado do lateral Anderson Luiz.

Segundo tempo
2min – Célio (aquele mesmo, de 1993), que tinha entrado no lugar de Ramos, empata o jogo, aproveitando o cruzamento de Gilson.
10min – Sandro é expulso ao tocar a bola com a mão, fora da área, para evitar o gol de Gilson.
45min – O zagueiro Evaldo também é expulso, deixando o Voltaço com apenas 9 jogadores.
46min – Rau substitui Marcílio e faz o terceiro gol para o Santa Cruz.

Obs. Naquela mesma noite, o Náutico perdeu da Desportiva por 1 x 0, em Vitória/ES, e caiu para a Terceirona.

Foto: Arquivo/DP

Gols, votos e R$ 1,00

Vereador com 1 real no bolso

Ele não tem apartamento, carro, terreno… Nada. Aliás, tem sim. Tem R$ 1,00 na conta corrente. Esse foi o valor total dos bens declarados de Túlio Maravilha, que, aos 39 anos e ainda jogando bola, venceu a eleição, no domingo, para vereador em Goiânia, a sua cidade natal. Filiado ao PMDB, o atacante do Vila Nova – atual artilheiro da Série B, com 21 gols – teve 10.401 eleitores, e foi o 3º vereador mais votado na capital goiana.

Folclórico, Tulio já quer seguir na carreira política. “Com certeza, vou pensar mais à frente em disputar a Câmara e quem sabe o Senado e até mesmo a Presidência da República”, afirmou o atacante, artilheiro da Série A em 1989, 1994 e 1995. Deve vir o ‘Bolsa-Gol’ por aí…

Apesar de curioso, esta não foi a primeira vez que um jogador entrou no mundo da política, e venceu. Em 2006, o ex-atacante Robson foi bem mais longe. Robgol (ex-Náutico, Santa e Sport) foi eleito deputado estadual pelo PTB no Pará, na época em que defendia o Paysandu. Aproveitando a fama e a numerosa torcida do Papão, ele teve 33,4 mil votos.

Durante a campanha, Robgol teve o apoio do vereador Wandick, que também atuou no Paysandu nesta década. Em 1989, ajudado pela Fiel, o meia corintiano Biro-Biro (revelado pelo Sport) ganhou uma das eleições mais concorridas do país, que é a disputa de vereador para São Paulo (maior colégio eleitoral do Brasil). Em 2006, quando se filiou ao PSC, ele tentou uma vaga na Câmara dos Deputados, mas não obteve êxito.

Post sugerido por Zadock Castelo Branco

20 anos do Direito Desportivo

Festa na Câmara dos Deputados, em 1988. Um ato que também mudou o esporteO falecido deputado federal Ulysses Guimarães promulgou há exatos 20 anos a atual Constituição Federal do Brasil – a 7 ª do país desde a sua independência. Trata-se da lei fundamental e suprema da nação. Naquela data, através do art. 217, também foi oficializada a Justiça Desportiva e o Direito Desportivo como ramo do Direito no Brasil.

A internauta gaúcha Iasmine Eidelwein, estudante de direito de 19 anos (e gremista), enviou para ao blog o histórico do direito desportivo no país. Confira a abaixo.

1.Conceito:

Direito Desportivo é o ramo do Direito que busca relacionar, estudar e  resolver os conflitos decorrentes do esporte em todas as suas modalidades. Sistematiza regras disciplinares e comportamentos esperados dos desportistas. Tem como base regras nacionais e internacionais.

2.História:

No Brasil, os primeiros passos do Direito Desportivo aconteceram em 1901, quando foi criada em São Paulo a Liga Paulista de Foot-Ball, a primeira associação de futebol do país. Posteriormente, em 1914 surgiu no cenário nacional a Federação Brasileira de Sports (FBS). Em 1941 entrou em vigor o Decreto-Lei n º 3199/41, onde foi estabelecida a criação do Conselho Nacional de Desportos (CND), órgão que tinha a competência para legislar sobre a matéria desportiva e julgar em grau recursal e final.

O livro supremo do BrasilPor conseqüência  da criação do CND, baixou-se a portaria 24/41 e a resolução 4/42, que determinavam a criação do Tribunal de Penas. Este tribunal era composto por 7 membros e era competente para julgar infrações cometidas por atletas, árbitros, clubes e dirigentes de clubes.

Três anos depois, foi elaborado o Código Brasileiro de Futebol, que passou a vigorar através da deliberação 48/45. O referido código normatizou e organizou os tribunais.

Ao CND foi  atribuído o poder judicante, ao STJD a jurisdição em todo o território nacional, ao TJD a jurisdição em seus respectivos territórios estaduais e nos Municípios as Juntas Disciplinares Desportivas. Depois, em 1962 o CND  aprovou o Código Brasileiro de Disciplina do Futebol e o Código Brasileiro de Justiça e Disciplina Desportiva.

No ano de 1988, na nova Constituição Federal, foi reconhecida no art 217 a Justiça Desportiva. O que efetivou a Justiça Desportiva e o Direito Desportivo como ramo de Direito no Brasil. A lei nº 9.615 (Lei Pelé), de 1998, instituiu normas gerais de Desporto, sendo que  mais tarde entrou em vigor a  lei 10.671 (Estatuto do Torcedor), de 2003, que vigora até os dias atuais.

Constituição de 1988, Capítulo 3, seção 3 (do Desporto):

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-profissional;
IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
§ 1º – O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º – A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3º – O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

Mundial manchado

Título gaúcho de 1979, o "maior" da carreira de Paulo Cezar Lima pelo GremioA resposta parece óbvia.

Qual é o título mais importante, o Mundial Interclubes ou o Campeonato Gaúcho?

O Mundial, na minha opinião. Na sua também? É claro que sim…

Mas não foi para o ex-ponta esquerda carioca Paulo Cezar Caju.

Campeão gaúcho em 1979 e mundial em 1983, já com 34 anos, pouco antes de encerrar a carreira.

Ele vestiu a camisa do Grêmio nas duas conquistas.

Durante o evento Toque de Classe, na noite de terça-feira, eu questionei o ex-craque sobre a denúncia feita por ele em sua biografia – lançada em 2006 -, na qual os gremistas teriam se dopado na final do Mundial, em 11 de dezembro de 1983, quando o Tricolor Gaúcho venceu o Hamburgo (ALE) por 2 x 1.

Como a denúncia acabou rendendo uma série de ameaças de processo por calúnia e difamação (dos ex-companheiros e do presidente do clube, Paulo Odone), Paulo Cezar se esquivou, mas nem por isso deixou de alfinetar o maior título do clube de Porto Alegre.

Paulo Cezar, hoje colunista, critica bastante a Seleção Brasileira atual“Eu passei duas vezes pelo Grêmio (em 1978/1979 e em 1983), e a minha maior conquista lá foi, sem dúvida, o Estadual de 79. Muito mais que o Mundial. Aliás, aquilo não era o Mundial, mas sim a Copa Toyota. Um jogo no Japão para ganhar dinheiro, sem times da África e da Ásia. No campeonato gaúcho foi diferente. Lá, a gente sofreu muito. Apanhamos muito no interior, onde é difícil demais de jogar. Torcida próxima, pressão. Aquele título me marcou. Não o Mundial”, afirmou o polêmico Paulo Cezar Lima, que ganhou o apelido por ter pintado o cabelo de acaju na década de 1970.

Abaixo, o trecho do livro autobiográfico no qual o ex-atacante denunciou o suposto doping. Depois, o trecho foi cortado pela editora, a pedido de Paulo Cezar. Confira:

“Na véspera do jogo, dois jogadores sugeriram que nós tomássemos bolinhas para aumentar o rendimento. Eu fiquei revoltado e muito triste e não admiti isso. Sempre fui limpo e não podia aceitar aquilo. Mas não adiantou e alguns jogadores tomaram a droga”.

Atualmente, Paulo Cezar Caju, de 59 anos, assina uma coluna esportiva nas terças-feiras no Jornal da Tarde (do Rio), onde começou a trabalhar em maio deste ano. Ele faz questão de dizer que aproveita todo o espaço de suas colunas para mostrar a sua indignação com o atual momento do futebol brasileiro.

“Hoje a bola está maltratada. Antes, até zagueiro era bom de bola. Jogava bonito. O jogo era mais bonito. Atualmente, não temos uma Seleção Brasileira. Temos é uma Seleção gaúcha, desde 2002. É só porrada. A bola não corre de jeito nenhum”.

Mundial de 1983. Doping? História – Paulo Cezar Lima foi um dos jogadores mais polêmicos da história do futebol brasileiro. Nascido na favela carioca da Cocheira, fincada no bairro de Botafogo, o jogador concretizou o sonho de virar profissional na Estrela Solitária. E de mudar de vida também.

Bicampeão carioca em 67 e 68, acabou indo para a Seleção. E com 21 anos, numa ascensão meteórica, foi campeão da Copa do Mundo de 1970. Alheio a esse crescimento, o jogador, ainda conhecido como “Paulo Cezar”, começava a sua fama pela noite carioca.  Carros, mulheres… e até futebol. Craque nos campos, o ponta-esquerda não abria mão do perfil “bon vivant”.

Após uma saída conturbada do Botafogo, acabou indo para o Flamengo em 1972. A partir dali, ele passou a mudar constantemente de equipe. “Sempre troquei de time por interesses profissionais”, disse Caju à revista Placar, em 1979. Um jogador com uma visão de mercado bem à frente de seu tempo.

Curiosidade – Apesar das dificuldades relatadas por Paulo Cezar, o Grêmio foi campeão estadual em 1979 com uma campanha avassaladora. Foram 52 jogos, com 42 vitórias, 9 empates e apenas 1 derrota. Você pode conferir essa campanha AQUI.

O Mundial de 1983 foi conquistado na prorrogação. Naquela final, Paulo Cezar foi substituído por Caio. Veja ficha da partida AQUI.

Cerveja, futebol, medicina e política

Sócrates defende a profissionalização dos dirigentesSócrates nunca negou que gosta de uma boa cerveja gelada. Aos 54 anos, ele admite que gostaria de parar de fumar, mas ainda não conseguiu largar o vício. Carismático, o ex-craque do Corinthians e da Seleção Brasileira roubou a cena ontem à noite, durante o evento Toque de Classe, que aconteceu nos Aflitos, e que também contou com a participação dos ex-craques Paulo Cezar Caju, Nelinho e Raul Plassmann. Zé do Carmo e Lúcio Surubim foram os convidados especiais.

Bastava um dos amigos começar a falar na palestra para “Magrão”, como o doutor também era conhecido nos gramados, começar a provocar, com muito bom humor.

Paulo Cezar Caju, organizador do evento, abriu a palestra, após um vídeo com grandes momentos de sua carreira, no futebol carioca.

“Essa idéia surgiu quando eu estava no Rio de Janeiro, lançando a minha biografia”, dizia PC, até que…

“Mas você está gordo, hein?!”, gritou Sócrates, que ainda não havia sequer sentado à mesa de debate. O ex-meia aproveitava os últimos instantes para pedir mais uma cerveja no balcão.

Paulo Cezar tentou conter o riso e seguiu falando. Passou a apresentar os demais integrantes do Toque de Classe.

"Eles são meus amigos!? Mais ou menos...", brincou SócratesTranquilão, Sócrates finalmente subiu no palco armado no bar Spirit Hall.

Olhou para a platéia (mesas lotadas), e comentou de leve:

“Mas só tem homem aqui… Não tem jeito. As mulheres gostam mesmo é do Raí”, numa clara referência ao irmão mais novo, ídolo do São Paulo nos anos 90.

Quando Zé do Carmo brincou com a fama de boêmio de Paulo Cezar Caju (“Ele era o negão das louras”), Sócrates completou: “Eu adoro uma loura também. Gelada”.

Entre um chope e outro, Sócrates relembrou alguns ‘causos’ que marcaram a sua carreira. Em um deles, contou sobre a excursão do Timão ao México, na década de 1980, com a companhia de Paulo Cezar Caju, já veterano na época.

Ídolo diz que o futebol evoluiu apenas fisicamente “Numa folga lá, fomos para um bar e começamos a beber cerveja. Paulo chegou falando francês e pediu champanhe. Olhei desconfiado, mas a diversão do grupo seguiu. Depois, ele pediu mais uma taça. Minutos depois, Paulo foi para o banheiro. E nunca mais voltou. Estava sem dinheiro. Os outros jogadores tiveram que pagar a conta dele. E ali nascia a ‘Democracia Corintiana’”, disse Sócrates, contextualizando o episódio com o movimento que entrou para a história do clube paulista, no qual todas as ações eram decididas no voto, entre todos os funcionários.

Apesar das brincadeiras, também houve espaço para seriedade, como no momento em que falou sobre o jogador brasileiro.

“O jogador brasileiro é uma criança, e é fácil de ser manipulado. Um jogador só deveria se profissionalizar se tivesse pelo menos o ensino fundamental. Mas não… O cara nasce na favela e quer sair do buraco jogando bola, como o ídolo dele, que nunca estudou também. Ele precisa estudar, porque se não der certo no futebol, já teria um caminho para conseguir outra formação”.

Depois, criticou o modelo de gestão da maioria dos clubes brasileiros (após ser questionado sobre a situação do Santa Cruz).

“Não existe um modelo padrão para comandar um clube. O que existe é uma boa gestão. Não tem mais espaço para aquele dirigente cego pelo time, que faz tudo pelo seu clube do coração, mas que não é preparado para a função. O dirigente precisa ser profissional e responsável. A legislação precisa passar a punir de vez os responsáveis pelas grandes crises nos times”.

Finalizou comentando sobre o gol mais bonito. A resposta foi curiosa…

“Não lembro de um gol mais bonito. O que eu tinha mais prazer mesmo era dar o passe para o gol. E aí, todos foram bonitos”.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de OliveiraHISTÓRIA – Revelado pelo Botafogo de Ribeirão Preto, em 1973, Sócrates teve um início de carreira bem incomum no futebol. Craque, logo chamou a atenção de grandes clubes. No entanto, Sócrates só deixou o Botafogo após concluir o curso de medicina, em 78.

Consciente de que a carreira no futebol é curta, o então jovem estudante queria garantir um emprego após pendurar as chuteiras. Como não poderia deixar de ser, ganhou o apelido de “Doutor Sócrates” no mundo da bola. Quando começou a se destacar no Paulistão de 1976 (no qual foi o artilheiro, com 15 gols), Sócrates estava no 3º ano da faculdade. Mal tinha tempo para treinar.

Estudava a semana inteira e se “dedicava” ao futebol nos finais de semana. Mesmo assim, conseguiu mostrar o seu potencial, com toques refinados, gols de falta… E também de calcanhar.

"Cerveja boa é cerveja gelada"Líder nato onde jogou, Sócrates sempre foi ligado aos temas políticos. Com a ajuda dos companheiros no Corinthians, ele idealizou a Democracia Corintiana, movimento de “autogestão” nos 80. “Vivemos num país melhor do que há 20 anos, mas muito longe do ideal. Sou apaixonado por essa nação, e não aceito uma estrutura social tão falha”.

Depois, participou das “Diretas Já”, em 1984, quando foi garoto-propaganda da campanha que pedia a volta das eleições diretas para presidente no país. Ele discursou em comícios.

O irmão Raí foi campeão do mundo com a Seleção em 1994. Sócrates não teve o mesmo prazer. No entanto, integrou a grande Seleção de 1982, que brilhou no Mundial da Espanha. O meia marcou dois belos gols na competição, um contra a União Soviética e outro contra a Itália, no fatídico jogo em que Paolo Rossi fez todos os gols da Azzurra na vitória por 3 x 2, que acabou mandando o Brasil para casa. Mais cedo do que devia… Hoje em dia, além da medicina, Sócrates também é articulista da revista Carta Capital.

Ficha técnia

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Naturalidade: Belém/PA
Nascimento: 19 de fevereiro de 1954
Atuou como meia

Sócrates brilhou na Seleção Brasileira de 1982Carreira
1973/1978 – Botafogo (SP)
1978/1984 – Corinthians
1984/1985 – Fiorentina (Itália)
1986/1987 – Flamengo
1988 – Santos
1988 – Botafogo (SP)

Títulos
Campeonato Paulista – 1979, 1982 e 1983
Campeonato Carioca – 1986
Na Seleção Brasileira: 60 jogos (23 gols)
Participou das Copas do Mundo de 1982 e 1986

Fotos: Alexandre Gondim/DP

Efeito que desafiou Zoff

Aproveitando o assunto do post anterior, esse aqui irá relembrar o lance que marcou a carreira do lateral-direito Nelinho, conhecido pelos chutes fortíssimos. Completou 30 anos no último dia 24 de junho o antológico gol contra a Itália, na Copa do Mundo de 1978, durante a disputa pelo 3º lugar.

A Azzurra vencia por 1 x 0, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, quando, aos 19 minutos do 2º tempo, Nelinho desferiu um chute incrível pelo lado direito da intermediária. A bola viajou com um efeito inacreditável, vencendo o goleiro Zoff. No final, o Brasil venceu por 2 x 1 e ficou com o bronze, além do título de “Campeão Moral“. Confira no vídeo abaixo.

Você pode ver mais dados sobre a Copa de 78, que terminou com o primeiro título da Argentina, clicando AQUI.

Histórias da bola

Quatro craques do passado. Quatro histórias que se cruzaram pelos gramados em grandes clássicos do futebol brasileiro.

O "Doutor Sócrates". Política, medicina e futebol, muito futebolPonta-esquerda nato, Paulo César Caju infernizava as defesas. À noite, curtia a glória em alto estilo...Um foi médico, ativista político e craque. O nome dele? Curtinho: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Dos gols de calcanhar pelo Timão até a luta pela democracia no país, em 1984. Dos estudos em Ribeirão Preto até os excelentes artigos na Carta Capital.

O segundo comandou as noites cariocas nos anos 70. De cabelo pintado de acaju, idéias avançadas para a economia do futebol da época e sempre polêmico. E isso tudo sem deixar de jogar muito bola. Paulo César Caju era o cara.

Nelinho, o Canhão do MineirãoNo início, as camisas de goleiro com as cores azul ou amarelo eram motivo de chacota. Mas o padrão virou a marca registrada de Raul. E que hoje está na modaJá o terceiro era o dono do lado direito do Mineirão. Não importava a camisa. Azul e estrelada, como a do Cruzeiro, ou alvinegra, como a do Atlético. Bola parada era sinônimo de míssil. Certeiro. Nelinho cansou de marcar golaços que faziam o Mineirão balançar.

O último defendeu o quanto pôde a camisa do clube mais popular do país. O Flamengo, a partir de sua chegada, coincidentemente, decolou. Decolou até Tóquio. Onde ganhou o mundo. O goleiro Raul Plassmann evitou a alegria de muitas torcidas.

Sócrates, hoje com 54 anos, Paulo César Caju, 59, Nelinho, 58, e Raul, 64, estarão reunidos a noite desta terça-feira na Spirit Music Hall, nos Aflitos, onde participarão da mesa debates Toque de Classe, com futebol, cerveja e boas histórias.

Lelé da Cuca

A temporada na Série A de 2008 tem sido horrorosa para o técnico Cuca. Apesar de badalado por boa parte da imprensa, o treinador – cujo perfil é conhecido por armar equipes que jogam bonito – não vem conseguindo bons resultados no Brasileirão. E olhe que ele já teve várias chances. E em três clubes diferente. Atualmente, comanda o Fluminense (onde chegou em 17 de agosto), lanterna da competição.

Aos 45 anos, o paranaense Alexis Stival participou de 25 das 27 rodadas da Série A (ficou de fora apenas da 4ª e da 19ª). Ele tem um aproveitamento de 36%. Caso Cuca tivesse treinado um único time no período, hoje ele teria 29 pontos com esse índice, e estaria em 15º lugar. Curiosamente, nas duas rodadas em que ele “folgou”, o clube que o demitiu também perdeu, ambas para o Náutico, que bateu Botafogo (3 x 0) e Santos (1 x 0).

Cuca em 3 momentos em 2008: Botafogo, Fluminense e SantosBotafogo – 3 jogos
4 pontos – 44,4%
1 vitória
1 empate
1 derrota

Santos – 14 jogos
13 pontos – 30,95%
3 vitórias
4 empates
7 derrotas

Fluminense – 8 jogos
10 pontos – 41,6%
2 vitórias
4 empates
2 derrotas

Total – 25 jogos – 27 pontos – 36%
6 vitórias
9 empates
10 derrotas

Tí-tu-los di-vi-di-dos

Metade da taça... Alegria pela metade?O esforço foi o mesmo, mas a conquista acaba sendo divididaAlgumas competições já tiveram apenas 2 times… Outras já passaram da barreira dos 500 clubes, como a tradicional Copa da Inglaterra. Por mais que pouquíssimos times tenham alguma chance de fato, todos eles entram na disputa pelo “título”, com o sonho de escrever o nome na galeria de campeões. Poisé… Mas nem sempre a história é assim.

Regulamentos confusos, campeonatos paralelos, polêmica na final, ou até mesmo contagem errada na disputa de pênaltis… Esses são alguns dos motivos que já levaram a várias divisões de título em inúmeras competições Brasil afora.

Até o “recorde” é dividido. O Torneio Rio-São Paulo de 1966 e o Campeonato Cearense de 1992 tiveram 4 campeões. Abaixo, algumas divisões históricas.

4 campeões

  • Torneio Rio-SP, 1966: Corinthians, Santos, Botafogo e Vasco – Falta de datas para as finais, e também por causa da proximidade da Copa do Mundo, que desfalcaria bastante os participantes.
  • Ceará, 1992: Ceará, Fortaleza, Icasa e Tiradentes – Fortaleza (que ganhou 2 turnos) e Ceará (1) fizeram a final, mas o STJD puniu o Fortaleza com a perda de 5 pontos no 1º turno. Assim, a primeira etapa ficou com o Tiradentes. Pelo regulamento, teria que haver um quadrangular final, com a presença do Icasa (índice técnico). A diretoria do Fortaleza entrou na Justiça Comum (algo proibido pela Fifa), mas a federação cearense declarou os 4 como campeões. Simples.

2 campeões

  • Torneio Rio-SP, 1964: Botafogo e Santos. Jogaram apenas a primeira partida da decisão (Fogão 3 x 2), e depois foram excursionar na Europa…
  • São Paulo, 1973: Santos e Portuguesa – O árbitro Armando Marques errou na contagem na decisão por penaltis e declarou o Peixe campeão. No entanto, a Lusa, que deixou logo o Morumbi, ainda tinha chance. No dia seguinte, a federação paulista (FPF) deu a taça para os dois.
  • Carioca, 1907: Botafogo e Fluminense – As duas torcidas esperaram 90 anos para saber o veredicto da federeção do Rio de Janeiro (Ferj), que declarou os rivais como campeões em 97, após o julgamento no STJD. Em 1907, eles não entraram em acordo na disputa da final e o título ficou sub judice.
  • Ligas paralelas de SP: 1913, 14, 15, 16, 26, 27, 28, 29, 35 e 36, os anos com mais de um campeonato (link com a lista com os vários campeões).
  • Ligas paralelas do RJ: 1912, 24, 33, 34, 35, 36 e 37, os anos com mais de um torneio (link com a lista com os inúmeros vencedores).

Sub judice

Carioca, 2002: O Fluminense foi o campeão estadual no ano do seu centenário. O Bangu, porém, entrou na justiça, pois na semifinal, entre os dois times, o goleiro Eduardo marcou o gol da vitória do time do subúrbio carioca no último minuto da prorrogação. O juiz, de maneira inacreditável, alegou que o lance foi com a mão! Neste ano, a Ferj tirou o nome do Flu da lista de campeões e colocou “sub judice“. Uma decisão poderá proclamar 3 vencedores. O Americano, vice, também seria beneficiado.

Sorte de quem viu

D'Alessandro, em uma atuação sensacional em um Gre-Nal ainda mais digno de elogio

O Grêmio passou 13 rodadas seguidas na liderança do Campeonato Brasileiro. Atuava com pinta de campeão. No entanto, um segundo turno desastroso colocou em xeque o destino gremista, que perdeu o 1º lugar. E como perdeu… O time foi massacrado neste domingo por 4 x 1 logo pelo maior rival, o Internacional.

Eu tive a sorte de ver, pela TV, os 90 minutos de um jogaço de bola. Técnico, aguerrido, emocionante. Um legítimo GreNal.

O Inter, comandado pelo meia argentino D’Alessandro (que jogou demais), venceu no Beira-Rio, incendiado por 42 mil torcedores, sendo a imensa maioria vermelha. Metade do Sul chora a derrota. O revés. A frustração.

A outra metade comemora como nunca. Aliás… Como em 1997, quando o Colorado goleou por 5 x 2, em pleno Olímpico Monumental. Uma goleada que era comentada no Sul há 11 anos. Era, pois a de hoje tomou esse lugar na boca do povo. Do povão.

Foto: site oficial do Internacional