Há exatamente um ano, em 8 de julho de 2014, a Seleção Brasileira sofria a maior derrota de sua centenária história, estatística e moralmente. O revés na semifinal no Mineirão, com 7 x 1 a favor da Alemanha, marcou para sempre a história do futebol. Um resultado tão elástico que os próprios torcedores brasileiros passaram a tirar uma onda da situação.
Num trabalho de edição primoroso, o perfil Zekiel79, no Youtube, refez o vídeo da partida, terminando com uma incrível atuação do goleiro Júlio César diante dos germânicos e o meia Oscar definindo a vitória verde e amarela no finzinho, rumo à decisão da Copa do Mundo, com direito à narração da BBC britânica.
A derrota fica, mas no esporte ainda é possível levar no bom humor.
Afinal, estamos há 365 dias sem sofrer um gol da Alemanha…
A CBF realizou o 1º Encontro de Técnicos da Série A, no Rio de Janeiro.
Dos 20 clubes inscritos na competição deste ano, 17 foram representados no evento, incluindo Eduardo Batista, do Sport, e nomes tarimbados como Luis Felipe Scolari (Grêmio), Vanderlei Luxemburgo (Flamengo), Oswaldo de Oliveira (Palmeiras), Marcelo Oliveira (Cruzeiro) e Levir Culpi (Atlético-MG).
O objetivo do encontro era “conversar e debater ideias sobre futebol”, com direito a mesas redondas apenas para os técnicos da elite. Até aí, ok. No entanto, com a rápida rotatividade no comando técnico no país, vale registrar a imagem da reunião e compará-la ao desfecho do Brasileirão, na 38ª rodada.
Neste contexto, entra a implantação das ideias discutidas na confederação brasileira, com resultados práticos na organização tática/estrutural das equipes. Sobre Felipão, que foi convidado pelo presidente Marco Polo Del Nero para sentar na mesa principal, ficou a seguinte frase no seu discurso:
“A derrota para a Alemanha não mudou o futebol brasileiro. Continuamos tendo grandes técnicos, excelentes jogadores. Mas claro, temos que evoluir sempre, e é isso que este encontro nos proporcionará”.
Se o 7 x 1 não mudou, será que o encontro de técnicos mudará?
Os 62.103 torcedores cantando em voz alta o hino nacional com os jogadores visivelmente emocionados já foi de arrepiar. A atmosfera estava pronta.
Era o início da festa no Itaquerão. Outra vibração assim em São Paulo, só aos 45 minutos do segundo tempo, em um jogo tenso e bem disputado. Brasil 3 x 1.
Após a festa de abertura sem sal, o começo da partida não foi dos melhores. A responsabilidade de atuar em casa realmente é grande, pesa.
A cobertura dos laterais brasileiros foi falha durante boa parte do jogo. E o bem armado time da Croácia aproveitou cedo. E ainda contou com a ajuda…
A meta de Júlio César foi vazada aos 11 minutos, após bola cruzada pelo lado esquerdo, passando em sequência por Thiago Silva, Luiz Gustavo e David Luiz.
A Brazuca acabou nos pés de Marcelo, de uma infelicidade tremenda. Marcou o primeiro gol contra da Seleção em toda a história dos Mundiais.
O empate veio num chute quase despretensioso de Neymar, ainda na primeira etapa. Lance para acalmar a Canarinha, para trazer de volta a torcida. O time canarinho queria jogo, não se absteve do ataque.
A primeira mudança de Felipão aconteceu aos 20 do segundo tempo. Paulinho, ainda em recuperação, deu lugar ao pernambucano Hernanes. O Profeta é o reserva mais acionado nesta Era Scolari. Nesta tarde, limitou-se à marcação.
A virada minutos depois, mas numa penalidade mandrake marcada pelo árbitro japonês Yuichi Nishimura, bem confuso nos seus critérios.
Fred caiu na área, sem sofrer qualquer contato. Na cobrança, Neymar mandou para as redes e já largou na artilharia – algo simbólico, uma vez que o camisa 10 é a maior aposta do país na Copa do Mundo de 2014.
No finzinho, o lance mais bonito. Num contragolpe rapidíssimo, Oscar – muito bem – tocou de biquinho, de fora da área. Acertou o cantinho do goleiro croata.
Do banco, para onde havia ido há pouco descansar, Neymar abriu o sorriso de vez. E ainda seria eleito pela Fifa, justamente, o craque do dia.
Teresópolis – O Brasil sequer estreou na Copa do Mundo, então falar de uma disputa de pênaltis a partir das oitavas de final talvez seja bastante cedo. Ou não. Copeiro em sua essência futebolística, o técnico Felipão vai estimulando ao fim de cada coletivo na Granja Comary uma série de cobranças de pênalti.
Há duas formas de observar esse treinamento. Ou no viés dos atacantes, que não vêm rendendo bem, ou dos goleiros, em excelente forma caso necessário o dramático desempate. Júlio César, Victor e Jefferson vêm defendendo várias cobranças nos treinos. Aqui, um registro do blog com o goleiro do Botafogo, com duas defesas em quatro cobranças.
Todos os cobradores, Neymar, Fred, Marcelo, David Luiz e Willian, são os já indicados por Felipão caso necessária uma situação do tipo. A ordem possivelmente seria esta.
Até hoje, a Seleção Brasileira já passou por três disputas assim, todas dramáticas. em 1986, quando Zico perdeu uma cobrança ainda no tempo normal, o país acabou eliminado pela França de Platini (3 x 4). Em uma das cobranças, a bola bateu nas costas do goleiro Carlos entrou. Era o início do fantasma dos Bleus.
Nas outras duas, apesar da elevada carga emocional imposta, os resultados foram festejados. Em 1994, na primeira final da história decidida nos tiros livres, com Baggio chutando por cima a última bola da Azzurra (3 x 2), e em 1998, numa semifinal antológica contra a Holanda (4 x 2), com Taffarel brilhando com duas defesas nos pênaltis – e já havia defendido o chute de Massaro quatro anos antes.
Na última disputa de pênaltis da Seleção, na Copa América de 2011, o país foi eliminado pelo Paraguai desperdiçando quatro cobranças. Portanto, é bom que os atacantes melhorem também…
Teresópolis – Brasil x Argentina, 13 de julho no Maracanã. Uma final dos sonhos para muitos torcedores na Copa do Mundo. No scout da Seleção Brasileira, uma estrutura de dados a serviço da comissão técnica, este também seria o duelo decisivo do Mundial.
A informação foi revelada pelo próprio técnico Luiz Felipe Scolari, ao responder ao jornalista Marcelo Sotille, do famoso diário Olé, de Buenos Aires, em sua primeira entrevista coletiva concedida na Granja Comary, nesta preparação para o torneio de 2014.
A questão era sobre a “final ideal” da Copa na opinião do técnico. Felipão começou reticente na resposta, mas acabou admitindo o caminho, caso o time brasileiro avance até a finalíssima – por sinal, tal jogo jamais chegou nem perto de decidir uma Copa.
“Pelo nosso scout de passagem até a final, a final que imaginamos seria Brasil x Argentina, pelas características das equipes. Tomara que cheguemos à final com Brasil x Argentina, uma final sul-americana com grandes jogadores e muita qualidade técnica”.
Não há, por parte do treinador, qualquer “secação” sobre os hermanos.
“Não quero que a Argentina saia na fase de grupos. Quero jogue o seu futebol normal e vença as suas partidas. O meu problema é o Brasil. Depois do meu time, quem chegar (na final) chegou.”
Sobre uma possível final com o maior clássico do futebol nas Américas, ambos teriam que liderar os seus grupos, para compor o chaveamento necessário. A história mostra que o duelo, apesar de popular, não é muito comum na Copa do Mundo. Até hoje foram apenas quatro jogos.
1974 – Brasil 2 x 1 Argentina (Hanover, Alemanha)
1978 – Brasil 0 x 0 Argentina (Rosário, Argentina)
1982 – Brasil 3 x 1 Argentina (Barcelona, Espanha)
1990 – Brasil 0 x 1 Argentina (Turim, Itália)
Teresópolis – Em qualquer amistoso no país ou no exterior, a Seleção Brasileira atrai uma quantidade incrível de câmeras fotográficas e filmadoras em seus treinamentos – nos jogos nem se fala. Uma rajada de clicks por segundos, inúmeras imagens para vídeos na televisão etc. Agora, amplie esse cenário na Copa do Mundo.
Conforme já informado no blog, a quantidade de profissionais da imprensa cadastrados na Granja Comary na preparação de 2014 é recorde – 1,6 mil. Muitos deles apenas para captar imagens dos 23 jogadores convocados. Cada um com o seu diferencial, na luz, no enquadramento, no foco e em outras tantas especificações técnicas.
Nesta quarta ocorreu um treino teoricamente menos concorrido – eram apenas 16 dos 23 jogadores no gramado, sem Neymar, numa atividade no campo 2 do centro de treinamento. Ainda assim, uma linha com mais de 50 metros apenas para as câmeras, de todos os cantos do mundo…
Teresópolis – O campo principal da Granja Comary atende a todos as exigências da Fifa. Com 105 metros de comprimento por 68 metros de largura, o gramado cumpre à risca a 5ª versão do documento “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, elaborado pela própria Fifa, com 420 páginas. A revisão lançada em abril de 2011 foi a base para a Copa do Mundo de 2014.
Plantado pela empresa Greenleaf – a mesma responsável pela Arena Pernambuco -, o campo tem o tipo de grama bermuda celebratrion, retirada do viveiro de grama do Maracanã, m Saquarema.
Mesmo com as viagens no Mundial, com possíveis destinos a São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro, a Seleção continuará tendo como base de treinamentos a Granja Comary.
Daí o tratamento especial. Segundo a especificação oficial, o campo tem “drenagem espinha de peixe e irrigação ramal, que pode acionar até cinco aspersores de uma vez”.
Agora, a curiosidade. Se na Granja Comary a Seleção vai treinando num campo com dimensões características do Mundial, nos últimos dois amistosos preparatórios a situação é diferente.
Serra Dourada (Brasil x Panamá): 110m x 75m (8.250 m²)
Morumbi (Brasil x Sérvia): 108,25m x 72,7m (7.869,7 m²)
Granja Comary, arenas e CTs da Copa: 105m x 68m (7.140 m²)
Em campos maiores, naturalmente os passes são aplicados com mais força, as arrancadas são mais longas o senso de deslocamento é diferente etc. Talvez, essa diferença seja encarada como um pequeno detalhe. No futebol, entretanto, cada detalhe faz a diferença com a bola rolando. Seja na Granja, no Serra ou no Maraca.
Teresópolis – A parceria é antiga. Fez sucesso no Grêmio, Palmeiras, seleção portuguesa e seleção brasileira. No bigode e no banco de reservas. O técnico Luiz Felipe Scolari e o auxiliar técnico Flávio Murtosa trabalham juntos há pelo menos duas décadas. Entre as muitas conversas para definir o time e buscar soluções táticas e técnicas, os amigos têm o costume de realizar caminhadas matinais.
Muitas das formações nos clubes e nas seleções supracitadas já saíram dessas conversas. Na Granja Comary não é diferente. É um costume quase diário. No bate-papo, certamente a articulação de um possível plano B para a Copa do Mundo de 2014, num jogo em que Neymar não esteja bem – o time depende demais dele -, a estrutura do meio-campo, com um passe mais aprumado ou uma chegada surpresa no ataque… Conversa para 40 minutos, caminhando.
Nesta quarta, enquanto os 23 jogadores convocados seguiam nos quartos, Felipão e Murtosa fizeram uma caminhada em todo o CT. Passaram pelo alojamento, campo 1 e campo 2, alternando passos lentos e pequenas corridas.
A conversa dos dois gaúchos seguia até ser interrompida para um aceno para as câmeras de televisão – a pedido dos cinegrafistas -, já reposicionadas atrás da trave no campo principal da granja. Um gesto para a exibição ao vivo de toda a movimentação no local. Um aceno e o vídeo garantido nas emissoras, e até uma foto no blog.
Que o sinal positivo seja mesmo para a escalação… e siga até a próxima caminhada.
Teresópolis – A Granja Comary de 2014 é a nova Weggis? Eis uma questão corriqueira no dia a dia da Seleção Brasileira.
A paralisação de um treino no campo principal para a entrada do apresentador Luciano Huck, a presença de um comediante do programa Esquenta na restrita sala de musculação da equipe, entrevistas em programas de variedades todos os dias, convidados de patrocinadores, amigos de jogadores, cantores… Clima de oba-oba, sem dúvida.
Tudo na primeira semana de preparação da Canarinha para a Copa do Mundo.
Surpreende sobretudo pelos nomes que encabeçam a Seleção: Luiz Felipe Scolari, campeão em 2002 e conhecido pelos limites impostos, e Carlos Alberto Parreira, campeão em 1994 e que reconheceu a falha em 2006, na sua segunda passagem.
Na ocasião, a CBF escolheu – após um bom acordo financeiro, como de praxe – a pacata cidadezinha suíça de Weegis, de apenas quatro mil moradores.
Durante a preparação para o Mundial da Alemanha, a zorra tomou conta dos treinos do Brasil, com venda de ingressos, samba e seguidas invasões de campo, com mulheres atrás de Ronaldinho. Fora as noitadas dos jogadores no vilarejo, com relatos sobre a volta aos alojamentos às 5h da manhã.
A cobertura na época também foi grande, com 900 profissionais – são 1,6 mil agora. Diante de todo mundo, já tendo a internet como forte vetor, o circo foi armado.
Agora, de fato, ainda não chega a tanto. Contudo, há a volta da liberdade a um determinado segmento da mídia – sobretudo à emissora que pagou bem caro pelos direitos e quer expor o “produto” Seleção em toda a sua grade. O que não aconteceu na clausura na África, há quatro anos.
Controlar essa superexposição é a missão da comissão técnica, desde já. Manter o foco da equipe, dosar o clima amplamente otimista… A lição já existe.
Teresópolis – Segurança total na Granja Comary, A aparato para preservar a tranquilidade dos 23 jogadores brasileiros impressiona.
Na apresentação na região serrana do Rio, o esquema já era considerável, com polícia federal, polícia rodoviária federal, corpo de bombeiros, ruas isoladas, agentes dia e noite e 30 seguranças particulares dentro do centro de treinamento da CBF.
Neste domingo, a estrutura foi reforçada.
Chegou o exército… Caminhões dentro da granja e na entrada, tropas em pontos estratégicos e um clima de “Teresópolis sitiada”.
Este formato de segurança deve se manter nas outras 31 seleções no país, sob coordenação do Comitê Organizador Local da Copa 2014. Isso mesmo. No deslocamento das seleções, a liberação parte do COL. Tudo com o braço forte do exército.