Após quase duas décadas, enfim sul-americanos e europeus voltarão a decidir o título da Copa das Confederações. Brasileiros, italianos, espanhóis e uruguaios confirmaram o amplo favoritismo na fase de grupos e seguem na disputa pela taça da 9ª edição da competição, em solo brasileiro.
As duas escolas mais tradicionais só estiveram numa final, em 1995, quando a Dinamarca venceu a Argentina por 2 x 0 na então chamada Copa Rei Fahd. Neste ano teremos o eterno clássico de 1950 e um revival da última Euro. Há uma clara diferença técnica, da Espanha ao Uruguai, mas com um quarteto campeão mundial não há garantia nas previsões da bola. Eis a análise do blog.
Semifinais
26/06 – Brasil x Uruguai (Mineirão, 16h)
27/06 – Espanha x Itália (Castelão, 16h)
A final será realizada em 30 de junho, no Maracanã.
Confira as história de uma semifinal com quatro campeões mundiais aqui.
A Seleção Brasileira é um time em formação há várias temporadas. Desde 2010 o Brasil busca uma equipe ideal. Felipão parece ter dado essa cara. Alguns jogadores ainda são alvos de contestação, mas a espinha dorsal da próxima Copa está formada. O ótimo desempenho de Neymar é vital para este encaixe, além do apoio das arquibancadas, que realmente vem fazendo a diferença até aqui, com 100% e um ataque avassalador. Na defesa, Thiago Silva, absoluto, e David Luiz fecharam o setor.
Líder do grupo A – 3 jogos, 3 vitórias, 9 GP, 2 GC
Brasil 3 x 0 Japão
Brasil 2 x 0 México
Brasil 4 x 2 Itália
7ª participação no torneio
Melhor campanha: campeão (1997, 2005 e 2009)
A semifinal no Mundial 2010 e o título da Copa América em 2011 reergueram o futebol do Uruguai. No entanto, o time começa a sentir o desgaste da idade. Diego Forlán, de 34 anos, com 100 jogos pela seleção, é o principal exemplo. Está sem seu ciclo final no time de Tabárez. A equipe também carece de um articulador. Seu meio-campo é formado basicamente por destruidores. Na frente, Luis Suarez e Cavani vêm recebendo poucas bolas.
Segundo lugar do grupo B – 3 jogos, 2 vitórias, 1 derrota, 11 GP, 3 GC
Uruguai 1 x 2 Espanha
Uruguai 2 x 1 Nigéria
Uruguai 8 x 0 Taiti
2ª participação no torneio
Melhor campanha: 4º lugar (1997)
A Fúria chegou como favorita e não teve trabalho algum para ratificar o status na primeira fase, controlando a bola como sempre, com no mínimo 60% de posse. Iniesta aparece como a principal apoiador da Espanha. Inteligente, o meia do Barça tem um passe certeiro. Na frente, apesar da falta pressa em alguns momentos para definir, conta com Torres, David Villa e Soldado, num revezamento na escalação de Del Bosque.
Líder do grupo B – 3 jogos, 3 vitórias, 15 GP, 1 GC
Espanha 2 x 1 Uruguai
Espanha 10 x 0 Taiti
Espanha 3 x 0 Nigéria
2ª participação no torneio
Melhor campanha: 3º lugar (2009)
Os italianos mudaram a sua característica histórica. Nada de ferrolhos e contragolpes. A nova Itália sai para o jogo e marca muitos gols, apesar de mostrar um certo desordenamento em alguns momentos do jogo – o que vem resultando na mesma quantidade de gols sofridos. O técnico Prandelli gosta de ter Balotelli mais isolado à frente, com o meio-campo chegando com força. Andrea Pirlo, desfalque na terceira rodada, é peça imprescindível para a semi. A Azzurra conta com ele.
Segundo lugar do grupo A – 3 jogos, 2 vitórias, 1 derrota, 8 GP, 8 GC
Itália 2 x 1 México
Itália 4 x 3 Japão
Itália 2 x 4 Brasil
2ª participação no torneio
Melhor campanha: fase de grupos (2009)
A definição da fase decisiva da Copa das Confederações de 2013 promoveu uma composição histórica entre os semifinalistas do segundo torneio mais importante organizado pela Fifa. Em toda a história, esta é apenas a terceira vez em uma disputa senior reúne quatro campeões do mundo na semifinal.
Mundial, Copa das Confederações, Olimpíada, Eurocopa, Copa América etc.
Anteriormente, apenas os Mundiais de 1970 (Brasil, Itália, Alemanha e Uruguai) e 1990 (Alemanha, Argentina, Itália e Inglaterra) tiveram este contexto. Mas não é só isso. No evento teste em vigor, brasileiros, italianos, uruguaios e espanhóis somam 12 conquistas mundiais, no maior número já visto de taças agregadas.
A marca passada também foi estabalecida na Copa das Confederações, em 2005, com o penta Brasil, a tri Alemanha e a bi Argentina, somando dez títulos.
Desta vez, o penta Brasil, a tetra Itália, o bi Uruguai e a atual campeã Espanha.
Títulos mundiais em campo: 1930, 1934, 1938, 1950, 1958, 1962, 1970, 1982, 1994, 2002, 2006 e 2010.
Haja tradição em campo…
Sobre conquistas na Copa das Confederações, em sua 9ª edição, apenas a Seleção já levou o torneio, e em três oportunidades.
Nunca uma seleção sofreu tantos gols em um torneio senior da Fifa.
Em três partidas, atuando no Mineirão, Maracanã e Arena Pernambuco, o Taiti levou nada menos que 24 tentos de nigerianos, espanhóis e uruguaios.
O recorde durava exatos 60 anos, com a campanha da Coreia do Sul no Mundial de 1954. Na ocasião, em dois jogos, os asiáticos foram vazados 16 vezes.
Assim, segundo a fria estatística, o pequeno país da Oceania entrou na história pela porta dos fundos. Contudo, o Taiti deixa uma imagem muito mais grandiosa, através do fair play. Esbanjando carisma, o time foi abraçado pelo público brasileiro, numa paixão curiosa. De tão frágil, virou atração por onde jogou.
Aos jogadores amadores da equipe do pequeno arquipélago a campanha neste torneio era um verdadeiro sonho, desejando não acordar nunca.
Sonho que chega ao fim neste domingo, com mais uma goleada daquelas…
Até esta tarde, esses humildes desconhecidos defendiam o Taiti em uma Copa das Confederações, com partidas exibidas para todo o mundo.
Após o apito final do árbitro português Pedro Proença, nomes como Tehau, Meriel, Caroine, Hnanyine e Chong Hue tiveram um gesto emocionante.
Agradecimento ao carinho recebido em todos os jogos, eles deram uma verdadeira volta olímpica com a bandeira do Brasil. O público aplaudiu de pé.
A viagem de volta será longa, até o outro lado do mundo. Lá, deverão cair no esquecimento. Voltam à pacata rotina no Taiti, como estudantes, contadores, entregadores, vendedores de celulares, alpinistas e até desempregados…
O padrão vermelho e branco na competição de 2013 é a prova viva para sempre de uma viagem inacreditável proporcionada pelo futebol. Obrigado, Taiti.
O aguardado pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em rede nacional sobre as manifestações no país, na noite desta sexta, durou sete minutos.
Falou sobre mobilidade, saúde e prometeu receber os líderes dos movimentos.
Garantiu o uso da verba do petróleo na educação. Um ganho. A presidente citou que o enorme gasto com estádios foi “fruto de financiamentos e será pago”.
“Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal.”
Contudo, não parece tão simples o pagamento desta conta bilionária, através das empresas e governos que irão explorar os estádios. Sobre o Mundial, ela sequer cogitou a não realização do maior torneio de futebol no país em 2014.
No fim, provavelmente pelas manifestações batendo nas portas das arenas em plena Copa das Confederações, Dilma fez um apelo.
“O Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte. Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria, é assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacífica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.”
Qual é a sua opinião sobre a declaração da presidente em relação à Copa?
No Maracanã a diferença técnica era abissal, inacreditável.
Espanha, campeã do mundo e bicampeã europeia. Número 1 no ranking mundial. Aula de futebol a cada apresentação.
Taiti, amadorismo num país minúsculo. Campeão da Oceania, mas em 138º no ranking. Ambos participantes da Copa das Confederações de 2013, no Brasil.
Nunca uma fase final de um torneio senior da Fifa havia colocado frente a frente em campo um contexto assim. A goleada no renovado Maracanã era absolutamente previsível. A dúvida era o resultado final. De quanto seria?
No bolão da redação do Diario de Pernambuco, por exemplo, o pitaco do blog foi um modesto “9 x 0”. Houve aposta com até doze gols espanhóis…
Mesmo atuando com o time reserva e sem pressa alguma para atacar, o time dirigido por Vicente Del Bosque goleou como se esperava, por 10 x 0.
Foi o maior placar já visto num torneio profissional de seleções da Fifa.
Superou o jogo Hungria 10 x 1 El Salvador, na Copa do Mundo de 1982.
Ordem dos tentos húngaros: 4, 11, 23, 50, 54, 69, 70, 72, 76 e 83.
Melhor arranque: 4 gols em 8 minutos.
Ordem dos tentos espanhóis: 5, 31, 33, 39, 49, 57, 64, 66, 78 e 89.
Melhor arranque: 3 gols em 9 minutos.
A diferença acabou sendo o gol salvadorenho anotado por Luis Ramirez…
As mudanças na organização foram pontuais, tanto na mobilidade do público quanto na operação da arena, mas necessárias para uma transformação.
O duelo entre italianos e japoneses foi superior não só no gramado como em todo o contexto de gestão em relação ao primeiro jogo no estado, entre espanhóis e uruguaios. Em campo nesta quarta, como se sabe, uma partida movimentadíssima do primeiro ao último instante, com sete gols e aplausos incessantes no fim.
Fora, a torcida também foi bem tratada, como deveria ser sempre, vale ressaltar, mas como todos esperavam que tivesse acontecido sobretudo no domingo, na primeira partida da Copa das Confederações por essas bandas.
Desta vez, o deslocamento do público teria a concorrência da rotina normal da cidade, no meio de semana. O ponto facultativo dos servidores não foi suficiente para esvaziar as ruas, como acontecera na primeira rodada.
Considerando isso e o fato de que o borderô foi quase o mesmo, com 40.489 pessoas, contra 41.705 de três dias atrás, como poderia melhorar?
Acredite, melhorou. A repercussão da estreia foi incrível. Incrivelmente negativa, diga-se. Só a postagem do blog foi compartilhada 1.400 vezes no facebook (veja aqui).
Mas os relatos dos torcedores mudaram. Fizeram questão de comentar nas redes sociais sobre o tempo gasto para ir e voltar. Vários com até uma hora a menos em cada trecho. Muitos com experiência nos dois jogos, no mesmo roteiro.
Nada de ideias geniais para mudar a execução do transporte. Na verdade, foram medidas óbvias, que muitos cansaram de citar, inclusivo o blog. Com atraso, mas antes tarde do que nunca, foram tomadas pelo governo do estado. Vale citar algumas, até para comprovar que eram ideias simples.
A mais importante delas foi gerar uma vazão maior na Estação Cosme e Damião, cuja escada da plataforma, minúscula, era inviável para o desembarque de 1.100 pessoas a cada trem.
Foram colocadas duas saídas provisórias na estação, evitando aglomeração. Evitou também o efeito cascata, pois os outros trens não precisaram ficar retidos nas estações até que a estação mais próxima à arena fosse liberada, como anteriormente. Também ajudou no sincronismo metrô/ônibus, uma falha irritante.
Na chegada ano complexo da arena, a revista de segurança na torcida foi bem maior. Um por um. Possivelmente porque havia mais tempo. Antes, com a fila abarrotada, ou liberava os torcedores ou eles não assistiriam à Fúria.
Dentro do estádio, aleluia, lixeiras foram colocadas no banheiros – tinha como ser mais óbvio?. Lixeiras também no entorno. O torcedor precisa ter um mínimo de educação, mas esse estímulo também precisa existir, como contrapartida. O foco foi maior na limpeza.
Nos bares, a venda de produtos foi descentralizada. Refrigerante, cerveja e pipoca puderam ser encontrados em quiosques nos corredores e com vendedores equipados com mochilas, desobstruindo as lanchonetes
Na saída do jogo, com a enorme massa humana mais uma vez no gradil até o ponto de ônibus expresso para a estação de metrô, mais policiais. Ou seja, mais organização e uma fila de fato.
Paralelamente a esse caminho via metrô foi criado um segundo estacionamento, somado ao Parqtel. Na verdade, foi utilizado o espaço da UFPE, com ônibus através da BR-408, uma estrada duplicada para a Copa e que parecia bastante subutilizada até então. A rodovia federal se mostrou essencial. Isso, claro desafogou o metrô.
Pois é. Nenhuma medida mirabolante foi tomada. Bastava ouvir o próprio público.
A nota 8 dada pela Secopa na estreia foi irreal. Desta vez sim, um legítimo 8.
Os produtos oferecidos na Arena Pernambuco estão realmente acima dos preços conhecidos nos estádios de futebol do país.
Um latão de cerveja Brahma por R$ 9… Um latão de Budweiser por R$ 12.
Mas as filas no primeiro jogo na Copa das Confederações mostraram que o público parece disposto a consumir mesmo assim. Tanto que antes do fim do primeiro tempo muitos produtos já haviam esgotado nas prateleiras.
Mas vamos a um outro ponto, a qualidade da comida oferecida. O registro acima é do cachorro-quente vendido na arena no jogo Itália x Japão.
Pão e salsicha, sem molho, por R$ 8. Nem tão Padrão Fifa assim…
Inferior a qualquer barraquinha no entorno do Arruda, Ilha do Retiro ou Aflitos.