Concorrência divide o Campeonato Brasileiro na televisão por assinatura. Cenário em 2019? Manchete em 1999

Campeonato Brasileiro sendo disputado por Esporte Interativo e Globo na TV por assinatura a partir de 2019. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A press

A Rede Globo e o Esporte Interativo travam uma batalha nos bastidores pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro na tevê por assinatura a partir de 2019. Ambos vêm tendo seguidos encontros com dirigentes dos clubes mais populares do país para firmar o novo acordo. Enquanto a emissora carioca busca estender a duradoura hegemonia, com propostas de mais dois anos, o canal controlado pela gigante Turner Broadcasting System, e que ainda tenta entrar na Sky, propõe cinco temporadas (até 2023) e ofertas mais generosas, num rateio de até R$ 600 milhões anuais, dividindo no modelo de cotas da Premier League (50% igualitário, 25% audiência e 25% rendimento). Mesmo com valores supostamente mais baixos, a Globo teria a seu favor o know-how e a maior visibilidade, o que corresponde a uma maior atração de patrocinadores.

Segundo uma reportagem da ESPN, Sport, Corinthians, Vasco e Botafogo já estariam apalavrados com a Globo. Do outro lado, Santos, à frente das conversas, Grêmio, Inter, Flu, Coritiba, Atlético-PR e Bahia negociam abertamente com o EI.

Então, vamos às consequências do possível acordo paralelo. Sendo direto: um jogo só pode ser transmitido se os dois clubes concordarem, segundo o artigo 42 da Lei Pelé, na redação dada pela Lei 12.395, de 2011.

“Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem”.

Ou seja, o Sportv, braço esportivo da Globosat nas operadoras, só poderia transmitir os jogos com os seus clubes contratados. Idem com o EI. No choque contratual, não haveria transmissão. A não ser em caso de acordo. 

Neste ponto, o próprio passado do futebol nacional ensina. Em 1999, o extinto Clube dos 13, então formado por 16 clubes, acertou com o pool Globo, Sportv e Premiere (PPV). Além dos membros da associação presentes na elite daquela temporada (13 equipes), entraram no bolo Ponte Preta, Gama e Botafogo de Ribeirão Preto. Ao todo, US$ 70 milhões pelos direitos, com a diretoria do Corinthians sendo a última a assinar. Seis clubes não toparam, mas não ficaram de braços cruzados e fizeram um contrato à parte com a concorrente, a ESPN Brasil. Na ocasião, não houve unificação dos canais, com 96 dos 231 jogos da primeira fase sem exibição na TV fechada. Isso correspondeu a 41% do calendário. Lembrando que atualmente 100% das partidas (380) são exibidas.

O curioso é que a briga também envolvida as operadoras, pois o Sportv já estava alinhada à dupla Net/Sky, enquanto a ESPN só passava na antiga TVA/Directv. Lembra o novo quadro, com um dos canais subjugados.

Brasileirão de 1999
Sportv
Sport, Flamengo, Botafogo, Vasco, São Paulo, Corinthians, Santos, Palmeiras, Ponte, Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio, Inter, Coritiba, Gama e Botafogo-SP

ESPN Brasil
Atlético-PR, Vitória, Guarani, Portuguesa, Juventude e Paraná

Transmissões na televisão por assinatura:
SporTV/PPV – 120 (51,9%)
ESPN Brasil – 15 (6,5%)
Sem exibição – 96 (41,6%)
Total – 231

Pode ser um leilão apenas, mas a quebra de paradigmas na transmissão da Série A nunca esteve tão perto de se repetir. Supondo que os sete clubes em negociação assinem com o Esporte Interativo, o canal teria 42 jogos exclusivos em sua grade. Em caso de choque nos contratos da tevê fechada, desta vez o pay-per-view não sofreria alteração, pois trata-se de um terceiro negócio, distinto. A ruptura seria exclusivamente na tevê por assinatura, como em 1999.

11 Replies to “Concorrência divide o Campeonato Brasileiro na televisão por assinatura. Cenário em 2019? Manchete em 1999”

  1. O Esporte Interativo está chegando forte e “comendo belas beiradas”. Pertencente ao poderoso grupo estadunidense Turner, o Esporte Interativo, do qual sou mais um telespectador e admirador, agora via NET, vem revolucionando a divulgação dos clubes de futebol, principalmente dos esquecidos das regiões não privilegiadas (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Além de distribuir melhor os recursos financeiros para os clubes, o EI realiza contratos de transmissões de jogos embasados nos princípios da democracia, da honestidade, da justiça e da transparência, coisas absolutamente estranhas aos “princípios” da emissora monopolista atual. Se continuasse do jeito que estava, o esporte mais querido pelo povo brasileiro estaria fadado ao fracasso mundial. Para o bem do nosso futebol, e para o seu resgate, o Esporte Interativo será, brevemente, referência em transmissões e contratos. Viva a concorrência e viva a democracia !

  2. a grande raiva e ver times o tao grande como sao paulo – cruzeiro – palmeira – santos – internacional – e os demais a ceita recebe tao pouco da globo e corinthians e flamengo recebe tudo isso 170 mi

  3. O santa cruz deveria se juntar nesse bloco com o santos e demais quem sabe consiga ao melhor.

  4. Gosto do EI espero que chegue a fechar com a compra do brasileiro para sair de Globo que manda e desmanda no Brasil.

  5. Eduardo, na minha opinião esse é o ponto. A distribuição de cotas não pode ser essa caixa preta: tem que ser transparente e seguindo um critério objetivo, como é na Premier League. Fazendo negociação individual, e muitas vezes sigilosas, acontece o que ocorreu esse ano: a cota do Sport aumentou de 27mi para 35mi, mas a dos outros times aumentou MUITO mais (ex. Flamengo passou de 110mi para 170mi). Ou seja, o que parece ser um bom negócio é, na verdade, uma grande roubada.

    Na minha opinião, qualquer modelo que não inclua critérios de distribuição claros e objetivos para todos (negociação conjunta) é uma furada.

  6. Apenas uma coisa a dizer: FIM DA ESPANHOLIZACAO DO NOSSO FUTEBOL e fora RGT !!!! Isso sim é evolução pro nosso futebol.

  7. Não tem como afirmar que o SPORT fez um mal negócio, porque não foi divulgado e nem vai ser o valor que a GLOBO irá pagar ao SPORT. Como a diretoria leonina esta calada presumo que deve ter sido muito melhor que o do ano passado.

  8. É simples , os clubes acordam entre si a autorização para o que o outro clube possa transmitir o jogo em seu canal original de assinarltura e vice versa.
    Assim os clubes negociaram individualmente podendo escolher a melhor a oferta entre os canais e os jogos continuariam com 100% de cobertura

  9. Bom mesmo seria se as duas TVs assinassem com os clubes e passassem os jogos em horários diferenciados, como ocorre na Inglaterra. Juntava o bolo todo e dividia 50% igual entre todos os clubes, 25% de acordo com a campanha anterior e 25% com a audiência gerada. Daí era só equilibrar a tabela de forma a não haver uma concentração de um clube jogando no mesmo horário.

  10. Cássio, vale destacar que segundo a reportagem da ESPN o EI está propondo distribuição das cotas seguindo o modelo Premier League (50% igual para todos, 25% audiência, 25% desempenho). Se isso for verdade e mesmo assim o Sport estiver fechado com a Globo é bronca. Seria uma bola fora grande da diretoria.

    Nota do blog

    Vale demais o adendo, Júlio. Inclusive foi vacilo na primeira versão do post. Texto ampliado!

  11. A é que deve ser revista, fazendo com o que o contrato do mandante da partida prevaleça ( na TV fechada). Se não me engano, é por essa razão que o jogo Barcelona x Real Madrid não seja exibido pela ESPN.

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