O formato atual de distribuição de receita do Campeonato Brasileiro tem data para acabar. Vai até 2018, com todos os contratos possíveis através da Rede Globo – tv aberta, tv fechada, PPV, sinal internacional e web. A partir de 2019, com a entrada do Esporte Interativo na tevê por assinatura, haverá uma divisão, de clubes e receitas. Forçada pela concorrência, a Globo resolveu adotar um sistema semelhante ao da Premier League. A divisão será 40% em parcelas iguais, 30% em rendimento e 30% em audiência, em vez de 50%, 25% e 25% da liga inglesa. Valerá por seis edições, englobando a transmissão aberta – o pay-per-view segue à parte. Hoje, 21* clubes estão acordados com a emissora para o período, incluindo Náutico, Santa Cruz e Sport. Todos eles se reuniram no Rio com a cúpula do canal, com o diretor-geral Carlos Henrique Schroder presente. Debateram o “futuro”. Foi a primeira vez que a empresa se pronunciou publicamente sobre o novo modelo (veja aqui).
Embora clubes como Bahia, Coxa e Santos tenham assinado com o Esporte Interativo, a tendência é que sigam com a Globo no sinal aberto. Logo, a regra deve ser geral. Como curiosidade, o blog simulou as cotas da Série A de 2017 com o novo modelo. O montante de “cotas fixas” é de R$ 1,306 bilhão, já com a ampliação recente da Chape, que passa a ganhar R$ 32 mi, em vez de R$ 23 mi. Para a projeção, a única ressalva seria a receita do SportTV, presente no número, mas que seria repassada apenas aos contratados da Globo, claro. Portanto, em vez do atual sistema de (oito) castas, com um hiato de R$ 147 milhões entre a maior cota (Flamengo e Corinthians) e a menor (Ponte, Avaí e Atlético-GO), a diferença máxima seria a metade disso, R$ 73 milhões. No caso, entre Flamengo e Avaí, recém-promovido. Mais equilíbrio.
* América-MG, Atlético-GO, Atlético-MG, Avaí, Brasil-RS, Chapecoense, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Inter, Londrina, Náutico, Ponte Preta, São Paulo, Sport, Santa, Vasco, Vila Nova e Vitória.
No quadro, o blog projetou a cota conferindo os seguintes valores na divisão por classificação em 2016: 20x para o campeão (ou seja, 20 x R$ 1.865.714, o valor base), 19x para o vice, 18x para o 3º lugar e assim sucessivamente, até o 4º da Série B, com 1x. Já na coluna de audiência, o valor considerado foi 30% da verba que cada clube receberá de fato, pois trata-se da única fonte de informação para definir a atual visibilidade de cada um neste momento.
Lembrando que essa demonstração é referente apenas às cotas fixas. É importante reforçar isso pois há o rateio de meio bilhão de reais no PPV, através do Premiere, até então calculado pelo número de assinantes apurado em pesquisa do Datafolha, ampliando a disparidade. Em 2015, o Sport, com 1,4% dos assinantes, ganhou R$ 6,75 milhões. O Fla, com 19,2%, recebeu R$ 68 mi. E aí deve estar o grande segredo sobre a mudança no formato, pois o impacto econômico do PPV segue ascendente no bolo – mantendo Fla e Timão bem à frente. Hoje, corresponde a 27,6%. Em 2019, já salta para 33,2%, com 650 milhões de reais. Imagine em 2024…