Luciano do Valle, o homem que colocou o futebol pernambucano na TV

Luciano do Valle, narrador da Band

Até 1999, o Campeonato Pernambucano jamais havia sido transmitido de forma regular na televisão. No máximo, alguns clássicos e decisões. Ainda assim, de forma intermitente. A última final exibida na tevê aberta, por exemplo, tinha sido em 1995.

Foi quando o narrador e apresentador Luciano do Valle decidiu apostar no mercado local. Ele já tinha tido uma experiência no Recife, quando exibiu para todo o país, na Band, a rodada de abertura do Estadual de 1996.

Portanto, Luciano tinha consciência do que estava fazendo ao comprar os direitos de transmissão de todo o campeonato por R$ 600 mil, com cotas de R$ 90 mil para Náutico, Santa Cruz e Sport. Ele mudou até a grade, com jogos ao vivo nas noites de segunda-feira, às 20h30, na TV Pernambuco, lançando inclusive Rembrandt Júnior. A emissora era de porte mínimo, mas com um novo produto, até então subestimado.

Os índices de audiência foram impressionantes, chegando aos 50 pontos, algo inacreditável para um canal que não saía do “traço”. Era o início de uma nova era.

O sucesso obrigou a Rede Globo Nordeste a se mexer, adquirindo o pacote completo em 2000, com as tevês aberta e por assinatura. Gastou R$ 1,92 milhão pelas quatro edições seguintes. Desde então, a emissora mantém a exclusividade na transmissão junto à FPF, já com contrato renovado até 2018.

Neste sábado, Luciano do Valle faleceu aos 66 anos, deixando um legado imenso na imprensa esportiva do país, com 43 anos de carreira na telinha.

Em Pernambuco, Luciano foi ainda mais importante para o futebol.

Foi o maior responsável por disponibilizar nas casas de todos os torcedores locais os jogos dos seus times. O que hoje é natural, começou por causa dele.

Proposta do Brasileirão com 664 clubes nas Séries A, B, C, D e E. Na última divisão, microrregiões

Cálculo do Bom Senso FC sobre a Séries C, D  e E (projeto). Crédito: facebook.com/BomSensoFC14

O Campeonato Brasileiro, com esta alcunha, surgiu em 1971.

No mesmo ano foi criada a segunda divisão nacional, intermitente. A terceirona teve a sua primeira edição disputada em 1981.

O quarto degrau do nosso futebol, já batizado de Série D, foi implantado em 2009. Por enquanto, o modelo profissional, via CBF, segue com quatro divisões.

Mas há quem imagine uma quinta divisão oficial. Sim, a Série E!

Somando todas as divisões, essa proposta totalizaria 664 times em ação. Já pensou?

De acordo com os dados do movimento Bom Senso FC, em apenas 22% dos jogos das Séries C e D os times se deslocam de ônibus. No restante das partidas, ou 78%, as viagens ocorrem de avião, elevando bastante o custo. Não por acaso, a despesa de cada jogo fica em R$ 100 mil, a partir do subsídio da Confederação Brasileira de Futebol.

O Bom Senso estipula um gasto bem menor para a CBF, de R$ 10 mil, desde que em 91% das partidas os clubes façam viagens de ônibus.

O investimento bruto da CBF seria o mesmo, de R$ 40 milhões, mas podendo incluir até mesmo uma quinta divisão. Nas últimas três séries (C, D  e E), os campeonatos seriam “microrregionalizados”, algo como grupos com Pernambuco/Paraíba e Alagoas/Sergipe.

Somente na reta final haveria cruzamento com outras áreas, ainda assim, de forma regionalizada. Nada de clube atravessando o país para jogar. Só nas duas primeiras divisões, já estruturadas financeiramente (patrocínio e tevê).

Segundo o movimento dos jogadores, essa (enorme) mudança poderia evitar que 16 mil dos 20 mil atletas profissionais do país ficassem seis meses parados no ano. O mesmo ocorre com 583 dos 684 clubes do Brasil.

Confira as propostas do Bom Senso para as cinco divisões do Brasileirão.

Proposta do Bom Senso FC para as Séries A e  B

Proposta do Bom Senso FC para a Série C

Proposta do Bom Senso FC para a Série D

Proposta do Bom Senso FC para a criação da Série E

As primeiras Cidades da Copa, ainda no papel

Projeto da Cidade da Copa, na versão divbulgada em 2009. Crédito: governo do estado

O projeto da Cidade da Copa foi desenvolvido durante oito meses em 2008.

Concebido pelo Núcleo Técnico de Operações Urbanas do governo do estado (NTOU), a nova centralidade urbana, que começaria a partir de um novo estádio de futebol, foi apresentada oficialmente em 15 de janeiro de 2009.

Desde então, já sob contrato com a Odebrecht, através de uma parceria público-privada, o megaempreendimento em São Lourenço da Mata tornou-se mais elaborado, sofrendo algumas modificações.

Cinco anos depois, à parte da Arena Pernambuco, o restante do projeto de R$ 1,59 bilhão ainda não saiu do papel, por mais que o primeiro módulo estivesse previsto para 2014.

No entanto, é possível notar a diferença entre o esboço da ideia original e a versão mais recente da Cidade da Copa. Sempre no 3D, claro.

O cronograma de obras aponta a maturidade do futuro bairro em 2025.

Projeto da Cidade da Copa, na versão divbulgada em 2012. Crédito: governo do estado

Nordestão com 8 mil pessoas no estádio e mais 1,6 milhão de torcedores na televisão

Audiência na TV na Copa do Nordeste 2014. Crédito: Esporte Interativo

A média de público na Copa do Nordeste foi de 8.286 torcedores as arquibancadas.

Na televisão, o índice do torneio de 2014 foi muito maior.

De acordo com os dados do Ibope MW Parabólica, as 62 partidas do regional tiveram uma audiência média de 1,6 milhão de telespectadores. Por minuto, essa marca chegou 315.987 pessoas sintonizadas.

O alcance geral, considerando a transmissão do Esporte Interativo, foi de 19,4 milhões de torcedores.

Na finalíssima, entre Ceará e Sport, o recorde, com 4,5 milhões de telespectadores, uma vez que a emissora também passou nas principais operadoras do país, Sky e Net, através de uma parceria como canal Space.

Vale lembrar que trata-se de um canal de tevê por assinatura…

O Campeonato Pernambucano, medido pelo Ibope Media Workstation, tem um audiência média de 555 mil telespectadores na Rede Globo Nordeste, com exibição aberta para todo o estado.

Fica claro que o público consumidor do futebol local existe e é considerável.

Seleção do blog para o Pernambucano 2014

Votação do blog para o Troféu Lance Final 2013

O Troféu Lance Final chega a sua 12ª edição consolidado como a premiação oficial para a seleção dos melhores jogadores do Campeonato Pernambucano.

Como nos anos anteriores, a votação de 2014 acontece antes da decisão, desta vez entre alvirrubros e rubro-negros, tirando um certo peso da escolha final. A seleção é feita com profissionais da imprensa esportiva do estado de vários veículos de televisão, rádio, impresso e internet.

Acima, o registro da equipe votada pelo blog, seguindo o regulamento da Rede Globo Nordeste, que organiza a enquete.

Dos votos possíveis, o alvirrubro Luiz Alberto teria lugar na defesa, mas a lesão no meio da competição o tirou da formação. Situação semelhante a de Carmona? Sim, mas o meia já era apontado como grande destaque.

Sobre a revelação, o zagueiro Flávio ganhou a preferêcia por estar em sua estreia, já que Marcos Vinicíus e Renê, que atuaram bem, disputaram outras edições. Além da seleção do campeonato, eis os votos nas demais categorias

Técnico: Eduardo Batista (Sport)
Craque: Durval (Sport)
Jogador revelação: Flávio (Náutico)
Árbitro: Emerson Sobral
Assistentes: Albert Júnior e Charles Rosas

Os vencedores do prêmio serão anunciados após a final da competição. Qual é a sua para o campeonato estadual desta temporada? Comente.

Confira a votação do blog na edição passada do Troféu Lance Final aqui.

Nova divisão na arena, agora com todos os setores e visitantes esgotados

Ingresso para a torcida visitante (do Sport) no setor inferior norte da Arena Pernambuco para a decisão de 2014. Crédito: twitter.com/kelmelo_scr

A setorização dos clássicos na Arena Pernambuco costuma reservar o anel superior norte para os visitantes. Foi assim nos jogos do Náutico contra Sport e Santa Cruz desde a abertura do empreendimento, em maio de 2013.

Seria o mesmo formato para a final do Estadual de 2014, apesar da maior carga disponibilizada até então, de 6.400 entradas.

Porém, esse planejamento já considerava a possibilidade de comercializar bilhetes para a torcida visitante no anel inferior. Dependia da demanda.

Foi o que aconteceu para a finalíssima do 100º Campeonato Pernambucano.

A seis dias do último Clássico dos Clássicos da temporada, todos os ingressos para o Leão já estão esgotados, com anel superior, camarote e anel inferior. Fato confirmado ao blog pela administração da arena.

Aos demais leoninos, portanto, só pela televisão.

Vale lembrar que são 26.600 para os alvirrubros. Por questão de segurança, não haverá em zona mista para a final – o local será apenas do mandante.

E mais, o torcedor visitante que comprar ingressos para a área do Náutico será retirado pelo Batalhão de Choque, numa fiscalização (necessária) bem maior àquela vista a Copa Sul-Americana, também com o clássico centenário.

A expectativa é de um público acima de 30 mil pessoas…

Observação: há uma reserva técnica de cinco mil bilhetes, dos quais 1.000 para os visitantes. Porém, esse lote só será liberado se a carga original for esgotada.

Mundial injeta R$ 30 bilhões no PIB. Desde que o gasto não esteja subestimado

Projeção de receita no Brasil na Copa do Mundo 2014. Crédito: twitter.com/copagov (Fipe)

A Copa do Mundo de 2014 pode gerar um acréscimo de R$ 30 bilhões no produto interno bruto (PIB) do Brasil.

Achou a projeção alta?

Mas é o que aponta o estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), encomendado pelo Ministério do Turismo.

A mesma entidade levantou um aumento de R$ 9,7 bilhões no PIB do país por causa da Copa das Confederações de 2013, com 303 mil empregos. No torneio, só o Recife teve um ganho de R$ 932 milhões (veja aqui).

No novo cálculo, o gasto com o Mundial, somando infraestrutura e estádios (doze ao todo), seria de R$ 25,6 bilhões, segundo a matriz de responsabilidades…

Há quem estime a despesa geral em um valor duas vezes maior. E isso é essencial para a economia total gerada pelo Mundial. A conferir.

Superclássico das Américas remodelado para o mercado estrangeiro

Argentina (Messi) x Brasil (Neymar), o Superclássico das Américas. Crédito: Site Oficial da Conmebol

Argentina e Brasil selaram um acordo para a volta da Copa Roca em 2010.

O tradicional torneio de futebol entre os dois países ocorreu de forma intermitente entre 1914 e 1976.

Foi retomado em 2011, já rebatizado de Superclássico das Américas.

A ideia era um mata-mata com jogos de ida e volta, um em cada país, sempre revezando o local da segunda partida, apenas com atletas em ação nos campeonatos sob as chancelas da AFA e da CBF.

O Brasil ganhou em 2011 e 2012 e a taça foi esquecida no ano seguinte. O curioso é que o tal acordo firmado era de oito edições até 2018…

Pois bem. O Superclássico das Américas voltará mais uma vez, já confirmado pela Conmebol. Um retorno revitalizado.

Agora, em jogo único, em 11 de outubro de 2014. Onde?

No Ninho do Pássaro, em Beijing.

Por se tratar de uma data Fifa, qualquer jogador poderá ser convocado, incluindo Lionel Messi e Neymar, que já estão na imagem de divulgação da própria confederação sul-americana.

De fato, o nível técnico do duelo será melhor. Entretanto, com essa nova visão de mercado, fica mais difícil que o troféu seja disputado em cidades brasileiras e argentinas.

Retorna, na verdade, o velho costume de clássicos em campo neutro. Foi assim em amistosos na Inglaterra (2006), no Catar (2010) e nos Estados Unidos (2012). Agora, na China.

Superclássico das Américas, com a torcida de argentinos e brasileiros na tevê.

Sport vence o Náutico e leva à arena a vantagem do empate pelo 40º título

Pernambucano 2014, final: Sport 2x0 Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

O Sport enfrentou o Náutico na Ilha do Retiro pela terceira vez neste ano.

Até esta quarta, eram duas vitórias alvirrubras, com características parecidas. O visitante fechadinho, taticamente ajustado e jogando por uma bola.

Desta vez, o mandate se impôs e enfim venceu, 2 x 0. Logo na decisão…

Abrindo com vitória a final do 100º Campeonato Pernambucano, o Leão jogará por um empate na arena, dentro de uma semana. Ao Alvirrubro, mais um ato de superação num mata-mata, com vitória no tempo normal e nos pênaltis, como já ocorreu com Sergipe (Copa do Brasil) e Salgueiro (Estadual).

O placar foi construído com basicamente um time atacando. Diante de 26.173 torcedores, o Sport forçou logo, mas as três primeiras boas jogadas chegaram nos pés de quem não tem muito faro de gol no ataque, Felipe Azevedo.

No primeiro tempo, Neto Baiano só foi acionado uma vez, desperdiçando uma grande chance numa cabeçada. No Náutico, o meia Zé Mário era disparado o mais ligado em campo, mas ofensivamente não rendeu tanto porque a estrutura timbu era toda atrás da linha da bola, com os laterais presos na marcação.

Pernambucano 2014, final: Sport 2x0 Náutico. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

O segundo tempo começou morno, mas aos poucos o dono da casa foi tocando mais a bola, com os volantes trabalhando bem. O primeiro gol saiu aos 19 minutos, com Neto ajeitando bem a bola para Patric encher o pé, mostrando que aprendeu a chutar.

O Alvirrubro, claro, teria que sair para o jogo, algo que não precisou nas duas vitórias anteriores. Aí ficou exposta a dificuldade crônica da equipe até aqui. Com o time remendado, Lisca optou logo pelo abafa, tentando conseguir faltas próximas áreas – assim saiu o gol de Marcus Vinícius no clássico passado.

Como na semi, em casa, o Sport teve maior posse (63%) e, consequentemente, mais chances. O segundo gol saiu aos 39 minutos, com Neto Baiano, fazendo até dancinha (quase esquecendo que ainda tem outro jogo).

O Timbu ainda teve um gol mal anulado aos 43, com o auxiliar Elan Vieira enxergando impedimento de Marcelinho. O lance poderia ter colocado fogo no jogo. Ao menos não há saldo no confronto, o que aumentaria o erro

Pernambucano 2014, final: Sport 2x0 Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A.Press

Empate entre sertanejos e corais à procura de motivação

Pernambucano 2014, disputa do 3º lugar: Salgueiro 1x1 Santa Cruz. Foto: Jefferson Marques/SG10.com.br

A motivação para buscar um terceiro lugar no Estadual é nula. Em tese.

Depois de um tricampeonato, com disputar a medalha de bronze na sequência de uma frustração no ano do centenário?

Depois de perder nos pênaltis a chance de representar o interior na decisão, como correr mais 180 minutos pelo lugar mais baixo no pódio?

Só mesmo por um calendário decente na temporada seguinte.

Disputar a Copa do Nordeste, sobretudo, é primordial para o Santa Cruz.

Um revés diante diante do Salgueiro significaria entrar na disputa do Campeonato Pernambucano de 2015 no insosso primeiro turno ainda em dezembro deste ano.

Abrindo o mata-mata, no Sertão, com 7.618 torcedores na arquibancada, um empate em 1 x 1 nesta quarta, com gols de Kanu (Salgueiro) e Betinho (Santa), ambos no rebote, estendendo ainda mais a angústia deste confronto.

Na próxima terça, no Arruda, o Tricolor precisa confirmar o seu mando de campo (fez 7 x 0 no hexagonal) para garantir uma agenda básica para um grande clube.

O Carcará, porém, segue vivo para repetir 2013, quando participou do regional.

Assim, quem ganhar a disputa deve garantir no mínimo a cota de R$ 345 mil, válida pela primeira fase do Nordestão. Uma motivação que os jogadores precisam compreender…

Pernambucano 2014, disputa do 3º lugar: Salgueiro 1x1 Santa Cruz. Foto: Jefferson Marques/SG10.com.br