Sem alarde, a Arena vai atraindo Náutico, Santa e Sport, mas a meta segue longe

Arena Pernambuco na Copa do Mundo de 2014. Foto: Fifa/divulgação

A Arena Pernambuco foi concebida com a promessa, do governo do estado, de levar os 20 principais jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport. Seria a forma de viabilizar economicamente o empreendimento milionário.

Do oito cenários levantados pela consultoria inglesa Comperio Research, num estudo de viabilidade encomendado pelo consórcio, o mais vantajoso era justamente aquele com o trio. Com as 60 partidas e outros eventos (shows e convenções), o faturamento anual chegaria a R$ 86,2 milhões.

R$ 86,2 milhões – Sport, Santa Cruz e Náutico
R$ 64,4 milhões – Sport e Santa Cruz
R$ 60,4 milhões – Santa Cruz e Náutico
R$ 60,1 milhões – Sport e Náutico
R$ 31,6 milhões – Sport
R$ 30,1 milhões – Santa Cruz
R$ 27,3 milhões – Náutico
R$ 5,7 milhões – Nenhum clube

Como se sabe, apenas a direção do Timbu firmou um contrato, e não para 20, mas para todos os jogos. Contudo, o estudo mostrava um maior avanço justamente em caso de presença dos outros dois rivais.

Batendo o pé, ambos demoraram a pisar na arena como mandantes. Acabaram “obrigados” pela nova redação do Todos com a Nota, que regula a manutenção do programa subsidiado à disputa de pelo menos dois jogos no local.

Agora, um novo cenário, que já dá margem para outra interpretação…

Em seu segundo ano de operação, a direção do consórcio que administra o estádio passou a negociar pacotes de jogos em vez de tempos mais longos – provavelmente, entenderam as posições de rubro-negros e tricolores. O primeiro foi o Sport, com 6 jogos no Brasileiro – o clube só deve firmar outro tipo de contrato quando começar a obra de sua própria arena.

Agora é a vez do Santa anunciar a sua ida à arena, com quatro partidas na segundona. Em 2014, o clube já cumpriu os seus dois jogos pelo TCN (Porto e Luverdense). O novo foco é na renda bruta mesmo.

Então, o ano já tem ao menos 29 jogos do Náutico, 6 do Santa e 6 do Sport.

Segue longe da proposta máxima (e ideal), mas, sem larde, o cenário melhorou, ao menos no número de partidas realizadas.

Na parceria público-privada, o governo terá que suprir o rombo no faturamento anual caso a receita seja abaixo de 50% da previsão de R$ 73,2 milhões, segundo o aditivo assinado em 21 dezembro de 2010. Nota-se que o montante é inferior ao do estudo supracitado, mas mesmo assim a meta segue distante.

Até porque falta aumentar também a taxa de ocupação. Aí, será preciso concluir a estrutura de mobilidade. Acredite, isso hoje é o mais difícil…

A supercapacidade dos estádios pernambucanos até a década de 1980

Álbum do Campeonato Pernambucano de 1988, Santa Cruz. Crédito: acervo do Futuro Sport

Há 25 anos, os principais estádios pernambucanos eram bem distintos em relação ao ao conforto. Se o cenário ainda é precário, naqueles tempos eram poucos lugares com cadeiras e ainda havia gerais para o público acompanhar em pé. Não por acaso, as capacidades oficiais dos palcos eram bem maiores. Analisando hoje, é impossível não enxergar o tamanho do risco…

A partir do resgate do Futuro Sport, com o álbum oficial do Campeonato Pernambucano de 1988 digitalizado, foi possível ver os dados dos seis principais estádio daquela época, quando a palavra “arena” remetia basicamente à cidade de Roma.

100 mil lugares – Arruda
55 mil – Ilha do Retiro
35 mil – Lacerdão
30 mil – Aflitos
25 mil – Ademir Cunha
20 mil – Gigante do Agreste
Total: 265.000 lugares

Obs. No Mundão, a carga máxima chegou a ser de 110 mil pessoas, como mostra a reprodção do Diario de Pernambuco de 1983 (veja aqui).

Álbum do Campeonato Pernambucano de 1988, Sport. Crédito: acervo do Futuro Sport

Desde aquele álbum, o estádio Eládio de Barros Carvalho foi completamente remodelado, numa ação liderada por Rafael Gazzaneo, entre 1996 e 2002. Tal mudança fez com que a casa timbu tivesse a menor redução considerando o dado atual, publicado pela CBF no cadastro nacional de estádios, em agosto de 2013.

Já a Ilha do Retiro recebeu dois novos lances de arquibancada, ambos com 2.500 lugares entre cadeiras e camarotes, em 1997 e 2007, mas ainda assim a sua capacidade diminuiu. Um dos principais motivos foi a redução dos espaços segundo a Fifa, de 30 centímetros por pessoa para 50 centímetros.

60.044 lugares – Arruda (-39.956, ou -39,9%)
32.983 – Ilha do Retiro (-22.017, ou -40,0%)
22.856 – Aflitos (-7.144, ou -23,8%)
19.478 – Lacerdão (-15.522, ou -44,3%)
9.800 – Ademir Cunha (-15.200, ou -60,8%)
6.356 – Gigante do Agreste (-13.644, ou -68,2%)
Total: 151.517 lugares (-113.483 lugares, ou -57,1%)

As páginas: Santa Cruz, Sport, Náutico, Central, Paulistano e Sete de Setembro.

Álbum do Campeonato Pernambucano de 1988, Náutico. Crédito: acervo do Futuro Sport

Quando o Íbis fez o impossível em campo

Charge de Humberto no Diario de Pernambuco de 18 de junho de 1984, após a vitória do Íbis

O Íbis entrou no Guinness Book por causa de uma insólita marca.

Há trinta anos, o hoje folclórico clube ficou 55 partidas oficiais sem vencer…

O jejum só acabou em 17 de junho de 1984, quando o Pássaro Preto venceu o Santo Amaro por 3 x 1, diante de 76 fiéis pagantes nos Arruda. Triunfo de virada, com gols de Rui, Dedo e Sabará.

Até ali, a sequência contabilizava 44 derrotas e 11 empates.

Pernambucano 1984: Íbis 3x1 Santo Amaro. Foto: Diógenes Montenegro/DP/D.A Press

Antes da histórica partida, ainda houve a preliminar do campeonato de juniores, num empate sem gols. Era muita ruindade em campo.

Pelo 30º aniversário do recorde do Pior time do mundo, o Superesportes produziu uma reportagem especial sobre o Íbis. Confira aqui.

Ainda vale lembrar que no dia seguinte à histórica vitória sobre o time das Vovozinhas, no Estadual, o jornal publicou uma charge sobre o episódio, assinada peelo cartunista Humberto.

Reconheceu todos os mascotes na imagem?

Pernambucano 1984: Íbis 3x1 Santo Amaro. Foto: Diógenes Montenegro/DP/D.A Press

Podcast 45 minutos (51º) – Vitórias na Arena de Náutico e Sport e empate coral

Mais uma edição do 45 minutos no ar, com análises sobre os jogos dos times pernambucanos neste meio dee semana, com as vitórias de virada de Náutico e Sport na Arena e o empate do Santa em São Luís.

O 51º podcast teve 1h24min de gravação. Estou na discussão com Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro.

Ouça agora ou quando quiser!

“Vou ter uma guerra em cima de mim. Já sei disso”. Por um Estadual no meio da pré-temporada, segundo Evandro

O presidente da FPF, Evandro Carvalho. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

“Eu quero que alguém me diga como se faz um campeonato de futebol com apenas 12 datas. Me diga você”.

Durante uma conversa por telefone, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, não fez a menor questão de esconder a insatisfação com o calendário da CBF para 2015. O dirigente tem na confederação uma aliada a toda prova, ou quase isso, pois desta vez criticou a entidade, algo raríssimo em sua gestão.

Na ligação, tive que responder à indagação. Considerando que o Pernambucano tem doze clubes, poderia ser disputado com um turno completo, de onze rodadas, e uma decisão em jogo único entre os dois primeiros colocados.

A resposta foi imediata, quase esperando o formato…

“A gente também pensou esse regulamento aqui, mas onze jogos num turno e final de um jogo dexaria campeonato ridículo. É um absurdo! Os grandes (do Recife) vão jogar só uma vez? Cadê os clássicos, a renda? Essa situação (doze datas) vai dar muito trabalho para a gente conseguir um caminho legal. A CBF cedeu ao Ministério Público, ao Clube dos 13, ao Bom Senso FC, a todo mundo, mas acabou prejudicando os clubes pequenos.”

Questionado pelo blog se lutaria para ganhar mais algumas datas, ao menos para uma fase preliminar envolvendo os times intermediários, o mandatário não só confirmou o pleito como disse o que o aguarda…

“O ano do futebol profissional não pode começar só em 1º de fevereiro. Isso só funciona para os maiores times do país, que já estão até negociando amistosos internacionais. Enquanto isso, os pequenos não têm como ficar um mês sem atividade (a pré-temporada oficial será de 7 a 31 de janeiro). O menor contrato possível com um atleta é de três meses de duração. Os clubes não vão aceitar fazer isso para jogar só onze vezes. Não tem como! Vou lutar para ter jogos em dezembro e janeiro (como em 2013/2014, com a Taça Miguel Arraes). Vou ter uma guerra em cima de mim. Já sei disso…” 

A preocupação do mandatário deve-se à própria imagem, com a possível repercussão negativa de jogos no meio da pré-temporada país afora.

Apesar da norma exposta no novo calendário, o raciocínio de Evandro até faz sentido, sobretudo para os clubes menores. Impor o período de férias em dezembro é uma restrição às Séries A e B e aos melhores das Séries C e D. Isso contempla cerca de 50 times, num universo de 684 agremiações brasileiras em atividade. Atualmente, 16 mil dos 20 mil jogadores federados ficam seis meses parados, num estudo do próprio movimento Bom Senso (veja aqui).

Em seguida, Evandro, claro, valorizou o seu peixe…

“No Brasil, só dois campeonatos estaduais são rentáveis. São Paulo e Pernambuco (por causa do Todos com a Nota). Sem campeonato, não tem como manter os times do interior. Os times do Clube dos 13 (grupo que nem existe mais, mas numa afirmação válida para os grandes do Brasil) só pensam na sobrevivência deles.”

Vale destacar que o estado só terá doze datas por causa do Nordestão, que será realizado paralelamente. Na maior parte do país serão 19. Porém, apenas três pernambucanos disputarão as duas competições (Sport, Náutico e Salgueiro). Ou seja, o Santa só terá doze jogos até o Brasileiro…

Seguindo o prazo dado do Estatuto do Torcedor, a FPF tem até o fim de outubro para apresentar uma solução para a 101ª edição do Estadual. O presidente da federação encerrou a entrevista com uma sentença.

“O mínimo para um campeonato é ter 15 datas. Menos que isso não se faz”.

Ou seja, o mínimo seria justamente o regulamento adotado em 2014, com turno único e semifinal e final, ambos em ida e volta.

A última vez que um campeão pernambucano jogou no máximo doze partidas foi em 1943, quando o Leão foi campeão com apenas oito jogos, mas num torneio confuso, com oito jogos não realizados e no qual o Timbu pediu a desfiliação.

Você concorda com Evandro? Como você faria um torneio com 12 jogos?

Do projeto à arena, o longo trabalho de Eduardo. A mobilidade ficou no plano B

Eduardo Campos e Ricardo Teixeira (presidente da CBF) no Recife em 14 de março de 2007. Foto: Juliana Leitao/DP/D.A Press

O interesse do Recife na Copa do Mundo de 2014 era natural. Havia sido sede em 1950 e economicamente mostrava-se forte para repetir a história. As exigências de infraestrutura, claro, seriam bem maiores, começando pela oferta de um estádio moderno. Não cabia a nenhum dos palcos locais e o governo desde o começo não se mostrou disposto a articular qualquer reforma, por mais que existisse um lóbi para o Arruda através do plano de reforma com a Arena Coral. Com cinco meses de gestão, Eduardo Campos apresentou a candidatura do estado ao Mundial. Nada de São Lourenço da Mata, de Arena Pernambuco.

Já está caindo no esquecimento, mas a ideia inicial era a Arena Recife-Olinda, também com 45 mil lugares, mas encravada no bairro olindense de Salgadinho. O orçamento era de R$ 335 milhões, valor que rapidamente foi multiplicado pela necessidade de desapropriar quase todo o terreno selecionado. Durou algum tempo, até o último dia de inscrição de projetos em todo o país visando o torneio da Fifa. Em 15 de janeiro de 2009, num evento surpreendente, foi apresentada a Cidade da Copa, um novo complexo urbano na zona oeste da região metropolitana, tendo o estádio como mola mestra. Uma previsão de investimento em dez anos de R$ 1,59 bilhão.

Eduardo Campos assina o convênio com o Náutico para a Arena Pernambuco, em 17 de outubro de 2011. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Na ocasião, Eduardo Campos justificou a mudança como a necessidade de criar uma nova direção no crescimento do Recife e a facilidade na execução do projeto – apesar da pessão para desapropriar Jardim Penedo de Baixo, o pequeno centro rural que havia na área. Com a Arena Pernambuco, Pernambuco não só ganhou força na corrida da Copa do Mundo como se candidatou à Copa das Confederações de 2013. Neste caso, os laudos de execução não foram levados tão em conta. Valeu a articulação política (praxe), com junto a Ricardo Teixeira (então um interlocutor com a Fifa) e Lula (e a aproximação de Dilma, então aliada).

A cada declaração de Jérôme Valcke, batendo forte (e com justiça) na preparação brasileira, Pernambuco parecia mais longe do evento-teste. O torneio acabou crescendo mesmo, de quatro para seis sedes e Recife e Salvador foram confirmados em 8 de novembro de 2012. “A Copa das Confederações é matéria vencida”, dizia dias antes Eduardo Campos. O plano de aceleração da obra do estádio funcionou, com a antecipação da entrega em oito meses. O custo da arena, no entanto, extrapolou, dos R$ 532 milhões previstos para uma “projeção” de R$ 650 milhões.

Com mais de um ano de operação, o estádio segue sem o seu preço final, numa conta que Eduardo jamais respondeu – e que vingará até 2043, numa parceria público-privada cujo faturamento iniciou muito abaixo do esperado, com menos da metade dos R$ 73 milhões exigidos sob contrato anualmente. No presente, o estado tem em seu histórico uma realização de sucesso na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, com um total de oito jogos.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco, visita a obra do estádio em São Lourenço com Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Aldo Rebelo, ministro do Esporte, em 5 de março de 2013. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

Mais de 400 mil turistas vieram ao estado, entre brasileiros e estrangeiros, com aceitação acima de 90%, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (turista doméstico) e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (internacional). Índices puxados pela receptividade de um torneio inesquecível em todo o país, mas que não apagam, de forma alguma, os problemas vistos na mobilidade. Esse ponto era o de maior expectativa de transformação na capital, impulsionado pelos investimentos públicos no Mundial.

Entretanto, o atraso – haja burocracia – respingou forte no Mundial, com a criação de um plano B para o transporte, focado exclusivamente para os torneios, com estacionamentos e ônibus especiais, num cenário bem diferente daquele imaginado em 15 de janeiro de 2009. Mas algo precisava ser feito. Se a infraestrutura não foi plenamente entregue – as obras, ainda necessárias, ao menos continuam -, um plano paralelo foi perfeitamente executado. As duas Copas passaram. E o legado ainda é o grande desejo da população. Era o de Eduardo também, em outro ritmo.

Eduardo Campos pisa pela primeira vez no gramado da Arena Pernambuco, em 14 de abril de 2003. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Três dias de silêncio no futebol de Pernambuco

Os três grandes clubes do Recife decretaram três dias de luto ofical por causa da trágica morte de Eduardo Campos, ex-governador do estado de 2007 a 2014. Através dos sites oficiais, as agremiações prestaram homenagem. Abaixo, a íntegra dos textos.

Confira também as notas da FPF e da CBF.

Clube Náutico Capibaribe
Nota oficial do Náutico sobre a morte de Eduardo Campos

Ex-governador era um alvirrubro exemplar

O Clube Náutico Capibaribe com grande pesar lamenta pela morte do ex-governador e grande alvirrubro Eduardo Henrique Accyoli Campos. A Família Alvirrubra solidariza-se com os familiares daquele que sempre esteve ao lado da nossa Instituição, ao longo da nossa história. O Clube está de luto por três dias.

Vá em paz, Eduardo Campos!

Santa Cruz Futebol Clube
Nota oficial do Santa Cruz sobre a morte de Eduardo Campos

Nota oficial

O Santa Cruz Futebol Clube lamenta profundamente a morte do Ex-Governador de Pernambuco e Candidato à Presidência da República do Brasil, Eduardo Campos. Ao longo da sua intensa e bem sucedida vida pública colocada à serviço de Pernambuco e do Brasil, o Ex-Governador Eduardo Campos sempre manteve a sua atenção voltada para o mundo dos esportes.

Destarte, estabeleceu importantes vínculos com o Santa Cruz Futebol Clube, ajudando a Instituição Coral em momentos de extraordinárias dificuldades – sem alaridos ou exibicionismos de quaisquer espécie. Em assim sendo, neste momento de profunda consternação e dor, o Santa Cruz Futebol Clube se solidariza com a família enlutada, ao mesmo tempo em que decreta Luto Oficial de três dias nas Repúblicas Independentes do Arruda.

Atenciosamente,

Antonio Luiz Neto
Presidente Executivo do Santa Cruz Futebol Clube

Sport Club do Recife

Nota oficial do Sport sobre a morte de Eduardo Campos

Sport Club do Recife lamenta falecimento de Eduardo Campos

O Sport Club do Recife manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do ex-governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos, ocorrido nesta quarta-feira (13), em voo com destino ao Estado de São Paulo.

O clube presta sua solidariedade aos familiares do político e demais envolvidos no acidente. Foram eles: Alexandre da Silva (fotógrafo), Carlos Augusto Leal Filho “Percol” (assessor e filho de Carlos Ramos Leal, ex-jogador leonino), Geraldo da Cunha (piloto), Marcos Martins (piloto), Marcelo Lira (cinegrafista) e Pedro Valadares Neto (assessor).

Diante do triste acontecimento, o presidente executivo rubro-negro, João Humberto Martorelli, determina luto de três dias na Ilha do Retiro.

A volta da Seleção ao Recife em uma ligação do Palácio do Campo das Princesas

Eliminatórias da Copa, 2009: Brasil 2x1 Paraguai. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, como candidato a presidente da república.

O amistoso entre Brasil e Polônia em 1995, numa noite de chuva forte no Arruda com dois gols de Túlio Maravilha, era a última imagem da Seleção no estado. Por mais que o apoio ao time verde e amarelo fosse além da conta no Recife, vide o tetracampeonato, pesou contra (e como) a briga a política entre os presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, e da FPF, Carlos Alberto Oliveira. Um longo hiato de 14 anos. A cartoloagem afastou a Seleção da capital como nunca antes visto.

A queixa era recorrente, aumentando com os inúmeros amistosos da Canarinha em Londres. Através de telefonemas e até uma viagem ao Rio de Janeiro, Eduardo Campos, então governador, reaproximou os dirigentes. Teve muita paciência, pois sabia o tamanho da raposa envolvida – francamente, ninguém era ingênuo naquele contexto. Começou em 2007, tendo retorno dois anos depois. Questionado pela mídia, dizia que o “estado era pé quente”. Nos bastidores – onde cresceu politicamente, saindo das asas do avô -, Campos tinha plena consciência de seu objetivo. É inegável a popularidade em um jogo da Seleção Brasileira.

Ricardo Teixeira e Eduardo Campos em encontro na CBF, em 2001. Foto: Site da CBF

A regra da Conmebol apontava que apenas Rio e São Paulo poderiam receber o time em jogos das Eliminatórias. Com atuações fracas, num cenário semelhante àquele antes do antológico 6 a 0 sobre a Bolívia, houve a descentralização de sedes. Aí, o bote, o acordo. Eduardo garantiu a segurança (1.600 policiais, recorde), a arrecadação (R$ 4,3 milhões, recorde) e o apoio. Dito e feito, com o Mundão novamente amarelo em todos os cantos, em uníssono do começo ao fim. Contra o bem armado Paraguai, do atacante Cabañas, o Brasil venceu por 2 a 1, em 10 de junho de 2009, com gols de Robinho e Nilmar. Tanto apoio valeu uma entrevista especial do capitão Lúcio, quebrando o protocolo junto ao técnico Dunga, para dizer “voltaremos”

Voltaram mesmo, não com o hexa – ainda em dívida – , mas para a despedida do Arruda como a casa pernambucana da Seleção. Com as obras da arena em São Lourenço na reta final, o Arruda recebeu um amistoso fora de uma Data Fifa. Justamente porque o governo do estado articulou mais uma vez. Jogo marcado às pressas, sem tanta gente (29 mil) e diante de uma equipe inexpressiva (China). A goleada xing-ling por 8 a 0 valeu só para que o hiato não voltasse a crescer. O que não deve mesmo ocorrer. Um novo jogo da Seleção está sendo articulado para breve, como sempre, articulado a partir de uma ligação do Palácio do Campo das Princesas…

“Aqui está a mais ativa, carinhosa e pé-quente torcida que a Seleção pode ter. Ajudamos o Brasil nos momentos mais difíceis.” (Eduardo Campos em 21 de outubro de 2011)

Amistoso 2012: Brasil 8x0 China. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.AA Press

Eduardo Campos e o seu legado com o futebol subsidiado. À frente da trincheira

Eduardo Campos assina o documento com a criação do Todos com a Nota, em 1998. Foto: Ricardo Borba/DP/D.A Press

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, como candidato a presidente da república.

Como secretário da fazenda, em 1998, Eduardo Campos articulou a criação de um subsídio para o futebol pernambucano. Na gestão de seu avô, Miguel Arraes, implantou o programa Todos com a Nota. No ano anterior, o campeonato estadual havia tido a sua pior média de público desde que a FPF passou a computar o índice. Apenas 2.080 pessoas a cada jogo, número inviável. Porém, com o a troca de R$ 50 em notas fiscais por um vale lazer, dando direito a um ingresso, as arquibancadas encheram como nunca. Literalmente.

A média foi de 10.895 espectadores, a maior da história, a maior do país naquela temporada. Desde então, a fórmula passou a imperar no futebol local. Durante boa parte do tempo, o programa foi o grande catalizador do esporte, mas também tornou-se uma muleta para os dirigentes locais. Controverso em sua execução no interior nos últimos anos – com mais trocas de bilhetes do que torcedores presentes nas partidas -, o TCN ficou em xeque. Mas apenas a sua execução, e não a sua necessidade, com mais de 70 milhões de reais investidos nesse tempo todo. Ajudando não só os clubes do interior, mas sobretudo Náutico, Santa Cruz e Sport.

O subsídio voltou no segundo semestre de 2007, após a mudança no governo estadual, de Jarbas Vasconcelos para o próprio Eduardo Campos, alvirrubro e sem arestas com as cores rivais. O projeto acabou abrangendo mais competições, como as duas divisões estaduais, as quatro séries nacionais, o futebol de base e o feminino. Também entrou na era digital, com quase 400 mil pessoas portando cartões magnéticos, num sistema já observado por outros estados. Cresceu. No último ano a verba distribuída foi de R$ 13 milhões. Um avanço paralelo à criação de uma contrapartida bem controversa, com a obrigação de mandar alguns jogos na Arena Pernambuco para seguir fazendo parte.

Ao novos gestores, que devem dar continuidade ao subsídio no futebol de Pernambuco, a missão é equilibrar a distribuição da receita com a presença da torcida, outrora nosso maior orgulho. Esse estímulo ainda é plenamente possível, numa história iniciada em uma assinatura em 19 de janeiro de 1998.

“A campanha do Todos com a Nota traz o torcedor mais pobre para o estádio. Sabemos que o futebol é um lazer importante. No interior, isso significa a presença de todas as nossas torcidas. Precisamos massificar isso, pois é algo que mexe com a nossa autoestima. Em todo o Nordeste, só Pernambuco continua forte nessa resistência. Estamos em uma trincheira e precisamos ser o exemplo, com o crescimento e valorização das torcidas locais”. (Eduardo Campos, em 13 de janeiro de 2011)

As transformações do futebol pernambucano, segundo Eduardo Campos

Eduardo Campos com as camisas e bandeiras de Náutico, Santa Cruz e Sport

Ex-governador do estado, casado, pai de cinco filhos, candidato a presidente da república…

A biografia de Eduardo Campos também se estende de forma umbilical ao futebol pernambucano.

Desde 1998, quando foi o mentor do Todos com a Nota na gestão de Miguel Arraes, seu avô, à construção de uma arena fora da capital para a Copa do Mundo. Alvirrubro de coração, não se furtou em festejar os melhores momentos de Santa e Sport no cenário nacional.

Nem tudo deu certo. Torcedores fantasmas e uma conta difícil de pagar na Arena Pernambuco, arranhões num legado que passa a ser missão das novas gerações na política.

A trágica morte do ex-governador não termina a sua história…

Eduardo Campos e o seu legado com o futebol subsidiado. À frente da trincheira

A volta da Seleção em uma ligação do Palácio do Campo das Princesa

Três dias de silêncio no futebol de Pernambuco

Do projeto à arena, o longo trabalho de Eduardo. A mobilidade ficou no plano B

Aqui, os meus sentimentos pelas sete vítimas do acidente aéreo em Santos.