No borderô de um jogo de futebol a renda precisa ser toda detalhada, com o número de ingressos vendidos e devolvidos de cada setor e, também, as taxas necessárias…
A renda é dividida por inúmeros setores antes da receita líquida destinada ao mandante.
Como exemplo do que significa essa gama de taxas, a última final local, com a vitória do Santa Cruz na Ilha do Retiro. Na ocasião, o Clássico das Multidões gerou uma renda bruta de R$ 676.635. Com os descontos, R$ 498.717, ou 73%.
Alguns exemplos praticados no Campeonato Pernambucano:
1) 1% da renda líquida à Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco (ACDP)
2) 5% da renda bruta para a contribuição do INSS
3) Aluguel de campo, taxas de arbitragem, exames anti-doping, ambulância, seguro etc.
Neste bolo, o maior percentual, fora o faturamento do mandante, é o da própria FPF, com 6% da renda bruta de cada partida disputada. Era assim até 2012. Confira aqui.
Sem um motivo aparente, a taxa de administração da FPF subiu para 8%, de acordo com o regulamento do Estadual 2013 publicado pela entidade – veja aqui.
A longo prazo, é um aumento considerável. No Pernambucano deste ano, a renda total nas bilheterias foi de R$ 12.387.066. Ou seja, a federação embolsou R$ 743.223.
Caso o novo percentual estivesse em vigor, o montante saltaria para R$ 990.965.
Uma diferença absoluta de R$ 247.742 em quatro meses.
E assim a FPF segue como entidade futebolística mais lucrativa do estado. De 2011 a 2012, por exemplo, o seu patrimônio líquido subiu de R$ 2.858.889 para R$ 3.757.389, registrando um crescimento de 31,4%.
Agora, mais um motivo para um 2013 ainda mais saudável financeiramente.
Atualização do post.
Ao Superesportes, a explicação do presidente da FPF, Evandro Carvalho:
“Os clubes viram o esforço da FPF, no investimento nas divisões de base, nas competições amadoras. A proposta era de um reajuste de 10%, mas achamos que vai dar para trabalhar com os 8%. Se não der, a gente faz o reajuste no outro ano. Nos outros estados, a taxa é de 10%. Somos o que recebe menos”
1) A entidade frisa que os torneios da base não tem custo repassado aos clubes. Nota-se que o custo existe e será cobrado com antecedência, a cada jogo profissional.
2) Não procede a taxa de 10% em outras federações. Pelo contrário, a pernambucana já era alta. Em São Paulo, a entidade cobra 5%, mesmo percentual da federação baiana de futebol, do mesmo porte da pernambucana. Veja exemplos aqui e aqui.
Outra declaração do mandatário da FPF:
“Com os prejuízos que vamos ter com este Pernambucano (2013), com menos clássicos, vamos ter um déficit de mais de R$ 1 milhão.”
3) Ou seja, já que a entidade terá um déficit, nada como repassá-lo para os filiados…