O som da velha sirene tocando alto na nova arena

Sinere na Arena Pernambuco. Imagem: Arena Pernambuco/facebook

O som alto da sirene era uma tradição nos três estádios do Recife.

Vitória do Náutico nos Aflitos? A sirene tocava.
Vitória do Sport na Ilha do Retiro? A sirene tocava.

Hoje, apenas o Santa Cruz mantém o costume, com o som um pouco mais baixo no Arruda a cada triunfo coral.

Nos rivais, ações da vizinhança acabaram com a tradição. Na casa leonina, moradores dos edifícios construídos a partir de 1996 conseguiram proibir o som na justiça. O mesmo ocorreu no entorno do Eládio de Barros Carvalho.

Por isso, a nova sirene na Arena Pernambuco foi tão simbólica.

A goleada do Náutico sobre o Serra Talhada por 4 x 0, em 11 de fevereiro de 2015, marcou a estreia da sirene do estádio em São Lourenço.

Não era uma sirene de fato, mas o som característico emitido pels caixas do sistema de som do estádio. Durou alguns minutos.

A medida deverá se estender não só aos jogos do Náutico, como às apresentações de Santa Cruz e Sport, caso mandem seus jogos por lá.

A “sirene da vitória” deverá continuar sem aperreio na arena até o dia em que a Cidade da Copa for erguida, uma promessa ainda não cumprida. Aí, haverá a chance de algum vizinho insatisfeito pedir para que ela seja desligada…

O Náutico não matou a saudade da torcida nos Aflitos

Série B 2014, 8ª rodada: Náutico x Avaí. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A expectativa na volta para casa era enorme, de quase um ano.

A chuva forte no Recife na acabou comprometendo a presença do público. Ainda assim, 9.030 pessoas foram ao jogo. Só não foi a festa que se esperava…

A ação “Revivendo os Aflitos”, com direito à camisa exclusiva, acabou na frustrante derrota para o Avaí, 1 x 0. O resultado na Série B não foi acidental.

O Timbu jogou um mau futebol. Parecia desconhecer o velho campo, com a sua característica pesada, ainda mais o toró. O adversário pressionou mais no primeiro tempo, buscando bastante a linha de fundo, enquanto o Alvirrubro mal conseguia articular a transição entre meio-campo e ataque.

O gol de Paulo Sérgio, de cabeça, foi uma síntese das oportunidades criadas.

A vitória parcial dos catarinenses tirava o Avaí do Z4 e empurrava o próprio Timbu. No intervalo, não por acaso, a torcida alvirrubra foi fazer pressão no vestiário, como nos velhos tempos. Ali sim, literalmente, revivendo os Aflitos.

Na etapa final, o técnico Sidney Moraes promoveu a entrada do centroavante Rodrigo Careca, que logo arriscou a primeira finalização. Mas não mudou muito.

Na verdade, o Náutico piorou em campo. De forma afobada, tentou o empate, sem criar chances reais. E cedeu espaço para contragolpes.

A volta excepcional aos Aflitos resultou no primeiro revés como mandante. Nos dois jogos anteriores, na Arena Pernambuco, foram duas vitórias.

Série B 2014, 8ª rodada: Náutico x Avaí. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A seleção histórica do Náutico, versão Aflitos

Seleção histórica dos Aflitos. Crédito: Náutico

Os torcedores alvirrubros votaram no site oficial do clube e escolheram a seleção histórica do Náutico que atuou nos Aflitos, a casa timbu de 1917 a 2013.

Os votos foram computados durante cinco dias.

Nesta segunda, foi anunciada a equipe oficial de estrelas de Rosa e Silva.

Lula; Gena, Beliato, Sidcley e Salomão; Clovis e Ivan Brondi; Nado, Bita, Bizu e Kuki.

Os onze serão homenageados pelo clube no evento “Revivendo os Aflitos”, como se tornou a partida contra o Avaí, válida pela Série B do Brasileiro.

Você votou em quantos nomes desta seleção, alvirrubro?

Da seleção histórica votada pelo blog apenas um nome não entrou: o zagueiro Lula (substituído por Beliato na formação oficial).

Montando a seleção alvirrubra dos Aflitos. Critério aberto ao público

Revivendo os Aflitos

O Náutico mandou os seus jogos nos Aflitos entre 1917 e 2013.

Lá, foram 1.764 partidas, com 1.138 vitórias, 334 empates e 292 derrotas, segundo o pesquisador Carlos Celso Cordeiro.

Em 2014, de forma extraordiária, o clube voltará à sua velha casa, devido ao uso da Arena Pernambuco na Copa do Mundo. A direção timbu aproveitou a chance para promover um saudosismo na torcida, no projeto “Revivendo os Aflitos”.

Em uma das ações, o torcedor pode escolher no site oficial a seleção histórica do estádio Eládio de Barros Carvalho. O time abaixo teve como critério os melhores jogadores – entre as opções possíveis  – que o blog viu em ação. Não se trata da seleção alvirrubra, que contaria com nomes como Nado e Bita.

Monte a sua seleção do estádio alvirrubro clicando aqui.

Os craques mais votados na enquete serão homenageados em 27 de maio, no jogo Náutico x Avaí, pela Série B. Nos Aflitos…

Considerando a “seleção histórica”, a votação do blog seria esta aqui.

Votação do blog na seleção histórica dos Aflitos

Indo além das reformas preventivas nos banheiros dos estádios da capital

Bacias sanitárias na Ilha do Retiro, com com os modelos tradicional e turco

Se existe uma unanimidade em relação à falta de estrutura dos estádios recifenses, sem dúvida é a questão dos banheiros. Sujos, com vazamentos, portas sem trava nas cabines, vasos sem tampa e até falta de papel higiênico…

É assim no Arruda, na Ilha do Retiro e também nos Aflitos.

A morte ocorrida no José do Rego Maciel, com uma privada arremessada do anel superior, trouxe um velho alerta. Não foi a primeira vez que um vaso foi atirado. Em outras partidas, nos clássicos, marginais já quebraram inúmeros vasos, usados os pedaços como armas em potencial. Depredação sistemática.

Numa atuação preventiva, o Sport deve trocar em um mês 38 vasos tradicionais por modelos “turcos”, acoplados ao piso, exigindo um certo malabarismo…

As primeiras imagens, comparadas às privadas antigas, só escancaram o péssimo nível oferecido. Repito, é algo generalizado. Se em setores mais caros, como cadeiras e camarotes, os banheiros ainda são transitáveis, nas demais áreas, com a imensa maioria do público, a situação é precária.

Exceção feita à Arena Pernambuco, naturalmente, os grandes palcos do futebol local precisam mesmo de uma reforma. Não só por prevenção, mas principalmente por respeito ao torcedor…

Banheiro da Arena Pernambuco. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Para matar a saudade dos Aflitos

Projeto "Revivendo os Aflitos". Crédito: twitter.com/nauticope

O torcedor alvirrubro terá uma oportunidade única, mesclando nostalgia e competição.

Como a administração da Arena Pernambuco será repassada à Fifa em 21 de maio, visando a organização da Copa do Mundo de 2014, o Náutico terá que mandar um jogo da Série B em sua tradicional casa.

Em partida da 8ª rodada da segundona, seis dias depois, o Timbu abrirá os portões dos Aflitos para receber o Avaí.

Desde que assinou o longo contrato de 30 anos para atuar em São Lourenço, o clube não atuou mais em Rosa e Silva. Curiosamente, neste hiato outros times mandaram seus jogos por lá, o América (Estadual), América-RN (Série B) e Santa Cruz (Copa do Brasil).

Consciente do peso que o velho estádio tem sobre a torcida, a direção vermelha e branca apostou na campanha “Revivendo os Aflitos”. A expectativa é encher o estádio com os saudosistas, com ações de marketing antecedendo ao jogo.

No deserto dos Aflitos, o onipresente Jesus Tricolor

Jesus Tricolor nos Aflitos (fotógrafo) e Arruda (torcedor). Crédito: reprodução/twitter e Roberto Ramos/DP/D.A Press

Onipresente, o Jesus Tricolor é um dos símbolos da torcida do Santa Cruz.

Na arquibancada do Arruda, é um personagem à parte, chegando a tirar fotos com o público. A cada jogo a cena se repete. Teoricamente, não poderia desta vez.

Apesar da punição ao clube, atuando pela primeira vez em sua história com os portões fechados, nos Aflitos, Jesus se mostrou onipotente.

Com o crachá da ACDP, associação no qual conseguiu a carteira rotativa como fotógrafo e correspondente da TV Replay, Pedro Luna, ou simplesmente “Jesus”, se manteve pertinho da pesada cruz coral, na Copa do Brasil, contra o Lagarto.

Não costuma trabalhar como fotógrafo em jogos do Santa, mas o amor ajudou.

Estava onisciente da situação no mínimo curiosa… e polêmica.

Atualização: a Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco, a ACDP, emitiu uma nota oficial, condenando a presença de Jesus Tricolor e cancelando o credenciamento da empresa. Veja aqui.

O tour oficial da Arena Pernambuco

Visita guiada da Arena Pernambuco. Crédito: facebook.com/itaipavaarenape

A Arena Pernambuco será o primeiro estádio de futebol da região metropolitana do Recife a contar com um programa de visita guiada.

A partir do dia 22 de fevereiro, o moderno palco da Copa do Mundo de 2014 será inserido oficialmente no contexto turístico do estado.

O tour oficial terá um roteiro semelhante ao dos estádios mais famosos da Europa, como Camp Nou do Barcelona e o Santiago Bernabéu do Real Madrid, incluindo visitas aos bastidores e áreas restritas aos jogadores e dirigentes.

Na versão em São Lourenço, um tour pelo vestiário, zona mista, setor de imprensa, camarotes, lounge e campo de jogo. O percurso será realizado em grupos de até 50 pessoas, com duração de aproximadamente 40 minutos.

A visita deverá custar R$ 20, com a vantagem de meia entrada para os sócios-torcedores em dia de Náutico, Santa Cruz e Sport.

Impressiona se dar conta de que Arruda, Aflitos e Ilha do Retiro, com décadas de uma rica história, ainda não contam com visitas do tipo…

1,5 milhão de torcedores e renda de R$ 23,8 milhões nos jogos oficiais na RMR

Torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico

A temporada 2013 de Náutico, Santa Cruz e Sport teve 95 partidas, considerando apenas os jogos oficiais com o mando de campo do trio recifense, em duelos nos Aflitos, Ilha do Retiro, Arena Pernambuco e Arruda. O blog analisou todos os borderôs disponíveis nos sites da federações responsáveis e apresenta com exclusividade o levantamento com a participação do público local e a arrecadação só com a bilheteria.

Em termos absolutos, nada mal, apesar deste ano não ter sido o de maior média dos clubes locais, nem no Estadual nem no Brasileiro. A renda bruta foi de R$ 23,8 milhões, para um público presente nas arquibancadas de 1.522.559 pessoas. Para se ter ideia do que essa torcida significa, basta lembrar que a população da capital, segundo os dados mais recentes do IBGE, é de 1.537.704. Ou seja, a diferença entre habitantes e torcedores foi de apenas 15 mil pessoas.

Ao dividir os números, o Santa Cruz mostrou força. O Tricolor avançou nos campeonatos e ganhou os títulos do Estadual e da Terceirona. Nem por isso deixou de ser o que teve menos jogos oficiais em casa, com 27 partidas, contra 33 do Timbu e 35 do Leão. Mesmo assim, os corais levaram 645 mil pessoas ao Mundão, com uma média geral, considerando as quatro competições disputadas pelo clube, de 23.912. O Rubro-negro atuou em cinco competições – incluiu a Sul-Americana -, com 552 mil torcedores na Ilha e na Arena, onde atuou duas vezes. Na média, 15.783. O Náutico, cujo rendimento em campo foi péssimo, registrou um índice de 9.833.

Em relação à renda, os números seguiram a ordem da torcida presente, com o Santa alcançando R$ 9,4 milhões – certamente, tomará a maior parte do balanço do clube em todo o ano. Já o rival leonino teve um faturamento com ingressos de R$ 7,9 milhões – curiosamente, só 1/3 do que recebe da cota de transmissão da Segundona.

Já o Náutico, apesar da presença mais baixa, arrecadou R$ 6,5 milhões, dos quais 5,2 milhões de reais no Brasileirão. A conta é explicada pelo valor pago pelo governo do estado aos bilhetes promocionais do Todos com a Nota na Arena, com R$ 25 por ingresso, bem acima dos valores pagos aos rivais nos outros estádios.

Foram consideradas somente as competições sob as chancelas da FPF, CBF e Conmebol. Nesta conta, então, não entraram os amistosos. Em um deles, na inauguração da arena, Náutico 1 x 1 Sporting proporcionou uma enorme renda de R$ 1.040.104, com 26.803 pessoas.

Santa Cruz
27 jogos (27 no Arruda)
645.637 torcedores
Público médio de 23.912
39,82% de ocupação
R$ 9.425.366
Renda média de R$ 349.087

Estadual – 8 jogos – 165.761 pessoas (20.720) – R$ 2.412.656 (R$ 301.582)
Nordestão – 4 jogos – 91.758 pessoas (22.939) – R$ 1.134.515 (R$ 283.628)
Copa do Brasil – 2 jogos – 22.159 pessoas (11.079) – R$ 264.575 (R$ 132.287)
Série C – 13 jogos – 365.959 pessoas (28.150) – R$ 5.613.620 (R$ 431.816)

Sport
35 jogos (33 na Ilha e 2 na Arena)
552.427 torcedores
Público médio de  15.783
46,78% de ocupação
R$ 7.931.743
Renda média de R$ 226.621

Estadual – 8 jogos – 103.913 pessoas (12.989) – R$ 1.357.077 (R$ 169.634)
Nordestão – 4 jogos – 71.800 pessoas (17.950) – R$ 791.025 (R$ 197.756)
Copa do Brasil – 2 jogos – 11.038 pessoas (5.519) – R$ 96.460 (R$ 48.230)
Série B – 19 jogos – 331.976 pessoas (17.472) – R$ 4.963.331 (R$ 261.227)
Sul-Americana – 2 jogos – 33.700 pessoas (16.850) – R$ 723.850 (R$ 361.925)

Náutico
33 jogos (18 na Arena  15 nos Aflitos)
324.495 torcedores
Público médio de 9.833
27,62% de ocupação
R$ 6.506.982
Renda média de R$ 197.181

Estadual – 12 jogos – 98.425 pessoas (8.202) – R$ 1.042.945 (R$ 86.912)
Copa do Brasil – 1 jogo – 3.026 pessoas – R$ 27.830
Série A – 19 jogos – 214.724 pessoas (11.301) – R$ 5.219.012 (R$ 274.684)
Sul-Americana – 1 jogo – 8.320 pessoas – R$ 217.195

Total
95 jogos (33 na Ilha, 27 no Arruda, 20 na Arena e 15 nos Aflitos)
1.522.559 torcedores
Público médio de 16.026
38,28% de ocupação
R$ 23.864.091
Renda média de R$ 251.200
Competições: Estadual, Nordestão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Séries A, B e C

Os estádios pernambucanos em preto e branco

Em tempos de Arena Pernambuco, com o já famoso Padrão Fifa, os demais estádios do futebol local ficaram alguns degraus abaixo. Entretanto, os quatro maiores palcos têm muita história para contar. Nos jogos realizados, claro, e nas várias caras que Ilha do Retiro, Aflitos, Arruda e Lacerdão já tiveram.

Sim, pois se a arena em São Lourenço da Mata foi inagurada com a sua versão definitiva, os demais estádios receberam inúmeras ampliações até os formatos atuais.

Ilha do Retiro – 1955

Inaugurado em 1937, o estádio do Sport recebeu seus primeiros degraus no ano seguinte. Para o primeiro Mundial no Brasil, em 1950, a reforma foi completa, ampliando a capacidade para 20 mil pessoas. Cinco anos depois, no cinquentenário do clube, mais dois lances de arquibancada foram erguidos.

Ilha do Retiro em 1950, antes da Copa do Mundo. Foto: Arquivo

Aflitos – 1968

O estádio alvirrubro, em atividade desde 1917, recebeu a sua grande reforma na década de 1960, quando todos os setores da arquibancada foram erguidos. No ano do hexa, o Eládio apresentava um formato que duraria até 1996, quando passou por uma remodelação, até 2002.

Estádio dos Aflitos em 1968. Foto: Arquivo/DP/D.A Press

Arruda – 1970

Os primeiros jogos do Santa Cruz em seu estádio, que sucedeu o velho alçapão coral, no mesmo terreno, aconteceram em 1965. Até em 1972, o José do Rego Maciel ganharia o seu primeiro anel completo. Foram etapas paulatinas até a Copa da Independência. Dois anos antes da Minicopa a capacidade já era de 20 mil pessoas.

Estádio do Arruda, ainda em obras, em 1970. Foto: Diario de Pernambuco/arquivo

Lacerdão – 1977

Antes da denominação “Luiz Lacerda”, o estádio do Central foi chamado de Pedro Victor de Albuquerque. Nada de tobogã ou arquibancada superior de cadeiras alvingeras. O palco caruaruense era bem acanhado, mas já era, naquela época a maior do interior.

Estádio Lacerdão, em Caruaru, em 1977. Foto: Sérgio Pepeu/arquivo pessoal