A matemática da bilheteria coral

Pernambucano 2012, final: Santa Cruz 0x0 Sport. Foto: Celso Ishigami/Diario de Pernambuco

Como era esperado, o Santa Cruz chegou a um acordo com o governo do estado e conseguiu um aumento no valor do ingresso para a campanha do Todos com a Nota.

No entanto, o número de ingressos promocionais diminuiu para a Série C.

Vamos às contas.

Anteriormente, seriam 20 mil entradas, ao custo de R$ 8. Agora, a carga passou para 10 mil bilhetes, com o poder público subsidiando R$ 11 por cada entrada.

A renda bruta com o TCN, que seria de R$ 160 mil, passou para R$ 110 mil por jogo.

Ao todo, o Santa Cruz poderia arrecadar R$ 1,44 milhão com as nove partidas da primeira fase do Brasileiro, ou até R$ 1,92 milhão em caso de classificação coral à decisão, com doze partidas realizadas no Arruda.

O faturamento mudou para R$ 990 mil e R$ 1,32 milhão, respectivamente.

Ou seja, o bicampeão pernambucano abriu mão de 31,25% da receita previamente informada. Para recuperar (e avançar), os corais querem tirar proveito dos bilhetes tradicionais, que serão comercializados por R$ 40 (arquibancada) e R$ 20 (geral).

Resta ver como será o comportamento da torcida coral com um ingresso mais caro e um torneio mais longo em relação ao último campeonato brasileiro. Muda um pouco.

O que você achou dessa decisão? Será melhor para o Santa Cruz? Comente.

Pernambucano 2012: Santa Cruz 2x0 Serra Talhada. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Poder público afina discurso com o Santa Cruz

Eduardo Campos recebe delegação do Santa Cruz, o campeão estadual de 2012. Foto: Andréa Rêgo Barros/SEI

No discurso aberto, o Santa Cruz segue fora do programa Todos com a Nota, o subsídio do governo estadual aos jogos de futebol em Pernambuco.

Dos seis representantes do estado no Campeonato Brasileiro, considerando todas as divisões, apenas o atual campeão estadual não assinou o contrato para a nova disputa.

Os corais querem que o bilhete pago pelo poder público aos jogos de Náutico e Sport, de R$ 13, na elite, seja o mesmo valor no Arruda, estipulado em R$ 8 (veja aqui).

Vale lembrar que a estreia tricolor na Série C está marcada para o dia 27 de maio, neste domingo. No Arruda. Em tese, seriam 20 mil bilhetes do TCN. Até agora, uma incógnita.

O Palácio do Campo das Princesas foi palco para a cerimônia oficial de entrega do troféu para o bicampeão pernambucano, nesta segunda-feira.

Com o governador Eduardo Campos e o mandatário coral Antônio Luiz Neto por lá, o evento logo se transformou em uma reunião para definir as diretrizes da campanha junto ao clube, que receberia até R$ 1,92 milhão no torneio, segundo a proposta inicial.

Certamente, o governo depende da torcida do Santa para manter a base de sucesso do Todos com a Nota. Assim como o Santa dependerá da verba subsidiada na Terceirona.

Um acordo deverá ser costurado. Ninguém está rindo à toa. Nem lá nem cá.

Mas será que falaram dos jogos do Santa na Arena Pernambuco? Fim do sorriso.

Eduardo Campos recebe delegação do Santa Cruz, o campeão estadual de 2012. Foto: Andréa Rêgo Barros/SEI

DM9 junto e misturado no Arruda, com ou sem amistoso

Amistoso 2012: Santa Cruz 0x1 CSA. Foto: Roberto Ramos/Diario de Pernambuco

Esperava-se uma arrecadação mínima de R$ 400 mil. O apelo era enorme.

Nada mais nada menos que manter o atacante Dênis Marques no elenco coral para a disputa da Série C, o grande objetivo do clube nesta temporada.

Com o título estadual acompanhado da artilharia isolada, mesmo estreando apenas na 8ª rodada da competição, o centroavante se credenciou no mercado.

Aquele atleta que havia ficado 600 dias sem atividade alguma cedia espaço para um jogador de renome e revigorado fisicamente.

Chegaram propostas da Série B. Sondagens até mesmo da elite nacional.

Afinal, o salário de R$ 15 mil, atrelado àquela incógnita, não cabia mais.

O esforço da diretoria do Santa Cruz, com direito a um amistoso festivo com o CSA apenas para segurar o ídolo DM9, se fez necessário.

No entanto, a renda neste domingo não correspondeu ao plano. Os 6.021 tricolores presentes no Arruda proporcionaram uma bilheteria de R$ 115.820.

Não seria suficiente para aumentar o contracheque do jogador de maneira “substancial”, como havia planejado o presidente coral, Antônio Luiz Neto.

Calejado, o dirigente não esperou o jogo para concluir a negociação.

Antes da partida, almoçou com Dênis Marques. Garantiu uma receita justa, incluindo luvas, e deverá contar com patrocinadores para equalizar o orçamento.

O salário deverá ficar próximo de R$ 40 mil, abaixo de outras propostas. Para o Santa, seria próximo ao recorde absoluto, de Iranildo, que recebeu este valor em 2004.

Assim, o mandatário recebeu o sinal positivo do atacante. Acordo selado.

O contrato, regularizado no Boletim Informativo Diário da CBF em 1º de fevereiro, valeria até 31 de outubro deste ano. Segue vigente. Até o fim da Terceirona…

E o amistoso? Pois é. Na insossa partida, o time alagoano venceu por 1 x 0, com um belo gol aos 43 minutos do segundo tempo, numa falta cobrada por Ronaldo.

Amistoso 2012: Santa Cruz 0x1 CSA. Foto: Antônio Carneiro/Especial para o Diario de Pernambuco

A primeira e improvável congratulação a Antônio Luiz Neto

Diplomacia

Acompanhado de sua comitiva, o presidente coral, Antônio Luiz Neto, assistiu à final do Estadual em um camarote da tribuna de honra, na Ilha do Retiro.

Espaço cedido pela diretoria leonina, devolvendo a gentileza do jogo de ida.

No entanto, com o setor tomado por rubro-negros, a passagem de dirigentes corais com a camisa do clube acabou gerando algumas discussões.

Havia um time de seguranças para os tricolores. Para evitar qualquer atrito maior, o Batalhão de Choque foi acionado. Ficou de prontidão na porta do camarote até o fim…

Quando Sandro Meira Ricci encerrou a decisão, dando início à festa dos visitantes, Antônio Luiz Neto, naturalmente, quis descer até o campo, para a entrega do troféu.

Com o clima pesado, foi contido pelo comandante do Choque.

“Presidente, não é prudente sair agora. Tem muita gente aí fora e a torcida está nervosa.”

“Mas eu preciso sair, preciso comemorar o título.”

“Presidente, é melhor não sair.”

“Rapaz, eu tenho que sair daqui!”.

E saiu mesmo. Por sinal, o mandatário puxou a fila tricolor.

Abriu a porta, bem reticente com que o aguardava a partir dali.

Foi só aparecer no corredor que logo foi reconhecido pelos vários rubro-negros que deixavam o estádio. Um deles apontou o dedo para ALN, com a cara séria.

“Ei, é o presidente do Santa…”

Silêncio de alguns segundos e o complemento da frase.

“Parabéns pelo título, presidente”.

Com direito a uma salva de palmas dos demais rubro-negros. Surreal. E real…

Bastidores da contratação de Zé Teodoro

Pernambucano 2012, final: Sport 2 x 3 Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Comandante coral nas duas conquistas estaduais, o técnico Zé Teodoro por muito pouco não foi contratado pelo Santa Cruz.

Em entrevista ao Superesportes, o presidente Antônio Luiz Neto revelou os bastidores daquela negociação, que mudaria para sempre a história do clube.

No início da atual gestão no Arruda, oito nomes foram estudados para a função técnica. No Dia D, todas as sugestões foram avaliadas em uma longa reunião.

Nome por nome, com os trabalhos realizados, perfil, metas estipuladas etc.

Entre eles, estava o de Zé Teodoro.

Pois justamante na apresentação de Zé, com a maioria da diretoria tricolor rechaçando a opção a princípio, o mandatário acabou disperso, numa conversa paralela.

“Avaliamos todos os nomes, mas me descuidei no nome de Zé. Quando voltei a atenção para a mesa, com quase todos contrários ao nome, o de Zé já tinha passado”.

Em casa, Antônio Luiz Neto refletiu. Ponderou sobre Zé Teodoro, campeão estadual com o Alvirrubro em 2004, no Arruda, logo contra o Santinha.

Pois o dirigente acabou ligando no dia seguinte para Sandro Barbosa, hoje assistente-técnico, mas então na função de gerente.

“Pedi para Sandro falar mais sobre aquele nome. Sandro o indicou e aceitei a opção.”

Faltava, no entanto, conversar com o próprio Zé Teodoro, numa ligação interurbana Recife-Goiânia. Foi uma conversa franca, sobre sobre valores e objetivos.

“Coloquei logo para o técnico que seria preciso utilizar a nossa base, que vinha com bons nomes, e que ele buscasse atletas que quisessem crescer, mesmo na Série D. Não era fácil. Zé Teodoro perguntou o valor da folha do elenco e eu disse que não passaria de R$ 140 mil, pois o clube estava sem dinheiro. Ainda está, na verdade”.

O conversa continuou, até que chegou a proposta salarial para o próprio técnico.

“Não adiantava nem negociar. Ofereci a Zé o valor máximo que poderíamos pagar, que era R$ 25 mil. Ele escutou atentamente e devolveu: ‘abra seu coração, presidente.'”

Nessa última parte, o presidente não conteve a gargalhada ao relembrar o papo.

“Só disse uma coisa: ‘Zé, meu coração já está todo aberto'”.

O valor não subiu, mas Zé Teodoro topou o desafio. Ganhou o Estadual. Dois, por sinal.

Pernambucano 2011, final: Santa Cruz 0x1 Sport. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

As imagens eternizadas do bicampeonato tricolor

Santa Cruz, o campeão pernambucano de 2012. Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco

Ganhar dois títulos pernambucanos consecutivos mesmo estando duas divisões nacionais abaixo dos dois maiores rivais é uma prova absoluta de superação.

Ainda mais considerando que o bi não era alcançado há 25 anos! Curiosamente, em 1986 e 1987 o vice-campeão foi o Sport, como agora.

Esse renascido Santa Cruz Futebol Clube estava fazendo falta.

No post, as imagens das duas conquistas corais, em 2011 (abaixo) e 2012 (acima), ambas sob a batuta do técnico Zé Teodoro.

Taças erguidas no Arruda e na Ilha do Retiro. E festa em todo o estado…

O museu tricolor, agora com 26 Estaduais, está revigorado.

Santa Cruz, o campeão pernambucano de 2011. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

UFC Coral

Protesto no Arruda, março de 2012. Foto: Helder Tavares/Diario de Pernambuco

Após 6 derrotas em 17 partidas no ano, a paciência da torcida do Santa Cruz acabou.

A gota d’água sobre o mau rendimento da equipe foi a eliminação precoce na Copa do Brasil, diante do modesto Penarol do Amazonas, em pleno Arruda.

No epicentro da má fase, segundo a torcida, o técnico Zé Teodoro.

A sexta-feira do Tricolor acabou sendo marcada pelo protesto de torcedores nas sociais. Ação seguida de uma retaliação agressiva. Saiba mais aqui.

Abaixo, um vídeo com a confusão generalizada e também com os depoimentos de todos os personagens envolvidos, direta ou indiretamente.

Torcedores, jogadores, seguranças, treinador e até o presidente.

No fim, uma cena lamentável, de todos os lados.

Arena Coral remodelada

Arena Coral, versão em 2012. Crédito: Silvio Andrade Lima/divulgação

Remodelada, a Arena Coral foi apresentada nesta sexta-feira durante um encontro entre o presidente coral, Antônio Luiz Neto, e o prefeito do Recife, João da Costa.

A capacidade de público do Mundão seria ampliada, mas de forma mais branda em relação à pioneira versão. Atualmente, o estádio tem 60.044 lugares.

Em vez de 68.500 torcedores, o novo projeto visa 65 mil, com 160 camarotes, na maior mudança prática, além de um mini-shopping anexo ao Arruda (veja aqui).

Para shows de grande porte, até 100 mil espectadores. O clube visa o mercado…

O design é praticamente o mesmo da modelagem apresentada em 2007.

O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Silvio Andrade Lima, o mesmo que criou o futuro centro de treinamento tricolor, em Paratibe.

O fato de o (re) lançamento ter sido na Prefeitura do Recife demonstra a necessidade de uma atuação conjunta com o poder público no entorno do empreendimento.

A modernização do Mundão está orçada em R$ 200 milhões. À parte do 3D, é viável…?

Arena Coral, versão em 2012. Crédito: Silvio Andrade Lima/divulgação

Para ensinar, treinar e formar atletas corais

Lançamento da pedra fundamental do CT do Santa Cruz. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz

Preparação e formação de atletas.

O trabalho profissional com o presente  e a necessidade de revitalizar o futuro.

Tudo isso está claro no nome oficial do Ninho das Cobras, o novo passo coral na infraestrutura, que vem para preencher uma lacuna antiga…

Centro de Treinamento e Ensinamento de Futebol Rodolfo Aguiar.

Localizado em Paratibe, o CT vai contar com três campos oficiais, mini-campo, alojamento, academia, centro administrativo e restaurante.

Uma infraestrutura para equiparar o Tricolor aos rivais, que já se articulam há algum tempo para a modernização dos respectivos centros de treinamento.

Locais com mais de 6 milhões de reais investimento, cada.

Até mesmo no interior do estado já havia avanço, com a estrutura completa do Porto e o primeiro estágio do Salgueiro, pioneiro no Sertão.

Isso só mostra que a pedra fundamental para a contrução de um CT era indiscutivelmente uma prioridade para o Santa Cruz.

A pedra foi lançada, neste sábado. As obras começam em setembro. Até lá, planejamento para a captação de recursos e a utilização responsável deste montante.

Dinheiro para gerar dinheiro. Estrutura para gerar futebol.

Saiba mais sobre o lançamento do CT coral clicando aqui.

Lançamento da pedra fundamental do CT do Santa Cruz. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz

Cumprindo as exigências do contrato de Zé

Academia de musculação do Santa Cruz. Foto: Santa Cruz/divulgação

Zé Teodoro protelou bastante para assinar a renovação do seu contrato.

Além da questão financeira, pesava, e como, a precária estrutura do Santa Cruz.

Nem mesmo o ótimo rendimento da equipe foi suficiente para demover do treinador a sensação de que o clube do povo devia bastante em relação às condições de trabalho.

Nada de centro de treinamento ou, pelo menos, uma academia de ginástica equipada.

Pode-se dizer que a Cobra Coral conquistou o título pernambucano e o acesso nacional na base da superação e com uma equipe bem entrosada, compacta.

Pois, fora de campo, a luta parece ter sido ainda maior…

Após 26 dias negociando, Zé Teodoro assinou por mais um ano e segue no Arruda.

Recebeu do presidente tricolor, Antônio Luiz Neto, a garantia de empenho total para tentar suprir as várias necessidades do departamento de futebol profissional.

Exigências que só beneficiam o próprio Santa Cruz, por sinal.

O centro de treinamento terá a sua pedra fundamental lançada, enfim, em 4 de fevereiro, em Paratibe, num processo contra o longo tempo perdido.

Antes, uma academia de musculação completamente renovada e aparelhada, servindo de base para o início da temporada 2012.

Mais organizado, o Santa começará o ano longe do estigma de coadjuvante.

Ainda que diante rivais mais uma vez em condições melhores, o clube vai brigar pelo bicampeonato estadual, feito que não alcança há 25 anos.

Esta foi a contrapartida da assinatura de Zé Teodoro para a fiel torcida.

Academia de musculação do Santa Cruz. Foto: Santa Cruz/divulgação