A seleção uruguaia escolheu a Ilha do Retiro como local de treinamento antes do jogo contra o Brasil, pelas Eliminatórias da Copa 2018. A AUF abriu mão, inclusive, do protocolar reconhecimento da Arena Pernambuco, até porque já jogou duas vezes lá, na Copa das Confederações. A movimentação no campo do Sport foi fechada para a imprensa, que acabou se deslocando aos apartamentos nos prédios vizinhos para obter imagens e informações.
Lá embaixo, apenas assessoria da associação uruguaia, que registrou o treino do time do maestro Tabárez, com foco nos atacantes Luis Suárez e Cavani, treinando cobranças de fata. Depois, divulgaram um vídeo sobre a movimentação, com uma trilha sonora inspirada, relembrando o Maracanazo e a busca por novas copas…
Foram comercializados 44.739 ingressos para a partida entre Brasil e Uruguai, pelas Eliminatórias da Copa 2018. O perfil do público no clássico continental na Arena Pernambuco é bem distinto em relação aos jogos de futebol no estado. A torcida residente na Região Metropolitana do Recife corresponde a 51%, bem abaixo do usual, próximo a 100%. O interesse do jogo, claro, ultrapassou as fronteiras, até mesmo pelos preços cobrados, de R$ 57,50, para a meia-entrada na arquibancada superior, a R$ 300, o valor unitário do camarote.
As capitais mais próximas (João Pessoa, Maceió e Natal) também fizeram parte do bolo, tomando boa parte dos 16% de bilhetes destinados aos demais nordestinos. Para completar, a hinchada uruguaia. As entradas foram vendidas pela própria AUF (a “CBF” dos hermanos), chegando a dois mil interessados. Por sinal, o quadro divulgado pela secretaria de turismo do estado mostra que os estrangeiros poderão injetar até R$ 4 milhões na economia local.
A divisão dos 44.739 ingressos em Brasil x Uruguai Grande Recife – 51% (22.816) Outros* – 23% (10.289) Nordeste (RN, AL e PB) – 16% (7.158) Interior de PE – 5% (2.236) Uruguai – 5% (2.236) *Origem nacional desconhecida pela CBF
A Seleção Brasileira não jogou na Arena Pernambuco nos dois torneios da Fifa realizados no país em 2013 e 2014, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Para o Mundial de 2018, o estádio finalmente foi selecionado, para um jogo válido pelas Eliminatórias – o que não ocorria no estado desde 2009. Com a fase classificatória do torneio recebendo um tratamento cada vez maior de “Copa do do Mundo”, com o objetivo de valorizar o evento, naturalmente, a arena recebeu a customização oficial para a “2018 Fifa World Cup Russia Qualifiers”, com o tom azul visando o clássico contra o Uruguai, em 25 de março.
A customização passa por painéis nos corredores, vestiários e túnel de entrada, estruturas temporárias para a zona mista e placas publicitárias de LED no entorno do campo etc. Em caráter excepcional, a zona mista da Canarinha tem um painel diferenciado, exibindo os seus patrocinadores – no Mundial propriamente dito não há espaço para isso. Por (mais um) dia, um clima de copa em São Lourenço. Não por acaso, foram articulados esquemas diferenciados de segurança e mobilidade- semelhantes aos adotados no Recife durante as copas recentes – para o público, estimado em 44.739 pessoas.
Em tempo: a arena foi preterida nos jogos da Seleção nas copas devido à capacidade, uma vez que o Brasil atuou em palcos com 60 mil lugares.
A partida entre Brasil e Uruguai, na Arena Pernambuco, terá 44.739 torcedores, um recorde, com a carga esgotada com antecedência. O jogo válido pelas Eliminatórias vem sendo tratado com cuidado pelos organizadores, com inúmeras secretarias estaduais envolvidas, até a de saúde. Com o estado sendo o local no país com mais notificações de casos envolvendo os três vírus transmitidos pelo mosquito aedes aegypti – o zika, a febre chikungunya e a dengue -, a multidão receberá uma atenção especial (e curiosa).
A CBF, através de um patrocinador, irá distribuir 100 mil sachês de repelente, da marca Cimed, dentro e fora do estádio em São Lourenço, além de panfletos para evitar a proliferação do mosquito. A ação faz parte da campanha “Xô, inseto”. Ainda que a confederação brasileira tenha negado, especula-se que a Canarinha não treinará no Recife por temer esse quadro. O centro de treinamento do Sport, em Paratibe, numa área tão isolada quanto a arena, já havia sido solicitado, mas direção mudou a programação oficial da Seleção.
O time de Neymar e companhia chegará na capital às 14h do dia 24 de março, fazendo um treino de reconhecimento da arena à noite, às 19h. No dia seguinte, a data do clássico, o voo para Porto Alegre será apenas duas horas após o apito final. Ao todo, a Seleção só ficará 36 horas no Recife. Correndo do Aedes…
A CBF apresentou o novo uniforme da Canarinha em 2016. Apesar dos rumores sobre um padrão monocromático, todo amarelo, atendendo a um apelo sem sentido da Fifa (pois mexe com a tradição da cada seleção), a Nike manteve o formato original dos dois modelos oficiais, com cores distintas nas peças.
1) Camisa amarela, calção azul e meias brancas. 2) Camisa azul, calção branco e meias azuis.
A camisa da Seleção era a mesma desde a Copa do Mundo de 2014. Com o fulminante 7 x 1 a favor dos alemães encalhando os produtos, sobretudo no mercado interno, a confederação e a fornecedora de material esportivo acabaram cancelando o lançamento de um novo padrão pela primeira vez em vinte anos de parceria. Após duas temporadas, já no ritmo das Eliminatórias, com Neymar em alta e com a Olimpíada na agenda, o cenário favoreceu.
E a estreia do novo uniforme verde e amarelo será justamente na Arena Pernambuco, em 25 de março, no clássico contra o Uruguai…
O que você achou do novo uniforme? Gostaria de um padrão monocromático?
A rescisão da concessão de operação da Arena Pernambuco, por parte do governo, está nas mãos do procurador geral do estado, César Caúla. Em coletiva na sede do órgão, no centro do Recife, Caúla esmiuçou alguns dados, tendo que assumir a posição de porta-voz de Paulo Câmara acerca do contrato. Após o pagamento de R$ 81,16 milhões de contraprestação de operação em 2013 e 2014, o governador autorizou a suspensão das parcelas em janeiro de 2015, devido à medida de revisão contratual baseada no estudo da Fundação Getúlio Vargas. Na coletiva, o procurador sequer utilizou a expressão “rescisão unilateral”, tirando qualquer lacuna de culpa por parte do estado, repetindo o mantra do Palácio do Campo das Princesas. Agora, a ‘crise econômica do país’ seria o principal motivo para o mau resultado.
As declarações do porta-voz do estado caso e as observações do blog:
Quando o estado decidiu rescindir o contrato? “O contrato previa uma revisão após seis meses seguidos de frustração (saldo negativo). Usamos o mecanismo de defesa em janeiro 2015, seis meses após a Copa do Mundo. Suspendemos o pagamento.” O procurador alega que o fator principal para o desempenho foi a mudança de cenário econômico do país nos últimos dois anos. À frente do contrato com uma garantia milionária ao consórcio e à infraestrutura de mobilidade.
O motivo do rompimento… “O rompimento decorre que a manutenção do contrato implicaria uma COA adicional (contraprestação de operação da arena) de R$ 13 milhões por ano. Ficaria muito oneroso para o estado.”
Dos R$ 119 milhões correspondentes a 25% da obra, já corrigidos pelo IPCA, o estado pagou apenas R$ 40 milhões. O restante, R$ 388,9 milhões, foi pago em dezembro de 2013, num financiamento do BNDES.
Por que o governo garantiu os 3 clubes no contrato original? “O governo fez um levantando de viabilidade (através da inglesa Comperio Research, em 2010), e, como em todas as outras arenas, mostrava um aumento de receitas, com uma diferença no perfil do torcedor. Era um outro cenário econômico.” Seriam oito cenários possíveis de operação, começando sem clubes (R$ 5,7 mi/ano) à presença dos três (R$ 86,2 mi/ano). Já na época o cenário seria difícil, pois nem mesmo juntando as 20 melhores partidas de cada um se chegaria a tal valor. Como só o Náutico assinou, foi preciso fazer um aditivo, garantindo um faturamento mínimo de R$ 73 milhões por ano. Caso não fosse alcançado, o estado completaria.
Qual foi o peso da mobilidade sobre o déficit na operação? “O governo do estado não se obrigou contratualmente a executar as obras de mobilidade. Essas obras serão finalizadas, mas não foram determinantes para dizer que o equipamento é subutilizado. O jogo Sport x São Paulo, por exemplo, encheu, e outros eventos também.” O governo pode até ter o respaldo legal nesta disputa, mas moralmente é inaceitável tentar tirar o peso da mobilidade não finalizada como fator determinante no sucesso econômico nos jogos regulares – ao menos tivesse dito ao povo há seis anos. Dados atuais: Ramal da Copa 85%, Corredor Norte-Sul 83% e Corredor-Leste Oeste 81%, todos necessários para o BRT.
O governo reconhece a arena como um fiasco em seus primeiros anos? “A palavra fiasco vai da visão subjetiva de cada um. Na nossa visão, não, pois o estádio recebeu a Copa do Mundo, teve jogos com grandes públicos, como o do Sport, e continua sendo um equipamento de primeira qualidade. Um contrato de 33 anos não pode ser visto como mau negócio por causa de 2 anos. A gente vai trabalhar para que a arena seja bem utilizada.” A Copa do Mundo e a Copa das Confederações foram os eventos que legitimaram a construção do estádio, colocando Pernambuco entre as 12 subsedes. Porém, isso não isenta (não mesmo) o mau desempenho (esperado) na operação, com déficits milionários ano a ano.
Qual seria o valor da indenização neste contrato? “Ainda estamos no processo de deliberação sobre o modelo de rescisão (unilateral, acordo entre as partes, falha no contrato etc). Por isso, preferimos não falar sobre valores.” No começo da coletiva o procurador afirmou que o governo do estado determinou que todas as informações fossem concedidas aos jornalistas… Uma nova licitação para a operação será lançada em 60 dias, independentemente do desfecho do contrato atual.
Com 46.214 lugares, a Arena Pernambuco ainda não estabeleceu uma boa média de público nos jogos de clubes. Nos três primeiros anos de operação, o índice chegou a 1/4 da capacidade. Menos gente, menos receita e mais dificuldades para ao menos cobrir os custos de um empreendimento de alto nível. O relatório da Fundação Getúlio Vargas sobre o estádio, encomendado pelo governo do estado, traz projeções de público nas próximas décadas.
“O cenário base, que se estima possa ser obtido no futuro, partindo da observação passada dos dois anos de operação e da situação atual de realização de jogos e de receitas da Arena, além da consideração de alguns fatos trazidos à discussão pela Concessionária, e das possibilidades de desenvolvimento da região, resume-se a:”
Tido como provável, o “cenário base” foi dividido em três períodos, 2015-2019, 2019-2029 e a partir de 2029, sempre evoluindo, tanto no número partidas quanto no público. Se atualmente a FGV prevê, num ano, no máximo 8 jogos acima de 22 mil espectadores, no último quadro poderá chegar a 20. Para isso, espera-se soluções na mobilidade, também apresentadas no documento.
Outra análise interessante é a importância dos “season tickets”, com a compra de todos os jogos da temporada (de um clube mandante, no caso). Sairia de 1%, o dado atual quase desprezível, para 60% em dez anos e 90% em quinze. Será? Isso estaria atrelado a uma mudança de comportamento (e poder aquisitivo) do consumidor/torcedor. Claro, também há o cenário pessimista. Neste caso, o empreendimento continuaria recebendo no máximo 40 jogos por ano – o que resultaria num impacto considerável no faturamento.
Os três primeiros anos de futebol em São Lourenço tiveram como parceiro regular apenas o Náutico, com jogos esporádicos de Santa Cruz e Sport. Com uma estimativa futura de 60 partidas, espera-se o cenário imaginado já para o primeiro ano da operação, com as 20 principais partidas do Trio de Ferro.
A equipe técnica da Fundação Getúlio Vargas, contratada pelo governo do estado, passou quatro meses levantando todos os dados econômicos da Arena Pernambuco relacionados à sua operação, cujo contrato original (rompido) apontava 30 anos junto ao consórcio liderado pela Odebrecht. Finalizado pela FGV em 23 de dezembro, só agora, em 5 de março de 2016, foi publicado no Portal da Transparência. Trata-se de um calhamaço de 225 páginas.
O relatório econômico aponta um faturamento muito abaixo do previsto em contrato. Nos dois primeiros anos, apenas 20%, mostrando o quanto foi danoso o acordo na parceria público-privada. De julho de 2013 a junho de 2015, a receita projetada foi de R$ 226 milhões, com a receita obtida chegando a R$ 47 milhões.
A parceria público-privada (PPP) entre o governo do estado e o consórcio Arena Pernambuco Negócios e Participações, formado por duas empresas da Odebrecht, foi assinado em 15 de junho de 2010. Três meses depois o BNDES aprovou o crédito de R$ 400 milhões para financiar a construção do estádio. O gasto seria bem maior, as obras de mobilidade não seriam finalizadas, a Cidade da Copa ficaria no papel, o contrato de operação seria bem dispendioso (com balanços negativos de R$ 29,7 milhões em 2013 e R$ 24,4 milhões em 2014), além do claro esvaziamento nas partidas, com taxa de ocupação abaixo de 25%. Esse mesmo empreendimento ficou sob a mira da Polícia Federal, que apontou a construção como resultado de uma “organização criminosa”.
Pois é, bronca acumulada. Cinco anos e nove meses depois, o distrato. Em nota, o governador Paulo Câmara (secretário de planejamento na gestão de Eduardo Campos, o idealizador da arena) anunciou a rescisão, justificada em nove pontos, após o parecer da Fundação Getúlio Vargas, sugerindo a revisão, e do Tribunal de Contas do Estado, que apontou 21 irregularidades. Assim, foi encerrado um contrato previsto para 33 anos, entre construção e operação.
Obviamente, o caso irá à justiça. E será mais um entre governo e construtora, pois até o custo final da obra segue em discussão (502 mi x 743 mi). E o Náutico nessa situação? Há uma cláusula de extensão, que garante a continuidade do clube durante um período. Mas o contrato deve sair de cena, com o alvirrubro ficando atento às cláusulas rescisórias (com as indenizações).
Em negrito, observações do blog sobre a nota oficial do governo:
1) A Arena Pernambuco foi entregue em junho de 2013 e custou R$ 479.000.000,00 (base maio de 2009), tendo 75% da sua construção financiada pelo BNDES e sendo a mais barata entre as arenas construídas no Brasil, levando em conta a capacidade instalada; A mais barata numa visão sui generis… Na prática, o estádio segue sem valor, pois foi preciso antecipar a abertura em oito meses, o que encareceu a obra – a empreiteira alega um aumento de R$ 264 milhões, com o governo admitindo ao menos R$ 23 milhões. Uma câmara de arbitragem decidirá o valor final. Aí sim, saberemos se foi “a mais barata”.
2) Após a realização da Copa das Confederações, a Arena começou a ser operada pela concessionária Arena Pernambuco Negócios e Participações, a quem cabe a obrigação de explorar economicamente o empreendimento; Na ocasião, a Radial da Copa (acesso viário mais curto) não estava pronta, dificultando o acesso e, consequentemente, a exploração comercial.
3) Nesse período de exploração da Arena, o Governo do Estado de Pernambuco constatou que as receitas projetadas pela Concessionária não se confirmaram; Essa falha também é do estado, pois já na concepção parecia claro, uma vez que o governo atrelou o contrato à presença dos três clubes, com os 20 principais jogos de cada um. Como só o Náutico assinou, foi preciso fazer um aditivo, garantindo um faturamento mínimo de R$ 73 milhões por ano. Caso não fosse alcançado, o estado completaria. Ou seja, um contrato excepcional para o consórcio, com receita mínima garantida.
4) Diante da diferença entre as receitas estimadas e as realizadas, o Governo do Estado decidiu fazer uso do mecanismo de revisão contratual e encomendou à Fundação Getúlio Vargas (FGV) a análise do aspecto econômico do contrato, seus custos, suas receitas, apontando caminhos para a execução ou rescisão contratual, sempre com vistas a se obter a solução mais vantajosa ao interesse público; Ao mesmo tempo, o governo suspendeu o Todos com a Nota, que era uma das bases de faturamento da arena, tendo inclusive uma lei estadual obrigando os grandes clubes a atuar lá para seguir no programa.
5) O estudo da FGV sinalizou o que a equipe técnica do Governo do Estado já tinha constatado: que a frustração de receitas decorreu da subutilização do equipamento. Diante disso, o Governo decidiu rescindir o contrato; Pela lei, o contratado deve ser ressarcido do saldo devedor da obra, uma vez que o equipamento foi efetivamente construído, está em funcionamento e pertence a Pernambuco; A subutilização do equipamento também passa pela infraestrutura oferecida, muito aquém da anunciada. Em vez de ter uma estação de metrô a 700 metros, ficou a 2,5 km, sem volta nos jogos de meia noite. Três anos após a conclusão, os clubes seguem sem o BRT até a arena.
6) No entanto, enquanto não houver uma decisão definitiva dos órgãos de controle quanto ao valor total da obra, o Governo do Estado não efetuará nenhum pagamento; É o único estádio da Copa 2014 com valor total ainda desconhecido…
7) O Governo do Estado abrirá uma concorrência internacional para contratar uma nova empresa para a operação da Arena Pernambuco; Em coletiva, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, revelou em fevereiro de 2016 que um grupo holandês, que conversou com o clube, também estaria de olho no possível fim do contrato da arena.
8) Importante destacar que o contrato de concessão foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), na decisão de n.o 0101011/2011; Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e BNDES; Ou seja, passou pelo crivo de muita gente sem que ninguém se desse conta do tamanho da despesa que o estado teria na operação…
9) A análise encomendada pelo Governo do Estado de Pernambuco à Fundação Getúlio Vargas está disponível no Portal da Transparência.
Atualização. O consórcio divulgou uma nota sucinta (como sempre):
“A Arena Pernambuco esclarece que até o momento não recebeu qualquer notificação do Governo do Estado de Pernambuco formalizando a decisão de rescindir o contrato de concessão. Há uma arbitragem e uma negociação em curso com o poder concedente para a revisão dos termos do contrato. A concessionária esclarece que não tomou conhecimento do relatório final da Fundação Getúlio Vargas.”
O jogo entre Brasil e Uruguai, na Arena Pernambuco, em 25 de março, irá registrar o recorde de público do estádio, com 44.739 ingressos já garantidos, sendo 38 mil para o público geral e o restante repassado aos parceiros comerciais da CBF. Considerando apenas o bilhete mais barato, de R$ 57,50 (lembrando que chegou a ter entrada vendida a R$ 287), a projeção mínima de bilheteria aponta R$ 2,18 milhões. A tendência é que ultrapasse os R$ 4 milhões. Sem dúvida, um sucesso comercial. Esperado, diga-se.
“A maior prova de que preço tem pouca influência no público de uma partida de futebol”.
A frase foi sumariamente rebatida por torcedores, não só rubro-negros. Como sou um dos administradores da página, resolvi comentar também (assinando o meu nome, claro). Na minha visão, o contexto do jogo da Canarinha é completamente descaracterizado para justificar ingressos de R$ 60 numa arquibancada da Ilha do Retiro contra América-PE ou River-PI, prática recente no clube. Com clara distinção na qualidade, estrutura, oferta e demanda.
Em seguida, o dirigente treplicou:
“Inelasticidade do preço demanda. Esse conceito você precisa entender, antes de fazer uma análise qq acerca de ocupação em jogos de futebol. Sugiro o livro Fundamentos de Economia do colega professor Marco Antônio Vasconcelos. Será muito útil para você entender e evoluir nas suas análises. Aliás, todos os argumentos acima, comprovam exatamente o conceito de que no jogo de futebol é inelástica a demanda.”
Vale destacar que originalmente a sua primeira frase dizia que o preço “não tem influência”, mudando depois para “pouca influência”.
De fato, teoria é algo importante em qualquer segmento (não li o livro indicado) e no esporte não é diferente. E é preciso somar isso a dados concretos de uma área de atuação específica. No futebol, entre outras coisas, o perfil da torcida, que no caso do Sport é formado em sua maioria pessoas de poder aquisitivo baixíssimo (na capital, só 26% ganham mais de dois salários mínimos). Nessa mistura, chega-se à prática. Na qual é preciso enxergar o seu público-alvo.
Atualização: após a repercussão negativa, Estevam apagou o comentário.