Planejamento estratégico para as futuras conquistas de Náutico, Santa e Sport

Os presidentes de Náutico (Glaubes Vasconcelos), Santa Cruz (Alírio Moraes) e Sport (João Humberto Martorelli) em 2015. Fotos: Náutico e Superesportes

A cada nova gestão no futebol, um plano é traçado. Organização das finanças, ampliação do quadro social, estruturação física e, sobretudo, resultados positivos no carro-chefe, o próprio futebol. À parte do organograma profissional dos clubes, vamos aos maiores objetivos nos gramados, segundo os planejamentos estratégicos de cada grande clube do Recife.

Náutico (estabilidade na Série A)
Presidente no biênio 2014/2015, Glauber Vasconcelos só estipulou metas a curto prazo. Mais que um título, mesmo estadual, que encerraria o jejum desde 2004, o objetivo é o acesso à Série A. Através de sua assessora, o dirigente informou que é preciso um período estável na elite (paralelamente à reorganização administrativa, com a cota de tevê subindo de R$ 3 milhões para R$ 24 mi) para poder “disputar títulos nacionais a longo prazo”.

Santa Cruz (título da Copa do Brasil e/ou primeira participação internacional)
O planejamento coral, de 2015 a 2017, foi apresentado em março pelo presidente Alírio Moraes. No futebol, o ponto alto seria no último ano, com o inédito título da Copa do Brasil. Condição atrelada ao acesso já no início do mandato. Entretanto, há o plano B, pois o Tricolor vislumbra a sua primeira participação internacional em 2018, tanto na Libertadores (via copa) quanto na Sul-Americana, cuja classificação ocorre a partir do Brasileirão.

Sport (grande campanha na Libertadores)
O mandatário do Leão, João Humberto Martorelli, foi o único a estipular uma meta fora de sua gestão. Eleito para o biênio 2015/2016, ele enxerga 2020 como o ápice neste processo de evolução (receita acima de R$ 100 milhões, estrutura completa no CT e 50 mil sócios), com o clube firme entre os oito primeiros da Série A e credenciado à disputa da Taça Libertadores da América, “com muita força”, segundo suas próprias palavras no programa Camarote PFC.

O Náutico foi econômico ou realista? Santa e Sport acertam em mirar a Libertadores a curto prazo? O título nacional é um sonho possível? Comente.

Da sala de Mia Jawdat, em Zurique, todas as negociações internacionais do futebol

Sede do TMS, na Fifa. Crédito: Fifa/facebook

Em uma pequena sala na sede da Fifa, em Zurique, Mia Jawdat coordena a equipe de estatísticas das “janelas do futebol”, através do Transfer Matching System (TMS), o sistema eletrônico da entidade, criado em 2011, para registrar oficialmente todas as negociações internacionais. Contando com os demais departamentos, o quadro não chega a 50 funcionários. De lá da Suíça, todas as 13 mil transferências anuais (legais) do futebol são guardadas e analisadas.

Existem duas janelas (períodos) de negócios entre os países filiados a cada ano, entre dezembro e fevereiro e entre junho e agosto, com as devidas exceções provocadas pelo fuso horário. O calendário europeu, com o intervalo entre competições no meio do ano (2014/2015, 2015/2016 etc) faz com que a “janela de verão” (deles) seja a mais movimentada, sobretudo no Big 5, termo usado pelo próprio TMS para definir Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália.

Dados internacionais entre 1º de junho e 31 de agosto, antes do #deadlineday:

2015
5.816 jogadores negociados
US$ 2,7 bilhões em 936 vendas (16% dos atletas)

2014
6.013 jogadores negociados
US$ 2,8 bilhões em 945 vendas (15% dos atletas)

E olhe que o último dia da janela é o justamente o principal, com mais de 400 transferências internacionais, em acordos firmados no apagar das luzes. Uma a cada 3 minutos! Em 2014 isso correspondeu a 500 milhões de dólares movimentados em apenas 24 horas (ainda não saiu o quadro de 2015).

Balanço do Fifa TMS sobre a janela brasileira em 2015. Crédito: Fifa TMS/twitter

No Brasil, o saldo histórico é o de cash recebido. Este ano, por exemplo, a diferença entre gasto e receita foi de US$ 85 milhões! Em relação à chegada de jogadores (527, ou 148 a mais que a saída), a explicação se deve ao formato dos acordos, com 63% sem contrato com outros clubes (logo, mais baratos).

No momento em que se “paga” pelo empréstimo ou se formaliza a compra dos direitos econômicos, os atletas brasileiros seguem imbatíveis. No cenário mundial, foram 622 transferências internacionais, 286 a mais que a segunda nacionalidade mais procurada, a francesa. São alguns dos números guardados lá no escritório de vendas e marketing do TMS, comandado por Mia.

Número de jogadores transferidos internacionalmente (01/06 a 31/08 de 2015), divididos pelas nacionalidades. Crédito: Fifa/TMS

O custo de um árbitro a cada jogo nas principais ligas nacionais de 2015

Escudo da arbitragem brasileira. Crédito: CBF

As seguidas (e justas) críticas ao trabalho dos árbitros no Brasileirão de 2015 levantou mais uma vez sobre a estrutura atual de arbitragem, bastante falha. Tanto na preparação quanto no controle. Um caso local, o árbitro Emerson Sobral, serve como exemplo, sendo ao mesmo tempo o recordista de jogos decisivos no Estadual e também de punições desde 2010. Em defesa dos árbitros e assistentes, há de se ressaltar o amadorismo da categoria em um meio marcado por receitas cada vez maiores aos demais atores.

Um quadro produzido pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf) e divulgado no programa Seleção Sportv comparou a situação dos árbitros brazucas a outras ligas tradicionais, com as cotas cada um nos campeonatos nacionais da primeira divisão em 2015 (entre as principais, falou a Bundesliga). Além de o valor por jogo ser o mais baixo, o Brasil ainda tem a particularidade de não ter receita mensal. Só em outro lugar acontecer isso, na Premier League. Entretanto, cada juiz inglês receber R$ 100 mil por jogo, podendo chegar a renda mensal de até 400 mil reais (ou 68 mil libras esterlinas, a moeda inglesa).

Na prática, apenas os dez árbitros brasileiros com a insígnia da Fifa têm uma condição financeira mais favorável, devido ao maior repasse.

Cota do árbitro por jogo (R$)
100 mil – Inglaterra
17,0 mil – Itália
15,5 mil – Espanha
10,0 mil – França
2,6 mil – Argentina
2,6 mil – Brasil

Salário do árbitro (R$)*
46,2 mil – Espanha
33,6 mil – Itália
11,5 mil – França
18,0 mil – Argentina
*Na Inglaterra e no Brasil não há remuneração fixa. 

No Brasil, até a década de 1990, o pagamento ao trio de arbitragem era atrelado às bilheterias das partidas. O trio ganhava 1% da renda bruta, sendo 0,5% para o árbitro e 0,25% para cada assistente. Voltando ao presente, o contraponto sobre o amadorismo. Que a arbitragem seja profissionalizada pela CBF (Por que a resistência?), acabando os “bicos” e criando uma tendência de melhora técnica, para resultados mais justos. Paralelamente a isso, aumentará a cobrança por bons trabalhos, sem espaço para desculpas esfarrapadas.

Classificação da Série A 2015 – 22ª rodada

A classificação da Série A 2015 após 22 rodadas. Crédito: Superesportes

O 8º empate do Sport como visitante não foi suficiente para melhorar a colocação do time no Brasileirão. Pelo contrário. Dois concorrentes próximos venceram e ultrapassaram o Leão, que caiu duas posições, agora em 10º, a sua pior colocação no campeonato. Na quarta, o Flamengo goleou o Avaí, em Natal, e manteve a arrancada. No término da 22ª rodada, na quinta-feira, o Santos venceu a Chapecoense, mesmo sem Lucas Lima (que também desfalcará o time no Recife), e subiu para o 8º lugar. Mais concorrentes pelo G4, a consequência de uma duradoura má fase no Leão, há oito jogos sem vitória.

Enquanto isso, na briga pelo título, o Corinthians já abre uma larga vantagem de sete pontos, com um incrível aproveitamento de 74%. Hexa a caminho. Paralelamente a isso, o alvinegro convive com a onda de críticas sobre a arbitragem, com erros sistemáticos contra os adversários diretos.

A 23ª rodada do representante pernambucano
06/09 (18h30) – Sport x Santos (Ilha do Retiro)

Histórico no Recife pela elite: 7 vitórias leoninas, 5 empates e 5 derrotas.

Emerson Sobral, o árbitro recordista de mata-matas no Estadual e de geladeiras

Emerson Sobral, árbitro do quadro da FPF. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O árbitro Emerson Sobral é tido como um dos principais do quadro Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol de Pernambuco (Ceaf). Em 2015, tornou-se recordista de jogos em fases decisivas do Estadual (semifinal e final, desde 2010), com cinco partidas. Inclusive, apitou a decisão da competição pela primeira vez em sua carreira. Paralelamente a este cartaz, vai colecionando punições pelos erros cometidos em campo. Já são três geladeiras na carreira.

18/01/2012 (Estadual)
Punido ao errar em dois jogos. No primeiro, deixou de expulsar o zagueiro André Oliveira, do Santa. No segundo, não marcou um pênalti em cima de Rogério, do Náutico, e depois assinalou um pênalti inexistente sobre o mesmo jogador.

24/03/2013 (Estadual)
No jogo Ypiranga 2 x 2 Sport, na oitava rodada do segundo turno, assinalou um pênalti polêmico para a Máquina de Costura e marcou uma falta inexistente aos 44 do segundo tempo, no lance que acabou saindo o último gol.

02/09/2015 (Série A)
Na partida entre Ponte Preta e Cruzeiro, pelo Brasileirão, em Campinas, deixou de marcar dois pênaltis, um para cada time. No caso do time mineiro, marcou a falta fora da área. No lance da Macaca, sequer assinalou falta.

A CBF detalhou o gancho da seguinte forma: “afastado das próximas rodadas para treinamentos teóricos e práticos junto à Escola Nacional de Arbitragem”. Nada muito diferente, das “reciclagens internas” da FPF. No cenário local, aliás, recebeu como prêmio a indicação (via sorteio) para apitar uma decisão. Não se surpreenda com algo semelhante em escala nacional.

Emerson Sobral é apenas um exemplo de um fraco padrão de controle adotado pelas entidades em relação à arbitragem no futebol, ainda amadora.

Podcast 45 (168º) – Empate do Sport e análise sobre Eduardo, Lisca e Martelotte

O 45 minutos analisou o epate entre Sport e Coritiba, no Couto Pereira, a partir da escolha tática do treinador rubro-negro. Samuel funcionou? Faltou mais intensidade? Marlone pode ser reposicionado em campo? Além do debate sobre o momento do time na Série A, também entrou na pauta da 168ª edição o “tira-teima” entre os técnicos dos grandes clubes pernambucanos. Mercado, ambiente, forma de trabalho, títulos. Em relação aos jogos de Santa e Náutico na Série B, na terça, o conteúdo foi gravado no 167º programa (aqui).

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Empate sem gols entre Coritiba e Sport, no jogo mais chato da rodada

Série A 2015, 22ª rodada: Coritiba 0x0 Sport. Foto: Site oficial do Coritiba (coritiba.com.br)

O Sport chegou a oito jogos sem vitória na Série A. Em Curitiba, um empate sem gols na partida mais chata da rodada. O time da casa, pressionado pela zona de rebaixamento, não produziu absolutamente nada, numa noite tranquila para o goleiro Danilo Fernandes. O time pernambucano, o único da competição que ainda não venceu na condição de visitante (após 11 jogos!), teve duas boas chances, ambas com André, livre, mas a bola sequer foi na meta.

No finzinho, já com o Brocador na posição do centroavante, ainda teve uma bola escorada no travessão, mas com a recuperação rápida do goleiro coxa-branca. Pronto, isso resume a ofensividade rubro-negra na noite, com 54% de posse, tecnicamente superior ao adversário, domínio territorial e boa troca de passes, mas numa corrente pragmática à frente, previsível. Outrora elogiado, o sistema de Eduardo Batista, 4-2-3-1, parece fatigado.

No começo do jogo, devido ao CK alto de Maikon Leite, Samuel ocupou a ponta direita. Uma atuação correta, sem sustos, mas ofensivamente nula (sem surpresa). Na esquerda, Marlone não vem exercendo a função. A sua cadência parece gritar por um reposicionamento em campo, mas faltou ousadia (ao técnico). São apenas observações sobre um time sem vitórias na Série A, se afastando de um objetivo que parecia crível – agora está a quatro pontos do G4. O 0 x 0 no Couto Pereira ao menos estancou a arrancada com derrotas no returno, mas matematicamente pouco ajudou o Sport.

Série A 2015, 22ª rodada: Coritiba 0x0 Sport. Foto: Site oficial do Coritiba (coritiba.com.br)

O raio x econômico dos clubes brasileiros, segundo o banco Itaú

Divisão das receitas do clubes brasileiros, segundo estudo do Itaú BBA

Uma equipe de profissionais do Banco Itaú BBA realizou uma análise (de 222 páginas) sobre 24 clubes do futebol brasileiro. Um raio x sobre receitas, despesas, dívidas, bilheteria, sócios-torcedores e ações de marketing. Números, a partir dos balanços oficiais de cada um, e um aval dos especialistas, com direito a um comparativo com times da América Latina e da Europa. Entre as equipes analisadas, Náutico e Sport. Confira a íntegra do documento, batizado de Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2015.

Náutico (da página 110 a 114)
A queda em 2013 foi dramática para o clube, que ainda não se acertou financeiramente. Tanto que em 2015 continua a disputá-la. Será um trabalho árduo, mas há luz no fim do túnel. É preciso apenas organização e cuidado com os custos. Há que mirar no rival Sport, sem tirar da mente o que aconteceu com o Santa Cruz, até hoje fora dos holofotes. Usar a força da torcida e saber explorar a Arena Pernambuco, sua nova casa. Eis o desafio.

Sport (da página 135 a 139)
O Sport já teve uma gestão mais conservadora em termos financeiros. O que vimos em 2014 foi um excesso de investimentos que acabaram por elevar consideravelmente as dívidas do clube. Vamos ver se em 2015 estes investimentos significarão aumento de custos, pois se confirmar é de se esperar que haja geração de caixa negativa, dado que as receitas tendem a se manter estáveis. Vemos um risco não desprezível do clube enfrentar dificuldades se não reorganizar a casa rapidamente.

Robben participa do lançamento da camisa “holandesa” do Sport

Robben apresentando a nova camisa do Sport, em Munique. Crédito: Youtube/reprodução

A camisa azul do Sport já havia sido vazada no mercado, mas o lançamento oficial acabou surpreendendo. A parceria com a Adidas acabou viabilizando a participação do astro holandês Arjen Robben, do Bayern, ambos patrocinados pela marca alemã. A escolha do garoto-propaganda se deveu à justificativa da nova camisa, uma homenagem à ligação histórica entre o Recife e a Holanda.

Falando em inglês, num vídeo gravado em Munique, o jogador  de 31 anos, vice-campeão mundial em 2010, mandou um recado de “boa sorte na temporada” ao Leão, devidamente vestido com o novo uniforme do Rubro-negro.

“Muito obrigado por ter sido o primeiro a receber essa camisa”.

Haja marketing…

Podcast 45 (166º), Vitória do Náutico (Boa) e derrotas de Santa (Paraná) e Sport (Fla)

O fim de semana registrou apenas uma vitória local. Em casa, claro, pois longe do estado, em 2015, os resultados não estão vindo. Dos 31 jogos como visitante, com Sport, Náutico e Santa nas Séries A e B, foram apenas 2 vitórias, ambas na segundona. Não por acaso, o Leão é o único da elite que ainda não venceu fora. E nem em seu reduto está fácil. O 45 minutos começou o revés diante do Flamengo, na Arena, com a consequência para o jogo em Curitiba, quarta. Na sequência, a suada vitória alvirrubra sobre o Boa Esporte, que deixou o time encostado no G4. Por fim, a displicência coral contra o Paraná, que brecou a ascensão e ainda terminou com Grafite e Aquino suspensos.

Confira um infográfico com as principais atrações da gravação aqui.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!