“Em Pernambuco, o Santa tem a maior torcida que vai ao campo. Pode ser por conta desse sentimento de esperança. O torcedor vai ao estádio sonhando com a vitória, mesmo sabendo que o clube vai mal ele acredita no sucesso. Se o Náutico passasse por essa situação, talvez deixasse de existir. É uma torcida mais elitizada. A torcida do Sport é mais de momento. Talvez até possa superar a do Santa em número, mas ela é de momento. É como se fosse de moda… Como foi na Libertadores, onde era chique estar na Ilha.”
Por Denílson Marques, doutor em sociologia da Universidade Federal de Pernambuco.
É um texto bem polêmico envolvendo os três clubes. A declaração faz parte da ampla reportagem “Um Fenômeno chamado Santa Cruz”, na edição deste domingo do Diario.
Leia a matéria completa dos repórteres Celso Ishigami e Diego Trajano clicando AQUI.
Sobre a arte: o Diario de Pernambuco vem abusando do grafismo no Superesportes há algum tempo. Desta vez, a arte na capa do caderno foi assinada por Greg.
O fim do primeiro tempo no ABC Paulista era quase um sonho.
Digno do tal “carro-chefe” do Brasileiro da Série B de 2010.
Vitória parcial doSport por 2 x 0 sobre o Santo André em uma rodada que também ajudava, com o empate entre Portuguesa e Bahia, no Canindé.
Jogando na Grande São Paulo, o Leão havia marcado com Igor e Ciro, em um confronto equilibrado até então, mas com a sorte de duas finalizações certas.
Até aquele momento, a diferença do pentacampeão pernambucano em relação ao G4 da Segundona caía para seis pontos.
Mas com uma zaga em uma fase tão ruim fica mesmo difícil acordar com uma realidade semelhante àquela do sonho. E a realidade, como sabemos, é um pouco mais cruel…
O suposto triunfo se transformou em uma ilusão numa tarde de sábado.
O Santo André pressionou bastante na etapa final. Ao todo, teve 17 escanteios, contra apenas 3 do time pernambucano.
Mesmo com o gol de cabeça, o capitão Igor seguia jogando o mesmo futebol abaixo da crítica das últimas rodadas. Hoje, culminou com uma expulsão.
Tudo bem que a sua falta saiu após um contra-ataque dado por Ciro, fominha lá na frente. Erros em sequência. Algo que não resulta em algo diferente de um tropeço.
Bola na área o tempo todo… Magrão espalmando no canto direito, no canto esquerdo, no alto… Só não dá para salvar sempre. E ele não conseguiu. O Ramalhão chegou ao empate aos 41 minutos, já com a neblina tomando conta do estádio.
Ali, 2 x 2. No Canindé, o Bahia atropelou e fez 4 x 2 na Lusa.
Consequência? O Sport acaba a 17ª rodada da Série B a 9 pontos do G4.
O time não perde há seis jogos. São 2 vitórias e 4 empates. Somou 10 pontos. Caminhada muito tímida, com o freio de mão puxado.
Hoje, o Sport está muito longe da volta à elite. O sonho está acabando.
A recuperação não veio. Mais um 0 x 0 frustrante no Recife. Desta vez nos Aflitos.
Contra o Brasiliense, e a sua surreal camisa rock’n’roll, o Náutico ficou no empate na Série B, na presença de 9.300 torcedores.
No primeiro tempo, o goleiro Glédson fez pelo menos três ótimas defesas.
Salvou o time… Volta por cima, pois o camisa 1 do Alvirrubro já começava a receber algumas críticas da torcida após as últimas duas derrotas.
Mas a vida de qualquer goleiro sempre foi complicada. E olhe que Glédson era um dos destaques da equipe antes deste momento com alguma turbulência.
Voltando ao jogo, a noite desta sexta deu mesmo muito trabalho a Glédson, que ainda teve que segurar os meninos do Brasiliense (Iranildo, Acosta e Ruy) na etapa final.
As melhores chances foram mesmo do time candango durante toda a partida.
A vitória não passou nem perto do Náutico nesta rodada.
O técnico Gallo reconheceu isso e, certamente, já está cobrando uma reação do grupo nas próximas rodadas. De qualquer forma, o Alvirrubro chegou aos 28 pontos.
Segue fora do G4, mas está bem próximo… A duas rodadas do fim, a meta timbu de acabar o primeiro turno da Segundona com 33 pontos ficou comprometida.
Mas pelo menos a noite serviu para provar que a torcida alvirrubra pode mesmo confiar no seu goleiro para o restante da longa jornada na Segundona.
No lado do Brasiliense, bem que o clube poderia aposentar essa camisa musical, já que aposentar meio time seria bem mais difícil…
Alagoano de Murici. Completou 30 anos em junho. Volante marcador. Eficiente. Conhecido como um “cão de guarda” em campo.
Muitas vezes, acaba sendo a única saída do treinador quando o jogo aperta.
Pela marcação pesada, acumula em série inúmeros cartões amarelos. E vermelhos. Saindo das quatros das linhas, a situação muda.
Ele torna-se um jogador quase “bipolar”, muito instável. Por isso, quase o regente de uma monarquia. Talvez tenha mesmo o rei na barriga.
Uma hora no Náutico, outra no Sport, depois no Náutico, e em seguida no Sport.
Ele não facilita em nada a negociação. Não cede. Como a maioria dos reis, diga-se…
Hamilton tem esse direito, é bom ressaltar. Mas a crítica vai ao futebol de Pernambuco, que se submete a esses personagens da bola. Fazem leilão, cobram adiantado etc.
Agora, o atleta chega ao Timbu pela segunda vez em 2010. Isso porque quis um contrato curto no Estadual. Depois de negociar com os rubro-negros, é claro.
É possível que ele forme uma boa dupla com Ramires no Alvirrubro? Demais. Mas, na minha opinião, o futebol local não pode ficar refém de jogadores assim.
Além desta imposição no contrato, Hamilton já se negou a jogar pelo Náutico na última rodada da Série A de 2008, quando sentiu uma lesão que jamais apareceu em exames.
O Timbu não caiu graças à melhor atuação do goleiro Eduardo pelo clube, que recebeu a nota 10 do Diario no 0 x 0 com o Santos na Vila Belmiro.
Mas é fato consumado. Hamilton está de volta e deve reforçar bem o time de Gallo na Série B. De qualquer forma, é bom reforçar também a segurança na sua fazendo em Sergipe, que costuma ser invadida quando os zeros não aparecem na conta bancária.
Mesmo em 8º lugar na Série B, o Náutico está a apenas um ponto do G4.
De fato, está tudo muito embolado na parte de cima de tabela.
Após duas derrotas seguidas, o Alvirrubro jogarás duas vezes nos Aflitos nessas últimas três rodadas do primeiro turno da competição (veja a projeção AQUI).
Com 27 pontos, o Timbu precisa de pelo menos 6 para chegar à meta estipulada pelo técnico Alexandre Gallo, dentro do padrão histórico de acesso à elite.
Abaixo, um vídeo motivacional produzido pela TV Timbu, do próprio site do Náutico, chamando a torcida para o jogo contra o Brasiliense, nesta sexta, às 21h.
Eu gosto deste estilo “cinematográfico” para anunciar os jogos. Futebol e dramaticidade caminham juntos. Ainda mais na Segundona…
Às 10h deste domingo, o engenheiro civil baiano Carlos Agusto Freire de Carvalho, de 54 anos, entrará para a história. Terá os seus 15 segundos de fama, literalmente.
Ele será o responsável por ativar os 700 quilos de explosivos que vão levar ao chão o tradicional Estádio Octávio Mangabeira. Ou, simplesmente, Fonte Nova.
Pernambucanidade à parte, o estádio de Salvador foi durante muito tempo o principal palco de futebol da região.
Durante décadas, foi a casa de Bahia e Vitória (antes do Barradão), nos bons tempos dos dois clubes. Lá, foram realizados os primeiros jogos das finais da Série A de 1988 (Tricolor, campeão) e de 1993 (Rubro-negro, vice).
Isso sem contar no gigantismo da Fonte Nova, cujo recorde é de 110.438 pagantes na semifinal do Brasileirão de 1988, quando o Bahia venceu o Fluminense por 2 x 1.
Infelizmente, a Fonte Nova também viveu o seu momento obscuro, em 2007, com a morte de sete torcedores após um desabamento.
Visando a Copa de 2014, o estádio será reconstruído ao custo de R$ 591 milhões.
Para a implosão do estádio, serão evacuados 962 imóveis num raio de 250 metros. Assim, 2.467 moradores vão deixar as suas casas durante algumas horas.
O estádio completaria 50 anos em 28 de janeiro de 2011.
Em 10 dias, serão disputadas três rodadas, encerrando o primeiro turno da competição.
Ou seja, 19 jogos para cada um dos 20 times.
Então, chegou a hora dos velhos prognósticos matemáticos sobre as chances dos rivais centenários, focando o acesso (ainda).
Ao lado, o grático com todos os 16 clubes que conseguiram o acesso na era dos pontos corridos, implantado em 2006, com as campanhas no primeiro turno. Na legenda da arte:
P1: 1º turno; P2: 2º turno; PF: pontuação final.
No Náutico, o técnico Alexandre Gallo está certo.
Ele quer pelo menos 33 pontos. Trata-se de um número bem razoável nas edições anteriores.
A média histórica em 19 jogos do clube que acaba com a 4ª vaga no fim é de 29 pontos.
O Timbu tem uma oportunidade enorme de ir além disso. Tem dois jogos nos Aflitos e um fora, contra o lanterna Vila Nova.
O Sport, com 20 pontos, precisa de 100% de aproveitamento nesta reta final da primeira metade da Segundona. Para ficar no limite!
Caso contrário, o Leão vai ter que arrancar a la Usain Bolt no returno, como o América/RN, há quatros anos. Para subir, o Mecão, que era o 11º lugar, teve uma campanha com 11 vitórias, 3 empates e apenas 5 derrotas no returno.
Não é toda vez que isso acontece, apesar da esperança.
Algumas curiosidades das duas metades do Brasileiro:
Os líderes da Serie B no 1º turno em 2006 e 2007 sequer conseguiram o acesso.
Os quatro primeiros no 1º turno de 2009 foram os mesmos na pontuação final.
O pior desempenho de um time no returno, mesmo com acesso, foi de 29 pontos.
Aos pernambucanos, o lembrete: o número de erros possíveis da Série B está se esgotando… Perder ponto em casa é meio caminho andado para a Segundona de 2011.
Empate com o lanterninha. Resultado pra lá de mandrake do Sport.
Na volta para a redação do Diario, perto de meia-noite, eis que o carro da reportagem cruza por algo estranho no meio de uma rua em Santo Amaro…
O motorista Jorge, rubro-negro doente, soltou logo:
“Rapaz… Era macumba. E para o Sport”.
No carro ainda estava o repórter André Albuquerque, que também duvidou do trabalho das ruas. Sem pensar duas vezes, Jorge girou rápido o Gol 1.6 e voltou.
“É claro que foi contra o Sport. Um 0 x 0 com esse time fraco do Vila Nova só vai com macumba mesmo.”
De fato, parecia mesmo… Uma suposta macumba contra o leãozinho velho de guerra. Com farofa, ovo cozido, limão, uma rosa e cachaça!
O trabalho foi forte. A origem de uma macumba anti-Sport? Só Deus sabe. No mínimo, a possível oferenda foi feita num dia propício para a imaginação dos torcedores.
Eu não acredito em macumba e muita gente também não acredita. Confesso, porém, que não queria uma parada dessa com o meu nome por aí… Portanto…
Em 15 jogos, o Vila Nova tinha apenas 2 vitórias e 1 empate.
E 12 derrotas!
Lanterna disparado da Série B.
Para o Sport, em ascensão na competição, parecia o adversário ideal.
Mas não tem jeito…
O complexo de Lázaro do Sport, há um bom tempo, falou mais forte. É aquela sina de levantar defuntos. No fundo, a torcida já parecia saber. O temor era verdadeiro.
Foi um 0 x 0 frustrante na Ilha, com mais de 23 mil pessoas na noite desta terça-feira.
O sonho rubro-negro do acesso à elite do futebol brasileiro ficou muito distante.
Nos primeiros 45 minutos, o Leão até pressionou, na base da pressão da Ilha do Retiro. Fechadinho, o Vila segurou a bronca.
No segundo tempo, o Sport ficou com um ataque ainda mais qualificado, com Marcelinho Paraíba, Ciro e Wilson. Mas não resultou em gol.
O setor de criação já havia ficado comprometido naquele momento pela expulsão do zagueiro César. Fora o fato da péssima atuação de Da Silva, substituído, e da lentidão irritante de Igor. Que os reforços da defesa se recuperem logo!
Mas a zaga não levou gol, é verdade. Mas “pediu”, pois o fraco time goiano teve pelo menos três grandes chances de marcar o gol da vitória.
No fim, empate. Um ponto. Um passo curto.
Muito pouco. Empatar em casa com o 20º lugar é quase uma derrota.