Experiência de 1950

Copa do Mundo de 1950: Chile 5 x 2 EUA. Foto: Fifa

Na expectativa, o Recife deverá ser confirmada pela CBF como subsede da Copa do Mundo no dia 31 de março do ano que vem. Há 58 anos, porém, o estado teve a sua primeira a experiência em um Mundial.

Nunca uma Copa do Mundo ficou tão perto do Recife como na tarde do dia 2 de julho de 1950. Os pernambucanos acompanharam os mundiais anteriores pelo rádio e até por telégrafo. Mas naquele dia, no entanto, Chile e Estados Unidos entraram em uma Ilha do Retiro bem diferente da atual para uma partida válida pela 1ª fase.

Debaixo de chuva, mais de 9 mil pessoas viram a vitória chilena por 5 x 2 (foto acima), sendo este o único jogo realizado em todo o Norte-Nordeste. E não foi nem um pouco fácil para Pernambuco ser escolhido como sub-sede da Copa. As reformas no estádio do Sport duraram cerca de um ano, uma vez que os abnegados rubro-negros tiveram que cumprir todos os requisitos da Fifa no prazo estipulado.

A manchete do Diario de Pernambuco do dia 2 de julho foi “Chega ao Recife o Campeonato do Mundo”, mostrando detalhes do jogo, que previa casa cheia. Informava, inclusive, que várias caravanas de outros estados do Nordeste estavam se deslocando para Pernambuco, apenas para acompanhar aquele duelo histórico.

Apesar do público oficial de 9 mil torcedores divulgado no site da Fifa, o Diario noticiou na época que cerca de 20 mil pessoas lotaram as dependências da Ilha do Retiro. Para a decepção dos pernambucanos, porém, a partida foi uma lástima, como afirma um dos textos da reportagem do dia seguinte do Diario, onde até o termo “pelada” foi utilizado.

Os EUA chegaram a igualar a partida em 2 x 2, mas os chilenos acabaram deslanchando e golearam com gols de Cremaschi (2), Robledo, Riera e Prieto. A partida foi assistida na tribuna de honra pelo ex-presidente da Fifa, Jules Rimet, e pelo então governador do estado, Barbosa Lima Sobrinho. Abaixo, a ficha do jogo.

Chile 5 x 2 Estados Unidos

Data: 02/07/1950; Local: Ilha do Retiro; Árbitro: Mário Gardelli (Brasil); Assistentes: Mario Ruben Heyen (Paraguai) e Alfredo Alvarez (Bolívia); Gols: Robledo (16) e Riera (32 do 1º tempo); Wallace (2), John Souza (3), Prieto (15) e Cremaschi (9 e 37 do 2º tempo); Público: 8.501; Renda: 290 mil cruzeiros
Chile: Livingstone; Riera, Machuca, Prieto e Busquet; Farias, Ibanez, Cremaschi e Robledo; Alvarez e Rojas. Técnico: Arturo Bucciardi
Estados Unidos: Borghi; John Souza, McIlvenny, Pariani e Wallace; Colombo, Maca, Bahr e Edward Souza; Gaetjens e Harry Keough. Técnico: Bill Jeffrey

Foto: site da Fifa

Maracanazo, a dor do Rio

Final da Copa de 1950: Brasil 1 x 2 UruguaiFoi a maior derrota da história do futebol brasileiro. Difícil imaginar algo pior. Mesmo com a vantagem do empate naquele 16 de julho de 1950, o Brasil vencia o Uruguai por 1 x 0, na final da Copa do Mundo, em um Maracanã abarrotado com 200 mil torcedores. Mas os uruguaios viraram o jogo, silenciando o maior estádio do planeta. Os campeões chamaram aquele episódio de “Maracanazo”.

Desde então, qualquer revés dos quatro grandes clubes cariocas em uma situação decisiva no mesmo palco (devidamente lotado) também é tratado como Maracanazo. Elaborei um “Ranking de Maracanazos”, com algumas das grandes frustrações no estádio Mário Filho nos últimos 25 anos (além de 1950, é claro).

Com 100 mil alvinegros no Maracanã, Botafogo não sai do empate sem gols com o Juventude e fica com o vice da Copa do Brasil, em 1999O último “caso” aconteceu no sábado, quando 81.317 rubro-negros foram ao Maraca. Mas Castillo, aos 31 minutos do primeiro tempo, e Renan Oliveira e Leandro Almeida, aos 20 e 29 do segundo, respectivamente, marcaram os gols do chocolate de 3 x 0 do Atlético-MG sobre o Fla, pelo Brasileirão.

A derrota colocou água no chope da festa encomendada pelo presidente do Mengão, Márcio Braga, que havia dito que estava preparando a “festa do hexa”. Foi uma senhora derrota do time do Rio, mas nada que se compare a outros episódios históricos.

1) 1950 – Brasil 1 x 2 Uruguai – Final da Copa do Mundo. Sem comentários…

2) 2008 – Fluminense 3 x 1 LDU (Equador) – Final da Libertadores. Caso raro de Maracanazo com vitória. Os tricolores fizeram uma linda festa antes da partida, mesmo com a derrota por 4 x 2 no primeiro jogo. Thiago Neves fez 3 gols e levou a disputa para as penalidades, mas o goleiro equatoriano Cevallos gravou o seu nome entre maiores os carrascos do Maracanã.

A maior derrota do Flamengo em sua história. Perder o títuloda Copa do Brasil, em 2004, diante do pequeno Santo André foi demais para a nação rubro-negra3) 2004 – Flamengo 0 x 2 Santo André – Final da Copa do Brasil. Santo André? Santo André…?! Poisé. Foi lá, caladinho, e fez 2 x 0, em um resultado que surpreendeu todo o país. Até mesmo os torcedores do… Santo André.

4) 2000 – Vasco 0  x 0 Corinthians – Final do Campeonato Mundial (vitória corintiana nos pênaltis). Esse jogo poderia estar numa colocação acima, pois foi em um Mundial. No entanto, cerca de 20 mil corintianos estiverem presentes naquela noite. Assim, obviamente, houve festa.

5) 1999 – Botafogo 0 x 0 Juventude – Final da Copa do Brasil. Um golzinho… Um mísero 1 x 0 e o Fogão conquistaria o seu 3º título nacional. Mais de 100 mil pessoas acreditaram nisso. Mas terminou como começou: 0 x 0, com festa gaúcha.

6) 1997 – Flamengo 2 x 2 Grêmio – Mais uma final da Copa do Brasil. O Fla estava com a taça até os 34 minutos do 2º tempo, quando Carlos Miguel empatou e levou o título para Porto Alegre.

7) 1985 – Bangu 1 x 1 Coritiba – Final da Série A (vitória paranaense nos pênaltis). A inusitada decisão foi vista por 90 mil pessoas, após a adesão dos torcedores dos grandes, que foram apoiar o time de Moça Bonita.

O último Maracanazo. Cevallos, com o troféu, pegou 3 pênaltis e levou a glória para o Equador8 ) 2008 – Flamengo 0 x 3 América (México) – Oitavas-de-final da Libertadores. Incrível, pois o Fla venceu o jogo na Cidade do México por 4 x 2. Na volta, Cabañas fez a festa.

9) 1995 – Flamengo 1 x 0 Independiente (Argentina) – Final da Supercopa da Libertadores. O Mengão, com Romário, ficou a 1 gol de levar o jogo para as penalidades.

10) 2000 – Fluminense 0 x 1 São Caetano – Oitavas-de-final da Série A. Flu jogava pelo empate contra o Azulão, que havia se classificado no Módulo Amarelo. O Tricolor havia ficado em 3º no módulo principal. Adhemar acertou um chutaço no Rio, fazendo mais uma zebra.

Obs. – As 4 fotos deste post são – de cima para baixo – de 1950, 1999, 2004 e 2008. Passe o mouse em cima delas e saiba um pouco mais sobre esses Maracanazos.

Concorda com a lista? Opine!

“Pernambuco está na Copa de 2014”

Arena Coral, projeto do Santa para a Copa do Mundo de 2014Além de presidir o Santa Cruz, Fernando Bezerra Coelho segue acumulando o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. Dessa forma, FBC adiantou que a cidade do Recife será confirmada oficialmente como subsede da Copa do Mundo de 2014 em março de 2009.

“Será uma oportunidade única para o nosso estado, e o mercado já sabe disso. Pernambuco está na Copa de 2014. Agora, precisamos saber qual será o estádio”, disse FBC, que já chegou até a se encontrar o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

As 10 subsedes (ou 12, como quer a CBF) deverão apresentar o projeto definitivo dos seus estádios em novembro do ano que vem. Para o Recife, o projeto oficial ainda é a Arena Recife-Olinda (imagem abaixo), que seria construída, a princípio, no bairro de Salgadinho, em Olinda. Outras duas áreas, no entanto, estão sendo estudadas, na Ceasa e no Jequiá.

Os tricolores, porém, querem dar seqüência ao projeto da Arena Coral (imagem acima), que prevê uma reforma completa na casa tricolor, que passaria a ter uma capacidade de 68.500 pessoas sentadas (o anel superior seria ampliado).

Para Fernando Bezerra Coelho, o Santa tem dois caminhos nessa disputa local para o Mundial de 2014:

Arena Recife-Olinda, o primeiro projeto pernambucano para a Copa de 20141) A Arena Coral, obviamente. “Seria mais barato reformar o Arruda do que desapropriar o bairro de Salgadinho e construir um novo”, afirmou o mandatário coral.

O custo somente para desapropriar a área em Olinda é de R$ 100 milhões, enquanto todo o projeto do José do Rego Maciel está orçado em R$ 190 milhões.

2) Se juntar a Náutico e Sport no projeto da empresa portuguesa Lusoarenas, que tem o apoio do governo do estado para construir um novo estádio na capital pernambucana, para 44 mil pessoas.

Os três times teriam que jogar na arena durante 30 anos. No entanto, FBC propôs que os 3 clubes tenham uma cota mínima para jogar nos seus estádios também.

Você pode ler um pouco mais sobre essa polêmica da Copa de 2014 no Recife clicando AQUI.

Santa Cruz S.A. = R$ 25 milhões

Super S.A. Prepare-se, pois não faltam números no texto abaixo…

Devido à enorme quantidade de investimentos logo nos primeiros dias de sua gestão, Fernando Bezerra Coelho não só esclareceu a origem desse dinheiro, como ainda detalhou toda a verba que entrará no Tricolor no próximo ano. E não será pouca coisa. Como o título diz, a idéia é captar R$ 25 milhões.

Como? Através do Santa Cruz S.A., que ficará responsável pelo futebol do clube, deixando de lado o “velho” Santa Cruz, que terá o papel de quitar os débitos do clube. Que também não são poucos, diga-se. Apenas com causas trabalhistas, o número deve chegar a R$ 24 milhões.

O novo Tricolor (Santa S.A.) será feito através de cotas de investimento. As três primeiras – já fechadas – são de R$ 500 mil. Depois, o objetivo é arrecadar, até dezembro de 2009, mais R$ 23,5 milhões, com cotas à partir de R$ 10 mil. “Os investidores poderão comprar várias cotas. Um banco, por exemplo, pode chegar e comprar metade”, explicou Fernando Bezerra.

Mas como esses investidores sairiam ganhando? “Esse fundo de investimentos, que já foi aprovado, terá 10 anos, com possibilidade de prorrogar por mais 5. Como investiremos na formação de atletas, a venda de jogadores geraria lucro para eles. Dinheiro, a gente sabe fazer. O que nós precisamos é saber utilizá-lo para reerguer o clube”, disse FBC.

Doações – A receita do Santa S.A. será fundamental para a gama de projetos apresentados pela nova diretoria. Por enquanto, para evitar problemas com a Justiça do Trabalho (que fica com 20% de tudo o que o Tricolor arrecada), o clube vem recebendo doações de empresas de grande porte. As ordens de serviço para a reforma do Arruda (arquibancadas, gramado e iluminação) foram dessa forma. A Philips, por exemplo, irá ajudar com R$ 1 milhão. A Cimento Nassau, Queiroz Galvão e a Tintas Coral irão colaborar com a logística (material e mão-de-obra).

Também serão reformadas 3 mil cadeiras no Arruda, que serão vendidas por R$ 1.000. Assim, o clube conseguiria um faturamento de R$ 3 milhões. Outra novidade será a campanha de sócios “Todos pelo Santa”, para elevar a quantidade de associados até 60 mil (inspirada nos modelos de Grêmio e Inter).

Para finalizar, o censo coral. Ao contrário do que se pensava, não é o Santa Cruz que financiará o estudo que irá medir o verdadeiro tamanho de sua torcida, mas sim o próprio instituto de pesquisa, que deverá pagar R$ 250 mil. “Quem fizer o censo terá um enorme mailing, com todo o perfil do nosso torcedor. O seu gosto, o seu poder de compra. E isso é muito importante na economia”, disse o presidente coral.

Obs. Todas as movimentações financeiras do clube serão apresentadas em editais mensais.

Números
Santa S.A. – R$ 25 milhões (1 ano)
Cotas da S.A. – Entre R$ 10 mil e R$ 500 mil
Folha do futebol – R$ 500 mil
Pagamento de dívidas trabalhistas (mês) – R$ 150 mil
Sócios: 60 mil (meta)
Venda de cadeiras – R$ 3 milhões
Doações – R$ 1 milhão (Philips)
Censo – R$ 250 mil

Ufa!

Treinador coral será anunciado segunda-feira

O presidente tricolor, Fernando Bezerra Coelho, promoveu um almoço com jornalistas neste sábado (inclusive com o blogueiro aqui), em seu apartamento, em Boa Viagem, e anunciou uma série de novidades para o clube. Além do novo uniforme (post anterior), ele também revelou que os nomes do novo treinador e do diretor de futebol serão anunciados na segunda-feira. A apresentação deles será na quinta-feira, no Arruda.

Nomes? Sorridente, FBC se esquivou o quanto pôde, mas deu algumas pistas.

Ele disse que três técnicos estão estudando propostas do clube. Tanto o técnico quanto o diretor terão um perfil que trabalhe com as categorias de base do Santa, que será umas das prioridades da nova gestão.

Já a folha de futebol coral será de cerca de R$ 500 mil, e os jogadores que chegarem para a disputa do Campeonato Pernambucano de 2009 deverão ser assinar contratos de pelo menos um ano. Assim, evitaria uma debandada após o Estadual, já que o clube deverá disputar a Série D, no segundo semestre. “Ou a Série C…”, como afirmou Fernando Bezerra, que ainda espera os desdobramentos sobre a composição do novo campeonato nacional.

“Nós precisamos de um ano bom, e isso tem que começar no Estadual. Queremos um time para brigar pelo título”, disse o mandatário.

Mais tarde, novos posts com as novidades do Tricolor neste sábado.

Santa veste azul

Santa Cruz, o Fita Azul do futebol pernambucanoO Santa Cruz terá um 3º padrão oficial na próxima temporada.  Preto, branco e vermelho? Esqueça. A cor será azul. O presidente do clube, Fernando Bezerra Coelho, anunciou a novidade neste sábado. A idéia é que o time lance camisas comemorativas todos os anos, até o seu centenário, em 3 de fevereiro de 2014.

O Santa Cruz irá seguir a moda atual de cores originais para o terceiro uniforme, assim como o Fluminense, que adotou o laranja, e o Corinthians, com o roxo.

No Flu, a explicação é óbvia, pois é uma homenagem ao bairro do tradicional do clube carioca (Laranjeiras), enquanto o motivo do Timão vem da paixão do seu torcedor, “roxo pelo time”.

No Santa, o azul remete diretamente ao feito internacional do Mais Querido, que excursionou em 1979 no Oriente Médio e na Europa, e voltou para o Recife com uma invencibilidade de 12 jogos. Assim, a equipe foi premiada com a Fita Azul do futebol brasileiro. O time era treinado por Evaristo de Macedo, e o maior destaque era o meia Givanildo Oliveira.

O preço da nova camisa não foi revelado, até mesmo porque a diretoria ainda tentará renegociar os valores do contrato com a Champs, atual fornecedora de material esportivo do Tricolor. Confira abaixo a campanha tricolor no exterior.

Simulação do novo padrão tricolor.Santa, o Fita Azul de Pernambuco
1979 – Santa Cruz 5 x 1 Seleção do Kuwait
1979 – Santa Cruz 1 x 1 Seleção do Kuwait
1979 – Santa Cruz 3 x 0 Seleção do Bahrain
1979 – Santa Cruz 4 x 0 Seleção do Catar
1979 – Santa Cruz 4 x 1 Seleção do Catar
1979 – Santa Cruz 2 x 1 Seleção de Dubai
1979 – Santa Cruz 3 x 0 Seleção de Abu-Dhabi
1979 – Santa Cruz 3 x 0 Al-Aim (Emirados Árabes)
1979 – Santa Cruz 6 x 2 Nasser (Arábia Saudita)
1979 – Santa Cruz 3 x 0 Al Helal (Arábia Saudita)
1979 – Santa Cruz 4 x 2 Seleção da Romênia
1979 – Santa Cruz 2 x 2 Paris Saint-Germain (França)

Ao lado, apenas uma simulação do possível 3º padrão tricolor. Sem dúvida alguma, foi uma bela jogada de marketing do Santa Cruz.

Ilustração (Europa e Oriente Médio): blog de Rubens Sousa

Imortalizados por uma lente

Colaborador do blog, Osmário Marques – diagramador do Diario – vem se aventurando na fotografia, e bem, diga-se. Abaixo, uma galeria com fotos tiradas por ele nos jogos Náutico 0 x 2 Flamengo (04/10) e Sport 2 x 2 Vasco (08/10). Como o próprio autor diz, trata-se de “uma visão do futebol registrada por uma das pessoas que menos se interessa por esse esporte”. 😀

Ano zero do futebol pernambucano – 2

Recife Antigo

Por Carlos Celso Cordeiro*

Um fato novo revigorou a prática do futebol na capital de Pernambuco no começo do século passado, que foi a adesão do Náutico à prática do futebol. Uma matéria publicada no “Jornal Pequeno” de 12/05/1909 reforça a idéia de que o entusiasmo inicial pelo futebol realmente ficou arrefecido neste período e que a criação de novas equipes poderia modificar esta tendência. Abaixo, a matéria com a grafia da época.

“Reina grande animação no centro sportivo desta bella capital, tão balda em divertimentos e onde a rapaziada “smart” raramente tem ocasião de evidenciar as suas aptidões para os jogos athleticos. O reapparecimento do muito apreciado jogo de foot-ball do qual aqui tem sido infatigável propagandista o sr. Guilherme de Aquino Fonseca, tem despertado no animo da vigorosa mocidade pernambucana um verdadeiro enthusiasmo!

Basta salientar que ultimamente, depois do match disputado em Sant’Anna uns vinte dias atraz, só de uma vez, segundo ouvimos dizer, entraram mais de vinte e oito sócios para o sympathizado Sport Club. Não era comprehensivel que a rapaziada pernambucana se deixasse ficar na retaguarda dos paulistas, cariocas e bahianos, que já cultivam o foot-ball com verdadeiro delírio. Constou-nos que os rapazes do Club Náutico tratam de formar um eleven para bater-se com os do Sport Club.

Não será somente este, pois também ouvimos dizer que o sr. Arnaldo Loyo está organizando um team para jogar contra o Sport e outros. Se assim acontecer, em Pernambuco ficará então definitivamente introduzido o foot-ball, um dos jogos que mais concorrem para uma boa educação phisica e onde os moços aprendem a dominar os nervos, adquirindo a calma e tenacidade precisas para serem bons servidores da Pátria!”

Como previsto, a adesão do Náutico foi a mola propulsora desta nova onda de entusiasmo pelo futebol. O Clube Náutico Capibaribe, fundado em 07/04/1901, mas voltado apenas para esportes náuticos, aderiu aos esportes terrestres em 14/07/1909, quando foi realizada uma reunião para modificação dos estatutos da agremiação.

Náutico e Sport já estavam se tornando tradicionais adversários nas Regatas e a transferência desta rivalidade para os gramados foi muito importante para a consolidação definitiva do futebol em Pernambuco. A primeira partida entre Náutico e Sport, realizada em 25/07/1909, despertou grande interesse na imprensa escrita que, para os padrões da época, dedicou ao jogo extensas matérias. O resultado do primeiro jogo do Náutico foi: Náutico 3 x 1 Sport, com 2 gols de Maunsell e 1 de Thomas para o Náutico, e 1 de C.Chalmers para o Sport.

*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano

Confira a história completa: parte 1, parte 3, parte 4, parte 5 e parte 6.

Primeira estrela dourada

Sport campeão brasileiro de 1987Em pouco mais de um ano, dois dirigentes do Sport já precisaram rebater a acusação de que eles teriam assinado um documento concordando com a divisão do título brasileiro de 1987 com o Flamengo. Com o caso transitado em julgado em favor do Sport, esse fato causa surpresa.

Em 2007, Kléber Leite, ex-presidente do Fla, afirmou que Wanderson Lacerda, então diretor de futebol leonino em 1997, teria dividido o título nacional em troca da entrada do Sport no Clube dos 13. A ata com a tal assinatura nunca foi apresentada pelo flamenguista.

Nesta sexta-feira, surgiu uma notícia semelhante, mas dessa vez a fonte foi o jornal Extra, do Rio. Segundo o blog do jornal, Luciano Bivar, presidente em 1997, também teria assinado um documento com o mesmo teor. Segundo o blog, o título estaria caminhando para uma divisão. Assim como Wanderson, Milton Bivar (atual mandatário) repudiou a informação, com direito a nota oficial no site do clube. Uma confusão sem fim, já com 21 anos de discussão.

O Sport, porém, está muito bem respaldado pela decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF/5ª). Você pode conferir a íntegra da sentença clicando AQUI.

Além disso, a CBF reconhece apenas o Sport como legítimo campeão brasileiro de 1987, tanto que o clube pernambucano disputou a Taça Libertadores da América de 1988. De qualquer forma, já que levantaram a poeira de novo, vou aproveitar para postar alguns dados da campanha que deu a 1ª estrela dourada ao Rubro-negro do Recife. Confira abaixo.

Primeira fase do Módulo Amarelo (Taça Roberto Gomes Pedrosa)
16/09/87 – Sport 1 x 1 Atlético-PR (3.289 torcedores)
Neco e Ricardo Rocha brigam pela bola no duelo final, na Ilha do Retiro20/09/87 – Sport 2 x 0 Guarani (3.323)
23/09/87 – Sport 3 x 0 Criciúma (3.199)
27/09/87 – Joinville 0 x 1 Sport
30/09/87 – Portuguesa 1 x 1 Sport
04/10/87 – Atlético-GO 0 x 0 Sport
07/10/87 – Rio Branco 0 x 1 Sport
11/10/87 – Sport 4 x 0 Inter/SP (6.446)
25/10/87 – Sport 2 x 1 Ceará (7.773)
28/10/87 – Bangu 2 x 0 Sport
01/11/87 – Náutico 0 x 1 Sport
08/11/87 – Sport 0 x 0 Vitória (9.160)
11/11/87 – CSA 0 x 1 Sport
15/11/87 – Sport 2 x 1 Treze (9.699)

Estevam levanta o troféu que é o maior orgulho da massa leoninaSemifinal do Módulo Amarelo
29/11/87 – Bangu 3 x 2 Sport
03/12/87 – Sport 3 x 1 Bangu (24.472)

Final do Módulo Amarelo
06/12/87 – Guarani 2 x 0 Sport
13/12/87 – Sport 3 x 0 Guarani (16.674) *

* Nos pênaltis, empate por 11 x 11. Os dois times, em comum acordo, encerraram as cobranças e dividiram o título do Módulo Amarelo. A CBF, porém, deu o título Sport.

Quadrangular final do Brasileirão de 1987
24/01/88 – Sport W. x O. Internacional *
27/01/88 – Sport W. x O. Flamengo *
30/01/88 – Guarani 1 x 1 Sport
07/02/88 – Sport 1 x 0 Guarani (26.282)

* Flamengo e Inter se recusaram a disputar a fase final da competição – cruzamento dos módulos Amarelo e Verde – e perderam po WO.

Sport tornava-se o primeiro clube do Nordeste campeão brasileiro de futebolSport 1 x 0 Guarani

Data:
07/02/1988; Local: Ilha do Retiro; Árbitro: Luís Carlos Félix (RJ); Público: 26.282 espectadores; Gol: Marco Antônio, aos 19 minutos do 2º tempo; Cartão vermelho: Evair (G); Cartões Amarelos: Paulo Isidoro, Catatau e Ricardo Rocha (G).
Sport: Flávio; Betão, Estevam, Marco Antônio e Zé Carlos Macaé; Rogério, Ribamar (Augusto) e Zico; Robertinho, Nando e Neco. Técnico: Jair Picerni.
Guarani: Sérgio Néri; Gil Baiano, Luciano, Ricardo Rocha e Albéris; Paulo Isidoro, Nei (Carlinhos) e Marco Antônio Boiadeiro; Catatau (Mário), Evair e João Paulo. Técnico: Carbone.

Classificação oficial: 1º Sport; 2º Guarani; 3º Flamengo; 4º Internacional.

Capa do Diario em 8 de fevereiro de 1988Campanha do título de 1987

20 jogos

29 pontos

72,5% de aproveitamento

12 vitórias

5 empates

3 derrotas

29 gols pró

12 gols contra

Artilheiros do Sport
8 gols – Nando
4 gols – Augusto, Betão e Zico
3 gols – Robertinho
2 gols – Zé Carlos Macaé e Neco
1 gol – Ribamar e Marco Antônio

Público do Leão como mandante (10 jogos)
Total – 110.317 pagantes
Média – 11.031 pagantes

Enquete: quem vencerá o Clássico dos Clássicos?

Sport e Náutico irão se enfrentar pela 16ª vez em Brasileiros no próximo dia 19, na Ilha do Retiro (17h10). O jogo será a partida de número 489 dos dois rivais, que jogaram pela primeira vez em 1909. Quem sairá vencedor neste novo duelo?

Capa do Diario em 14 de julho de 2008Sport?

Náutico?

Empate?

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Clássico dos Clássicos
488 jogos

191 vitórias do Sport
165 vitórias do Náutico
131 empates
1 jogo de placar desconhecido (disputado em 29 de março de 1931, mas sem registro nos jornais dos dias seguintes)

Na foto da capa do Diario de 14 de julho (ao lado), Bala chuta para abrir o placar na vitória por 2 x 0 sobre o Timbu, no clássico do primeiro turno da Série A. Durval, de voleio, fechou o placar.