Metamorfose

Internacional 3x0 Chivas, na final da Libertadores, e Estudiantes 0x0 LDU, na final da Recopa. Fotos: Internacionale  Conmebol (divulgação)

Internacional e LDU. Campeões continentais em 2010.

Até 2006, os dois clubes não tinham títulos internacionais em seus currículos. Para o Colorado, o tabu era motivo de gozação. O rival o chamava de “Inter-regional”.

A Liga Deportiva Universitaria de Quito, por sua vez, era uma digna representante do futebol equatoriano. Difícil de ser batida na altitude. E só.

Naquele ano, os times se enfrentaram nas quartas de final da Taça Libertadores da América. O time brasileiro avançou e acabou faturando o seu primeiro título além das fronteiras. A glória desencadeou uma sequência de taças para os dois clubes.

2006 – Libertadores e Mundial (ambos com o Inter)
2007 – Recopa (Inter)
2008 – Libertadores (LDU) e Copa Sul-americana (Inter)
2009 – Copa Sul-americana e Recopa (ambas com a LDU)
2010 – Libertadores (Inter) e Recopa (LDU)

Ao todo, 9 títulos em cinco temporadas! E ainda falta a disputa do Mudial de 2010…

Cinco temporadas e a história reescrita, com a entrada noo “clube dos copeiros.” Uma motivação a mais para outros emergentes de plantão.

O que esses dois times têm em comum? Belos estádios, força jogando em casa, equipes estruturadas, sem tantas mudanças. E uma boa dose de poder de decisão, é claro.

Organização, planejamento e, consequentemente, dinheiro.

Aos emergentes, o sonho de viver um dia de LDU. Ou de Internacional…

Longe do Recife, uma LDU copeira

Recopa de 2010: LDU empata em 0 x 0 com o Estudiantes de La Plata e fica com o título. Foto: Conmebol/divulgação

Um fenômeno. A Liga Deportiva Universitaria de Quito conquistou na noite desta quarta-feira o seu 4º título internacional em três temporadas.

Números que colocam a LDU numa posição privilegiada entre os clubes da América.

Após faturar os títulos anteriores diante de times brasileiros (duas vezes sobre o Fluminense e uma contra o Internacional), os equatorianos agora barraram outro favorito, o argentino Estudiantes de La Plata.

Após a vitória por 2 x 1 na altitude de Quito, há duas semanas, a “Liga” segurou o 0 x 0 em Quilmes, na região metropolitana de Buenos Aires, e ganhou a Recopa, que reúne os campeões continentais do ano anterior.

A galeria de troféus da LDU já causa inveja por aí: 1 Libertadores (2008), 1 Copa Sul-americana (2009) e 2 Recopas (2009 e 2010). Uma potência surreal…

Ainda mais quando nos damos conta das lembranças deixadas pela LDU no futebol de Pernambuco. Há apenas um ano! Em plena disputa da Taça Libertadores.

Sport 2 x 0 LDU, na Ilha do Retiro, em 04/03/2009.

LDU 2 x 3 Sport, no estádio Casablanca (Quito), em 29/04/2009.

80 mil razões

Arruda e Ilha do Retiro. Fotos: Diario de Pernambuco

As fotos acima foram registradas nos últimos jogos de Santa Cruz e Sport em seus redutos. Ambos com casa cheia, com presença maciça nas arquibancadas.

Pesquisas de torcida à parte, IBGE à parte, discussões intermináveis de mesas de bar à parte, a verdade é que tivemos nos últimos três dias mais de 80 mil razões para ter a certeza que a rivalidade do Clássico das Multidões move o futebol local.

Domingo, 5 de setembro, Arruda: 50.879 tricolores.

Ou 84,7% da capacidade de 60 mil lugares do Mundão.

O outro lado se viu obrigado a dar uma resposta a tamanha prova de amor.

Terça-feira, 7 de setembro, Ilha do Retiro: 30.073 rubro-negros.

Ou 85,9% da capacidade de 35 mil lugares da Ilha.

Quem saiu ganhando? O futebol de Pernambuco. Fato. Mais de 80 mil pessoas em dois jogos contra, com todo respeito, Guarany de Sobral e Brasiliense, nas Séries D e B…

Não é para qualquer um!

Enquanto isso, tem jogo na Série A de 2010 às moscas. Já pensou se a organização dos clubes seguisse a lógica das arquibancadas? Seria algo além da força regional.

E olhe que ainda tem o Náutico e a sua média regular nos Aflitos. De fato, os pernambucanos fazem a sua parte fora das quatro linhas. Pelo menos nisso.

Um X no caminho do Náutico

Série B-2010: Coritiba 3 x 1 Náutico. Timbu perde na Arena Joinville e permanece fora do G4. Foto: site oficial do Coritiba/divulgação

Dizem que os treinadores de futebol pegam a tabela antes do início de cada competição e começam a marcar com um “X” os resultados possíveis, de acordo com o nível técnico dos respectivos elencos.

“Íbis, fora de casa? Pode cravar o “X” na vitória.”

“São Paulo, no Morumbi? Hum… Acho que é um “X” na derrota.”

Obviamente, nem a provável vitória sobre o Íbis está garantida assim como é possível arrancar pontos contra o maior campeão brasileiro, mesmo em seu reduto.

Na noite desta terça-feira, o Náutico enfrentou o Coritiba na fria Arena Joinville, tanto no clima como na presença da torcida, bem tímida.

Não seria um absurdo caso este jogo estivesse naquela cota de resultados improváveis do técnico Gallo. Soma um ponto aqui, outro ali, três acolá e algumas derrotas…

Assim, uma derrota seria normal como visitante contra o Coxa. E aconteceu. O Alvirrubro caiu com um placar de 3 x 1.

O problema é o contexto do revés. Foi a 6ª derrota seguida do Náutico fora de casa, o que mostra que alguns “Xs” do tal planejamento não deram certo. O mais grave, desta vez, foi a apresentação com um futebol bem apático.

O Alvirrubro chegou a empatar a partida, através de Geílson, de pênalti, mas o time não agredia o adversário e nem mostrava um sistema defensivo eficiente. Foi abatido.

O bom retrospecto em casa mantém o Timbu na cola do G4 da Série B. Em casa, o Náutico jogará a sua próxima partida, contra o Duque.

Mas o time precisa voltar a pontuar longe de Rosa e Silva, pois esse mau desempenho recente minou uma arrancada brilhante na Série B.

E para pontuar, a apatia não pode ganhar espaço. Como teve em Joinville…

Está chegando

Série B-2010: Sport 3 x 0 Brasiliense. Germano marca o primeiro gol do Leão e comemora com o time. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Rumo ao G4.

Nove jogos sem perder.

Três vitórias seguidas.

Vitória ampla com bom futebol do Sport.

E a esperança renovada de vez!

O jogo foi até equilibrado na tarde desta terça-feira, na Ilha do Retiro. Mas o Leão parece ter deslanchado na Segundona.

Foi um confronto movimentado contra o rodado time do Brasiliense.

Os 30 mil torcedores presentes no estádio num ensolarado feriado nacional viram um Leão brigador no segundo tempo, aproveitando uma vantagem numérica que em outras ocasiões não havia resultado em nada.

Mais jogadores, mais qualidade técnica, mais torcida, mais gols!

E olhe que teve o artilheiro Ciro perdendo pênalti… Mas Germano balançando as redes. Assim como Eliandro. E também o atacante Wilson!

O atacante Wilson, por sinal, mostrou uma técnica diferenciada. Tem tudo para ajudar bastante o Leão até a reta final da Série B. E tem mais.

Magrão, indiscutível. César, ele mesmo, melhorou na zaga. Tobi joga bem em qualquer canto da defesa. Germano, na proteção, Marcelinho na criação. Eficientes.

O time foi se ajeitando…

No fim do jogo quente no Recife, Sport 3 x 0 Brasiliense, com aplausos, festa da torcida e confiança. De jogadores e torcedores.

O Leão segue somando pontos, caminhando com doses homeopáticas, como disse o próprio técnico Geninho. Mas deixou de ser estático.

O Rubro-negro chegou a 30 pontos. Encostou no G4. Há algum tempo estava a 11.

Os leoninos já não duvidam que em breve caia para “zero”…

Metralhadora de Sobral

Filme: Borat

Hoje em dia, o discurso do politicamente correto se faz quase onipresente no futebol. Mas isso não está restrito apenas aos jogadores e treinadores.

Isso também se estende aos dirigentes.

“É um jogo muito difícil. Temos que respeitar o adversário, que tem muita qualidade”

E por aí vai… Já houve um tempo m que o escracho tomava conta dos bastiores. Mas de forma sadia, pra lá de irônica, provocadora.

Acredite, mas teve clássicos em Pernambuco nos quais os presidentes combinavam por telefone para encher o estádio (a renda era dividida). Depois, apareciam nas rádios.

“A minha torcida vai dominar o clássico”, dizia um.

“Aposto que a minha torcida será maioria”, respondia o outro.

As duas torcidas compravam o desafio e os jogos passavam fácil de 40 mil pessoas. O blog não vai revelar os nomes dos tais dirigentes, ok?

Atualmente, dificilmente aparece alguém para sacudir o futebol.

Mas não é que apareceu um…? Lá em Sobral, no interior cearense. Confira abaixo algumas frases de Luiz Torquato, presidente do Guarany, sobre o confronto contra o Tricolor, na Série D, em entrevista ao repórter Celso Ishigami (veja AQUI).

“Perdemos um jogo (no estádio do Junco) este ano porque colocamos a equipe reserva. Mas somos um time quase imbatível jogando em Sobral. O Santa não tem time para aguentar a pressão não. O time do Guarany é muito melhor. No Recife, jogamos com três desfalques importantissimos. Perdemos porque foi uma idiotice. Meus jogadores desistiram de jogar depois de marca o segundo gol. Tiraram o pé. E quando levaram um gol, deu um branco. Mas aqui vai ser diferente.”

“O Santa não tem time hoje em dia. O Santa Cruz já está morto. Eles não conseguiram construir o placar que queriam jogando em casa. Imagine aqui no caldeirão, numa temperatura de quase 50 graus? Normalmente, faz 38 graus em Sobral. Mas no campo é muito mais quente. Não tem quem aguente. Tenho certeza de que já estamos classificados.”

Com a resposta, o próprio Santa Cruz, no domingo.

Resposta como nos velhos tempos, com a bola rolando.

Dia da Independência da Série B

Sete de Setembro, o Dia da Independência do Brasil

Sport x Brasiliense – 16h10.

Coritiba x Náutico – 21h00.

Na Ilha do Retiro, uma expectativa de público de aproximadamente 30 mil pessoas. Número que deixaria o Leão como o líder de torcida da Segundona.

Em Joinville, a despedida do Coxa Branca de sua amarga (porém, merecida) punição de 10 jogos, por causa da arruaça de parte de sua torcida em 2009.

No frio catarinense, um público pequeno deverá deixar um vazio na arquibancada, aliviando a pressão para cima dos alvirrubros, que necessitam cessar a série de cinco derrotas longe do estádio dos Aflitos.

No Recife, o oposto. É a chance de emplacar uma sequência de vitórias, algo vital para galgar posições rumo ao G4. Uma diferença que já foi de 11 pontos, hoje está em 4 e na melhor das probabilidades poderá cair para 1.

Cenário até certo ponto favorável para um recomeço. Em tese, claro.

Após as 19 rodadas do primeiro turno, a dupla centenária de Pernambuco acabou fora da zona de acesso à elite nacional em 2011.

Matematicamente, é impossível que isso mude já nesta rodada. Mas bons resultados nesta terça podem começar a marcar a independência pernambucana da 2ª divisão.

Até porque, como sabemos, se não houver independência, vem a morte…

Esse não vai aliviar na Cidade da Copa…

Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa

Jérôme Valcke, francês, 49 anos.

Secretário-geral da Fifa. Passa boa parte do ano na sede da entidade, em Zurique.

Era jornalista até julho de 2003, quando entrou na Fifa como diretor de marketing e TV. Assumiu o cargo atual em 27 de junho de 2007. Só está abaixo de Joseph Blatter.

Valcke esteve à frente na organização do Mundial de 2010, na África do Sul.

Também será uma das principais mentes envolvidas na Copa de 2014.

Ele desembarca nesta segunda-feira no Rio de Janeiro.

Vai monitorar de perto a evolução da preparação do país para a próxima Copa.

Como já demonstrou em outras ocasiões, ele não é um dos dirigentes mais pacientes da Fifa. É crítico, detalhista  e não costuma criar amizades por onde passa.

Nesta primeira passagem, o executivo ficará no Brasil até sexta-feira.

Ele vai se encontrar com o presidente da CBF, com os governadores do Rio e de São Paulo, com o presidente da República… Encontros objetivos, com cifras enormes.

Ainda neste ano será montado um escritório oficial da Fifa na Cidade Maravilhosa, longe de impostos e com o objetivo de fiscalizar a exploração de sua marca por aqui.

Tudo na Fifa corre por dinheiro. Eles não gostam de perder nada. E nem de atrasos.

Valcke visitará o país outras vezes. Qualquer hora, aparece aqui em Pernambuco…

O outro lado da história

Asamoah Gyan, atacante de 24 anos de Gana

Dizem que a história é feita só pelos vencedores. Aos perdedores, o ostracismo.

Vamos fazer um teste: Você lembra de Asamoah Gyan?

Atacante de 24 anos, da seleção de Gana… Lembrou?

Outra dica: ele desperdiçou uma cobrança de pênalti no último minuto da prorrogação contra o Uruguai, no Soccer City. O gol teria dado a classificação à semifinal.

Teria sido a primeira vez em que a África ficaria entre os primeiros lugares do Mundial.

O chute acertou o travessão (veja AQUI).

Passados 2 meses e 4 dias, o jogador ainda é questionado sobre o lance. Veja abaixo a sua resposta em entrevista ao site da Fifa (leia o texto completo AQUI).

Comente sobre os momentos antes e depois da penalidade perdidada nas quartas de final contra o Uruguai. O que passou em sua mente?

Em cada entrevista, parece que as pessoas têm de fazer essa pergunta, mas eu entendo (risos). Honestamente, é uma experiência que eu gostaria de esquecer. Estava tão perto… Você deve entender que, antes desse jogo, eu tinha marcado quase todos os pênaltis na minha carreira. Eu tinha a certeza de que eu poderia marcar aquele. Infelizmente isso não aconteceu. Foi um momento impressionante. Quando a bola bateu no poste, eu senti esse sentimento estranho dentro de mim, era como se eu tivesse deixado as pessoas. Na verdade, eu sabia que eu tinha deixado tanta gente para baixo, mas isso é futebol. Essas coisas acontecem no futebol. Eu ainda não me dei esse tempo para analisar esse momento minuto a minuto, mas posso dizer-lhe que me machucou muito. Meus companheiros de equipe ea comissão técnica foram muito compreensíveis. Eu estou tentando tirar essa mágoa.

Ele ainda vai responder bastante essa mesma pergunta…

Encolheu?

Série D-2010: Santa Cruz 4x3 Guarany. Foto: Bernardo Dantas/Diario de Pernambuco

Arruda lotado.

Todas as dependências foram tomadas por torcedores do Santa Cruz.

No borderô, um público grande: 50.879 torcedores. O maior no fim de semana.

Mesmo com um número desse tamanho, é impossível não lembrar que o recorde oficial do Mundão é de 96.990 pessoas, na goleada do Brasil sobre a Bolívia por 6 x 0, em 1993. O blogueiro estava lá, no anel superior do estádio.

Veja uma foto daquele jogo inesquecível AQUI.

Numa conta simples… Era possível entrar mais 46.111 pessoas neste domingo?

Veja a foto acima, feita pelo fotógrafo Bernardo Dantas, do Diario de Pernambuco, localizado em cima da marquise do setor de cadeiras.

Visão ampla.

E a pergunta simples: o estádio encolheu?