O texto é um relato através do principal caminho estipulado pelo governo.
O jogo era especial, com dois campeões do mundo em campo, duas camisas pesadas. Uma partida desse nível bem aqui no estado e na novíssima arena, que acompanhei desde a primeira pá na terra beirando a virgindade. Visito o terreno desde a época em que se criava cabras no antigo Jardim Penedo.
Por tudo isso, quis uma folga justamente no primeiro jogo da Copa das Confederações no Recife. Fui atendido e comprei o meu ingresso. Sim, estou entre os repórteres credenciados para o torneio a serviço do Diario de Pernambuco, mas assim como você também gosto um bocado de ver futebol de vez em quando sem nenhuma pauta, por pura diversão.
Ou quase isso, porque será difícil esquecer tudo o que aconteceu neste domingo. Sem exagero, foi a pior experiência que já tive em um estádio de futebol. Infelizmente, logo na arena.
Já estive em partidas com públicos bem maiores, e indo de ônibus, sem problemas. Só para citar as duas maiores massas, Santa Cruz x Sport com quase 80 mil pessoas no Arruda em 1999 e o jogo da Seleção Brasileira em 1993, no mesmo Mundão, com 96.990 torcedores.
Além disso, também já estive em jogos superlotados na Ilha e nos Aflitos. E estou falando de jogos na arquibancada, no cimentão, jornalismo à parte. Aperto, sempre teve. Mas as pessoas chegavam. Como gado? Algumas vezes.
Em um jogo comum às 16h, basta sair de casa às 14h e a acomodação deverá ser tranquila. No milionário estádio em São Lourenço eu esperava muito mais do que isso. Era o tão propalado Padrão Fifa, na infraestrutura, nos serviços e na mobilidade, focando o transporte de massa.
Mas se a entrega do estádio foi antecipada em oito meses, aumentando o custo total em R$ 118 milhões, não houve esse mesmo gás na infraestrutura, na organização. Ou seja, obras viárias inacabadas e soluções emergenciais.
Apenas boa vontade e simpatia de funcionários e voluntários e passagens integradas não deu jeito. Mas como poderia dar tão errado em uma só noite?
Vão me chamar de pessimista, disso, daquilo, que chegou e saiu rapidamente. Contudo, a minha visão, definitivamente, não é só minha. Onde circulei para chegar até lá o movimento foi intenso, com passos curtos, muita paciência, sujeira e falta de informação. Vamos lá. Moro em Boa Viagem e saí do apartamento às 15h40. A partida, relembrando, começaria às 19h.
Iria no esquema implantado pelo governo do estado. Estacionamento no Shoppping Recife (16h), expresso torcedor até a estação de metrô da Linha Sul mais próxima (16h30), o primeiro trem (16h40), conexão na Linha Camaragibe (16h57) e mais um ônibus a partir da Estação Cosme e Damião (17h48).
Esse último ponto, aliás, é algo surreal. Projetado possivelmente para ser mais um na rede do Metrorec. A escadaria, porém, não foi pensada para uma aglomeração daquelas típicas de um, vejam só, jogo de futebol…
Antes, paradas de até dez minutos nas estações, justamente porque a Cosme e Damião estava superlotada. O jeito era fazer os demais trens pararem na rota, sem aviso algum, até o oxigênio voltar ao ponto de descida para a arena. Eu tenho 31 anos e certa saúde, mas neste mesmo contexto havia crianças e idosos ansiosos com o jogo.
Passando disso, o novo busão expresso deixaria a 700 metros da arena, com o tempo fechado – ou pelo menos esta é a distância tida como oficial, pois parecia um trecho maior. Na minha caminhada não choveu, mas a lama já tomava conta, misturada ao novo gramado do complexo da Arena, imponente, sem dúvida. Mas com lixo no chão, como no dia a dia.
Às 18h30, após uma fila para o detector de metais, que faria vergonha a uma varredura no aeroporto, o modelo supostamente a ser copiado, enfim o portão F. Iria para o nível 4, no setor 409. Pois é, eu havia saído de casa há quase três horas. Ali, fui orientado e finalmente sentei no meu lugar marcado, confortável. A esta altura, a fome era grande. A sede também.
A fila do bar, meu amigo, era maior do que qualquer uma já vista num “salsichão é 50” da vida. E olhe que a oferta de produtos não estava plena, pois os produtos acabaram rapidamente, nos 30 primeiros minutos de bola rolando. Até água mineral. A reposição viria pelo menos meia hora depois. Obviamente, desisti, pois não perderia a partida por causa de uma fila para comprar uma cerveja por R$ 9.
Vale citar, de leve, que funcionários calculavam os pedidos em celulares! Tem como ser mais “Padrão Fifa”? Uma passadinha no banheiro e nada muito diferente do que sempre vi nos campos da capital. Não havia lixeira, nem no masculino nem no feminino. No fim, uma miniatura do Lixão da Muribeca.
No gramado, um grande espetáculo, com a Espanha confirmando o discurso de Xavi, que na véspera havia dito na coletiva que o time controlaria a bola e seria o protagonista da noite. Foi exatamente isso. Tocou a bola com maestria, deixando o adversário nervoso, abrindo a caixa de ferramentas. A Fúria deu aula de futebol e venceu sem desgaste por 2 x 1, superando um aguerrido time uruguaio, mas profissional na arte de errar passes.
O jogo acabou exatamente às 20h56. Começaria aí uma missão ainda mais complicada. Se na ida cada um fez o seu horário, na volta os torcedores tomariam o mesmo rumo ao mesmo tempo. Faltando quinze minutos já havia muita gente saindo, temendo o pior. No instante em que o juiz asiático encerrou o jogo eu já estava descendo a rampa.
Vista de longe, a lenta procissão assustava. Um gradil indicava o caminho. A imensa maioria o seguiu, inúmeros mal educados não. E a polícia apenas observou a desordem. O ato, claro, refletiria mais à frente, na fila de ônibus, com o brasileiríssimo “se vira nos 30” – quando saí, a massa humana chegava até perto do estádio. Foi cada um por si num processo que deveria ser top, nos colocar em um novo patamar de mobilidade. Em seguida, de novo Cosme e Damião, ainda pior.
O esquema, fracassado há horas, teve muito, mas muito tempo para ser traçado. No único jogo teste realizado, com Náutico x Sporting, o fluxo de pessoas via metrô alcançou 57% dos 27 mil torcedores, ou 15,2 mil. Desta vez seria ainda maior por algo bem simples. O estacionamento privado Parqtel, o único à disposição, continuaria com as 2 mil vagas, enquanto o borderô da partida subiria para 41.705 pessoas, das quais 30 mil nos trilhos.
Lotação na ida, na volta, relatos de alguns trens sem ar condicionado e conversas quase monotemáticas sobre o caos no domingo.
A Estação Centro surgiria no horizonte às 22h29. Eu ainda teria que fazer uma nova conexão, para retornar para a Linha Sul. Entre metrô, expresso, carro e porta de casa, o relógio encerrou a maratona futebolística às 23h15. Ao todo, 5h09min.
Escrevi esse post no calor da partida, frustrado com com um esquema tão contestado esse tempo todo e que se mostrou falho no grande dia.
Um estádio a 19 quilômetros do Marco Zero e 30 mil pessoas se deslocando apenas via metrô? Sem um plano B? Hoje foi um domingo, com a cidade teoricamente tranquila. Quarta-feira, no próximo compromisso, o ponto facultativo será para os servidores públicos. O comércio se mantém, o que indica que Itália x Japão será uma aventura daquelas.
A minha foi deplorável, a ponto de deixar o jogo em segundo plano. Justamente a partida que tanto me esforcei para ver sentado na arquibancada, com os amigos, sem nenhuma pauta…
Mas a pauta estava onipresente. Não adianta o silêncio governista. As redes sociais estão aí com histórias e imagens que dificilmente serão superadas pelo discurso padrão.
Imagina na… deixa pra lá.
Boa sorte ao Náutico mas, nestas condições me deixe na minha velha, boa e eficiente Ilha do retiro mesmo, com os todos os problemas que são notórios, com problema de drenagem e com o velho espetinho.
ra, alguma autoridade chegar e implorar em algum meio de comunicação, para que os trabalhadores e usuários diários do metrô não façam uso, nessa quarta, desse meio de transporte, porque os vagões serão destinados aos “AVENTUREIROS DA ARENA”.
Fui ver esse jogo Espanha X Uruguai e concordo com tudo o que o colega relatou.. sem falar também nos problemas com os ingressos. Vc paga caro para assistir em um lugar legal e te colocam em um local totalmente contrário do escolhido. O pior, é que não existem pessoas para resolver nada, apenas indicar… E, no final é somente essa a resposta: Infelizmente não podemos resolver, isso é com a FIFA! Foi um erro do site da FIFA. Sente-se no seu lugar, assista o jogo e depois vá “PEDIR SATISFAÇÕES À FIFA!” Absurdo!!! Estou, verdadeiramente, decepcionada.
Eu estava propenso a sair de Caruaru e deixar o carro no TIP para pegar o metrô e seguir para o estádio confiando justamente na mobilidade que o governo alardeou, mas, aconselhado por amigos, alugamos uma van e estacionamos em bares após o estádio. Vejo que foi a decisão mais acertada, sobretudo por estar com minha esposa, grávida de 5 meses.
Pelo que vejo, enquanto boa parte dos moradores do Recife e região metropolitana chegou em casa depois das 23h, às 23h eu estava em casa, quase 140 km distante do estádio. Isso não faz o menor sentido.
Bom, fui ontem ao jogo e percebi os tumultos. Não achei bagunça, achei que tinha realmente muita gente no horário que fui.O maior problema mesmo foi o metrô sem ar condicionado (um rapaz perto de mim passou mal) e eu ter ido mais tarde. Quem chegou mais cedo, amigos meus que foram, não tiveram problema. Tudo bem que na estação Cosme e Damião foi bem tensa, já que os metrôs não paravam de descarregar gente e todos escoavam para uma porta mínima. Os 600m de percurso até a Arena realmente não eram 600m. Acho que os ônibus poderiam chegar próximo ao estádio sem problemas.
A galera reclama demais também, não é? Se não quer tumulto, metrô lotado, melhor sair mais cedo, como a maioria fez. A minha volta foi tranquilíssima. Até achei mais rápido que a ida. Confesso que ao chegar em casa, fui um desses “reclamões”. Porém, percebi que muitas coisas fazem parte também, e que eu poderia ter saído mais cedo. Aqui o pessoal adora uma crítica e tudo tem de reclamar.
Quanto aos torcedores, dou meus parabéns, porque não vi briga, confusão, e sim muita gente animada(muita família, com crianças, pais e avós) apreciando a festa.
Tem que se considerar que foi um dia atípico, onde vão pessoas do Brasil inteiro, outros países, fora nosso estado. Mas não digo que não houve falhas.
O que acredito que deve melhorar:
Comida: lanchonetes não atendiam à demanda e tinha preços exorbitantes;
Transporte: colocar/consertar ar-condicionado nos metrôs, logística na chegada da Estação Cosme e Damião;
Acesso: O trajeto de 600m para se chegar à arena poderia ser repensado.
Não posso opinar sobre a acessibilidade para deficientes, mas me comunicaram que haviam vans levando aos estádios.
O que resta é ver a melhoria até 2014, considero este jogo um ensaio. Mesmo com muita gente, metrô lotado (espero que desta vez tenha ar-condicionado funcionando), não deixarei de ir para a Copa não. Vamos repensar esses “mimimis” que estão tão em alta, onde a moda agora é reclamar de tudo em vez de avaliar a situação de forma mais sensata.
Bastava uma estação de metrô interligada ao Estádio, com mais trens, todos sairiam devagarinho, embarcando em viagens constantes. Mas… e os empresários de ônibus? O que ganhariam se não tivesse o trajeto “cosme Damião” >> “arena”?
É beneficiar empresários em detrimento de toda a população.
Amigo Cassio, parabéns pelo post! Sofri dos mesmos males que você e como agente informador e formador de opinião fico feliz pela sua matéria! Parabéns!
Entendo que, como membro ativo da imprensa, cabe-lhe agora, questionar dos senhores políticos responsáveis pela organização do evento (Secretários da Copa, de PE e Recife, Presidente do COL-PE, etc) sobre os fatos ocorridos e o que será feito para melhorar.
Digo isso pois antes desse jogo, por qualquer coisinha que fossem fazer naquele fim de mundo, chamavam a imprensa pra divulgar… agora, como sempre, vão todos se esconder… E sem a imprensa livre e atuante como você, ficamos a mercê destes “engravatados”… Duvido que alguns deles pegaram o metrô, sem ar condicionado que eu e minha família pegamos… estavam todos lá nos carros oficiais e credenciados… VERGONHA!! Duvido se este jogo ocorresse numa Ilha ou num Arruda reformados teríamos esses problemas absurdos!
Eu me pergunto: como vai ser quando nossas queridas torcidas organizadas usarem esses sistema? Onde serão marcados os confrontos? Pois é eles marcam confrontos com organização, devido a organização deles acho difícil ele irem para um estádio tão bagunçado.
Os problemas de ontem na arena eram mais que previsíveis, tudo péssimo. Quero ver quando houver jogos de times locais e as torcidas tendo que sair por um único lugar, ao mesmo tempo e no mesmo transporte. Prepararam mais uma receita para o caos!
Perfeito o seu relato Cássio, passei exatamente os mesmos problemas que você, e também acho que essa foi a minha pior experiência em uma partida de futebol na minha vida, o cansaço para ir para essa partida foi tão grande que o jogo pra mim ficou em segundo plano, não tive energia nem alegria alguma para assistir o jogo.
Concordo, mas… Que textinho mal escrito da bexiga!!! Tem momentos que não dá pra entender nada do que se fala, uma mistura danada! Sem contar que tem erros de gramática tão simples…
Também fui ao jogo ontem na ida tudo ocorreu bem, já na volta foi bem complicado. Mas nada diferente do dia a dia. Em qualquer terminal integrado que o cidadão do Recife for vai encontrar nada de diferente do que ocorreu ontem.
Caos de A a Z. Se a intenção era errar em tudo parabéns ao Governo, SECOPA e FIFA, 100% de “competência”. Vamos aos problemas:
– Metrôs absurdamente lotados e Intervalos insuficientes à demanda entre os trens. Vi hoje torcedor segurando em lâmpada fluorescente dentro do metrô por não ter onde se segurar, de tão lotado.
– A estação de metrô é uma obrada à parte. Escada com 3 metros de largura para escoar 40 mil pessoas.
– Ônibus abarrotados levando pedradas dos moradores da localidade Cosme Damião, se a torcida hoje era neutra, em dia de jogos do Náutico serão tiros.
– A fila de espera dos ônibus tem literalmente QUILÔMETROS! E não é fila de uma pessoa atrás da outra é fila da largura de uma avenida! Metade em ordem enfrentando fila e a outra metade correndo por fora na cara da polícia que nada fazia.
– No estádio, nada menos que 35 minutos de espera na fila para comprar um simples salgadinho. E quando chega a sua vez a informação é de que o salgadinho acabou. Perdi a metade do segundo tempo.
– Comprei o mais caro ingresso e saí todo molhado de chuva DENTRO do estádio. A cobertura só protege os que pagam pelo ingresso mais barato.
– A FIFA, parece que só tem competência na hora de exigir… Produz encarte que manda você para o lado e assento errado do estádio fiquei no setor sul o encarte do ingresso manda ir para o setor norte pois inverteram o estádio, simplesmente ridículo.
– Os poucos turistas que vi estavam pareciam apavorados, espremidos e sem informação.
Enfim, a experiência é a pior possível. Segunda e ÚLTIMA vez que vou a este estádio, o suposto conforto dentro do estádio não compensa a verdadeira ODISSEIA para chegar nele! Governo do estado prepare-se para compensar o consórcio financeiramente pois logo logo estaremos diante de um grande ELEFANTE literalmente BRANCO. Exemplo crasso de Bilhões jogados na lata do lixo pelos governantes.
O articulista Cassio Zirpoli e os colegas que fizeram as duas crônicas foram muito felizes. Disseram tudo que o povo queria dizer. Os pernambucanos foram vítimas de um estelionato político e de mentiras . Nós não precisávamos de estádios porque temos o Arruda e a Ilha, que poderiam ser reformados.Queriam fazer, como fizeram, uma arena nanica lá dentro dos matos. Sem qualquer estrutura viária, mobilidade e transportes públicos descentes. Queriam fazer negócios, e fizeram. Endividaram o povo de Pernambuco com uma fábula em dinheiro. deixaram de lado as obras fundamentais, escolas, hospitais, creches e aparelhos de segurança. Contrariamente ao que a maioria pensa, tentaram empurrar o Sport e Santa Cruz ao cadafalso, para sustentar a pantomima. O Náutico, coitado, mediante a paga de 33 moedas vendeu a sua alma, passando então a caminhar célere para a extinção da sua torcida. Quem vai ali, só volta se for torcedor doente. Quando todo o aparato da Copa for desmontado, imaginem vocês um jogo decisivo entre Santa Cruz e Sport. Certamente teremos mortes, incêndio dos trens do metrô, assaltos e sequestros. Será o inferno de Dante. FOMOS ENGANADOS, vítima de um estelionato perverso e adrede.
Não sei porque esse blá blá todo, esse é o dia a dia do trabalhador Recifense, porque maquiar e hoje (segunda-feira) voltar ao normal… essas cenas é a situação do metro/integrações, ônibus, etc no dia de trabalho…
O que se lê em todas as entrelinhas dos insatisfeitos é a mesma coisa sempre. O FATO é que o governo construiu o estádio no pior lugar possível. Não se constroi nova centralidade urbana ao redor de estádio de futebol. O estádio deveria ser entre Recife e Olinda, em Paulista ou mesmo no Jequiá. Depois que a copa terminar o estado irá arcar com o prejuízo financeiro do consórcio o que no final das contas vai resultar num prejuízo para a sociedade. Bilhões foram gastos e faltou dinheiro para comprar inteligência e bom senso por parte do estado. PS: Nunca usem este estádio para clássicos pois será um genocídio.
Várias pessoas quase caíram nos trilhos na Estação Joana Bezerra. Na troca de linhas, da azul para a laranja, chegavam 3-4 remessas de torcedores na estação enquanto que saía apenas uma remessa para a linha azul(Sul, sentido shopping). Acho que não calcularam a rede de Petri desse metrô.
Um descaso. Os piores trechos realmente são da estação Cosme e Damião até a arena. É absurdamente notório que a estação não comporta esse fluxo. E na moral, 700 metros deve ser em linha reta, pq a impressão que dá é que a distância é bem maior.
As 16h cheguei na estação Recife e as 18h estava na porta da arena. Pra chegar depois das 22h no centro do Recife tive que sair antes do jogo acabar (no gol do Uruguai eu já estava fora do estádio).
Cássio,
Parabéns pelo post… Já tinha sofrido bastante no jogo do náutico contra o sporting e infelizmente o que vimos foi uma estrutura ainda pior… Um absurdo a estrutura existente na estação Cosme Damião… Tb esperei muito por esse jogo e infelizmente o espetáculo foi prejudicado pela maratona enfrentada na ida e na volta… saímos as 16h50 da estação recife para chegar apenas as 18h30 no estádio… Já na volta resolvemos sair aos 40 do segundo tempo, perdendo inclusive o gol do Uruguai… e mesmo assim o sofrimento tb foi gigante…
Mas, infelizmente já sabemos que as autoridades vão dizer que tudo ainda vai ser melhorado e outras desculpas repetidas… enquanto isso milhares de pessoas já dizem que pra lá não voltam….
a mobilidade para a arena se resume em uma palavra VERGONHA
é revoltante gastar tanto dinheiro, fazer um estadio tao lindo, num lugar daqueles!! no meio do nada, só matagal! inevitável tornar-se um grande elefante branco…
quanto ao metrô, o pior de tudo é que todo recifense tinha plena certeza que ia ser exatamente assim. o que fica de lição é que o nosso Brasil realmente nao tem jeito, está fadado ao fracasso…
Olá , trabalhei como voluntária neste grandioso jogo , realmente concordo com vocês que muitas coisas tipo mobilidade tem que melhorar , precisa com urgência ,recebi muitas críticas dos torcedores em relação aos banheiros fora da Arena que não se tinha só dentro , lixeiras realmente não tinha , o acesso dos ônibus e mêtros lotados , percebi muita insatisfação , porém do outro lado vi pessoas felizes , curtindo este momento inédito aqui em São Lourenço , pra mim deve se ajustar sim muitas coisas , acho que o governo deve sim anotar as reclamações para poder melhorar , a Copa do mundo vem aí , ainda há tempo para se corrigir os erros , obrigada !
RIDICULO, sem duvida… mas talvez seja necessário que a merda seja grande agora para que hajam correções no próximo ano. Pelo menos eu torço que isso aconteça.
são problemas simples demais de se resolver.
A ARENA E O PESADELO DE IR A UM JOGO DE FUTEBOL
…
A primeira vez que pisei em um estádio de futebol foi em 1985. Desde então virou uma rotina. Por obrigação ou por paixão. Nesses anos, vi jogos e outros eventos esportivos em incontáveis estádios. Do Sertão à Europa. No sol, na chuva, no frio, em cima de um muro, dentro do banco de reservas, em pé, espremido, sem ver o campo inteiro. Já corri de arrastão, já me abaixei quando ouvi barulho de tiro – ou algo parecido -, já inalei spray de pimenta…Enfim, já vi e vivi os dois extremos. Porém, neste domingo, 16 de junho, assitir Espanha x Uruguai na Arena Pernambuco foi a pior experiência que já tive em um estádio de futebol. Nunca passei por tanto sacrifício para ver um jogo. Nunca vi condições tão absurdas no ir e vir.
E, pelas imagens que tenho visto nas redes sociais, tenho certeza de que outras pessoas viveream momentos ainda mais difíceis, constrangedores, vergonhosos. 90% do público foi tratado como gado na hora da saída. No fatídico caminho entre a Arena e a estação Cosme e Damião.
A primeira e inevitável conclusão é que tudo em que se baseava o conceito da Arena Pernambuco não fez qualquer sentido. O que vivi e vi nas imagens e relatos de outros torcedores é exatamente o sentido oposto da palavra “conforto”. Impossível não pensar em quantas vezes fui ao estádio do Arruda com 60, 70, 80, 90 mil torcedores e não passei por nada parecido. Inclua aí dezenas de clássicos e o pior: como torcedor visitante e rival. Comparar com jogos da Seleção – onde todo o esquema estrutural fora do campo é reforçado – torna-se inacreditável.
Nunca fui ao Arruda, Ilha ou Aflitos para demorar mais de 4 horas no ir e vir (alguns demoraram seis!!). Nunca vi um torcedor passar 30, 40 minutos em uma fila para comprar uma bebida. Nunca passei um jogo inteiro morrendo de sede e tendo que escolher entre a gigantesca fila ou assistir o jogo. Nunca paguei R$ 6 numa água. Nunca vi tantas pessoas revoltadas, frustradas e envergonhadas. Nunca vi tanta gente indo embora aos 30 minutos do 2º tempo. Sabiam que a única forma de ter um mínimo de conforto ou tranquilidade era indo embora, abrindo mão de parte do evento que pagaram para ver.
Imaginar um clássico naquela Arena Pernambuco, com a estrutura montada para esta Copa das Confederações, é simplesmente impossível.
Existem outros problemas para listar: a falta de lixeira na entrada e nos banheiros – que terminaram como chiqueiros, enlameadas e com montanhas de papel higiêncio expostas -, a completa desordem com os ingressos (cadeiras inexistentes, marcação praticamente aleatória de lugares, falta de controle com os assentos, ausência de controle na entrada (nada foi conferido), ação de cambistas, produtos com preços abusivos e, ainda assim, esgotados nas lanchonetes (em uma delas, no nível 3, aos 40 minutos do 1º tempo restavam apenas cervejas. Todo o resto havia sido esgotado).
Mas tudo se torna pequeno com o que aconteceu na hora da saída. Todos sabiam que o caos era inevitável. Mas não naquela dimensão. A caminhada de 700 metros (é o que dizem, ao menos) entre a Arena e os pontos de ônibus circulares que levavam para a estação Cosme e Damião rapidamente se transformou em uma fila de 700 metros. Quer dizer, não dá para chamar de “fila” uma aglomeração sem qualquer ordem. Haviam armações de ferro para tentar organizar o fluxo, mas elas eram inúteis diante do fluxo de pessoas “caminhando” por todos os lados – inclusive, os que não eram permitidos. Pouquíssimos policiais ou funcionários para tentar estabelecer um mínimo de controle da situação. No limite, desgastadas, estressadas e assustadas, as pessoas começam a se espremer, se empurrar, discutir e buscar espaço onde não existia. No meio disso tudo, estrangeiros, idosos, crianças.
No percursso dentro dos ônibus superlotados, os 2 km pareciam 20 km pela lentidão. Muitos pediram para o motorista abrir a porta para que fossem caminhando mesmo. No trecho, escuridão e nenhuma placa de informação. A estrutura da Cosme e Damião é, por si só, uma agressão ao público. Corredores e escadarias que não têm a menor condição de receber aquele fluxo de gente. Para mim, os problemas acabaram ali. Mas vi que algumas pessoas que saíram depois, encararam vagões superlotados no metrô. Tive sorte. Precisei de “apenas” 2h30 pra chegar em casa.
Tudo foi negativo? Não. A Arena é linda. O gramado é perfeito. Os voluntários simpáticos e prestativos. Também deixo claro que houve uma plena sensação de segurança (em relação a assaltos e coisas do tipo) em todos os momentos. Arrisco a dizer até que o esquema do metrô interligado com os estacionamentos dos shoppings, através de ônibus circulares funcionou muito bem. É uma excelente opção de acesso. O problema – e todo o problema começa aí – é que ela só funciona como “opção” e não como imposição. É uma insanidade o Estado obrigar 90% do público a utilizar o mesmo meio de transporte. Todos sabiam que daria errado. E deu. É preciso criar novas formas de acesso. Ônibus especiais e táxis – independentes do metrô – são fundamentais. O carnaval ensina isso. Ir, estar e voltar do Galo da Madrugada (com supostamente 1 milhão de pessoas) é fichinha perto do sacrifício de ver um jogo em uma Arena recém-construída, em uma área isolada, e com – no máximo – 40 mil pessoas.
Mais do que um problema estrutural, ficou claro o problema humano. Faltou competência, atenção e respeito. Ninguém pode ser submetido ao que fomos neste domingo. Muito menos pagando uma quantia considerável pelo ingresso. Hoje saí de casa com a certeza de que teria uma experiência de evolução no conceito de assistir um jogo de futebol em Pernambuco e voltei pra casa sem a menor vontade de estar lá novamente na quarta-feira.
Não sou pessimista, ativista, ranzinza e nem tenho o menor interesse político. Na verdade, fui um defensor deste projeto da Arena e ainda acredito que ele é viável. Mas precisará passar por profundas mudanças. A primeira é um pedido público de desculpas. O governo – ou seja lá quem for o responsável – precisa se desculpar por ter feito milhares de pessoas passarem por esta situação. O segundo passo é reconhecer os erros também internamente, colher as opiniões das pessoas (estão aí, explodindo nas redes sociais) e buscar soluções imediatas. O jogo de quarta-feira coincidirá com o horário de pico do metrô, quando muitos trabalhadores estarão voltando pra casa. Se quarta-feira, essas cenas se repetirem ficará claro que a palavra ‘descaso’ faz parte da estrutura caótica que hoje fez a nova arena ruir. Pelo menos, moralmente.
Gustavo, é sempre bom lembrar que a linha do metrô já existia naquela localidade há vários anos. O que não existia era a estação Cosme Damião, construída entre as estações rodoviária e camaragibe. Com isso em mente, penso que o estádio é que deveria ter sido construído mais próximo da estação. Falo como leigo, sem conhecimento algum (topográfico ou sei lá o que), por isso, levando em conta o terreno, não sei dizer se o estádio poderia ter se aproximado mais da linha do metrô. Levar a linha do metrô para a porta do estádio, pode parecer fácil, mas é bronca… metrô não faz curva fechada não… então, o trajeto sofreria mudanças desde centenas de metros antes de chegar a arena… enfim, muito complicado!
Acho que fica provado que foi forçada de barra por Recife na copa das confederações. Apesar da beleza interna da arena, do estadio ser realmente promissor, por fora tinha MUITA coisa pra se melhorar. Era melhor termos abidicado da copa das confederações e ficar apenas focados em preparar a cidade pra Copa do Mundo. O escoamento do público ta provado que é precario. Nao da pra entender pq nao se projetou uma estação do metro que decesse na porta do estádio, como no Maracanã. Espaço no terreno havia de sobra. Não fizeram porque quiseram economizar ou não viram “necessidade”. Dizer que “Ah, mas em Munique e assim e ninguem reclama”. Só que em munique existe um transporte coletivo que funciona e que supre a distancia do metro.
Quarta eu irei! Será um verdadeiro caos. O Governo deveria decretar feriado! O povo estará voltando do trabalho no horário em que os torcedores estiverem se deslocando para a arena. Vai ser muito complicado!