Proibidas desde 20 de fevereiro de 2013 de frequentar os estádios em Pernambuco, as maiores torcidas organizadas da capital arrumaram um jeito de driblar a decisão do Juizado Especial do Torcedor. A Inferno Coral (Santa Cruz) e a Torcida Jovem (Sport) tiraram os escudos da facções e estamparam a palavra “PAZ” no peito, validando o retorno. O que torna o veto em algo superficial é a manutenção da escolta policial nos clássicos, tanto no Arruda quanto na Ilha.
Caso alguém ainda duvide sobre a relação das camisas com as uniformizadas, os modelos estão à venda nas páginas: Inferno Coral e Torcida Jovem.
As próprias páginas das uniformizadas no facebook admitem que a camisa é a única autorizada pelos “órgãos públicos”. As duas versões custam R$ 20.
No Clássico das Multidões na Ilha do Retiro, pelo hexagonal estadual de 2015, foi maciça a presença dos membros das duas organizadas, e não parece ter sido coincidência a baderna antes e depois do empate. Pior. O time do Santa usou a camisa no gramado. Se o objetivo era divulgar a palavra “Paz”, acabou revivendo uma ligação perigosa – que causou estrago em 2014.
É a propagação da violência sob o nome da paz. Culpados? Os infiltrados.
Em tempo: são 56 mil membros na TOIC e 132 mil a TJS…
Supostos integrantes da Fanáutico protestaram na frente dos Aflitos, na Avenida Rosa e Silva de forma violenta. Ameaçaram diretores, fecharam a rua e atacaram os carros do Diario de Pernambuco e do Jornal do Commercio, presentes no local para a cobertura do episódio.
No dia do aniversário do Náutico e no Dia do Jornalista. Emblemático.
O vídeo, com parte da agressão sofrida pela imprensa, foi gravado por Victor Urquiza, em um edifício vizinho ao clube.
Nos últimos anos, a rede social vem se transformando em uma ferramente interessante para a interação entre clubes rivais. Se o contato formal entre as agremiações é escasso, no Twitter e no Facebook basta postar uma mensagem para propagar o objetivo. Neste 7 de abril de 2015, Santa Cruz e Sport desejaram feliz aniversário ao Náutico, que completou 114 anos.
Sport e Bahia já se enfrentaram 80 vezes desde o primeiro duelo, em 25 de fevereiro de 1932, no antigo Campo da Avenida Malaquias, a primeira casa rubro-negra. O Leão tem vantagem sobre quase todos os clubes do Nordeste, mas tanto no histórico geral quanto nos mata-matas oficiais, o Tricolor de Aço se apresenta como o maior algoz pernambucano na região. Disparado.
O retrospecto absoluto entre os maiores clubes nordestinos aponta 33 vitórias do Bahia, 20 vitórias do Sport e 27 empates. Os próximos jogos serão na semifinal do Nordestão de 2015. A partir disso, relembre os mata-matas, com uma vantagem não menos indigesta (5 x 1) para os tricolores de Salvador.
Taça Brasil de 1959 – quartas de final
O primeiro duelo oficial, na pioneira edição da Taça Brasil, foi na verdade uma melhor três. Após a derrota em Salvador, o Leão devolveu com juros na Ilha, com um 6 x 0, o maior placar da história do confronto. Como saldo de gols não era critério de desempate, houve um terceiro jogo, também no Recife. E aí entra em cena o folclórico dirigente baiano Osório Villas Boas, que ofereceu uma festa aos rubro-negros pelo “grande resultado”. A farra cambaleou o time – reza a lenda – e o Baêa passou por cima 2 x 0. Depois, conquistaria o título nacional.
27/10/1959 – Bahia 3 x 2 Sport
30/10/1959 – Sport 6 x 0 Bahia
03/11/1959 – Sport 0 x 2 Bahia
Taça Brasil de 1963 – quartas de final
Mais um confronto decidindo a fase Norte-Nordeste da competição nacional, com status de “Campeão do Norte”. O Tricolor de Aço já havia construído uma imagem nacional, com o título de 1959 e o vice de 1961. Chegou à terceira final eliminando o Leão mais uma vez, vencendo na Fonte Nova.
25/09/1963 – Sport 2 x 2 Bahia
29/09/1963 – Bahia 1 x 0 Sport
Brasileirão de 1988 – quartas de final
Os rivais se enfrentaram três vezes naquele Campeonato Brasileiro, com três empates. Nas quartas, que garantiria um nordestino entre os quatro melhores, públicos gigantescos, com 39 mil na Ilha e 58 mil na Fonte Nova. A disputa só acabou na prorrogação, com o empate sem gols favorecendo os baianos. No tempo extra, os leoninos tiveram uma chance incrível, com Nando Lambada perdendo o gol cara a cara com o goleiro Ronaldo.
29/01/1989 – Sport 1 x 1 Bahia
01/02/1989 – Bahia 0 x 0 Sport
Copa do Nordeste de 1994 – semifinal
No Rei Pelé, em Maceió, os clubes fizeram o único jogo oficial fora do Recife ou de Salvador. Após o empate nos noventa minutos, o desempate ocorreu numa disputa de pênaltis, com Jefferson, o goleiro rubro-negro, salvando. Aquela foi a única vez que o Sport despachou o Bahia. Depois, o time pernambucano conquistaria a primeira Copa do Nordeste da história.
13/12/1994 – Sport (4) 1 x 1 (3) Bahia
Copa do Nordeste de 1997 – semifinal
Na volta do Nordestão, o Vitória era o time mais badalado, com Bebeto e Túlio, mas a rivalidade entre os campeões nacionais chamou a atenção na outra chave. Com o formato da Copa do Brasil, o Bahia avançou devido ao gol fora de casa, festejando mais uma vez na Ilha do Retiro.
26/03/1997 – Bahia 0 x 0 Sport
23/04/1997 – Sport 1 x 1 Bahia
Copa do Nordeste de 2001 – final
O público por si só já transformaria a partida em um capítulo à parte, com 65.924 pagantes (dos quais 2 mil rubro-negros), o recorde no Nordestão até hoje. O público total foi de 69 mil. Em campo, jogo único na decisão, com o Baêa jogando bem melhor e vencendo sem dificuldades.
No jornalismo esportivo, um dos momentos mais agitados na temporada é o de especulações e anúncios de novos reforços nos principais times.
Na mesma intensidade da ansiedade da torcida, aumenta a audiência nos sites e na circulação dos jornais. Um reflexo direto.
Nem sempre, obviamente, é possível acertar. Uma negociação desfeita faltando poucos detalhes, uma fonte não tão bem informada ou mesmo uma “perua”, como se diz aqui no Recife em relação às notícias sem fundamento algum.
E este contexto está muito além da cobertura de Náutico, Santa Cruz e Sport.
Vamos citar então os maiores clubes do mundo, Barça e Real.
A imprensa nas duas cidades é fortíssima, mas como qualquer periódico, incluindo aí, claro, o Diario de Pernambuco, tem os seus erros históricos.
Em Madri, o Marca, principal jornal esportivo da Espanha, já cravou Suárez, Neymar e até Ronaldinho Gaúcho com a camisa camisa merengue. Em negociações milionárias, todos acabaram no Camp Nou.
Em Barcelona, os principais concorrentes, Mundo Deportivo e Sport, bancaram os nomes de Benzema, Bale, Ozil e Kaká com o uniforme blaugrana. Todos acabaram assinando com o clube da capital.
Para esses erros, felizmente há uma infinidade de acertos, em primeira mão, inclusive. Assim é o jornalismo, apurando o máximo possível de informações. Na produção final, porém, nem sem sempre se acerta.