Há alguns anos a Liga do Nordeste promove o “tour da taça”, levando a orelhuda às cidades envolvidas na competição regional. Para isso, conta com o simbolismo do troféu dourado do Nordestão, com modelo fixo. Não é o que ocorre em Pernambuco, mas, por outros caminhos, a FPF também resolveu adotar o “tour da taça” na versão local. Alguns pontos colaboram para a ideia no Campeonato Pernambucano de 2018. O primeiro é a definição prévia do troféu, pois há bastante tempo as peças eram apresentadas já na reta final das competições. Desta vez, o design da taça foi revelada durante o conselho arbitral, em 3 de outubro. Passados dois meses, com a finalização da obra, o troféu será levado às sete cidades do interior nesta edição.
Segundo a entidade, o projeto é realizar exposições públicas do troféu de campeão estadual, título jamais conquistado pelo interior – até hoje, quatro vices. A própria federação reconhece o distanciamento causado pela edição de 2017, com vários campos vetados fora do Grande Recife.
“O objetivo do tour da taça do Pernambucano 2018 é aproximar os torcedores dos clubes e da competição Estadual, que este ano sofreu modificações no regulamento e terá jogos do trio de ferro no interior do Estado”
Rota do Estadual 2018 no interior 50 km – Vitória de Santo Antão 130 km – Caruaru 187 km – Belo Jardim 215 km – Pesqueira 256 km – Flamengo 386 km – Afogados da Ingazeira 518 km – Salgueiro
Curiosamente, as primeiras exibições ocorrem paralelamente a outras taças. No primeiro fim de semana do ano, dois amistosos com taças em disputa. No dia 6, Afogados x Salgueiro, inaugurando os refletores do estádio Vianão. Ao vencedor, a Taça Aderval Viana. No dia 7, Flamengo x Íbis no Áureo Bradley, celebrando os 59 anos do rubro-negro sertanejo. Ao vencedor, a Taça Evandro Carvalho. Quem sabe a taça principal também não fica por lá…
Os dez principais campeonatos estaduais de 2018 somam R$ 306 milhões em cotas de transmissão na televisão e premiações oficiais, numa receita distribuída em 119 clubes. Repasses a partir de R$ 103 mil até R$ 17 milhões. Sem surpresa, a verba está concentrada no eixo Rio-SP, com 212 milhões, ou 69%. Os clubes do chamado ‘G12’ recebem pelo menos 12,3 mi, o que acaba sendo um indicativo importante para o contexto mais amplo, do Brasileirão, com receitas ainda maiores. Como exemplo, o hiato entre Botafogo e Sport, que salta de 25 mi (Série A) para 39 milhões de reais (Estaduais + Série A). Ou seja, o mercado real é bem mais apertado. E estenda isso às demais divisões. Na Série C, o Volta Redonda, possível adversário de alvirrubros e tricolores na briga pelo acesso, chega capitalizado pela receita do Carioca.
Naturalmente, a audiência de cada competição justifica, em tese, o investimento da tevê. O alerta serve apenas como base para reflexão, uma vez que a grana depositada nos estaduais vai bem além do dia 8 de abril, a data reservada pela CBF para as decisões. Para este levantamento, com a análise de cada torneio e os dados de todos os times envolvidos, o blog reuniu as informações mais atuais (jornais, rádios e canais de outros estados) sobre as principais competições, três delas no Nordeste (Pernambucano, Baiano e Cearense). Por sinal, essas três apresentam valores bem abaixo, expondo a importância do Nordestão, que distribui R$ 22,4 milhões.
Dos números conhecidos, a diferença máxima entre as torneios é de R$ 118,3 milhões (SP x CE). Em dez casos, os acordos envolvem a Rede Globo e suas afiliadas. De acordo com a atualização do atlas de cobertura da emissora, existem 200.970.636 telespectadores potenciais. Logo, somando o alcance do Paulista e do Carioca (com 16 estados, considerando a transmissão do ano anterior), chega-se a 101.647.809, ou 50,5% do país.
Obs. O blog só considerou as verbas dos clubes, sem os custos operacionais.
Paulista (Paulistão Itaipava) O estado mais rico do país também conta, naturalmente, com o campeonato estadual mais valorizado. Em relação ao Rio, o centro mais próximo, a vantagem na distribuição de receitas é de 29,5 milhões de reais. Além de pagar mais em cotas fixas, com os menos abastados recebendo 3,3 milhões – perto do que se paga ao Pernambucano inteiro -, o Paulistão também tem a melhor distribuição de prêmios, tanto em números absolutos quanto no número de contemplados (14 dos 16 participantes). Em caso de título, um grande termina acumulando R$ 22 milhões. Exibida em três plataformas, a competição ainda tem mais um ano de contrato no atual modelo.
Contrato: Globo SP (2016-2019), inclui SporTV e pay-per-view Alcance da TV aberta: SP (44,2 milhões de telespectadores) 16 clubes (de 12 a 18 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 109,3 milhões Premiação: R$ 11,79 milhões Total: R$ 121,09 milhões
Cota 1 (4 times) – R$ 17 milhões (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) Cota 2 (1 time) – R$ 5 milhões (Ponte Preta) Cota 3 (11 times) – R$ 3,3 milhões (Botafogo, Bragantino, Ferroviária, Ituano, Linense, Mirassol, Novorizontino, Red Bull, Santo André, São Bento e São Caetano)
Carioca O contrato firmado em 2017 elevou bastante o patamar do campeonato do Rio de Janeiro. Os quatro grandes passaram a ganhar valores próximos dos quatro grandes de São Paulo (15 mi x 17 mi), com os demais participantes escalonados em outros quatro níveis, incluindo quatro times que largam numa seletiva. No topo da pirâmide dos times pequenos, surpreende os R$ 4 milhões para equipes sem apelo popular – exceção feita ao Voltaço. Em relação à premiação, o Rio privilegia o seu formato de várias taças (ao todo, três no mesmo campeonato), com bônus nos mata-matas. Um grande clube pode terminar com até 20,5 milhões de reais – caso vença os dois turnos e o título.
Contrato: Globo Rio (2017-2024), inclui SporTV e pay-per-view Alcance da TV aberta: RJ, ES, TO, SE, PB, RN, PI, MA, PA, AM, RO, AC, RR, AP e DF (56,8 milhões de telespectadores) 16 clubes (de 11 a 18 jogos para os grandes)
Cota: R$ 83,6 milhões Premiação: R$ 7,9 milhões Total: R$ 91,5 milhões
Cota 1 (4 times) – R$ 15 milhões (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco) Cota 2 (4 times) – R$ 4 milhões (Boavista, Madureira, Nova Iguaçu e Volta Redonda) Cota 3 (2 times) – R$ 2 milhões (Bangu e Portuguesa) Cota 4 (2 times) – R$ 800 mil (Macaé e Resende) Cota 5 (4 times) – R$ 500 mil (América, Bonsucesso, Cabofriense e Goytacaz)
Gaúcho (Gauchão Ipiranga) Em 2017, os clubes gaúchos acertaram um contrato pontual. Na ocasião, a dupla Gre-Nal recebeu R$ 22 milhões. Com o novo acordo para 2018, colorados e tricolores dividem 25 mi, segundo o colunista Luiz Zini, do Zero Hora. Aos demais, as mesmas cotas, com vantagem para Brasil e Juventude, que participam da Série B. Quanto à premiação, bancada por patrocinadores, o cenário é bem curioso. Há bonificação para o campeão do interior (o melhor time fora da final), mas não há para o campeão estadual. Pois é. No último ano, aliás, o campeão foi o Novo Hamburgo, que não ganhou bônus algum…
Contrato: RBS TV (2018), inclui pay-per-view Alcance da TV aberta: RS (11,2 milhões de telespectadores) 12 clubes (de 11 a 17 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 36 milhões Premiação: R$ 1 milhão Total: R$ 37 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 12,5 milhões (Grêmio e Internacional) Cota 2 (2 times) – R$ 1,5 milhão (Brasil de Pelotas e Juventude) Cota 3 (8 times) – R$ 1 milhão (Avenida, Caxias, Cruzeiro, Novo Hamburgo, São Luiz, São José, São Paulo e Veranópolis)
Premiações: os oito classificados às quartas de final (R$ 100 mil); campeão do interior (R$ 200 mil)
Mineiro (Mineiro Sicoob) – atualizado em 12/01, via Vinícius Dias, do UAI Apesar de ser o segundo estado mais populoso do país, Minas Gerais aparece em 4º lugar na lista, considerando a soma de todas as cotas de transmissão dos Estaduais. O contrato atual, de quatro temporadas, prevê um ajuste anual. No caso dos gigantes mineiros, R$ 300 mil a mais para cada. Dado semelhante aos gaúchos. Já o piso é menor, ficando abaixo de R$ 1 milhão por participante – os clubes ainda negociavam um aumento de 850 mil para 875 mil. Aqui, porém, o patamar intermediário é mais robusto, com o América recebendo mais que o Paraense, o Baiano e o Cearense. Em 2018 o torneio ganhou uma data a mais, com a implantação das quartas de final.
Contrato: Globo Minas (2017-2021), inclui pay-per-view Alcance da TV aberta: MG (20,7 milhões de telespectadores) 12 clubes (de 11 a 16 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 35,15 milhões Premiação: nada Total: R$ 35,15 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 12,3 milhões (Atlético-MG e Cruzeiro) Cota 2 (1 time) – R$ 2,9 milhões (América) Cota 3 (9 times) – R$ 850 mil (Boa Esporte, Caldense, Democrata, Patrocinense, Tombense, Tupi, Uberlândia, URT e Villa Nova)
Catarinense – atualizado em 15/01, via Blog Rodrigo Goulart Em 2015, Santa Catarina emplacou quatro clubes no Brasileirão, à frente do Rio. Em 2018 terá apenas um representante, a Chape. Coincidência ou não, essa queda é paralela à redução do investimentos da Globo no torneio local. Neste ano sai de cena o pay-per-view, restando apenas a tevê aberta, com 19 partidas – uma por rodada e mais a final, em jogo único. O montante foi dividido em duas frentes, com 65% para os clubes mais tradicionais, aqueles que já disputaram Série A nesta década, e 35% para os demais.
Contrato: NSC TV (2018-2021) Alcance da TV aberta: SC (6,8 milhões de telespectadores) 10 clubes (de 18 a 19 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 5 milhões Premiação: nada Total: R$ 5 milhões
Cota 1 (5 times) – R$ 650 mil (Avaí, Chape, Criciúma, Figueirense e Joinville) Cota 2 (5 times) – R$ 350 mil (Brusque, Concórdia, Hercílio Luz, Inter de Lages e Tubarão)
Paranaense – atualizado em 12/01, via jornal Gazeta do Povo Em 2017 a dupla Atletiba comprou a briga com a Globo ao não concordar com a proposta de transmissão do Estadual – acabaram exibindo o clássico no youtube. Na ocasião, a receita de televisão já havia caído de 8 mi para 6 milhões, ficando sem o pay-per-view. Em 2018 apenas o Furacão bateu o pé, com o valor total seguindo abaixo – o Atlético, aliás, é o único time da elite nacional que disputa o Estadual sem ganhar cota alguma. Com a assinatura pontual do Coxa, o Estadual ultrapassou o PE, uma vez que as demais cotas paranaenses também foram recalculadas.
Contrato: RPC (2018-2019) Alcance da TV aberta: PR (10,8 milhões de telespectadores) 12 clubes (de 11 a 17 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 4,7 milhões Premiação: nada Total: R$ 4,7 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 600 mil (Coritiba e Paraná) Cota 2 (1 time1) – R$ 500 mil (Londrina) Cota 3 (8 times) – R$ 375 mil (Cascavel, Cianorte, Foz do Iguaçu, Maringá, Prudentópolis, Rio Branco, Toledo e União) Sem cota (1 time) – em aberto (Atlético-PR )
Pernambucano No cenário local, o contrato de quatro anos com a Globo (a detentora dos direitos desde 2000!) prevê um reajuste anual através do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). Assim, por mais que o valor-base, de janeiro de 2015, seja de R$ 950 mil para o Trio de Ferro, na prática cada um ganhará R$ 1.119.690 em 2018. Logo, a 104ª edição do Estadual, com 11 em vez de 12 clubes, conta com um aporte líquido de 4,4 milhões – contudo, por uma questão de padronização do blog, todos os estaduais apresentam os valores originais. Entre os principais campeonatos da região, o PE é o único que terá um novo contrato de tevê em 2019 – espera-se que fique menos defasado.
Contrato: Globo Nordeste (2015-2018), inclui pay-per-view Alcance da TV aberta: PE (9,2 milhões de telespectadores) 11 clubes (de 10 a 14 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 3,730 milhões Premiação: nada Total: R$ 3,73 milhões
Cota 1 (3 times) – R$ 950 mil (Náutico, Santa Cruz e Sport) Cota 2 (8 times) – R$ 110 mil (Afogados, América, Belo Jardim, Central, Flamengo de Arcoverde, Pesqueira, Salgueiro e Vitória)
Paraense (Banparazão) Com Remo e Paysandu, os clubes mais populares do Norte, o campeonato é o único desta lista que não é exibido pela Globo. Pelo 10º ano seguido a transmissão ocorre na TV Cultura, uma emissora estatal. O sinal chega a 110 dos 144 municípios do Pará, o que corresponde a 71% da população, hoje estimada em 8,2 milhões. Há cinco anos a receita é a mesma: R$ 2,9 milhões, segundo dados da Secretaria de Esporte e Lazer do Pará. Com a premiação, a cota dos grandes pode chegar a R$ 1,01 milhão.
Contrato: TV Cultura (2018) Alcance da TV aberta: PA (5,9 milhões de telespectadores) 10 clubes (de 10 a 14 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,396 milhões Premiação: R$ 560 mil Total: R$ 2,956 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 786 mil (Paysandu e Remo) Cota 2 (8 times) – R$ 103 mil (Águia, Bragantino, Cametá, Castanhal, Independente, Paragominas, Parauapebas e São Raimundo)
Baiano (Baianão) A temporada 2018 também marca a redução do Campeonato Baiano, mas de 11 para 10 clubes. Em relação à transmissão, as cifras do contrato de cinco temporadas foram reveladas pelo balancete do Bahia. O tricolor recebeu R$ 893.401 em 2016, numa correção monetária sobre o valor-base de R$ 850 mil (nos mesmos moldes do Pernambucano). A cota é a mesma paga ao rival Vitória. No contrato anterior (2011-2015), a dupla Ba-Vi recebeu R$ 750 mil. Portanto, um mísero aumento de 13% para o torneio atual.
Contrato: Rede Bahia (2016-2020), inclui pay-per-view Alcance da TV aberta: BA (14,5 milhões de telespectadores) 10 clubes (de 9 a 13 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,604 milhões Premiação: nada Total: R$ 2,604 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 850 mil (Bahia e Vitória) Cota 2 (8 times) – R$ 113 mil (Atlântico, Bahia de Feira, Fluminense de Feira, Jacobina, Jacuipense, Jequié, Juazeirense e Vitória da Conquista)
Cearense O certame alencarino é único, entre os dez, com uma divisão de transmissão – e não compartilhamento, como a Globo costuma fazer com a Band. Isso porque o Esporte Interativo também adquiriu os direitos de uma plataforma (tevê fechada). Após 2015-2016, renovou por outro biênio, encerrando neste ano. Além disso, a Verdes Mares (a Globo cearense) também cede o sinal à TV Diário. As cotas foram aproximadas a partir de informações do jornalista Mário Kempes e do jornal O Povo.
Contrato: Verdes Mares (2016-2019) e Esporte Interativo (2017-2018) Alcance da TV aberta: CE (8,8 milhões de telespectadores) 10 clubes (de 9 a 15 jogos para qualquer participante)
Cota: R$ 2,56 milhões/ano Premiação: nada Total: R$ 2,56 milhões
Cota 1 (2 times) – R$ 800 mil (Ceará e Fortaleza) Cota 2 (8 times) – R$ 120 mil (Ferroviário, Floresta, Guarani de Juazeiro, Horizonte, Iguatu, Maranguape, Tiradentes e Uniclinic)