Indiretamente, a premiação da Sul-Americana se equipara à Copa do Brasil

Premiação em dólar para a Copa Sul-Americana

“A Copa do Brasil é um torneio bem mais rentável que a Copa Sul-Americana”.

A frase é dita há tempos, numa verdade quase absoluta.

Ganhou ainda mais força em 2013 por causa do regulamento absurdo criado pela CBF, que obriga os clubes do país a escolher um torneio. A participação não pode ser paralela, o que ocorre com os torneios a partir das oitavas de final da Copa do Brasil. Desta forma, para competir na Sul-Americana é preciso ser eliminado no torneio nacional até a terceira fase.

Mas a frase supracitada deve cair em desuso em 2014. Basta ter atenção.

A premiação oficial do torneio da Conmebol, em dólar, teve um acréscimo de 64% para esta temporada, o que na prática significa um aumento de dois milhões de reais (mesmo com a cotação menor). Abaixo, os dados de 2013 e 2014 da “Sula”, mas com um adendo. O blog somou as cotas iniciais da Copa do Brasil – afinal, o clube receberia esta cota de toda maneira.

Assim, um time da Série A que sair da Copa do Brasil na 3ª fase (o máximo possível) e alcançar o título internacional, terá uma premiação absoluta de R$ 6 milhões, apenas R$ 135 mil abaixo do campeão da Copa do Brasil. Em 2013, a diferença neste mesmo contexto era muito maior, de R$ 1,974 milhão.

Como a Sul-Americana está diretamente atrelada à Copa do Brasil, nada mais justo que observar as verbas à disposição de um clube nas duas frentes…

2014 (US$ 1 = R$ 2,23)
Fase brasileira: US$ 150 mil (R$ 334,5 mil)
Oitavas: US$ 225 mil (R$ 501,7 mil)
Quartas: US$ 300 mil (R$ 669 mil)
Semifinal: US$ 360 mil (R$ 802,8 mil)
Vice: US$ 550 mil (R$ 1.226,5 milhão)
Campeão: US$ 1,2 milhão (R$ 2,676 milhões)

Total para o campeão da Sula de 2014: US$ 2,235 milhões (R$ 4.984.050)

Acumulado título + 3ª fase da Copa do Brasil – R$ 6.054.050
Acumulado título + 2ª fase da Copa do Brasil – R$ 5.624.050
Acumulado título + 1ª fase da Copa do Brasil – R$ 5.304.050

Total para o campeão da Copa do Brasil de 2014 – R$ 6.190.000

2013 (US$ 1 = R$ 2,44)
Fase brasileira: US$ 100 mil (R$ 244 mil)
Oitavas: US$ 140 mil (R$ 342 mil)
Quartas: US$ 180 mil (R$ 439 mil)
Semifinal: US$ 220 mil (R$ 537 mil)
Vice: US$ 300 mil (R$ 732 mil)
Campeão: US$ 600 mil (R$ 1,464 milhão)

Total para o campeão da Sula de 2013: US$ 1,24 milhão (R$ 3.025.600)

Acumulado título + 3ª fase da Copa do Brasil – R$ 4.025.600
Acumulado título + 2ª fase da Copa do Brasil – R$ 3.625.600
Acumulado título + 1ª fase da Copa do Brasil – R$ 3.325.600

Total para o campeão da Copa do Brasil de 2013 – R$ 6.000.000

Obs. O Sport recebeu duas cotas do torneio nacional em 2014. Ou seja, o acumulado máximo na campanha internacional seria de R$ 5,6 milhões.

Leão cumpre a sua missão na Copa do Brasil e está novamente na Sul-Americana

Copa do Brasil 2014, 2ª fase: Sport x Paysandu. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

O Paysandu voltou a eliminar o Sport da Copa do Brasil na Ilha. Desta vez num contexto bem diferente. Em 2012, o Leão vivia uma crise técnica, sob o comando de Mazola. Foi arrasado em casa, com o Papão aplicando 4 x 1.

Em 2014, apesar do discurso, o Leão tinha um claro objetivo no torneio: ser eliminado antes das oitavas de final. Tudo para confirmar a vaga na Copa Sul-Americana, conquistada com o título nordestino. Conquistada, mas não sacramentada – numa situação constrangedora criada pela CBF.

Seguindo o regulamento à risca, tendo que abrir mão de uma competição, o Rubro-negro irá disputar novamente uma copa internacional. Será a 4ª participação do clube em torneios da Conmebol, com a Libertadores em 1988 (14º) e 2009 (11º) e a Sul-Americana em 2013 (16º) e 2014.

Copa do Brasil 2014, 2ª fase: Sport x Paysandu. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Um passaporte carimbado através de uma eliminação. A vitória por 3 x 2 sobre o time paraense, nesta quinta, com todos os gols marcados no primeiro tempo, foi insuficiente para avançar, pois perdeu no Mangueirão por 2 x 1.

Não por acaso a Ilha do Retiro esteve deserta, com apenas 1.276 pessoas, num cenário de luto por causa do escrito Ariano Suassuna, rubro-negro.

Para este jogo, o discurso da diretoria e da comissão técnica do Leão sobre a vontade em campo não convenceu a torcida na bilheteria. De toda forma, a contragosto, a missão foi cumprida. Copa do Brasil à parte, agora é curtir a América mais uma vez… com casa cheia.

Copa do Brasil 2014, 2ª fase: Sport x Paysandu. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Os 20 distintivos do Nordestão de 2015

Os 20 clubes do Nordestão de 2015

O sorteio dos grupos da Copa do Nordeste de 2015 será realizado em setembro, no Recife, num evento transmitido para todo o país pelo canal Esporte Interativo. A cerimônia oficial, com a presença da direção da CBF, será a terceira do tipo no torneio, após as edições em Fortaleza (2012) e Salvador (2013).

Os nomes das bolinhas do globo já estão definidos. O regional terá 20 clubes, com cinco grupos com quatro equipes cada. Abaixo, a lista completa, após a assembleia da CBF que mudou a distribuição de vagas, e um resumo do histórico de cada clube na competição.

Além, dos quatro times do Piauí e do Maranhão, estados que nunca haviam participado do torneio, outras quatro equipes irão estrear no regional.

Por outro lado, os cinco campeões oficiais, desde 1994, estão presentes.

Pernambuco
1º) Sport (9 participações, 3 títulos – 1994/2000/2014)
2º) Náutico (7 participações, 2 semifinais)
3º) Salgueiro (1 participação)

Bahia
1º) Bahia (10 participações, 2 títulos – 2001/2002)
2º) Vitória (11 participações, 4 títulos – 1997/1999/2003/2010)
3º) Serrano (estreante)

Alagoas
1º) Coruripe (estreante)
2º) CRB (10 participações, 1 vice)

Ceará
1º) Ceará (10 participações, 1 vice)
2º) Fortaleza (7 participações, 2 semifinais)

Maranhão
1º) Sampaio Corrêa (estreante)
2º) Moto Club (estreante)

Paraíba
1º) Botafogo (10 participações, 1 semifinal)
2º) Campinense (2 participações, 1 título – 2013)

Piauí
1º) River (estreante)
2º) Piauí (estreante)

Rio Grande do Norte
1º) América (11 participações, 1 título – 1998)
2º) Globo (estreante)

Sergipe
1º) Confiança (7 participações)
2º) Socorrense (estreante)

Assembleia do Nordestão desconsidera a ata geral e faz 8 x 1 contra a proposta da FPF. O Santa Cruz está fora de 2015

Copa do Nordeste

No início de junho, a poucos dias da abertura da Copa do Mundo de 2014, os presidentes das nove federações estaduais do Nordeste se reuniram na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

Em pauta, as diretrizes do Nordestão de 2015, que irá sofrer uma reformulação.

A aguardada adesão dos clubes do Piauí e do Maranhão está mais do que confirmada, mas o formato desrespeitou a ata votada em 17 de fevereiro, com uma (grave) consequência direta ao futebol pernambucano.

Há cinco meses, participaram representantes dos 16 times do regional de 2014, os presidentes das federações, o mandatário da Liga do Nordeste, Alexi Portela, e a direção do canal Esporte Interativo, com direito à foto oficial (abaixo).

Naquela ampliação do regional, de 16 para 20 clubes, a divisão seria a seguinte:

3 vagas – Bahia e Pernambuco
2 vagas – Alagoas, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe
1 vaga – Maranhão e Piauí
1 vaga – Atual campeão nordestino
1 vaga – Ranking da CBF, válido apenas para os times da região

Agora, esqueça esse modelo.

O presidente da FPF, Evandro Carvalho, confirmou ao blog que ao apresentar o formato na assembleia, acabou tendo uma surpresa na votação…

“Os presidentes das federações da Bahia e do Ceará acharam que Pernambuco ficaria muito forte com essa divisão de vagas e acabaram votando contra. Todos os outros estados seguiram o caminho. Meu voto foi o único nessa opção”.

Ou seja, derrota por 8 x 1 numa votação sobre uma ideia consumada, documentada. Nos bastidores, a política ignorou completamente a ata.

O estado teria quatro clubes em 2015, pois o Sport, campeão nordestino desta temporada, “abriria” uma vaga extra, no caso ao 4º lugar do Estadual, o Santa Cruz. Fora da competição, o Tricolor deixará de arrecadar no mínimo a cota de R$ 350 mil da primeira fase. Campeão, o Leão recebeu R$ 1,9 milhão.

No modelo aprovado, Pernambuco e Bahia seguem com três vagas, enquanto os demais têm duas, incluindo as federações incluídas. Eis os classificados:

Pernambuco – Sport, Náutico e Salgueiro
Bahia – Bahia, Vitória e Serrano
Alagoas – Coruripe e CRB
Ceará – Ceará e Fortaleza
Maranhão – Sampaio Corrêa e Moto Club
Paraíba – Botafogo e Campinense
Piauí – River e Piauí
Rio Grande do Norte – América e Globo
Sergipe – Confiança e Socorrense

Desta forma, o campeão regional segue sem vaga automática – um erro que fez com que o Campinense, campeão em 2013, ficasse ausente este ano por não ter conseguido a vaga no Estadual.

“Quando os outros presidentes tiveram a perspectiva de que Pernambuco e Bahia já têm três vagas, eles alegaram que o campeão do Nordeste ficaria entre os dois em 90% das vezes, dando sempre uma vaga a mais e enfraquecendo os outros. Na consequência disso, o Santa Cruz está fora. “

O novo formato deve ser com 5 grupos de 4 times, passando às quartas de final os líderes e os três melhores segundos colocados. Depois, mata-mata.

Apesar do revés político, a FPF ao menos realizará em setembro o sorteio do torneio. Fortaleza e Salvador foram as sede em 2012 e 2013, respectivamente.

No sorteio, por sinal, a saia justa parece certa… basta lembrar da ata rasgada.

Reunião na FPF sobre a Copa do Nordeste 2015. Foto: FPF/Site Oficial

Léo Gamalho garante a primeira das duas supercotas da Copa do Brasil ao Santa

Copa do Brasil 2014, 2ª fase: Santa Cruz x Botafogo-PB. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A seca de gols já estava incomodando faz tempo. Desde maio! A pressão sobre Léo Gamalho só aumentava no Santa Cruz…

Apesar da boa técnica, o jogador não vem bem na Série B, mas soube aproveitar a oportunidade na Copa do Brasil, num confronto milionário.

Mesmo num Arruda de portões fechados, havia muita grana em jogo. Uma eventual classificação coral renderia R$ 430 mil de cota pela participação na terceira fase. Já tinha recebido duas de R$ 160 mil.

Em João Pessoa, na ida, empate em 1 x 1 com o Botafogo, antes do Mundial. Nesta quarta, a disputa paralela foi vital para as finanças do Tricolor.

Sem o apoio da torcida, cumprindo o último jogo da punição aplicada pelo STJD, o Tricolor venceu por 2 x 1, com dois gols do centroavante de camisa 9.

O time pernambucano jogou bem melhor que o adversário, o que não quer dizer necessariamente que atuou bem. Abriu o placar aos 21, com destaque para Tony (na vaga do apagado Nininho) e só foi para o intervalo com a igualdade por causa de um lance ridículo da defesa, comprovando a má fase do setor.

O segundo tempo foi mais amarrado, com direito ao retorno de Natan, e já parecia caminhar para os pênaltis. Aí, Gamalho foi lançado e definiu bem.

Manteve o Santa na Copa do Brasil, agora contra o modesto Santa Rita de Alagoas, que eliminou Guarani-SP e Potiguar-RN. Ainda assim, é impossível não apontar o favoritismo aos corais…

E aí é preciso deixar claro o quanto valerá a próxima classificação.

Fora a arredacação, quando o Mundão enfim terá os seus portões abertos, vale uma cota de R$ 530 mil. Portanto, só com premiações o Tricolor chegaria às oitavas com R$ 1,28 milhão. Nada mal. Os gols de Gamalho valeram demais.

Copa do Brasil 2014, 2ª fase: Santa Cruz x Botafogo-PB. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

“Felicidade é torcer pelo Sport”, de Ariano Suassuna para a eternidade

Ariano Suassuna na Ilha do Retiro, com Fumagalli, em 2007. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

“O Sport, pra mim, é – e sempre foi – uma das coisas mais importantes na minha vida.”

“Felicidade é torcer pelo Sport.”

As frases foram ditas há tempos por Ariano Suassuna, paraibano de nascimento e pernambucano de coração. Ambas tornaram-se inerentes ao escritor, um frequentador assíduo da Ilha do Retiro desde 1938, levado ainda criança pelo compositor tricolor Capiba, amigo da família.

Um rubro-negro na essência, sempre vestido de vermelho e preto, ou “Sport Fino” segundo a descrição do próprio, presente nas grandes conquistas do clube. Tamanha paixão pelo Sport lhe rendeu uma homenagem especial.

Em julho de 2013, as declarações foram gravadas no uniforme do Leão, numa linha inspirada nos traços armoriais, o estilo regional criado pelo autor.

“Agora estando ou não no estádio, estou sempre presente. Estarei lá por meio da camisa.”

Ali, já tratava-se de uma grande verdade.

Em 13 de maio deste ano, Ariano comemorou o último aniversário do clube, gravando um vídeo de parabéns destinado à torcida leonina.

Aos 87 anos, após resistir o quanto pôde, Ariano nos deixou, ficando na eternidade. Dono de uma personalidade com nuances na cultura, no esporte e na política, o escritor de O Auto da Compadecida está marcado na história.

Clubismo à parte, ficará na memória de rubro-negros, alvirrubros e tricolores.

Admiradores de um pernambucano nato.

Camisa especial do Sport para Ariano Suassuna. Foto: Alexandre Barbosa/DP/D.A Press

As ligas de futebol mais populares do mundo na temporada 2013/2014

Média de público dos campeonatos nacionais de 2013 e 2014. Crédito: Pluri Consultoria

O Brasileirão de 2013 foi o primeiro no país denro do novo momento estrutural, com as arenas da Copa do Mundo. Fizeram parte da competição o Maracanã, a Arena Pernambuco, o Mineirão, o Mané Garrincha, a Fonte Nova e o Castelão.

A novidade deste padrão de conforto deve se estabelecer de vez na edição de 2014, com outras seis arenas, além dos novos estádios de Grêmio e Palmeiras. No ano passado, contudo, foi tímido o acréscimo na média de público da Série A, com 1.980 pessoas a mais por jogo (+15%).

A taxa de ocupação (um ponto importante na pesquisa) foi de 39%. Baixo.

Para um país que organizou o Mundial com a segunda maior média da história (53 mil espectadores), é decepcionante a colocação atual no quesito clubístico, em 15º. Vice-campeã do mundo, a Argentina tem uma média de 20 mil…

Sem surpresa, a Alemanha, agora campeã mundial, mantém a liga mais popular do futebol. A Bundesliga registrou uma média de 43 mil pessoas, segundo o levantamento da Pluri Consultoria. A considerável vantagem sobre o segundo lugar (Premier League) é de 6,5 mil torcedores. Há tempos é assim.

Os 25 principais campeonatos reuniram 127,6 milhões de torcedores na temporada 2013/2014, com uma média de 18,5 mil. O avanço em relação ao ano anterior foi de 0,6%. Ainda assim, o futebol segue atrás das principais ligas esportivas dos EUA (futebol americano, baseball, basquete e hóquei sobre o gelo), com 161,2 milhões de público absoluto e índice de 23,9 mil.

Quanto ao País do Futebol, vale conferir o rescaldo da Copa nos números…

Podcast 45 minutos (42º) – Debate com Sidney Moraes, do Náutico à Seleção

Gravação do podcast com o técnico do Náutico, Sidney Moraes, em 22 de julho e 2014

Edição especial do 45 minutos, num debate exclusivo com o técnico do Náutico, Sidney Moraes. Falou sobre o momento do clube, crise financeira, vaias, reforços, transição de jogador a técnico, Seleção, Dunga etc.

No 42º podcast, com mais de uma hora de duração – diretamente do CT alvirrubro -, estou na discussão com Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser…

A volta de Dunga à Seleção era algo inacreditável. Mas a notícia era, sim, real

Apresentação de Dunga como novo técnico da Seleção Brasileira em 2014. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

De tão inacreditável, a informação da Placar de que Dunga seria o novo técnico da Seleção parecia mais uma “barriga”, o jargão jornalístico antagônico ao “furo”.

A notícia saiu há seis dias, no site da revista. Desde então, a informação não parou de ganhar força em outras mídias, sempre gerando dúvidas (“Dunga? Por que?”). Faltando um dia para o anúncio da CBF, os grandes portais do país já davam como fato consumado o retorno do capitão do tetra. A confirmação ocorreu nesta terça. Contrato até a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

A volta é inesperada e não condiz de forma alguma com a necessidade de mudanças na Canarinha. Francamente, como havia de ser diferente com José Maria Marin como presidente e Marco Polo Del Nero como futuro presidente da entidade? Uma fórmula arcaica de gestão, paternalista.

Uma transformação ainda mais necessária passaria justamente no comando organizacional da entidade, na figura desta dupla. Assim, o anúncio só mostra o teor político da escolha, à parte das questões táticas e técnicas.

Ainda assim, é preciso ser justo com o trabalho de Dunga, aquele executado de 2006 a 2010 – o primeiro de sua vida como treinador. Foram 42 vitórias, 12 empates e 6 derrotas, a última delas nas quartas de final do Mundial da África do Sul, com a falha do goleiro Júlio César e a expulsão bizarra de Felipe Melo.

No futebol, Dunga sempre foi um vencedor, apesar do complexo de perseguição no contato com a imprensa. Que Dunga tenha aprendido com os erros para 2018 – o principal deles, a proteção a jogadores sem qualidade como parte de uma “lealdade” por resultados mínimos.

À torcida, o maior recado é que o futebol brasileiro seguirá o mesmo, buscando resultados pelo seu enorme talento, pela falta de lógica no esporte e não por sua estrutura. Não parece ser do interesse da turma de cima esse modelo.

Por que? Eis a resposta a ser procurada a partir de agora…

Apresentação de Dunga como novo técnico da Seleção Brasileira em 2014. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Mais um projeto de lei para regulamentar a divisão de cotas do Brasileiro nas entranhas da Câmara dos Deputados

Corinthians e Flamengo

As receitas de transmissão no futebol brasileiro deram um salto incrível a partir de 2012. Na negociação de um novo contrato de televisionamento do Brasileirão, a divisão ocorreu em seis níveis, com os valores crescendo entre 107% e 340%. O maior percentural foi justamente para quem já recebia mais.

Daí o termo espanholização, remetendo a Flamengo e Corinthians o mesmo cenário que acontece na Espanha com Real Madrid e Barcelona, que recebem valores muito acima dos concorrentes. Como a Rede Globo já viabilizou um novo acordo com quatro anos de duração, de 2016 a 2019, a discussão se tornou recorrente…

O debate saiu do campo da torcida e entrou na Câmara dos Deputados, através do Projeto de Lei 7681/2014, do deputado pernambucano Raul Henry, usando por base trechos do estudo do jornalista Emanuel Leite Júnior (veja aqui).

O projeto usa o modelo da Premier League, da Inglaterra, da seguinte forma:

50% da receita serão divididos igualmente entre os 20 participantes.
25% da receita serão divididos conforme a classificação na última temporada.
25% da receita serão divididos proporcionalmente ao nº de jogos transmitidos

O projeto (íntegra abaixo) já está protocolado e em tramitação. Será avaliado por três comissões, a do Esporte (CESPO), a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI ) e a de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Passando por uma delas, seguirá à próxima sessão legislativa. Ou seja, a votação ocorreria em 2015 já com a nova formação da câmara, com 513 deputados.

Em 2011 – portanto, antes da “espanholização” – , o deputado Mendonça Filho, também pernambucano, apresentou um projeto tratando do mesmo tema. Na ocasião, o Projeto de Lei 2019/2011 visava o estabelecimento de regras para a venda de direitos de transmissão de todas as divisões do Brasileiro. A divisão seria semelhante, com 50% de forma igualitária e 50% numa composição entre classificação e audiência (sem especificação).

Como costuma ocorrer na Câmara, a proposta segue engavetada… E agora?