A 2ª rodada do hexagonal do Estadual 2017 teve apenas um gol, anotado por Maylson, na vitória alvirrubra em Caruaru. Ainda assim, com a pobreza técnica no meio de semana, a análise foi completa, com três gravações exclusivas do 45 minutos. Ao todo, 68 minutos de podcast, comentando desempenhos coletivos e individuais, mudanças dos técnicos, contexto de classificação e possibilidades de mudanças nas próximas apresentações (será mesmo?).
Neste podcast, estou com Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça!
Já são duas rodadas seguidas com menos de dez mil espectadores no hexagonal do título do Pernambucano de 2017. Na abertura, foram 8.671. Na rodada seguinte, 7.272, com queda de 16%. Foram 2.154 pessoas no Arruda (no menor público na capital até o momento), 3.058 no Cornélio de Barros, em Salgueiro, e 2.060 no Antônio Inácio, em Caruaru. Média de 2.424, considerando essas partidas. Analisando apenas os jogos envolvendo os grandes clubes como mandantes, incluindo um clássico, só foram registradas 10.597 pessoas no borderô. Especificamente na rodada deste meio de semana, talvez seja possível explicar o fiasco. Na véspera, vale lembrar, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, apontou a Copa do Nordeste como culpada. Será mesmo?
Originalmente, na segunda rodada, o jogo com transmissão aberta na tevê seria Central x Náutico, em Caruaru. Com as seguidas mudanças de local (Caruaru-Recife-Caruaru) e horários (21h30-21h00-20h30), a Globo acabou tendo que remanejar a sua grade, exibindo Santa x Belo Jardim, no Recife. O que só ocorreu porque o campo do Lacerdão foi vetado tardiamente, porque a PM não autorizou a partida com duas torcidas (de alvinegros e alvirrubros), porque a FPF remarcou o jogo para Ilha… Onde entra a culpa do Nordestão? Agora, a fase principal do Estadual dá uma pausa de uma semana. E há possibilidade de novas mudanças. Em Caruaru (Central x Santa), outra vez por segurança, pelas condições campo e com previsão de transmissão (desta vez no pay-per-view)…
Em relação à arrecadação, a FPF tem direito a 8% da renda bruta de todos os jogos. Logo, do apurado de R$ 385 mil, a federação já arrecadou R$ 30.834.
Atualização até a 2ª rodada do hexagonal do título e a 1ª rodada da permanência:
1º) Náutico (1 jogo como mandante, na Arena Pernambuco) Público: 4.622 torcedores Taxa de ocupação: 10,0% Renda: R$ 75.615
2º) Sport (1 jogo como mandante, na Ilha do Retiro) Público: 3.821 torcedores Taxa de ocupação: 13,9% Renda: R$ 60.780
3º) Salgueiro (4 jogos como mandante, no Cornélio de Barros) Público: 9.507 torcedores Média de 2.376 Taxa de ocupação: 19,6% Renda: R$ 48.460 Média de R$ 12.115
4º) Santa Cruz (1 jogo como mandante, no Arruda)
Público: 2.154 torcedores
Taxa de ocupação: 4,2%
Renda: R$ 17.860
5º) Central (4 jogos como mandante; 2 no Lacerdão e 2 no Antônio Inácio) Público: 5.916 torcedores Média de 1.479 Taxa de ocupação: 10,8% Renda: R$ 85.330 Média de R$ 21.332
6º) Belo Jardim (4 jogos como mandante, no Antônio Inácio) Público: 818 torcedores Média de 204 Taxa de ocupação: 2,7% Renda: R$ 6.872 Média de R$ 1.718
Geral – 32* jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência) Público total: 35.731 Média: 1.116 pessoas Arrecadação: R$ 385.437 Média: R$ 12.044 * Mais 4 jogos ocorreram de portões fechados
Fase principal – 6 jogos (hexagonal do título e mata-mata) Público total: 15.943 Média: 2.657 pessoas Arrecadação total: R$ 211.576 Média: R$ 35.262
A segunda rodada do Campeonato Pernambucano foi mesmo esvaziada. Além do baixo público, 7.272 pessoas, e da quantidade de gols, um mísero tento, nada de pênaltis ou cartões vermelhos. Com isso, o ranking levantando pelo blog, sobre o hexagonal do título de 2017, mantém o mesmo quadro da rodada inicial.
Pênaltis a favor (1) 1 pênalti – Sport Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Central, Salgueiro e Belo Jardim
Pênaltis cometidos (1) 1 pênalti – Central Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Sport, Salgueiro e Belo Jardim
Cartões vermelhos (4) 1º) Sport e Salgueiro – 1 adversário expulso; nenhum vermelho
3º) Náutico e Santa – 1 adversário expulso; 1 vermelho
5º) Central e Belo Jardim – nenhum adversário expulso; 1 vermelho
A 2ª rodada do Pernambucano de 2017 registrou números curiosos. Somando os três jogos, foram apenas 7.272 torcedores presentes, com o maior borderô justamente na menor cidade, Salgueiro, com 3.058 espectadores. Poucas gente nos estádios, mas provavelmente com audiência, pois as três partidas foram exibidas na tevê (causa e consequência?), uma em sinal aberto (Arruda) e duas em pay-per-view (Antônio Inácio e Cornélio de Barros). E reunindo esse povo todo, um mísero gol, embolando a classificação, com Sport, Salgueiro e Náutico com quatro pontos, separados pelo saldo, nesta ordem.
Nos seis jogos realizados nesta fase do #PE2017 saíram 8 gols, com média de 1,3. Em relação à artilharia, que a FPF oficialmente considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, Rogério, Diego Souza e Lenis (Sport), Anselmo e Maylson (Náutico), Léo Costa (Santa), Daniel e Dadá (Salgueiro) começaram liderando econômica lista, com 1 gol cada.
Hoje, as semifinais seriam Sport x Santa Cruz e Salgueiro e Náutico.
Central 0 x 1 Náutico – Em um jogo amarrado, mas com algumas chances claras desperdiçadas, o Timbu arrancou a vitória aos 35 do 2º tempo.
Santa Cruz 0 x 0 Belo Jardim – O tricolor foi inoperante do começo ao fim, com pouca articulação de jogadas. Amargou mais um empate na temporada.
Salgueiro 0 x 0 Sport – Atuando com o time reserva (incluindo ex-juniores), o Leão não correu riscos no Sertão, o suficiente para manter a liderança.
Destaque: Erick. O ponta de 19 anos fez uma linda jogada em Caruaru, driblando 2 adversários e cruzando para Maylson definir a vitória timbu
Carcaça: Gildo. O camisa 9 da Patativa perdeu um gol de cego, furando a bola cara a cara com Tiago Cardoso. Símbolo de uma rodada sem apetite.
Próxima rodada (atualizada em 04/02) 08/02 (20h30) – Náutico x Salgueiro, Arena (Premiere) 09/02 (20h30) – Central x Santa Cruz, Arena (Premiere) 15/02 (20h30) – Sport x Belo Jardim, Ilha do Retiro (Premiere)
A classificação atualizada do hexagonal do título após a 2ª rodada.
A expectativa de uma escalação reserva no Cornélio de Barros se justificou, com Daniel Paulista poupando os principais nomes rubro-negros, que sequer viajaram ao Sertão. Em campo, novos contratados, atletas pouco acionados no último ano e ex-juniores. Em busca de ritmo, o time alternativo do Sport (inclusive na formação, com o 3-5-2, em vez do 4-1-4-1) sentiu bastante o gramado, com a bola “viva”. Ainda assim, no duelo contra o Salgueiro, o interiorano mais qualificado, foram criadas algumas oportunidades de gol, com Lenis e Marquinhos aparecendo bem nas pontas.
O empate em 0 x 0 não muda em nada o planejamento leonino, que terá em sequência mais dois jogos como visitante, aí sim com os titulares, contra o Juazeirense (Nordestão) e CSA (Copa do Brasil). Nem mesmo uma derrota comprometeria – sobretudo num campo onde o time já não vence há quatro jogos. Porém, o resultado manteve a liderança no hexagonal – à frente de Salgueiro e Náutico apenas no saldo – e mostrou o potencial de algumas peças, como o lateral-direito Raul Prata, que apareceu bastante à frente, com gás para recompor. No gol, Agenor enfim pontuou num jogo oficial, em sua sexta partida.
Por fim, a base, com cinco jogadores participando. O zagueiro Adryelson e o volante Thallyson largaram como titulares. Depois, na etapa complementar, entraram Fabrício, Wallace e Fábio. Considero este ponto o mais importante desta apresentação do Sport, com o início da necessária transição (base/profissional), sustentando o discurso da eleição presidencial.
Pelo segundo ano consecutivo, a CBF detalha os jogadores profissionais em atividade no país, através da diretoria de registro e transferências. Em uma temporada, foram 6.460 contratos a menos, numa queda brusca de 22%. Em 2016, portanto, 21.743 jogadores firmaram algum tipo de acordo, com a grande maioria entrando em campo somente nos quatro primeiros meses, durante os campeonatos estaduais. Não por acaso, apenas 8.938 atletas, ou 41%, conseguiram chegar com contratos ativos em janeiro deste ano, após ação no segundo semestre (no Campeonato Brasileiro e em algumas copas estaduais).
Inicialmente, o balanço tinha três pilares (salários, registro e transferências), traçando um raio x sobre os rendimentos jogadores. Porém, neste segundo ano a confederação não divulgou a divisão de salários dos atletas. No relatório anterior, 82% recebiam até R$ 1 mil e 95% no máximo R$ 5 mil. A dura realidade comum. Salário acima de R$ 100 mil? Apenas 114 atletas no Brasil, ou 0,4%.
Segundo o novo balanço, de janeiro a dezembro vigoraram contratos envolvendo 766 clubes profissionais – em Pernambuco, por exemplo, 22 times disputaram competições oficiais. Além disso, o relatório da confederação também inclui os clubes amadores e formadores, adicionando 347. Ao todo, foram mais de 15 mil transferências nacionais, entre empréstimos, vendas de diretos econômicos e jogadores livres. A seguir, a evolução de clubes filiados.
Em relação às transferências internacionais, a entidade registrou a saída de 1.372 brasileiros para o exterior, sendo 285 amadores (jovens), 327 profissionais que saíram para atuar como amadores (informalidade) e 760 profissionais. Desses, 110 foram monetizados, em empréstimo ou cessão dos direitos econômicos, movimentando R$ 654,1 milhões (média de R$ 5,9 mi). No sentido inverso foram 818 atletas, sendo 124 amadores e 694 profissionais, com um investimento de R$ 212,4 milhões em 44 nomes (média de R$ 4,8 mi).
Acima, alguns dos jogos transmitidos no campeonato estadual de 2017: Náutico 1 x 1 Santa Cruz (Globo NE), Sport 3 x 0 Central (Premiere), Vitória 3 x 0 América (globoesporte.com) e Central 0 x 0 Atlético (globoesporte.com)
O contrato de transmissão do Campeonato Pernambucano firmado junto à Rede Globo, de 2015 a 2018, prevê um investimento anual de R$ 3,84 milhões, somando todas as plataformas de exibição. Pelo acordo, cada grande clube recebe R$ 950 mil, enquanto os nove intermediários ganham R$ 110 mil, cada. Entretanto, há uma correção anual, sob contrato. Através do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), cada cota é reajustada a partir do valor-base, estipulada em janeiro de 2015. Através do site do Banco Central do Brasil é possível calcular a correção das últimas cotas (abaixo). De 2015 para 2016, por exemplo, o aumento acumulado foi de “11,8045%”. Neste ano, as parcelas atualizadas de Náutico, Santa e Sport, somadas, chegam a R$ 3.398.667. A Ponte Preta, para citar um exemplo, recebeu R$ 5 milhões pelo Paulistão…
Para o quadriênio 2019-2022, a direção da FPF pretende abrir uma licitação para a transmissão nas cinco plataformas audiovisuais (tevês aberta e fechada, pay-per-view, sinal internacional e internet) com valores públicos. A conferir.
Receita original da televisão/ano Grandes – R$ 700 mil (cota) + R$ 250 mil (luva) Pequenos – R$ 60 mil (cota) + R$ 50 mil (luva)
Cotas do Campeonato Pernambucano (contrato 2015-2018):
O confronto entre Sport e Danubio do Uruguai, pela Sula, reúne também a idolatria por um mesmo jogador, Raúl Bentancor. O meia uruguaio jogou onze temporadas na Franja e cinco no Leão, entre 1947 e 1963. Marcado em ambos.
No site do Danubio, o jogador é descrito da seguinte forma: “Está entre los más grandes goleadores danubianos de la historia” Começou no juvenil, ganhando a titularidade no segundo ano e ficando até 1957. Segundo o clube, marcou uma “infinidad de goles”, numa estatística não contabilizada. Chegou a ser vice-campeão nacional em 1954, época na qual já defendia a seleção celeste.
Bentancor no Danubio 11 temporadas (1947-1957) 280 jogos Vice-campeão uruguaio em 1954
Em 1959, o Sport procurava um reforço internacional com a raça característica de argentinos e uruguaios. Indicado pelo conterrâneo Morel, campeão estadual um ano antes, Bentancor se encaixava no perfil. Na Ilha, vindo do Montevideo Wanderers, ele foi além, virando referência técnica e apelidado de “O Bigode que Joga”. Em 2011 foi eleito para a seleção histórica do Leão, quase unânime. Segundo dados de Carlos Celso Cordeiro, foi titular em quase toda a passagem, ou 250 jogos (98%), sendo um dos principais meias goleadores do clube.
Bentancor no Sport 5 temporadas (1959-1963) 254 jogos 91 gols Campeão pernambucano em 1961 e 1962
Após pendurar as chuteiras, Bentancor seguiu no futebol. Tornou-se treinador, comandando, também, Sport e Danubio. O ex-craque faleceu em 4 de maio de 2012, aos 82 anos. Em 2017, espera-se uma (justa) homenagem dupla…
A Copa Sul-Americana de 2017 marca o primeiro confronto oficial entre clubes pernambucanos e uruguaios. O Sport foi sorteado na 18ª chave, junto ao Danubio Fútbol Club, de Montevidéu, que curiosamente divide um ídolo com o rubro-negro, Raúl Bentancor, meia uruguaio de sucesso nas décadas de 1950 e 1960. Com quatro títulos nacionais, La Franja terminou a última liga uruguaia em 3º lugar. Vai para a sua 9ª participação na Sula, enquanto o Leão encara a 5ª campanha internacional, tendo chegado no máximo às oitavas de final.
Considerando o calendário oficial, os jogos devem acontecer em 6 de abril, na Ilha do Retiro, e 10 de maio, na capital uruguaia. No mítico Centenário ou na casa do rival Defensor, o Luiz Franzini, com capacidade para 18 mil hinchas.
O sorteio da Sula aconteceu na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai. Os 44 participantes (ignorando Santa e Paysandu, limados numa canetada da entidade) foram divididos em 22 chaves (abaixo), sem distinção de país. Esta etapa vai até 1º de junho, com os classificados se juntando a dez clubes eliminados até a fase de grupos da Libertadores. Com 32 clubes na segunda fase, será feito um novo sorteio, com o chaveamento definitivo do torneio.
Os confrontos dos representantes brasileiros G10 – Universidad de Chile (Chile) x Corinthians (define fora) G12 – Gimnasia y Esgrima (Argentina) x Ponte Preta (fora) G18 – Danubio (Uruguai) x Sport (fora) G20 – Nacional (Paraguai) x Cruzeiro (fora) G21 – Defensa y Justicia (Argentina) x São Paulo (casa) G22 – Liverpool (Uruguai) x Fluminense (fora)
Agenda da Sula para os brasileiros (12 datas) 1ª fase – 06/04 e 10/05 2ª fase – 05/07 e 26/07 Oitavas – 13/09 e 20/09 Quartas – 25/10 e 01/11 Semifinal – 22/11 e 30/11 Final – 06/12 e 13/12
A Conmebol não divulgou uma atualização nas premiações. Portanto, repetindo os valores de 2016, eis as cotas de cada fase da Sula nesta temporada.
(US$ 1 = R$ 3,15, a cotação de 31/01/2017) 1ª fase: US$ 250 mil (R$ 787 mil) 2ª fase: US$ 300 mil (R$ 945 mil) Oitavas: US$ 375 mil (R$ 1,18 milhão) Quartas: US$ 450 mil (R$ 1,41 milhão Semifinal: US$ 550 mil (R$ 1,73 milhão) Vice: US$ 1 milhão (R$ 3,15 milhões) Campeão: US$ 2 milhões (R$ 6,30 milhões)
Campeão (soma de todas as cotas): US$ 3,925 milhões (R$ 12,36 milhões)
O público pífio na abertura do Estadual, o menor neste formato com hexagonal do título, mostrou uma faceta inacreditável do presidente da FPF, que parece se negar a enxergar os problemas da competição que organiza.
Em entrevista ao repórter Alexandre Arditti, do Jornal do Commercio, Evandro Carvalho não só ameaçou a continuidade do torneio regional como inverteu a ordem que mantém a estrutura atual do futebol brasileiro. A seguir, as cinco aspas publicadas (em negrito) e as observações do blog.
“Do modo que está (a Copa do Nordeste), com 20 clubes e quatro meses de disputa, não dá. Ou o Nordestão volta a ser uma copa, iniciando e terminando antes dos Estaduais ou tem que ser extinto” Mesmo ampliado, de 16 para 20 clubes, em 2015, o torneio manteve a mesma estrutura de 12 datas (6 na fase de grupos e quartas, semi e final em ida e volta). Desde a volta ao calendário oficial, em 2013, o regional foi realizado paralelamente ao Pernambucano, cuja média de público variou de 4,5 mil a 6,3 mil nos anos com TCN. Mais: enquanto presidente, Evandro não viu este cenário sugerido por ele. O que não dá, mesmo, é a autorização de gramados, mesmo na primeira fase, como ocorreu no Estadual 2017. Era única opção para iniciar o campeonato? Então nota-se que é preciso repensar o Campeonato Pernambucano, e não a Copa do Nordeste, ascendente financeiramente há 5 anos (de R$ 5,6 mi para R$ 18,5 milhões em premiações).
“A Copa do Nordeste está desvirtuada. A CBF misturou futebol e política e estrangulou os Estaduais. Não temos mais datas. Os Estaduais na região passam por dificuldades, mas estamos num momento de reviravolta. Temos que resolver isso de uma vez por todas. Não podemos esperar” A segunda sentença beira o surrealismo, pois foi justamente a política, das federações junto à CBF, que tirou o Nordestão do calendário nacional, em 2003. Em 2001/2002, quando o regional foi disputado com turno (15 rodadas) e mata-mata, no auge econômico-esportivo, as federações da região enfraqueceram a disputa ao condicionar a mudança do Campeonato Brasileiro, que passou a ser de pontos corridos (46 rodadas na época) durante oito meses, à retirada das copas regionais. Porém, a briga foi parar na justiça, com a Liga do Nordeste (que possuía contratos assinados de patrocínio e tevê) exigindo mais de R$ 25 milhões de indenização. Acuada quase uma década depois, a CBF cedeu e incorporou a Lampions até 2022, via acordo judicial. E hoje já paga mais que o Estadual: R$ 600 mil por 4 jogos (podendo chegar a R$ 2,8 milhões por 12) x R$ 950 mil por 10 jogos. Lembrando que o calendário oficial de 2017, apresentado pela CBF em julho de 2016, reduziu a Copa do Nordeste de 12 para 8 datas. O formato atual só foi “autorizado” porque as federações dos estados nordestinos, que ganharam 4 datas, pulando de 14 para 18, “cederam” 4. Não há justificativa no regulamento, restando a constatação óbvia, de dar poder, outra vez, às federações. Logo, o discurso reducionista de Evandro pode, sim, ser aplicado, justamente por um regulamento geral desvirtuado, para usar a mesma palavra.
“Se os Estaduais acabarem, estaremos contribuindo ainda mais para a crise que afeta o país” Para começar, não defendo o fim dos estaduais, mas uma reformulação. De acordo com a diretoria de registro de transferências da CBF, cerca de 80% de todos os 21 mil atletas profissionais do país ganham até R$ 1 mil e só trabalham durante 4 meses. A realização do Estadual, da forma como é hoje, independentemente do Nordestão, não é determinante para essa crise, mas sim o desemprego gerado em 2/3 do ano, com uma estrutura de calendários regulares, no âmbito nacional, para apenas 60 clubes (nas Séries A, B e C). Hoje, existem 766 clubes no país. Somando as quatro divisões, chega-se a 128 times em atividade anual, o que corresponde a 16% do total. O Estadual torna-se quase irrelevante numa análise expandida. Indo além dos empregos, caberia à própria federação a articulação de um contrato de TV (mais recursos, mais condições de pagar folhas e jogadores mais qualificados) ao menos razoável. Hoje, para dar um exemplo, Sport, Náutico e Santa, somados, ganham quase o mesmo da TV que o América-MG no campeonato mineiro (2,85 mi x 2,80 mi).
“Em Pernambuco, sabemos que a extinção do programa Todos com a Nota teria um impacto grande no público. A crise financeira que abala o país é outro fator negativo. Tem também a questão da violência, que assusta os torcedores de bem. Além disso, é início de competição. O Náutico não teve o fim de Série B que se esperava, enquanto o Santa Cruz foi rebaixado” A violência é, sim, um problema crônico, com as (suspensas) uniformizadas. E a saída do Todos com a Nota foi um baque. Primeiro, porque, em alguns anos, o TCN turbinou o quadro geral com fantasmas. Denúncia feita várias vezes pelo Diario. Sem TCN, a competição local de 2016 teve uma média de 3.498, sendo a pior desde 2003, segundo dados da própria FPF. Afinal, foram 17 anos de ingressos subsidiados e o público precisa ser reacostumado a “pagar”, ingresso ou mensalidade de sócio (com acesso livre). Porém, o programa estatal também pode ser visto como uma muleta que impulsionou números num campeonato que há tempos necessitava de ajustes. E Evandro se sustenta em apenas dois pilares, ignorando o formato de uma competição na qual 4 dos 6 se classificam, com 2 dos 3 representantes do interior impedidos de receber os grandes clubes em suas cidades nesta edição. Qual o nível de competitividade disso? São jogos que pouco agregam a uma provável classificação do Trio de Fero, além da falha organizacional (da FPF) em fazer um torneio basicamente no Recife. E a federação que marcou Central (de Caruaru) x Náutico na Ilha do Retiro acha que o problema é o Nordestão?!
“Mas não temos dúvidas que, à medida que o campeonato aquecer, a média de público vai subir”
No mata-mata, a média deve subir, sem dúvida. Mas até lá, o que justifica uma média de 1.077 pessoas, contabilizando os 26 jogos com borderô na 1ª fase e no hexagonal, até o momento? A partir da semifinal, criada em 2010, os motivos são óbvios. Interesse numa disputa real (títulos e vagas nas copas) e a realização de clássicos com algum apelo. Contudo, o formato atual se restringe a quatro jogos à vera. Enquanto isso, liderar o hexagonal com 10 vitórias em 10 jogos não vale uma vantagem concreta, nem esportiva (o mando é único ponto) nem financeira. Exigir que os times atuem com forçam máxima em campanhas com classificações asseguradas em vez de decisivos confrontos no Nordestão e na Copa do Brasil é pensar em benefício próprio, o da FPF, cuja arrecadação caiu bastante em 2016, sem o TCN. Com 8% da renda bruta de todos os jogos, abocanhou R$ 379 mil, contra R$ 612 mil do último ano subsidiado.
Por fim, o posicionamento dos clubes, que não dão um pio. Acho mais grave que a visão do mandatário, porque beira covardia, pra não dizer outra coisa