Relatório da FGV comprovando o cenário óbvio na Arena PE custou R$ 1,3 milhão

Arena Pernambuco. Foto: CBF/site oficial

Com caráter de urgência, a Fundação Getúlio Vargas foi contratada pelo governo do estado com dispensa de licitação. O objetivo, escrito no Diário Oficial de Pernambuco, foi o seguinte: “realização de estudos que promovam o aprimoramento do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas, a partir do estudo de caso da Concessão Administrativa para a Exploração da Arena Multiuso da Copa 2014”. Traduzindo: um levantamento de todos os dados econômicos do estádio relacionados à operação, cujo contrato com a Odebrecht tem duração de trinta anos. Além disso, apontaria medidas de curto e médio prazo para otimizar a mobilidade e, consequentemente, a operação.

O relatório de 225 páginas da FGV ficou pronto após quatro meses de atividade da equipe técnica, com a publicação no Portal da Transparência em 5 de março. Somente no dia 15 de abril o custo do trabalho foi confirmado, no caderno Poder Executivo do Diário Oficial. Está lá: R$ 1,3 milhão. Nada contra a conceituada FGV, mas o resultado final foi o óbvio, com ou sem estudo. O contrato em vigor é irresponsável e extremamente oneroso, no qual o estado é obrigado a cobrir o rombo no faturamento anual da arena caso a receita seja abaixo de 50% da meta (inatingível) de R$ 110 milhões – num aditivo ao acordo original, por não ter acertado com o Trio de Ferro, conforme previa. Para se ter ideia, nos dois primeiros anos as receitas no empreendimento foram de R$ 23 mi e R$ 24 mi.

Sobre a mobilidade, trata-se do ponto mais criticado desde a abertura da Arena Pernambuco, com a infraestrutura viária ainda defasada. Três anos depois, o governo lava as mãos: “O governo do estado não se obrigou contratualmente a executar as obras de mobilidade. Essas obras serão finalizadas, mas não foram determinantes para dizer que o equipamento é subutilizado”.

O saldo negativo é tão grande que esse gasto de R$ 1,3 milhão parece troco…

A capacidade oficial de público em cada setor do Arruda, Arena e Ilha do Retiro

Arruda, Arena Pernambuco e Ilha do Retiro via Google Maps

A capacidade de público de um estádio é ratificada a cada ano ano, através dos laudos de engenharia, segurança e bombeiros. Nem sempre os números batem com a capacidade máxima, geralmente reduzindo a limitação. São fatores como evacuação, pontos cegos, restrição de assentos etc. Isso acontece nos três maiores estádios do Grande Recife, segundo os laudos de 2016. Sobre a estimativa de assistência, geralmente os sites das federações estaduais apresentam apenas a capacidade geral, sem detalhamento de setores.

Por isso, a curiosidade sobre o relatório de 69 páginas da Arena Pernambuco, no qual o consórcio apresenta o número de cadeiras vermelhas em cada área. Por outro motivo foi possível ter acesso ao mesmo levantamento nos estádios particulares. Santa Cruz e Sport, a pedido do Ministério Público, em novembro de 2015, tiveram que limitar a carga de ingressos. Na sequência, publicaram a setorização completa, com arquibancada, anel superior, sociais, geral etc.

No Mundão, o anel superior foi liberado para apenas 15 mil. Na inauguração da ampliação, em 1982, eram vendidos mais de 50 mil ingressos! Na Ilha, a geral do placar, reservada à torcida visitante, foi reduzida para a colocação de cavaletes de isolamento. Portanto, eis as capacidades destrinchadas…

Arruda (50.582 assentos)
Anel superior – 15.000
Anel inferior – 21.400
Sociais – 6.100
Sociais ampliação – 1.200
Cadeiras – 5.950
Camarotes/conselho – 932
Redução sobre o limite máximo em 2013: 9.462

Arena Pernambuco (45.845 assentos)
Anel superior (público geral) – 21.739
Anel inferior (público geral) – 16.113
Anel inferior (premium) – 2.718
Camarote/VIP (nível 1) – 1.726
Camarote (nível 2) – 1.893
Mídia – 1.656
Redução sobre o limite máximo em 2013: 369

Ilha do Retiro (27.435 assentos)
Arquibancada frontal – 6.529
Arquibancada sede – 4.952
Sociais – 3.500
Cadeira central – 5.181
Cadeira ampliação – 2.050
Assento especial – 2.076
Camarotes/conselho – 812
Arquibancada do placar (visitante) – 2.335
Redução sobre o limite máximo em 2013: 5.548

Náutico goleia o Central e terá a vantagem do empate no Sertão para terminar líder

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Náutico 3x0 Central. Foto: Rafael Martis/Esp. DP

Após duas semanas de “recesso”, o Náutico voltou a jogar. Já classificado à semifinal estadual, o time tinha uma obrigação contra o Central. Vencer, por qualquer placar, para ter a vantagem do empate na última rodada do hexagonal, contra o Salgueiro, no Sertão, para terminar a fase na liderança. Se no primeiro tempo até houve alguma surpresa na arena, com o placar em branco e uma bola na trave de cada lado, na volta do intervalo o Alvirrubro cumpriu o seu papel.

Goleou a moribunda Patativa por 3 x 0, com dois gols do atacante Daniel Morais, de novo com moral junto a Dal Pozzo, e outro do zagueiro Ronaldo Alves, agora artilheiro isolado da competição, com cinco gols (poderiam ser seis, mas desperdiçou um pênalti). A facilidade, já esperada, ficou latente após o time caruaruense empilhar cartões vermelhos, três. Terminou com oito jogadores. A situação fica ainda mais curiosa pelo fato de a delegação ter chegado em São Lourenço com apenas 14 jogadores, resultado da debandada após a eliminação.

Ou seja, na última rodada no Lacerdão, contra o Mequinha, o Central terá, em tese, apenas um atleta no banco, um goleiro. Quanto ao Timbu, antes do desfecho do hexagonal, há uma outra tarefa protocolar na quinta-feira: eliminar o Vitória da Conquista na Copa do Brasil e obter a cota de R$ 300 mil na próxima fase. Receita fundamental para manter as contas em dia na reta final.

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Náutico 3x0 Central. Foto: Rafael Martis/Esp. DP

CBF veta a Arena por falta de laudo de higiene. Acredite, a entidade está certa

Documento da CBF com a mudança do local para Náutico x Vitória da Conquista, pela Copa do Brasil 2016

Em 25 de março, a Arena Pernambuco recebeu 45.010 torcedores no clássico entre Brasil e Uruguai, registrando o recorde de público do estádio. Apenas treze dias depois, a CBF alterou um jogo no local por um motivo inacreditável, considerando o nível estrutural do empreendimento em questão: higiene.

Náutico x Vitória da Conquista, no aniversário timbu, em 7 de abril, será no Arruda em vez da Arena porque o estádio não conta mais com o laudo de condições sanitárias e higiene, fornecido pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária, através de um questionário com 41 tópicos. O último documento (abaixo), com validade de um ano, expira justamente no dia 6 de abril. Até aí, normal. Em tese, bastava uma nova vistoria. Contudo, a própria direção de competições da confederação justificou no ato de Informação de Modificação de Tabela (IMT, acima): “sem expectativa de renovação”.

Todos os estádios precisam de quatro laudos anuais para receber jogos profissionais no país. Eis os prazos finais dos laudos na Arena Pernambuco:

Vigilância sanitária – 06/04/2016
Segurança – 14/04/2016
Bombeiro – 29/04/2016
Engenharia – 22/05/2017

Obviamente, a condição higiênica do palco da Copa do Mundo se mantém bem acima da média no futebol pernambucano, mas também é preciso atender à burocracia, já considerando a realização de partidas sob nova vistoria. É surreal que algo tão básico tenha passado batido. Dentre tantas bizarrices na administração desde a inauguração, essa fecha a conta…

Observação: sem o laudo de 2016, a Arena estaria, hoje, vetada para receber jogos das semifinais (20 e 24 de abril) e finais (4 e 8 de maio) do Estadual.

Laudo da Vigilância Sanitária na Arena Pernambuco, até 06/04/2016. Crédito: FPF/reprodução

Odebrecht deixa a operação da Arena com 24% de ocupação em 108 jogos de clubes

Arena Pernambuco. Foto: Odebrecht/divulgação

Atualização: apesar do prazo dado pelo próprio secretário, Felipe Carreras adiou a mudança, pois ainda aguarda o distrato formal para assumir a arena…

O dia 31 de março de 2016 marca o encerramento da operação da Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S.A., o consórcio responsável pelo empreendimento em São Lourenço. O rompimento da parceria público-privada, cujo contrato duraria 30 anos, acontece por parte do governo do estado, devido ao resultado financeiro do estádio, operando no vermelho desde o início. Além da mobilidade, o déficit é uma consequência direta do contrato mal formulado pelo Palácio do Campo das Princesas, com ampla vantagem à iniciativa privada.

Desde a inauguração, no amistoso entre Náutico e Sporting, em junho de 2013, até hoje, foram 34 meses de administração, com 108 jogos envolvendo clubes em competições oficiais. Mesmo com o consórcio iniciando a venda de ingressos para Náutico x Central, em 2 de abril, o estado estimou o fim da parceria. Portanto, a taxa de ocupação neste contexto foi de apenas 24%, com menos de 12 mil pessoas. Ou seja, nem 1/4 do estádio, com 46.214 lugares.

O blog levantou os dados de público e renda nos jogos regulares. O quadro desconsiderou amistosos e as partidas entre seleções (nove, com Copa das Confederações, Copa do Mundo e Eliminatórias), com regras de faturamento bem distintas, para a Fifa e a CBF. Em 1.019 dias, até o Clássico dos Clássicos em 6 de março, a média foi de um jogo a cada 9 dias. Muito pouco para um estádio pensado para ao menos dois jogos por semana, com o Trio de Ferro.

Na conta, entrou até o clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, pela Série A de 2013, quando o alvinegro bancou o aluguel, de R$ 270 mil, para ficar com todo o borderô, mas amargou um prejuízo de R$ 41 mil – foi a única experiência “forasteira”. A partir de 1º de abril, a administração passará para a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, por pelo menos 60 dias. No período, o estado pretende lançar uma nova licitação para a arena. Fica a expectativa sobre o novo tipo de contrato que será proposto, pois o prejuízo já foi milionário…

2016 (janeiro-março)
Jogos: 3 (3 do Náutico)
Público: 19.230 (média: 6.410)
Ocupação: 13,8%
Renda: R$ 482.845 (média: R$ 160.948)
Tíquete: R$ 25,10

2015 (janeiro-dezembro)
Jogos: 41 (29 do Náutico, 10 do Sport e 2 do Santa)
Público: 437.893 pessoas (média: 10.680)
Ocupação: 23,1%
Renda: R$ 11.017.089 (média: R$ 268.709)
Tíquete: R$ 25,16

2014 (janeiro-dezembro)
Jogos: 43 (30 do Náutico, 7 do Sport e 6 do Santa)
Público: 529.146 pessoas (média: 12.305)
Ocupação: 26,6%
Renda: R$ 14.467.554 (média: R$ 336.454)
Tíquete: R$ 27,34

2013 (junho-dezembro)
Jogos: 21 (18 do Náutico, 2 do Sport e 1 do Botafogo)
Público: 247.604 pessoas (média: 11.790)
Ocupação: 25,5%
Renda: R$ 6.360.142 (média: R$ 302.863)
Tíquete: R$ 25,68

Total: 34 meses, de 22/05/2013 a 06/03/2016
Jogos: 108 (80 do Náutico, 19 do Sport, 8 do Santa e 1 do Botafogo)
Público: 1.233.873 (média: 11.424)
Ocupação: 24,7%
Renda: R$ 32.327.630 (média: R$ 299.329)
Tíquete: R$ 26,20

Náutico – 80 jogos
Público: 626.596 pessoas (média: 7.832)
Ocupação: 16,9%
Renda: R$ 15.612.141 (média: R$ 195.151)
Tíquete: R$ 24,91

Sport – 19 jogos
Público: 452.597 pessoas (média: 23.820)
Ocupação: 51,5%
Renda: R$ 12.859.835 (média: R$ 676.833)
Tíquete: R$ 28,41

Santa Cruz – 8 jogos
Público: 145.011 pessoas (média: 18.126)
Ocupação: 39,2%
Renda: R$ 3.487.104 (média: R$ 435.888)
Tíquete: R$ 24,04

Botafogo – 1 jogo
Público: 9.669 pessoas
Ocupação: 20,9%
Renda: R$ 368.550
Tíquete: R$ 38,11

A diferença no custo do novo estádio do Peñarol em relação aos projetos do Recife

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016. Foto: Peñarol/twitter

O Peñarol inaugurou o estádio Campeón del Siglo, após 25 meses de obras, consumindo 40 milhões de dólares. Palco mais moderno de Montevidéu, que tinha o tradicional Centenário e o reformado Parque Central, do rival Nacional, como principais estádios, a nova casa carbonera impressiona pelo custo, sobretudo para os brasileiros, com estádios caríssimos para a Copa do Mundo de 2014. A cancha do clube pentacampeão Libertadores, construída do zero, num terreno a 19 quilômetros do centro da cidade, atende às normas básicas do Padrão Fifa, seguindo a quinta versão do dossiê “Estádios de futebol – Recomendações técnicas e os requisitos”, com 420 páginas.

Não foi uma obra pensada para o Mundial, mas para a sua torcida, o mais importante. Para bancar o projeto, o clube tentou um empréstimo de US$ 25 milhões. O banco só aprovou US$ 18 mi. E a direção tocou a obra, sem luxo. Não por acaso, à parte de instalações modernas, como a fachada, o museu, o restaurante e o auditório, o empreendimento conta com adequações voltadas para o público local. Com 17 entradas, a arquibancada é espaçosa, mas apenas uma das quatro tribunas são cadeiradas. As demais, não, até porque boa parte da torcida “alenta” em pé – aos poucos, a mudança chega ao Brasil, com setores sem cadeiras nas arenas de Corinthians e Grêmio.

A princípio, não foi colocada uma cobertura, que encareceria bastante o projeto – porém, a estrutura foi pensada para uma reforma futura. Simples, mas funcional, o estádio – curiosamente já visitado e aprovado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino – apresenta um custo mais em conta. Basta comparar com os cinco projetos apresentados no Recife, sendo quatro construções e uma reforma. A partir do valor original de cada um, na época do lançamento, o blog enumerou dois quadros, equiparando os dados na moeda americana, em números absolutos, e na moeda brasileira, com correção monetária, através do IGP-M.

Independentemente da escolha, as projeções locais estão muito acima. Até a Arena Coral, que não começaria do zero. No caso do Sport, o orçamento do estádio – sem shopping e hotéis – seria suficiente para erguer cinco campos iguais ao do Peñarol. Cinco! E o que dizer da Arena Pernambuco? Em valores corrigidos, R$ 110 mi x R$ 817 mi. Não estaria na hora de considerar o perfil torcedor pernambucano, em vez dos gastos astronômicos do pleno “Padrão Fifa”? Sem surpresa, aqui, só um saiu do papel, com custo ainda indefinido…

Campeón del Siglo
Local: Montevidéu
Lançamento: 19/12/2013
Capacidade: 40.000
Custo: R$ 93.156.000
Dólar: US$ 40 milhões (cotação*: R$ 1,76)
Correção**: R$ 110.029.262

Arena Sport
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Lançamento: 17/03/2011
Capacidade: 45.000
Custo: R$ 400 milhões (depois, o complexo subiu para R$ 750 milhões)

Dólar: US$ 238.663.484 (cotação*: R$ 1,67)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 496%
Correção**: R$ 551.618.560
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 401%

Arena Timbu
Local: Engenho Uchôa (Recife)
Lançamento: 18/11/2009
Capacidade: 30.000
Custo: R$ 300 milhões

Dólar: US$ 174.825.174 (cotação*: R$ 1,76)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 337%
Correção**: R$ 468.083.640
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 325%

Arena Pernambuco
Local: Jardim Penedo (São Lourenço da Mata)
Lançamento: 15/01/2009
Capacidade: 46.214
Custo: R$ 532 milhões (toda a Cidade da Copa custaria R$ 1,59 bilhão)

Dólar: US$ 229.053.646 (cotação*: R$ 2,32)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 472%
Correção**: R$ 817.164.821
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 642%

Arena Coral
Local: Arruda (Recife)
Lançamento: 28/06/2007
Capacidade: 68.500
Custo: R$ 190 milhões

Dólar: US$ 98.911.968 (cotação*: R$ 1,92)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 147%
Correção**: R$ 341.207.985
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 210%

Arena Recife-Olinda
Local: Salgadinho (Olinda)
Lançamento: 29/05/2007
Capacidade: 45.500
Custo: R$ 335 milhões

Dólar: US$ 172.209.941 (cotação*: R$ 1,94)
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 330%
Correção**: R$ 601.844.183
Aumento sobre o estádio do Peñarol: 446%

* A conversão foi calculada do dia do lançamento para 29 de março de 2016
** Correção através do IGP-M do dia do lançamento para fevereiro de 2016

Estádio "Campeón del Siglo", do Peñarol, na inauguração, em 28/03/2016: Peñarol 4x1 River Plate-ARG. Foto: Peñarol/twitter

Podcast 45 (228º) – Momentos decisivos no Estadual e Nordestão, Arena e Seleção

A semana bem movimentada no futebol pernambucano rendeu um podcast de quase duas duas. Começamos com o momento decisivo no Estadual, após os tropeços de Santa (América) e Sport (Salgueiro). Projeção de confrontos na semi? E a melhora técnica no Tricolor, de técnico novo? Analisamos tudo. Em seguida, a pauta foi direcionada para a Arena Pernambuco, cuja administração passará para o governo do estado em 1º de abril. O que poderá mudar (mobilidades, calendário, serviços)? Claro, pontuamos a situação do Náutico nesta polêmica. Por fim, detalhes de Brasil 2 x 2 Uruguai, em São Lourenço.

Confira um infográfico com a pauta do programaqui.

Neste podcast, com 1h54, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Jogão na Arena Pernambuco, com o Brasil cedendo o empate ao Uruguai

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil x Uruguai. Foto: AUF/twitter (@Uruguay)

Foi uma partidaça de futebol, bem jogada, batalhada e com muitos gols. Brasil e Uruguai fizeram valer a expectativa na Arena Pernambuco, que nunca havia recebido um jogo da Seleção. No primeiro tempo, pleno destaque para Neymar, armando e atacando, liso em campo. Na retomada, o atacante caiu, junto como todo o time. Levando em conta que do outro lado havia um poderoso ataque, a situação ficou complicada diante dos hermanos, com Cavani e Suárez balançando as redes e pressionando para virar. Ao todo, 20 finalizações (Uruguai 12 x 8). Entre as 45 mil pessoas presentes, várias conseguiram a proeza de não fixar o olhar no impecável gramado. Algumas porque não conseguiram chegar a tempo, devido à mobilidade falha na estrada, mas outras tantas preferiram ficar entretidas nos shows da área vip e nos incontáveis selfies. Acabaram desperdiçando uma oportunidade única. Só lamento.

Quem prestou atenção, no campo ou na tevê, reconheceu o esforço inicial do time de Dunga, superior na primeira metade do confronto. No decorrer da noite apareceriam os problemas defensivos, técnicos e táticos  – também reflexo dos 128 dias sem jogo do time -, diretamente relacionados à reviravolta no placar, desorganizando o conjunto de vez. O Brasil abriu dois gols de diferença em apenas 25 minutos, com Douglas Costa e Renato Augusto – na verdade, a vantagem vinha desde os 40 segundos! A equipe jogou para ampliar, mas deu espaço, sem tanta pegada no meio-campo. E isso é algo fatal, pois a Celeste é especialista em deixar um jogo encardido mesmo fazendo pouco (até então).

O maestro Tabárez passou a investir nas costas dos laterais brasileiros, e foi buscar o empate através dos atacantes do PSG e do Barça, aos 30 da primeira etapa e aos 2 da segunda. Suárez, aliás, chegou a quatro gols na arena, marcando nas três vezes em que esteve no local (Espanha, Taiti e Brasil). E o que era uma festa, com cara de goleada, virou o clássico de sempre, com o time charrúa chegando bem perto da virada, sobretudo em cima do zagueiro David Luiz, com uma idolatria incompreensível na arquibancada.

No finzinho, Alisson salvou o Brasil de uma derrota em casa pelas Eliminatórias. o que nunca aconteceu. Livre, Suárez perdeu, com a defesa comemorada como um grito de gol. Como a pressão adversária continuou nos descontos, a paciência foi embora, com vaias da torcida verde e amarela. Não pela diversão (futebolisticamente falando, houve), mas pelo resultado, naturalmente. O empate em 2 x 2 acabou com uma sequência de oito vitórias consecutivas da Seleção atuando em Pernambuco. A arrancada havia começado justamente contra o Uruguai, em 1985, no Arruda. Mas eles não desistem, nunca…

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Douglas Costa). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Renato Augusto). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Cavani). Foto: AUF/twitter (@Uruguay)

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai (gol de Suárez). Foto: Brasil Global Tour/twitter (‏@BGT_ENG)

O maior público da Arena Pernambuco e a maior renda (conhecida) do estado

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil x Uruguai. Foto: João de Andrade Neto/DP

O jogo entre Brasil e Uruguai registrou o recorde de público da Arena Pernambuco, com 45.010 torcedores, sendo 43.898 pagantes e 1.112 gratuidades. Esse borderô correspondeu a 97,3% da capacidade máxima do estádio. Para isso, contabilizaram todas as entradas, inclusive de pessoas que acabaram nem entrando. A noite ainda reservou outro recorde. A bilheteria foi a maior da história da futebol do estado, arrecadando R$ 4.961.890 (tíquete médio de R$ 113). Para a marca ser reconhecida é preciso desconsiderar os torneios da Fifa em 2013 e 2014, com oito jogos na arena, uma vez que as rendas não foram divulgadas.

É até possível que alguns jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo tenham gerado mais dinheiro, pois a maioria dos ingressos foi comercializada a partir de R$ 180 – a carga com desconto foi bem enxuta. Portanto, levando em conta as arrecadações “abertas”, o clássico sul-americano superou outro jogo válido pelas Eliminatórias da Copa, Brasil 2 x 1 Paraguai, em 10 de junho de 2009. Naquela noite, o Arruda recebeu 55.252 pagantes, proporcionando R$ 4.322.555 (média de R$ 78), destinando 10% para o Santa Cruz.

Bilheteria à parte, esta foi a 9ª vez que um público na Arena passou da casa de 40 mil espectadores, em mais de cem jogos realizados em São Lourenço. Foram oito jogos entre seleções e apenas um entre clubes (Sport x São Paulo). Até hoje, nenhum ocupou 100% dos 46.214 lugares – dado pra lá de incomum, pois algumas partidas tiveram lotação máxima, com a quantidade de assentos reduzida por questões de segurança.

Maiores públicos da Arena Pernambuco
45.010 – Brasil 2 x 2 Uruguai (25/03/2016)

41.994 – Sport 2 x 0 São Paulo (19/07/2015)
41.876 – Alemanha 1 x 0 Estados Unidos (26/06/2014)
41.705 – Espanha 2 x 1 Uruguai (16/06/2013)
41.242 – Costa Rica (5) 1 x 1 (3) Grécia (29/06/2014)
41.212 – México 3 x 1 Croácia (23/06/2014)
40.489 – Itália 4 x 3 Japão (16/06/2013)
40.285 – Costa Rica 1 x 0 Itália (20/06/2014)
40.267 – Costa do Marfim 2 x 1 Japão (14/06/2014)

Bastidores da Seleção no Recife, na primeira aparição de Neymar na Arena

Brasil treinando na Arena Pernambuci antes do jogo contra o Uruguai pelas Eliminatórias da Copa 2018. Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

Com uma programação bem enxuta na capital pernambucana, passando apenas 36 horas, a Seleção Brasileira realizou o único treino antes do jogo contra o Uruguai pouco depois da chegada ao hotel em Boa Viagem, onde foi recepcionada por torcedores.

A assessoria da CBF divulgou um vídeo de bastidores da viagem da Canarinha ao Recife, desde a Granja Comary. À noite, o time realizou um reconhecimento na Arena Pernambuco, na primeira e única aparição de Neymar no estádio antes do clássico pelas Eliminatórias da Copa 2018.