Do sonho à glória, quatro dias de ansiedade na vida do Santa Cruz

Nordestão 2016, final: Santa Cruz 2x1 Campinense. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Entre os 36 mil tricolores no Arruda, na largada da decisão do Nordestão, alguns torcedores não escondiam o sonho de materializar o troféu dourado. Que lá estava, exposto num púlpito sob todo os olhares, com fitas nas cores dos dois finalistas. Ficou mais perto após a vitória por 2 x 1, arrancada nos descontos.

A próxima exibição da “orelhuda” mais cobiçada da região será no domingo, no estádio Amigão. Novamente à beira do gramado, mas com um destino certo, para as mãos do capitão do clube campeão. A cartolina emulando o objeto de desejo é um clássico nas arquibancadas do futebol brasileiro, sempre precedendo dias intensa ansiedade. Será assim com os corais até lá.

Quinta-feira, falta pouquinho.
Sexta-feira, está chegando a hora.
Sábado, chega segunda e não chega domingo.
Domingo, é hoje, tem que ser hoje…

A cada dia, a cada tarde, a cada noite, pensamentos vão tomar conta da torcida. Quem poderá decidir? Grafite de novo, Tiago Cardoso salvando, um improvável Vítor. Como? De cabeça, num chutaço, defendendo pênalti. Onde? De fora da área, na cara do gol. Quando? Com poucos segundos, no último lance. Infinitas dúvidas sobre como será possível buscar a glória, a um empate do Santa. Os últimos dias para que o troféu de verdade possa ir para as mãos do povo…

Bruno Moraes marca no último lance e Santa vence a primeira batalha da final

Nordestão 2016, final: Santa Cruz x Campinense. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Final complicada no Arruda, com o Campinense atuando com personalidade, encaixado na defesa e arriscando contragolpes com o artilheiro Rodrigão. Arrancava o 1 x 1 até os descontos, pavimentando uma boa vantagem para Campina Grande. Enquanto isso, o Santa sentia a falta de João Paulo, suspenso. A saída não era eficiente, com Uillian Correira sobrecarregado. Só que o futebol costuma reservar espaço para heróis, mesmo longe da bola. Como Bruno Moraes, que entraram no fim, apagado. Ali, Grafite parecia ter cumprido a missão do ataque, após mais uma colaboração de Glédson.

Eis que, aos 47, numa jogada pela direita de Raniel (outro acionado no decorrer), o general recebeu livre e bateu certeiro. Um gol para explodir um mundão de gente, 2 x 1. Inverteu as previsões, deixando o Tricolor a um empate do inédito título do Nordestão. Para o domingo, fica a expectativa sobre João Paulo, pois também se recupera de lesão. Ele é primordial para o esquema e Milton Mendes, que no Arruda foi ultraofensivo. À parte de Uillian Correia, apenas jogadores de características ofensivas: Leandrinho (tentando emular JP), Lelê, Arthur, Keno e Grafite. O objetivo era claro, matar o confronto na ida.

Nordestão 2016, final: Santa Cruz x Campinense. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Pois o Tricolor não perto disso, encontrando um bom rival, que já havia superado Salgueiro e Sport. Outra vez, o Campinense iniciou propondo uma aproximação dos setores, com a bola passando, limpa, nos pés de Roger Gaúcho. Além disso, mostrou um futebol de entrega. Curiosamente, quando Grafite testou para as redes, aos 33, a Raposa era melhor. No empate paraibano, através do zagueiro Tiago Sala, já aos 26 da segunda etapa, o contexto era o oposto. Nota-se que a partida estava aberta, controlada pelo árbitro pernambucano Nielson Nogueira, que substituiu Arílson Bispo da Anunciação, machucado.

Obviamente, a participação do juiz local seria contestada pelo visitante. Nielson precisaria conter a pressão. Sai tendo como maior polêmica a reclamação de uma penalidade, numa bola na mão na área coral – naquela eterno debate sobre a “norma brasileira”. Mais molho para um jogo já apimentado. O que não deixou qualquer margem de dúvida foi a finalização de Bruno Moraes, mantendo o Santa numo ao título, com resultados no limite. Foi assim com Ceará e Bahia. Não seria diferente agora. O time não fez a sua melhor apresentação no mata-mata – longe disso -, mas vai centrada para buscar a taça no Amigão.

Nordestão 2016, final: Santa Cruz x Campinense. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Cara ou coroa para o título do Nordestão

Moeda do árbitro na final da Copa do Nordeste de 2016. Foto: Esporte Interativo/instagram

A escolha do lado do campo e a posse de bola inicial na largada da final do Nordestão de 2016 será definida pelo árbitro Arílson Bispo da Anunciação através de uma moeda especial. De um lado, o troféu da Copa do Nordeste, e do outro, o mascote Zeca Brito – uma versão melhorada de 2015, veja aqui.

Com a moeda dourada alçada, surgem as primeiras escolhas de Santa e Campinense em um confronto histórico. Com os corais em busca de um título inédito, sacramentando uma retomada de 2011, hoje marcada pela presença no primeiro degrau do futebol nacional e por uma sede insaciável de taças. E com os raposeiros lutando por um improvável bicampeonato. Improvável mesmo, pois, assim como na primeira final, ainda buscam uma vaga na quarta divisão. Cenário incompatível com uma campanha deste porte na Lampions League.

Cara ou coroa, Arruda ou Amigão…?

A certeza é que o Nordeste terá um novo grande campeão. Digno demais.

Moeda do árbitro na final da Copa do Nordeste de 2016. Foto: Esporte Interativo/instagram

A bola especial para as finais da Copa do Nordeste de 2016, no Arruda e no Amigão

A bola oficial do primeiro jogo da final do Nordestão, entre Santa e Campinense. Crédito: divulgação

A decisão da Copa do Nordeste de 2016, entre Santa Cruz e Campinense, terá uma bola especial. Em cada jogo, aliás, as sete bolas reservadas terão os escudos dos clubes e as datas das respectivas partidas, numa ação de marketing para tornar o confronto em algo marcante (ainda mais, claro). Abaixo, assista à produção da pelota da Umbro para o jogo de ida, no Arruda. A ação será repetida na volta, no Amigão.

A decisão está cercada de outras de ações pontuais. Os uniformes também terão “patchs” exclusivos, com os nomes dos finalistas, emulando a ação já vista na Copa do Mundo. Falando em “copa”, o troféu dourado da Lampions League estará exposto na beira do campo no Arruda. Será a segunda vez neste ano, uma vez que o regional começou justamente no Mundão, no jogo contra o Bahia, na fase de grupos. Até a moeda do árbitro será personalizada.

Tudo com o objetivo de fincar a marca do Nordestão, que neste ano chega ao ápice numa disputa entre pernambucanos e paraibanos.

Podcast 45 – Santa x Campinense, Oswaldo no Sport e crise no Náutico

Uma característica marcante no futebol pernambucano é o volume de informações todos os dias. Se tecnicamente não é o melhor, longe disso, em termos de notícias me parece um dos maiores. Numa terça branda tivemos os preparativos finais do Santa para a disputa do título mais importante de sua história, no Nordestão, o anúncio, à noite, de Oswaldo Oliveira como treinador do Sport, e os bastidores fervilhando nos Aflitos, com a demissão de Alexandre Faria e com o cargo de Dal Pozzo por um triz, mesmo comandando o treino à tarde. A ideia do 45 minutos era fazer um “telecast”, sobre a decisão Lampions, mas acabamos gravando três, com mais de uma hora ao todo.

Neste podcast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Primeiro jogo da final do Nordestão: Santa Cruz x Campinense (29min)

Oswaldo de Oliveira, o novo técnico do Sport (19min)

Crise no Náutico, com demissão do executivo e Dal Pozzo balançando (21min)

Podcast 45 (236º) – Mais uma final das multidões e seca de títulos do Náutico

O Campeonato Pernambucano de 2016 terá a final mais comum em toda a história do futebol local, Sport x Santa Cruz. Será a 24ª vez. Os dois foram buscar a classificação na condição de visitante, os corais com uma enorme vantagem e os leoninos no sufoco, estendendo a disputa às penalidades. No 45 minutos, analisamos os dois jogos do domingo e já projetamos a decisão das multidões, que terá como fator de influência o rendimento do Tricolor na final do Nordestão, nesta semana. Sobre o Náutico, agora há 12 anos sem taça, uma pressão interminável. Caminhos abertos para um longo debate, de 1h49!

Confira um infográfico com os temas e tempos de cada time aqui.

Neste podcast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

CBF ajusta o regulamento do Nordestão e título valerá vaga na Sula de 2016 e 2017

Copa Sul-Americana. Crédito: Conmebol/divulgação

De forma quase secreta, a premiação do Nordestão de 2016 dobrou. Agora, o campeão irá ganhar vaga na Copa Sul-Americana de 2016 e 2017. Isso mesmo. Por um ajuste de calendário, como vem ocorrendo com a Série D, classificando os clubes para os dois próximos anos, a CBF também estendeu a mudança à Copa do Nordeste, que a partir de 2017 classificará o vencedor para a Sula do ano seguinte (como já é na Copa Verde), em vez da participação na mesma temporada, como é hoje. Para isso, era preciso indicar logo a vaga de 2017.

O ajuste passou quatro meses despercebido. O site esportivamente.com notou uma sutil mudança no regulamento original, divulgado no site oficial da confederação em 15 de dezembro de 2015. Até ali, o cenário óbvio, com o campeão regional de 2016 disputando a Sula de 2016. Porém, três dias depois a página 17, até então limpa, foi retificada com o ofício DCO/GER-894/15, atualizando o artigo 4º. Um texto mínimo, mas de grande importância, assegurando ao campeão duas vagas seguidas – veja os documentos abaixo.

Como algo tão importante passou tanto tempo à revelia da imprensa, torcida e dos próprios clubes? Ponha na trapalhada da CBF. A direção de competições da entidade esqueceu de trocar os regulamentos na chamada oficial da Lampions no site da CBF. Ou seja, ao abrir o link o leitor se depara com a versão antiga, já em desuso. Agora, Santa e Campinense, que se enfrentam em 27/04 e 01/05, vão jogar por mais R$ 500 mil (cada um já ganhou R$ 1,885 milhão) e duas vagas internacionais de uma só vez… Ambos nunca jogaram. Vale demais.

Confira o link onde é possível ver a divulgação da nova fórmula aqui.

A versão original do regulamento do Nordestão em relação à vaga na Sula

Regulamento da Copa Sul-Americana através do Nordestão de 2016. Crédito: CBF/reprodução

A retificação sobre o regulamento, feita três dias após a divulgação original.

Regulamento da Copa Sul-Americana através do Nordestão de 2016. Crédito: CBF/reprodução

A nova versão do regulamento, dando duas vagas na Sula ao campeão regional.

Regulamento da Copa Sul-Americana através do Nordestão de 2016. Crédito: CBF/reprodução

Podcast 45 (234º) – Santa Cruz na final do NE, Sport eliminado e impeachment

Um domingo histórico para o país, que parou diante da televisão para acompanhar à votação sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. À tarde, a atenção dos pernambucanos estava voltada para o futebol, com o dia decisivo nas semifinais do Nordestão. Pauta absoluta para o 45 minutos, que analisou a classificação do Santa Cruz na Fonte Nova. Ao vencer o Bahia, o Tricolor se credenciou à sua primeira final. Na sequência, o mau futebol e a consequente eliminação diante do Campinense, no Amigão. Falcão balança? Por fim, após uma longa gravação, comentamos, sim, sobre o resultado na Câmara dos Deputados. Do circo às mudanças necessárias.

Neste podcast, de 1h52, estive ao lado de Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Com um futebol decepcionante, Sport é eliminado mais uma vez pelo Campinense

Nordestão 2016, semifinal: Campinense (3) 1 x 0 (1) Sport. Foto: Marlon Costa/FPF

O Sport voltou a jogar mal contra o Campinense. Se na Ilha acabou premiado com um gol de Durval aos 49 minutos do segundo tempo, no pesado campo do Amigão o time não teve qualquer consistência ofensiva, se limitando a tentar evitar as investidas raposeiras. Com sustos, deu certo no primeiro tempo. No segundo, o artilheiro Rodrigão, desfalque paraibano no jogo de ida, escorou um cruzamento e fez o gol da vitória por 1 x 0, devolvendo o placar. Teríamos uma decisão por pênaltis em Campina Grande. Antes do apito final do árbitro, uma curiosa mudança, com apelo histórico.

Emulando o técnico holandês Louis van Gaal, com uma estratégia de sucesso no Mundial de 2014, Falcão colocou Magrão no lugar de Danilo Fernandes, nos descontos. Contra a Costa Rica, nas quartas de final na Fonte Nova, o grandalhão Krul entrou no lugar de Cillessen, somente para os tiros livres. Afinal, tinha um retrospecto bem melhor. Assim como o ídolo rubro-negro, até então com 22 penalidades defendidas – Danilo ainda não havia evitado nenhuma pelo clube. Infelizmente, para os leoninos, não deu certo desta vez.

Nordestão 2016, semifinal: Campinense (3) 1 x 0 (1) Sport. Foto: Raniery Soares/Futura Press/Estadão conteúdo

Magrão até espalmou uma cobrança, mas Renê (bombão por cima), Luis Antônio (nas mãos de Glédson) Jonathan Goiano (também por cima) não colaboraram e o Sport acabou com uma vexatória eliminação no Nordestão, parando o sonho do tetra outra vez na semifinal. O vexame não se deve ao nível técnico da Raposa, longe disso. O adversário jogou bem as duas partidas, dentro de sua proposta. Se deve, sim, à falta de organização do Sport. O time de Falcão está travado há tempos, com uma transição quase inexistente. E o treinador não vem conseguindo reverter a situação.

Rithely e Durval foram desfalques importantes no domingo? Bastante. Mas a crítica não se restringe ao jogo na Paraíba. O futebol do Leão, exceção feita aos clássicos – turbinados pela rivalidade -, não vem agradando em 2016, com a Série A batendo à porta. Quanto ao Campinense, que festejou outra classificação em cima dos leoninos, como em 2013, a luta segue. Na final da Copa do Nordeste, sonha com o mesmo destino.

Nordestão 2016, semifinal: Campinense (3) 1 x 0 (1) Sport. Foto:  Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Impeachment nas semis do Nordestão, sem Santa Cruz e Sport na TV aberta

Muro do Impeachment, em Brasília. Foto: Victor Soares/Agência Brasil

Os jogos mais importantes de Santa e Sport nesta temporada, até o momento, serão realizados em horário nobre, às 16h do domingo. Ambos fora de casa, contra Bahia e Campinense, em busca de um lugar na final do Nordestão de 2016. Por mais que todas, absolutamente todas as partidas dos times mais populares do estado tenham sido transmitidas pela Globo Nordeste quando atuaram como visitantes (oito vezes), desta vez os dois estão fora da grade.

A direção nacional da emissora optou por transmitir a votação sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, e antecipou para as 16h20 do sábado as partidas da grade. Foi assim no Paulista, Mineiro, Gaúcho, Cearense, Alagoano… Nada de futebol no domingo. Em vez de arquibancadas lotadas, um país dividido pelo muro em Brasília, em frente ao Congresso. Duas exceções: o Carioca, com os quatro grandes jogando no domingo, apenas no pay-per-view, e o Nordestão, em sua fase decisiva.

No caso, Bahia x Santa e Campinense x Sport serão exibidos apenas pelo Esporte Interativo, alcançando 71% do mercado de televisão por assinatura. Sem a necessidade de atender à tevê aberta no Recife e em Salvador, por qual motivo as partidas seguiram no mesmo horário, repartindo a audiência? Afinal, mesmo com dois canais, o EI, detentor dos direitos, poderia passar um no sábado e outro no domingo, ou dois no domingo, às 16h e às 18h30.

Com a palavra, o diretor do EI, Fábio Medeiros, que respondeu ao blog no twitter:

“A gente também preferia (jogos em horários diferentes), mas a Globo pediu pra ser nesse horário, pois antes ela passaria os dois (um para o Recife e outro para Salvador). E agora não dá pra mudar. Quando fomos avisados não dava mais tempo, infelizmente. Seria espetacular. Uma pena! E também entendo a necessidade deles (Globo) fazerem a cobertura de Brasilia”.

Ou seja, além dos assinantes do canal (até 440.179 na Bahia e 273.587 em Pernambuco) e das ondas do rádio, o único jeito para assistir aos jogos, cercados de ansiedade, é viajar. São dois mil ingressos aos corais na Fonte Nova, no terceiro anel, e dois mil aos leoninos no Amigão, na arquibancada da sombra. Limitação total para dois jogos esperados por milhões…

Setorização da Fonte Nova para Bahia x Santa Cruz, pela semifinal do Nordestão 2016. Crédito: Fonte Nova/reprodução

Setorização do Amigão para Campinense x Sport, pela semifinal do Nordestão 2016. Crédito: Campinense/twitter