Índice do Itaú aponta Santa eficiente e Sport e Náutico com bons trabalhos

Ranking de eficiência esportivo-financeira no futebol brasileiro em 2015. Crédito: Itaú BBA

O relatório produzido pelo Itaú BBA sobre as finanças de 27 clubes, incluindo o trio recifense, traz o raio x dos balanços divulgados e a situação das dívidas fiscais, após a entrada em vigor do Profut. Concluindo o estudo, a equipe do banco criou o “Índice de Eficiência do Futebol”, rankeando as gestões. Para isso, cruzou o desempenho esportivo (colocações nos campeonatos disputados) e o desempenho financeiro (custos, investimentos e despesas).

Confira o gráfico em uma resolução maior clicando aqui.

Os resultados foram divididos em seis categorias (detalhes abaixo), de eficiente a perdulário. Entre os locais, o Santa teve o melhor desempenho, marcando 15 pontos e classificado como “eficiente” – foi campeão estadual e conseguiu o acesso à elite, mesmo com o modesto orçamento de R$ 15,1 milhões. Já Sport e Náutico aparecem com “bom trabalho”. Gastaram de forma regular, mas não ganharam campeonatos e permaneceram em suas divisões. Ambos zerados. No Leão, por pouco, pois foi o 6º lugar na Série A – a 4ª posição teria rendido dez pontos. Apesar do índice, o ano Timbu não foi bom, pois a permanência na Série B, mesmo racionalmente, não pode ser encarada como algo positivo.

A pior gestão, segundo o Itaú, foi a do Vasco de Eurico Miranda, rebaixado pela terceira vez nos pontos corridos (2008, 2013 e 2015). No ano, os cruz-maltinos tiveram a quarta maior cota de televisão (R$ 70 milhões, só abaixo de Flamengo, Corinthians e São Paulo). Isso pesou mais, em termos de administração, que o fato de o clube ter conquistado o título carioca, após doze anos de jejum.

Veja como é feito o índice de eficiência aqui.

Ranking de eficiência esportivo-financeira no futebol brasileiro em 2015. Crédito: Itaú BBA

Eficientes
São os que conseguiram mais conquistas gastando menos por ponto. Eficiência é conseguir resultados ao menor custo.

Eficazes
São os que conseguiram mais conquistas gastando mais por ponto. O resultado veio, mas a um custo excessivo

Bom trabalho
Gastaram relativamente pouco e apesar de não conquistarem nada, permaneceram em suas Séries

Deixaram a desejar
Estes também permaneceram em suas Séries, mas gastando muito mais. Ou seja, o gasto foi improdutivo.

Não deu
Gastaram pouco, era o possível, e o resultado não só não veio como o clube ainda foi rebaixado de Série

Perdulários
Gastaram muito e o resultado ao final da temporada foi negativo. Pode até ter conquistado um título menor, mas o rebaixamento de Série pôs tudo a perder.

O milionário ranking de dívidas fiscais dos clubes e o tempo de amortização

Ranking do Profut em julho de 2016. Crédito: Itaú BBA

O Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) foi sancionado pelo governo federal em 5 de agosto de 2015, com o objetivo de refinanciar as dívidas fiscais dos clubes em até vinte anos. O primeiro quadro após a MP 671 mostra o tamanho do buraco. Os 27 times presentes no relatório do banco Itaú BBA (Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2016) devem R$ 3,2 bilhões. No estudo, a partir dos balanços divulgados em abril, há a projeção de amortização cada um. Até mesmo de quem não aderiu ao Profut, como Sport, Palmeiras e Chape.

Por decisão do presidente Humberto Martorelli, o Leão ficou de fora por já ter negociado o seu passivo – ou seja, poderia cumprir sem ser submetido à rígida regra do projeto, como utilizar no máximo 80% da receita com futebol. No estado, a maior dívida fiscal é a do Náutico, de R$ 115 mi. O aumento (de 56% no passivo geral) se deve à atualização feita na gestão de Glauber Vasconcelos (2014/2015) nas informações fiscais junto à receita federal e à normalização da declaração de débitos e créditos tributários federais de 2010 a 2013. Segundo a nota do alvirrubro, houve uma redução de 70% do valor das multas, 40% do valor dos juros e 100% dos encargos legais por débitos até agosto de 2015.

Já o Santa acertou o parcelamento de R$ 15,3 milhões, apesar de o relatório apontar uma dívida fiscal de R$ 26 mi. Para manter o tricolor no Profut, o mandatário Alírio Moraes, que assinou a adesão, busca a regularização das certidões negativas de tributos federais, FGTS, INSS e de demandas com a Justiça do Trabalho e com a Prefeitura do Recife. Até porque não basta “pagar”, é preciso estar de acordo com todos os trâmites burocráticos.

As maiores dívidas fiscais do futebol brasileiro
1º) R$ 535 milhões – Botafogo
2º) R$ 347 milhões – Flamengo
3º) R$ 268 milhões – Vasco
4º) R$ 258 milhões – Atlético-MG
5º) R$ 237 milhões – Fluminense
6º) R$ 190 milhões – Corinthians
7º) R$ 167 milhões – Cruzeiro
8º) R$ 166 milhões – Santos
9º) R$ 146 milhões – Bahia
10º) R$ 124 milhões – Coritiba

As dívidas fiscais do Trio de Ferro
1º) R$ 115 milhões – Náutico
2º) R$ 47 milhões – Sport
3º) R$ 26 milhões – Santa Cruz 

Como o Itaú calculou a amortização
Para fins de avaliação, utilizou todas as dívidas fiscais registradas no passivo exigível a longo prazo, que em tese abarcam todos os tributos renegociados. Considerou para fins de análise que todos os clubes optaram pelo padrão de 240 meses, dentro das regras de correção pela Selic e escalonamento de pagamento, sendo: 50% da parcela em 2016 e 2017; 75% da parcela em 2018 e 2019; 90% da parcela em 2020; 100% da parcela a partir de 2021.

À parte dos balanços financeiros produzidos e divulgados pelos clubes, a ESPN divulgou em 23 de março de 2015 uma lista com as dívidas dos clubes com a União, através do relatório obtido junto à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional , com dados entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015.

As maiores dívidas com a União
1º) R$ 284,2 milhões – Atlético-MG
2º) R$ 235,0 milhões – Flamengo
3º) R$ 215,4 milhões – Botafogo
4º) R$ 186,5 milhões – Corinthians
5º) R$ 173,9 milhões – Fluminense
6º) R$ 148,8 milhões – Vasco
7º) R$ 129,6 milhões – Internacional
8º) R$ 101,9 milhões – Guarani
9º) R$ 73,8 milhões – Palmeiras
10º) R$ 68,6 milhóes – Portuguesa

As dívidas do Trio de Ferro com a União
1º) R$ 59,1 milhões – Sport
2º) R$ 45,6 milhões – Náutico
3º) R$ 42,4 milhões – Santa Cruz

Banco Itaú faz raio x econômico de 27 clubes, incluindo Náutico, Santa e Sport

Relatório financeiro dos clubes brasileiros em 2015, com análise do Itaí

Uma equipe de profissionais do Banco Itaú BBA realizou um relatório sobre 27 clubes do futebol brasileiro. Um raio x sobre receitas e despesas. Considerando faturamento absoluto em 2015, foram R$ 3,64 bilhões, montante dividido em cotas de tevê (42,2%), bilheteria e sócios (17,4%), publicidade e patrocínio (14,9%), transações de atletas (12,4%), estádio (5,6%) e outras fontes (7,3%).

Todos os números foram colhidos nos balanços oficiais dos clubes, divulgados em abril deste ano. Além de “traduzir” as cifras, até porque os documentos não seguem um padrão (de informação), os especialistas deram o aval sobre a situação de cada um, projetando cenários em médio e longo prazo. Entre as equipes presentes, cinco do Nordeste, Bahia, Náutico, Santa, Sport e Vitória. Abaixo, as conclusões sobre os times da região, além da íntegra do documento Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2016.

Ranking de receitas dos clubes brasileiros de 2013 a 2015. Crédito: Itaú BBA

Confira o ranking de receitas no triênio 2013-2015 numa resolução melhor aqui.

Bahia (da página 58 a 62)
Colocando a casa em ordem

O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015. Operacionalmente conseguiu aumentar suas receitas, reduziu custos e despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut. O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.

Náutico (da página a 128 a 132)
Na corda bamba

O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a receitas, mas ainda assim apresenta custos e despesas acima das receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia. Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.

Santa Cruz (da página a 143 a 147)
Procurando se encontrar

O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: 1) esportivamente foi muito bem, especialmente considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; 2) financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas. Vai contar com o crescimento das receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos em estratégias de longo prazo. Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.

Sport (da página a 158 a 162)
Olhando para o futuro

O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas. 2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva mas dentro de suas possibilidades. É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.

Vitória (da página 168 a 172)
Vitória de todos os Santos 

Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução potencial de receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus custos e despesas, adequando-os à realidade do ano. Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade de longo prazo na principal divisão do país. Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em base, que geram resultados de longo prazo. Claramente um clube pensando no futuro. 

Sport x Santa Cruz na Sul-Americana, em um Clássico das Multidões para a história

Sport x Santa Cruz, pela 2ª fase da Copa Sul-Americana 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP, sobre foto da Conmebol

Um confronto para história, digno de um duelo centenário. Sport e Santa Cruz vão se enfrentar na Sul-Americana de 2016, na primeira versão internacional do Clássico das Multidões. A composição deste jogo é um capricho (onipresente) do futebol, que condiz com uma das maiores rivalidades do país.

Com a pré-vaga ao torneio desde o 6º lugar obtido na última Série A, o Sport confirmou a prioridade na Sula, em detrimento da Copa do Brasil, em abril, em um comunicado oficial. Seria a quarta participação seguida dos leoninos. Neste período, o Santa Cruz ganhou força e conquistou o Nordestão, assegurando a mesma pré-vaga. Os rivais precisariam deixar a Copa do Brasil para confirmar a presença na copa internacional, devido ao esdrúxulo regulamento da CBF. Dito e feito, com Aparecidense e Vasco. No sorteio, o magnetismo do clássico deixou as bolinhas Brasil 1 (Sport) e Brasil 7 (Santa) frente a frente.

Retrospecto, segundo dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro
549 jogos
229 vitórias do Sport
166 vitórias do Santa
154 empates 

Logo, os jogos no Recife serão os capítulos 550 e 551, com muita coisa em disputa. Ambos já largam na segunda fase da Sula, ganhando cotas de R$ 988 mil. Ao vencedor do mata-mata, um lugar nas oitavas de final e uma premiação de R$ 1,23 milhão. E a partir daí começa a verdadeira rota internacional, já definida pela Conmebol. Eis os principais adversários a cada fase:

Oitavas – Independiente Medellín-COL, Universidad Católica-EQU, Sportivo Luqueño-PAR ou Peñarol-URU
Quartas – Santa Fé-COL, Cerro Porteño-PAR e Universidad Católica-CHI
Semi – Estudiantes-ARG, Atlético Nacional-COL, Brasil 6 e 4, Bolívar-BOL
Final – San Lorenzo-ARG, Independiente-ARG, Lanús-ARG, Brasil 3, Universitario-PER, Emelec-EQU e Libertad-PAR

Confira o chaveamento completo da Copa Sul-Americana clicando aqui.

Qual é a sua expectativa para a Sula? Quem larga como favorito no clássico?

Enquanto o tricolor estreia em torneios internacionais, o rubro-negro disputa a fase nacional da competição pela 4ª vez, sempre contra rivais nordestinos.

2013
Sport 2 x 0 Náutico
Náutico (1) 2 x 0 (3) Sport

2014
Sport 0 x 1 Vitória
Vitória 2 x 1 Sport

2015
Bahia 1 x 0 Sport
Sport 4 x 1 Bahia

2016*
24/08 – Santa Cruz x Sport
31/08 – Sport x Santa Cruz
* Datas a confirmar 

Sport lança plano de sócios com acesso livre na Ilha, buscando o público do TCN

Campanha de sócios do Sport em 2016. Crédito: Sport (@sportrecife)

O público-alvo para o Trio de Ferro, em busca de novos sócios, estava concentrado há mais de um ano no cadastro do Todos com a Nota, a campanha com subsídio estatal desativada desde então. Eram 420 mil pessoas no Grande Recife, sendo 207 mil rubro-negros, 124 mil tricolores e 89 mil alvirrubros. Boa parte dessa gente, presente nas camadas populares, acabou afastada dos estádios por causa da volta da cobrança de ingressos (em vez da troca por notas fiscais). Com isso, gerais vazias na Ilha do Retiro (atrás da barra), Arruda (anel superior) e Arena Pernambuco (atrás da barra, anel inferior).

Em maio de 2015 o blog alertou sobre a fonte de receita com a reativação dessa torcida, projetando a adesão de 20% com a mensalidade mínima na elite do futebol nacional, R$ 9,90. A cada mês, proporcionaria R$ 410 mil ao Sport, R$ 246 mil ao Santa e R$ 176 mil ao Náutico. Agora, em julho de 2016, após a análise e estruturação do projeto, o Leão enfim lançou uma campanha de sócios (“São gerações e corações fazendo a história”) voltada para este público.

A iniciativa é diferente daquela sugerida pelo blog. Em vez de R$ 9,90 (plano do Corinthians, que dá preferência na compra de ingressos), um plano de R$ 28,50, mas com livre acesso aos jogos do time, exclusivamente na arquibancada da sede, o nome atual da geral. Abaixo, alguns cenários de associados e receitas imaginados pelo blog. Com o valor estipulado pelo clube, considere 10% de impacto sobre o TCN. Ou seja, 20 mil novos sócios, totalizando 48 mil titulares adimplentes, se aproximando da meta (e obsessão) do Sport, de 50 mil.

Projeção de cenários com os grandes clubes a partir da ideia leonina:

% sobre os 207.174 rubro-negros no TCN x mensalidade (R$ 28,50)
20% (41.434) = R$ 1.180.869
10% (20.717) =  R$ 590.434
5% (10.358) = R$ 295.903

% sobre os 124.372 tricolores no TCN  x mensalidade (R$ 28,50)
20% (24.874) = R$ 708.852
10% (12.437) = R$ 354.426
5% (6.218) = R$ 177.213

% sobre os 89.152 alvirrubros no TCN x mensalidade (R$ 28,50)
20% (17.830) = R$ 508.098
10% (8.915) = R$ 254.049
5% (4.457) = R$ 127.024

“Era um desejo antigo do presidente ter uma categoria de preço acessível e que pudesse dar o benefício do acesso livre também, suprindo, inclusive, a carência deixada com o fim do Todos Com a Nota. Encontramos uma maneira viável.”

Declaração da diretora executiva de marketing do Sport, Melina Amorim.

Como o plano de sócio-torcedor já existia (com o mesmo valor), a vantagem torna-se retroativa aos antigos membros da categoria. Assim, quem pagava meia entrada na geral passa a ter entrada garantida. O acesso aos jogos será feito através do site sportdeverdade.com.br, com um “check-in” a cada partida, até esgotar a lotação do setor. Seriam 6.653 lugares, mas, por questão de segurança, o Corpo de Bombeiros limitou em 4.952 pessoas. Um eventual sucesso do programa poderia gerar uma ampliação do espaço.

A ressalva sobre a campanha está no fato de o sócio-contribuinte (R$ 45,00 por mês) não ter o mesmo direito. À parte de benefícios como voto e dependentes, segue com a meia entrada. Inclusive à geral, liberada para quem paga menos.

Conmebol perde patrocinadora da Sula, mas ratifica os R$ 103 milhões em cotas

Sede da Conmebol, em Assunção, no Paraguai. Foto: Conmebol/site oficial

Texto atualizado em 19/07

A 15ª edição da Copa Sul-Americana começará em 9 de agosto de 2016, com o jogo entre Deportivo Lara, da Venezuela, e Junior, da Colômbia. Contudo, faltando apenas 22 dias para o torneio, a Conmebol comunicou a rescisão, unilateral, de uma das principais patrocinadoras do evento e responsável pela publicidade e patrocínios, a Global Sports Partners.

Eis o texto do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, sobre o episódio:

“Lamentamos que Global Sports tenha terminado o contrato sem causa justificável a poucos dias do início da próxima edição da Copa Sul-Americana, fato que causa enormes prejuízos aos clubes participantes. A Confederação Sul-Americana de Futebol tomará todas as medidas possíveis para fazer valer os seus direitos diante das autoridades pertinentes.”

A declaração, no site oficial, deixou dúvidas acerca do torneio, que nesta temporada pode ter Sport e Santa Cruz, a partir de 24 de agosto (já na 2ª fase).

As cotas dos clubes estariam ameaçadas?

A receitas por participação são essenciais ao torneio, uma vez que viagens e hospedagens são bancadas pelos próprios times. Sobre o questionamento, é preciso fazer um resgate cronológico na relação Conmebol/Global, em uma disputa por poder e diretos de transmissão da competição. A pesquisa é possível dentro do próprio arquivo de notícias do site da entidade, num impasse que já havia sido alertada pelo jornal Ovación, de Montevidéu (veja aqui).

23/11/2015 – A Conmebol confirma a realização da Sula até 2018, com a extensão dos direitos de transmissão ao canal Fox Sports. O comunicado oficial garantiu um aumento nas cotas dos clubes, após dois anos com valores congelados, com o aumento do repasse a partir do maior valor pago pela emissora.

13/07/2016 – No dia do sorteio do torneio, em Santiago, a direção da confederação revelou os valores em dólar, fase por fase, para os 47 clubes participantes. Com um aumento geral de 72%, o repasse seria de US$ 31,8 milhões, ou, convertendo, R$ 103,2 milhões. Recorde.

Qual é o papel da Global Sports na organização do torneio?

A princípio, a empresa tomava conta da estruturação econômica do torneio, buscando investidores e loteando os espaços publicitários nos estádios. Em 2015, entretanto, a Sula viveu o seu pior momento neste quesito, sem naming rights – primeira vez desde 2003 – e com várias placas estáticas sem patrocinadores, expondo apenas imagens genéricas (“Conmebol”, Copa Sul-Americana”, “Recife” etc). Em tese, a Global já não vinha conseguindo trazer recursos – o que contradiz a nota da Conmebol e 18/07/2016, sobre o “enorme prejuízo”. O contrato, prevendo o triênio 2015-2017, foi firmado pelo ex-presidente da confederação sul-americana, o paraguaio Juan Ángel Napout, em 24 de junho de 2015.

Voltemos um pouco no tempo, com contratos e políticos distintos…

03/12/2013 – Acredite, a mesma Global Sports já havia sido desvinculada da Conmebol, mas na ocasião por decisão da entidade, então presidida pelo uruguaio Eugenio Figueredo. Se agora a Conmebol trata a saída como “injustificada”, na época justificou a decisão por causa dos “graves e reiterados descumprimentos das obrigações econômicos ao longo de toda a relação contratual”. Bastou um ano e meio para essa análise desaparecer? Sim, bastou. Nesse meio tempo, paralelamente, Napout e Figueredo seriam presos por corrupção, numa investigação do FBI.

Novamente comandada por um paraguaio, Domínguez, a Conmebol tem, sim, um problema para resolver. Afinal, ainda que a Fox seja a base das cotas, o próprio dirigente usou a expressão “enormes prejuízos aos clubes participantes”.

Há chance de cancelamento?

O cenário (Conmebol x Global) não é “inédito”, mas talvez seja determinante o peso da receita bancada pela Fox, detentora dos direitos das copas continentais na América do Sul, com transmissão (na tevê por assinatura) em todo o continente. E responsável, como registrado no anúncio de dezembro de 2015, pela injeção financeira. Logo, recuar no incremento já divulgado pegaria muito mal. Ao mesmo tempo, o compromisso passa de R$ 100 milhões, pesado. Na visão do blog, como a grade da tevê já está reservada ao torneio, com clubes de peso como Flamengo, Atlético Nacional, San Lorenzo, Independiente e Peñarol, a chance de descontinuação soa pequena.

19/07/2016 – Conforme imaginado, o canal Fox Sports é a principal fonte de receita, com a Conmebol ratificando, no dia seguinte à polêmica, as novas cotas da Sula, “em que pese a rescisão unilateral e injustificada da Global Sports”. Em 2016, o torneio está garantido. No próximo ano, a conferir…

Cota absoluta da Sula 2016 a cada fase
1ª fase – US$ 8,0 milhões
2ª fase – US$ 9,0 mi
Oitavas – US$ 6,0 mi
Quartas – US$ 3,6 mi
Semifinal – US$ 2,2 mi
Vice – US$ 1,0 mi
Campeão – US$ 2,0 mi

Confira a distribuição das cotas, por clube, clicando aqui.

Premiere cadastra clubes dos assinantes para a divisão do PPV. Trio de Ferro lá

Ranking de assinantes do Premiere

O pay-per-view é a receita de maior potencial de crescimento nas cotas de transmissão do Brasileiro. Vem sendo assim há três temporadas, com a evolução em 2013 (R$ 280 mi), 2014 (R$ 300 mi) e 2015 (R$ 450 mi). Como a divisão deste bolo atende diretamente ao quesito audiência, proporcional ao número de assinantes com pacotes de PPV, a mensuração desse público é prioridade, tanto para a tevê (Globo/Premiere) quanto para os clubes. A partir de 2018, segundo o Blog do Ohata, do Uol, deve entrar em vigor o ranking de assinantes com o cadastro do próprio cliente. E o Trio de Ferro do Recife está lá.

Acredite, apesar do serviço digital, a apuração atual é feita em uma pesquisa em conjunto entre Ibope e Datafolha, com dez mil pessoas. Entretanto, existem mais de dois milhões de assinantes do Premiere, o canal responsável pela exibição dos 760 jogos das duas principais divisões. Logo, a queixa de muita gente sobre o método. Agora, o próprio canal vem divulgando o novo formato.

Para cadastrar o seu time no Premiere, acesse: www.premiere.tv.br/seutime.

Cadastro de assinantes/torcedores de Náutico, Santa Cruz e Sport no Premiere

Ao inserir o login e a senha da sua operadora de tevê por assinatura – com dez opções, incluindo as maiores, Net e Sky – o titular tem 45 opções de clubes. A lista inclui, em ordem alfabética, os quarenta das Séries A e B de 2016, quatro da C (Botafogo-SP, Guarani, Juventude e Remo) e um da D (Caxias). A única ressalva é não contabilização dos assinantes de pacotes básicos, SD.

Com contrato com a Rede Globo (em cinco plataformas, incluindo o PPV) até 2024, o trio recifense está na lista com mais cinco representantes nordestinos: Bahia, Ceará, CRB, Náutico, Sampaio Corrêa, Santa Cruz, Sport e Vitória. Entre os tradicionais, a maior ausência foi o Fortaleza, sobretudo pelo mercado da capital cearense (só pode ser escolhido em “outros”). Na região, o rubro-negro baiano foi o primeiro a lançar campanha nas redes sociais junto ao seu torcedor para massificar a adesão. Os times pernambucanos deveriam seguir a ideia.

Como corais e alvirrubros sequer figuravam na lista elaborada pelos institutos de pesquisa, contemplando apenas os 18 clubes “cotistas” até então, a única lista aberta de torcedores/assinantes foi a produzida pela Sky, que trouxe em 2016: Sport 1,41%, Santa Cruz 0,60% e Náutico 0,57%. Com auditoria, espera-se um quadro definitivo, com a ação do próprio torcedor, sem margem para dúvidas.

Ranking de assinantes do Premiere

A evolução das cotas da Sul-Americana de 2013 a 2016, com pagamento em dólar

Copa Sul-Americana

A premiação da Copa Sul-Americana é paga em dólar, o que tornou-se uma vantagem para os brasileiros nos últimos anos por causa do câmbio. Entretanto, os valores ofertados pela Conmebol estavam congelados há duas temporadas, assim como na Libertadores. Isso gerou uma queixa geral dos clubes principais clubes do continente, com a entidade aumentando a verba nas duas frentes. Na Sula, o título aumentou em 64%, somando as cotas de todas as fases.

Vale lembrar que a Sul-Americana, para os times brasileiros, ocorre simultaneamente à Copa do Brasil, a partir das oitavas de final. Neste ano, a premiação internacional está bem maior, tendo como desvantagem as despesas de viagens pagas pela CBF na copa nacional. Confira a evolução financeira da Copa Sul-Americana desde a primeira participação pernambucana e as respectivas cotações nas épocas.

As cotas da Copa Sul-Americana desde a primeira participação pernambucana:

2016 (US$ 1 = R$ 3,29)
Fase brasileira: US$ 300 mil (R$ 988 mil)
Oitavas: US$ 375 mil (R$ 1,236 milhão)
Quartas: US$ 450 mil (R$ 1,483 milhão
Semifinal: US$ 550 mil (R$ 1,812 milhão)
Vice: US$ 1 milhão (R$ 3,296 milhões)
Campeão: US$ 2 milhões (R$ 6,592 milhões)

Total para o campeão da Sula de 2016: US$ 3,675 milhões (R$ 12,11 milhões)
Sport e Santa (a confirmar) na disputa

2015 (US$ 1 = R$ 3,53)
Fase brasileira: US$ 150 mil (R$ 530 mil)
Oitavas: US$ 225 mil (R$ 795 mil)
Quartas: US$ 300 mil (R$ 1,06 milhão)
Semifinal: US$ 360 mil (R$ 1,272 milhão)
Vice: US$ 550 mil (R$ 1,943 milhão)
Campeão: US$ 1,2 milhão (R$ 4,241 milhões)

Total para o campeão da Sula de 2015: US$ 2,235 milhões (R$ 7.898.000)
Cota final do Sport: R$ 1,325 milhão

2014 (US$ 1 = R$ 2,23)
Fase brasileira: US$ 150 mil (R$ 334,5 mil)
Oitavas: US$ 225 mil (R$ 501,7 mil)
Quartas: US$ 300 mil (R$ 669 mil)
Semifinal: US$ 360 mil (R$ 802,8 mil)
Vice: US$ 550 mil (R$ 1,226 milhão)
Campeão: US$ 1,2 milhão (R$ 2,676 milhões)

Total para o campeão da Sula de 2014: US$ 2,235 milhões (R$ 4.984.050)
Cota final do Sport: R$ 334,5 mil

2013 (US$ 1 = R$ 2,44)
Fase brasileira: US$ 100 mil (R$ 244 mil)
Oitavas: US$ 140 mil (R$ 342 mil)
Quartas: US$ 180 mil (R$ 439 mil)
Semifinal: US$ 220 mil (R$ 537 mil)
Vice: US$ 300 mil (R$ 732 mil)
Campeão: US$ 600 mil (R$ 1,464 milhão)

Total para o campeão da Sula de 2013: US$ 1,24 milhão (R$ 3.025.600)
Cota final do Sport: R$ 586 mil
Cota final do Náutico: R$ 244 mil

As premiações máximas a partir da definição das vagas brasileiras na Sula:

2016
Copa do Brasil – R$ 9.000.000
Sul-Americana – R$ 12.112.800
Em 12/07, o dólar foi avaliado em R$ 3,29

2015
Copa do Brasil – R$ 6.510.000*
Sul-Americana – R$ 7.898.000 (US$ 2,235 milhões)**
Em 06/08, o dólar foi avaliado em R$ 3,53

2014
Copa do Brasil – R$ 5.120.000*
Sul-Americana – R$ 4.984.050 (US$ 2,235 milhões)**
Na época, o dólar estava avaliado em R$ 2,23.

2013
Copa do Brasil – R$ 5.000.000*
Sul-Americana – R$ 3.025.600 (US$ 1,24 milhão)**
Na época, o dólar estava avaliado em R$ 2,44.

* Contando as cotas somente a partir das oitavas de final da Copa do Brasil.
** A soma das premiações a partir da fase brasileira da Sula.

Campo sintético em análise para o futuro dos Aflitos. Clima ou economia?

Montagem do campo sintético da Arena da Baixada, em Curitiba, em fevereiro de 2016. Crédito: Mauricio Mano/Atlético-PR/site oficial

“O trabalho nas áreas de gramado e drenagem também já estão adiantados, com o diagnóstico, projeto e orçamento prontos. No gramado, uma empresa especializada apresentou duas propostas, uma sem reparos ou substituição da drenagem e outra com nova drenagem e irrigação automática. Está em estudo a possível utilização de gramado artificial.” 

O texto divulgado pela direção do Náutico sobre o plano de reforma dos Aflitos traz uma possibilidade drástica. No Brasil, o primeiro estádio particular com piso sintético (e avalizado pela Fifa) foi o Passo D’Areia, em Porto Alegre, em fevereiro de 2011. Ideia do presidente da federação gaúcha, Francisco Noveletto, após um jogo do Inter num gramado artificial no México. A partir dali, empresas especializadas passaram a montar campos em clubes menores e em centros de treinamento. O ponto alto foi a Arena da Baixada, em 2016.

O Atlético-PR trocou a grama natural pela sintética por causa da dificuldade de iluminação natural, gerando um alto custo de manutenção com luz artificial (R$ 100 mil/mensais). A despesa chegava a R$ 1,2 milhão/ano. O clube não revelou o valor pago à GV Group, mas a Gazeta do Povo trouxe a informação de R$ 1,5 milhão – fora a manutenção. Ou seja, em dois anos a economia justificará o investimento. Logo após a implantação, o campo paranaense foi homologado pela Fifa por um ano – o certificado precisa ser atualizado de forma recorrente.

Entre as três propostas nos Aflitos a mais factível é a criação de uma nova drenagem, além do novo campo, claro. Como a luz natural não é um problema, um campo sintético caberia num contexto puramente financeiro, à parte da questão técnica do jogo – e seria inédito em Pernambuco. O mandatário da FPF, Evandro Carvalho, chegou a manifestar o desejo de implantar gramados sintéticos nos estádios do interior, sem sucesso. Neste caso, a justificativa era clara, a falta d’água. Ainda que o piso artificial também seja irrigado (pela temperatura e resistência do material), a ação ocorre numa escala muito menor.

Campo sintético da Arena da Baixada, em Curitiba, em fevereiro de 2016. Foto: Mauricio Mano/Atlético-PR/site oficial

Conversa com Alírio Moraes, ao próprio Santa Cruz, como torcedor e gestor

Alírio Moraes no vídeo "Conversa com o presidente"

Numa ação para aproximar a direção da torcida, o Santa Cruz lançou o espaço “Conversa com o Presidente”, com vídeos produzidos pela TV Coral com depoimentos de Alírio Moraes. A primeira versão, gravada no Arruda, foi separada em dois arquivos distintos, abrindo com a relação de Alírio como torcedor do clube, desde a década de 1970, e encerrando com a gestão do clube e a mudança no patamar financeiro, de R$ 15 mi para até R$ 40 milhões este ano. O rendimento do time de futebol, claro, foi avaliado.

Em seu segundo ano como mandatário (foi eleito para um triênio), Alírio se mostra aberto a entrevistas, coletivas e exclusivas. A iniciativa corporativa (tanto através de vídeos quanto textos, notas etc) também é interessante, embora o questionamento seja, compreensivelmente, diferente. De toda forma,  é mais um canal para ouvir o presidente tricolor, independentemente da fase…

1ª parte (o presidente torcedor)

2ª parte (o torcedor presidente)