O balanço financeiro do Náutico em 2015, com a dívida chegando a R$ 149 milhões

Números do Náutico. Arte: Maria Eugênia Nunes/DP

Em 2015, o Náutico terminou o ano fazendo um adiantamento de R$ 2,9 milhões, quase metade da cota de televisão para a Série B de 2016. O repasse garantiu o pagamento das contas de futebol no ano, mas nem assim resultou num saldo positivo. O déficit de R$ 11 milhões manteve o cenário negativo na década. A receita operacional acabou na faixa de R$ 18 milhões, superior à temporada anterior, mas ainda abaixo da metade dos dois anos em que esteve na elite (2012/2013). Dados presentes no balanço oficial do clube (abaixo).

Levando em conta que o Timbu não obteve resultados efetivos no campo – no Estadual foi o lanterna do hexagonal e na Segundona ficou a dois pontos do acesso -, fora dele o buraco aumentou de vez. Somando os passivos circulante e não circulante, a dívida aumentou R$ 12 mi, chegando a R$ 149 milhões! Uma aproximação perigosa do valor estimado para o patrimônio do clube, de R$ 172 milhões – claro, para efeitos de mercado, em qualquer hipotética negociação o valor dos bens alvirrubros pode ser maior. À parte do vazio no uniforme, sem patrocínio-master, a arena esvaziada também pesou contra. Em 2015, com 29 jogos como mandante, o Náutico teve uma média de 6 mil torcedores e renda bruta de R$ 3,4 milhões, 50% do valor registrado no ano anterior.

Vale lembrar que na gestão de Glauber Vasconcelos, que sucedeu Paulo Wanderley, a dívida cresceu 56% no primeiro ano por causa da atualização efetuada pelo clube em suas informações fiscais junto à Receita Federal e à normalização da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais de 2010 a 2013 – dados não reconhecidos pelo antecessor. Voltando ao presente, à gestão de Marcos Freitas, o Náutico precisará administrar a distância em relação aos rivais, com o Sport consolidado e o Santa enfim passando – em 2015, mesmo campeão e com o acesso, os corais tiveram uma receita menor.

Receita operacional
2011 – R$ 19.236.142
2012 – R$ 41.089.423
2013 – R$ 48.105.068
2014 – R$ 15.956.176
2015 – R$ 18.414.086

Passivo
2011 – R$ 62.442.207
2012 – R$ 71.979.517
2013 – R$ 87.916.127
2014 – R$ 137.364.572
2015 – R$ 149.267.447

Superávit/déficit
2011 (-1.643.179)
2012 (-392.993)
2013 (-721.320)
2014 (-13.346.684)
2015 (-11.071.601)

Confira a postagem sobre o balanço anterior do alvirrubro aqui.

Presidente do Náutico, Marcos Freitas vence a eleição mais acirrada do estado

Marcos Freitas, o presidente eleito do Náutico para 2016 e 2017. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

A eleição alvirrubra para o biênio 2016/2017 foi a mais disputada da história do futebol pernambucano, com uma marca difícil de ser quebrada. Num universo de 1.544 votos válidos, numa disputa polarizada, a diferença foi de apenas dez votos. Dez! Vitória de Marcos Freitas, oposicionista, mas integrando o grupo que comandou o clube durante muitos anos. Superou Edno Melo, uma corrente disfarçada da atual gestão, apesar da bandeira independente.

Com o clube em situação crítica nos últimos anos, com jejum de títulos, caixa vazio e distanciamento da torcida, a indefinição marcou o período eleitoral, com os alvirrubros divididos entre promessas e descrenças. A boca de urna dos jornalistas nos Aflitos no domingo só comprovou o cenário. Se ouvia 50 sócios, Edno à frente. Mais 50, Marcos em vantagem. Seguiu até a apuração, com o resultado final já antológico. Esse foi o 15º bate-chapa no trio de ferro desde 2000. Até então, a eleição mais apertada havia sido no Arruda, em 2006, com Edinho vencendo por 57 votos, ou 4,05% de diferença. Agora foi de 0,65%.

Para Marcos Freitas, com experiência no conselho fiscal do Náutico, a missão é equalizar a receita a curto prazo. Já chega com uma direção pronta, mas terá de cara dois meses de salário atrasados entre jogadores e funcionários. E a atual gestão antecipou 50% da cota de R$ 950 mil do Estadual e R$ 800 mil da Série B de 2016. A vida não será fácil. E a responsabilidade é ainda maior.

Eleições mais disputadas no Trio de Ferro:
1º) Náutico 2015 – Marcos Freitas 50,32% x 49,67% Edno Melo
2º) Santa Cruz 2006 – Edson Nogueira 52,02% x 47,97% Alberto Lisboa
3º) Sport 2012 – Luciano Bivar 57,27% x 42,72% Homero Lacerda
4º) Sport 2000 – Luciano Bivar 64,09% x 35,90% Wanderson Lacerda
5º) Santa Cruz 2004 – Romerito Jatobá 66,94% x 33,05% Antônio Luiz Neto 

A eleição do Náutico para o biênio 2016/2017. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Náutico termina em 5º lugar, lamentando erros no gramado e na administração

Série B 2015, 38ª rodada: Bragantino 0x2 Náutico. Foto: FáBIO MORAES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Mesmo somando 63 pontos, o Náutico acabou alijado do acesso devido à elevada média de pontos do G4 nesta temporada. Com essa campanha, o Alvirrubro teria subido em 2006, 2007, 2011, 2013 e 2014. É mesmo para lamentar. É verdade que a felicidade nos gols de Daniel Morais e Biteco foi espontânea, mas somente pelo trabalho realizado no interior paulista, com seriedade. Mesmo sem chances na derradeira rodada, o Timbu se apresentou melhor que o Bragantino e venceu por 2 x 0. O sorriso parou aí.

Em 5º lugar, a apenas dois pontos da zona de classificação, fica a lembrança por preciosos pontos desperdiçados. Claro, alguns resultados positivos surpreenderam, como as vitórias fora de casa sobre Paysandu e Vitória, mas como não lembrar da derrota para o lanterna Mogi ou do empate na arena com o CRB? Este último numa semana em que a própria diretoria atrapalhou, com a polêmica sobre a mudança de mando – que posteriormente sequer ocorreu, numa saia justa. E assim, sem motivo algum para o sorriso do torcedor, termina o ano esportivo do Náutico. No campo político, lembremos, ainda haverá a eleição. Falando nisso, a gestão de Glauber Vasconcelos termina onde começou, na Série B. Na segunda tentativa, um desempenho até melhor

2015 – 63 pontos (55%), 5º lugar
2014 – 50 pontos (43%), 13º lugar 

A evolução na tabela e uma leve base para 2016 – com receitas já comprometidas e com os rivais na elite -, não apagam os erros administrativos, como os seguidos atrasos salariais, rusgas na comunicação, para a irritação dos treinadores, ausência de um patrocinador forte, entre outras lacunas básicas. Faltou muito mais que dois pontos…

Série B 2015, 38ª rodada: Bragantino 0x2 Náutico. Foto: FáBIO MORAES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Contrato da Série B de 2018 a 2021 com cotas de proteção para rebaixados

Glauber Vasconcelos, presidente do Náutico em 2014/2015. Crédito: Náutico/site oficial

Natal – O atual contrato de transmissão na tevê da Série B, firmado com a Rede Globo, vai até 2017, mas um futuro acordo já vem sendo costurado entre os clubes e emissoras interessadas. Com previsão de quatro temporadas, de 2018 a 2021, a proposta seria para no mínimo dobrar a cota atual, de R$ 3 milhões, fora a verba para bancar hospedagens, passagens aéreas, arbitragem e antidoping, já presente. Além disso, há outro ponto importantíssimo na mesa de negociações, que tem Náutico, Paysandu, América-MG e Atlético-GO numa comissão à frente. Seria uma espécie de “cota especial” para clubes oriundos da Série A à parte daqueles 18 clubes que já têm contratos individuais com a Globo, com repasses anuais entre R$ 27 a R$ 110 milhões.

Os demais times voltam à Segundona na estaca zero nas finanças. A proposta, já apresentada aos executivos, é garantir um aporte mínimo no primeiro ano do retorno à Série B, num valor acima da cota regular. Simulando a situação a partir dos dados mínimos apurados, em 2018 um clube ganharia pelo menos R$ 6 milhões. Porém, se entre os quatro que descenderem estiver algum time que não tenha feito parte do Clube dos 13, a cota poderia ser até 50% maior (R$ 9 mi). Ao menos esta é a principal cobrança dos clubes, após a análise de consultorias e conversas junto à CBF. Para bancar isso, claro, é preciso estimular a concorrência. Ainda que a Rede Globo tenha preferência em caso de igualdade nas propostas, o Esporte Interativo, já detentor dos direitos das Séries C e D, do Nordestão e da Copa Verde, também demonstrou interesse.

Não por acaso se explica a presença do mandatário timbu, Glauber Vasconcelos em Natal, no Sorteio da Lampions League de 2016, que não terá a participação do clube. Veio para se reunir com representantes do canal. Ao blog, ele trata a “cota especial” como algo definitivo no acordo. “A queda vem acompanhada de muitas contas para pagar, numa mudança grande de patamar. Os outros (ex-Clube dos 13) ganham integral quando são rebaixados”, comentou. Ainda segundo o dirigente, a assinatura deve ocorrer ainda este ano. O objetivo é receber logo as “luvas” do novo contrato. O blog questionou a possibilidade de eventualmente Náutico e/ou Santa Cruz serem chamados pela Globo para algum acordo individual, mais vantajoso, como o do Sport. Resposta categórica: “Nenhuma chance, não há interesse”. Portanto, vale tentar ao menos a garantia em caso de insucesso no Brasileirão…

Planejamento estratégico para as futuras conquistas de Náutico, Santa e Sport

Os presidentes de Náutico (Glaubes Vasconcelos), Santa Cruz (Alírio Moraes) e Sport (João Humberto Martorelli) em 2015. Fotos: Náutico e Superesportes

A cada nova gestão no futebol, um plano é traçado. Organização das finanças, ampliação do quadro social, estruturação física e, sobretudo, resultados positivos no carro-chefe, o próprio futebol. À parte do organograma profissional dos clubes, vamos aos maiores objetivos nos gramados, segundo os planejamentos estratégicos de cada grande clube do Recife.

Náutico (estabilidade na Série A)
Presidente no biênio 2014/2015, Glauber Vasconcelos só estipulou metas a curto prazo. Mais que um título, mesmo estadual, que encerraria o jejum desde 2004, o objetivo é o acesso à Série A. Através de sua assessora, o dirigente informou que é preciso um período estável na elite (paralelamente à reorganização administrativa, com a cota de tevê subindo de R$ 3 milhões para R$ 24 mi) para poder “disputar títulos nacionais a longo prazo”.

Santa Cruz (título da Copa do Brasil e/ou primeira participação internacional)
O planejamento coral, de 2015 a 2017, foi apresentado em março pelo presidente Alírio Moraes. No futebol, o ponto alto seria no último ano, com o inédito título da Copa do Brasil. Condição atrelada ao acesso já no início do mandato. Entretanto, há o plano B, pois o Tricolor vislumbra a sua primeira participação internacional em 2018, tanto na Libertadores (via copa) quanto na Sul-Americana, cuja classificação ocorre a partir do Brasileirão.

Sport (grande campanha na Libertadores)
O mandatário do Leão, João Humberto Martorelli, foi o único a estipular uma meta fora de sua gestão. Eleito para o biênio 2015/2016, ele enxerga 2020 como o ápice neste processo de evolução (receita acima de R$ 100 milhões, estrutura completa no CT e 50 mil sócios), com o clube firme entre os oito primeiros da Série A e credenciado à disputa da Taça Libertadores da América, “com muita força”, segundo suas próprias palavras no programa Camarote PFC.

O Náutico foi econômico ou realista? Santa e Sport acertam em mirar a Libertadores a curto prazo? O título nacional é um sonho possível? Comente.

O abadá pontual e rentável do Náutico

Camisa do Náutico para o jogo contra o Flamengo. Imagem: Náuico/divulgação

A falta de um patrocinador-master é uma das maiores lacunas do Náutico na captação de recursos. Pra valer, só na última participação da Série A, em 2013, com a Philco. Por isso, até achar um investidor forte na Segundona, o Alvirrubro mudou o foco, atraindo empresas com acordos pontuais na camisa.

Para viabilizar a ideia, faltava um jogo de visibilidade nacional. O confronto contra o Flamengo, pela terceira fase da Copa do Brasil, foi mais do que promissor, com transmissão para todo o país, na tevê aberta e em canais de assinatura. Através de uma agência de marketing, o Timbu conseguiu firmar quatro acordos para os dois jogos contra o time carioca, totalizando R$ 115 mil, um número confirmado pelo clube. A 99Taxis, Sherwin Williams, Óicas Diniz e Rafarillo Calçados se juntam à EMS e à Turquesa, marcas regulares na camisa.

Visualmente, o “abadá” não agrada – ainda mais num padrão elogiado como este da Umbro, de 2015 -, mas é algo necessário para as finanças do clube. Fora de campo, ok. Se corresponder em campo, a vaga valeria R$ 690 mil.

Sobre o patrocinador-master, por mais que a Turqusa ocupe o espaço na parte frontal da camisa, a empresa não tem o status, até mesmo pelo investimento feito. Hoje, a Turquesa banca R$ 25 mil do salário do goleiro Júlio César.

Timbu lucra R$ 1,5 milhão em uma semana, com classificação e venda de jogador

Copa do Brasil 2015, 2ª fase: Jacuipense 0x2 Náutico. Imagem: Fox Sports/reprodução

Josimar e Patrick Vieira garantiram ao Náutico a (necessária) cota de R$ 560 mil na Copa do Brasil. Em duas jogadas iniciadas pelo lado esquerdo, em onze minutos do segundo tempo, o Timbu matou o confronto contra o Jacuipense, pela segunda fase da Copa do Brasil. A vitória por 2 x 0 colocou o time pernambucano na terceira etapa, garantindo uma verba extra. Aliás, a semana foi proveitosa, pois dois dias antes o clube confirmara a venda de 50% dos direitos econômicos do meia Marcus Vinícius ao Cruzeiro, por R$ 900 mil – permanecendo com 30%.

E o Alvirrubro ainda ganhou mais R$ 57.762 da renda do jogo, valor correspondente a 60% da arrecadação em Riachão do Jacuípe, pois eliminou a partida de volta. Logo, para quem está com a conta corrente assolada, como comprova o balanço financeiro de 2014, essa receita de R$ 1, 517 milhão num espaço tão curto, ainda que parcelada, chega num momento muito oportuno. Com a Série B batendo à porta, exigindo a chegada de reforços, o que já começou a correr, como indica a presença de Fabiano Eller.

Na próxima fase da Copa do Brasil, os comandados de Lisca – expulso por reclamação, apesar da vitória – enfrentarão o Flamengo na Arena Pernambuco, num duelo cujo classificado às oitavas de final colocará R$ 690 mil no bolso. Por enquanto, essa verba segue no campo da projeção, mas o dinheiro vivo, aos poucos, vai aparecendo nos Aflitos…

Copa do Brasil 2015, 2ª fase: Jacuipense 0x2 Náutico. Imagem: Fox Sports/reprodução

Podcast 45 (114º) – Missão difícil para o Sport no Nordestão e pressão no Náutico

Com a pausa no Estadual, o Nordestão ocupou o 45 minutos, sobretudo o revés do Sport em Fortaleza, 1 x 0, no jogo de ida das quartas. O problema foi apenas Vitor? É possível reverter na Ilha? O Salgueiro, derrotado em casa por 2 x 0, para o Ceará vê a vaga ainda mais longe. O Náutico também entrou na pauta, mas pela falta de paz, com o áudio vazado com a declaração de Glauber e a cobrança da TO dentro do CT. No fim, contamos os bastidores de que como se chegou ao valor do custo da obra da Arena Pernambuco (R$ 743 milhões)

Nesta 114ª edição (1h34min), estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Glauber Vasconcelos avalia o primeiro ano de gestão no Náutico

O presidente do Náutico, Glauber Vasconcelos, gravou um vídeo no canal do clube no youtube com uma avaliação geral de seu primeiro ano de mandato.

No futebol, foi vice-campeão pernambucano e permaneceu na Série B. No vídeo, o dirigente diz que “interesses pessoais não podem ficar acima do clube” e voltou a fazer críticas à gestão anterior, por causa das dívidas herdadas.

Com seis minutos de duração, o vídeo titulado “prestando contas ao torcedor” também funciona como campanha do próprio Movimento Transparência Alvirrubra (MTA).

Alvirrubro apresenta elenco de forma simples e eficiente, ainda sem futebol

Apesentação do elenco alvirrubro em 2015, nos Aflitos: Fotos: Náutico/Assessoria/Twitter

O desempenho no amistoso era o de menos, ao menos hoje. Um adversário de baixo nível técnico, poucos reforços atuando, partida em dois tempos de 30 minutos e até parada técnica. O esforço seria o mínimo necessário.

No Náutico, valia mesmo o evento promovido para apresentar o elenco em 2015, sentindo a receptividade da torcida alvirrubra, combalida há duas temporadas. O uso do estádio dos Aflitos foi o primeiro ponto a favor. Por não jogar mais nele, qualquer jogo torna-se uma atração para os torcedores mais saudosos. Por sinal, novos sócios foram conquistados do público presente. Mais receita a médio prazo.

A direção ainda aproveitou a tarde livre na agenda da pré-temporada para apresentar a principal contratação (o zagueiro Leandro Euzébio) e anunciar um novo reforço (o atacante Ronny). Nesse meio tempo, uma banda, devidamente trajada, comandou o sábado. O público ocupou as sociais e as cadeiras, correspondendo ao projeto.

Marketing simples e eficiente. E o jogo contra o Decisão? Sem ritmo, com várias mudanças, terminou num empate sem gols. Sem cobrança por bom futebol, por enquanto.

Apesentação do elenco alvirrubro em 2015, nos Aflitos: Fotos: Náutico/Assessoria/Twitter