As apresentações contra a Itabaiana mostraram um Náutico no limite, físico e psicológico, jogando por tanto já no início da temporada. A cobrança sobre as questões tática e técnica demandariam mais tempo. Passada a classificação, suada, rendendo R$ 500 mil, o time entraria numa prova de fogo, com a sequência entre Estadual e Nordestão, em plena reformulação. No torneio regional, a estreia era vital para mirar uma classificação. Num grupo com o Bahia, a briga parece clara sobre a segunda colocação. Na visão do blog, entre Náutico e Botafogo, com o Altos sendo o fiel da balança. Pontuar diante do campeão piauiense era regra. E já na estreia, o alvirrubro falhou.
Como havia sido na fase preliminar, não jogou bem. A evolução foi tímida, com mais volume de jogo, o que não ocorrera nos empates em branco. Então, após 213 minutos, considerando o tempo normal e acréscimos, saiu o primeiro tento timbu em 2018, através do atacante Fernandinho, aos 21, iniciando dez minutos de lá e lô. A festa dos 2.075 torcedores na arena – menos da metade de sábado – durou quatro minutos, com o time sofrendo o primeiro gol no ano.
No lance do empate, numa cobrança de escanteio, o zagueiro Leone subiu sem marcação. Aos 30, Wallace se aproveitou de um corte mal feito do mesmo Leone e desempatou. No segundo tempo, aos 14, Dudu bateu de muito longe e fez um golaço. E a partir daí o que se viu foi um jogo ruim, com poucas jogadas trabalhadas, chutes sem direção, reclamação, duas expulsões e um frustrante 2 x 2. O ainda invicto Náutico precisa jogar mais futebol…
Estreias do Náutico na volta da Copa do Nordeste 2014 – Náutico 1 x 1 Guarany (Arena Pernambuco) 2015 – Náutico 2 x 2 Salgueiro (Arena Pernambuco) 2017 – Náutico 4 x 0 Uniclinic (Arena Pernambuco) 2018 – Náutico 2 x 2 Altos (Arena Pernambuco)
Retrospecto geral em estreias regionais: 10 participações, 5V, 3E e 2D
Pelo terceiro ano consecutivo, a CBF detalha os jogadores profissionais em atividade no país, através da diretoria de registro e transferências. Em relação à última temporada foram 3.098 contratos a mais, num aumento de 14%. Em 2017, portanto, 24.841 jogadores de futebol firmaram algum tipo de acordo, incluindo 134 gringos, com a grande maioria entrando em campo somente nos quatro primeiros meses, durante os campeonatos estaduais. Embora a entidade não tenha atualizado o dado de contratos ativos durante todo o ano, o número de 2016 deixa isso claro, com apenas 8.938 atletas chegando até janeiro – na ocasião, isso representou 41% do total de profissionais.
Ao todo, foram quase 17 mil transferências nacionais, entre empréstimos, vendas de diretos econômicos e jogadores livres. Inicialmente, o balanço tinha três pilares (registro, transferências e salários), mas nos últimos dois relatórios a confederação não divulgou a divisão de salários dos atletas. No quadro pioneiro, 82% recebiam até R$ 1 mil e 95% no máximo R$ 5 mil. A dura realidade comum. Salário acima de R$ 100 mil? No Brasil, apenas 114.
Segundo o novo balanço, de janeiro a dezembro vigoraram contratos envolvendo 722 clubes profissionais – no viés pernambucano, 22 times disputaram competições oficiais na temporada, a partir das Séries A1 e A2. Além disso, o relatório da confederação também inclui os clubes amadores e formadores, adicionando 397. A seguir, a evolução de clubes filiados.
Entre as transferências nacionais, apenas 40 via compensação financeira, totalizando R$ 81 mi – Raniel, por exemplo, foi do Santa para o Cruzeiro por R$ 2 milhões. Já no âmbito internacional foram 657 saídas, com 130 ocorrendo via empréstimos ou cessão dos direitos econômicos, movimentando quase R$ 1 bilhão (!), com média de R$ 7,0 mi – Erick foi negociado pelo Náutico junto ao Braga por R$ 2,8 mi. No sentido inverso foram 527 nomes, dos quais 40 com valores. E o investimento foi de R$ 227 milhões, com média de R$ 5,6 mi – André veio do Sporting para o Sport ao custo de R$ 5,2 mi.
Os cerca de 300 atletas profissionais inscritos no Campeonato Pernambucano de 2018 vão custar cerca de R$ 4,566 milhões a cada mês, somando as folhas de pagamento dos onze clubes participantes. Numa média bruta, cada jogador receberia R$ 15 mil, com as despesas com remunerações de cada agremiação ficando na casa de R$ 415 mil. No entanto, a realidade mostra uma disparidade financeira sem igual no futebol local, superconcentrada – possivelmente, uma das maiores já vistas no cenário nacional também.
As folhas de pagamento no Pernambucano 2018 (% sobre o total) R$ 3.400.000 – Sport (74,6%), Série A R$ 250.000 – Santa Cruz (5,4%), Série C R$ 200.000 – Náutico (4,3%), Série C R$ 150.000 – Salgueiro (3,2%), Série C R$ 120.000 – Vitória (2,6%), sem divisão R$ 100.000 – América (2,1%), sem divisão R$ 100.000 – Central (2,1%), Série D R$ 70.000 – Afogados (1,5%), sem divisão R$ 60.000 – Belo Jardim (1,3%), Série D R$ 60.000 – Flamengo (1,3%), Série D R$ 56.000 – Pesqueira (1,2%), sem divisão
Presente na Série A, duas divisões acima dos concorrentes mais próximos, o Sport deve ter uma folha de R$ 3,4 milhões, o que corresponde a 3/4 de todos os vencimentos previstos na competição – restando R$ 1,166 mi para as outras dez equipes. E olhe que o rubro-negro reduziu em 25% a sua despesa em relação ao último Brasileirão – a venda de Diego Souza influenciou neste dado. Por sinal, as folhas dos rivais tradicionais não chegam ao que DS87 ganhava na Ilha. À parte do leão, cujo número é uma apuração, os demais foram informados pelos próprios clubes, com Santa e Náutico estimando o gasto devido à nova realidade, na Série C, e os intermediários detalhando as folhas ao Superesportes. Durante os quatro meses de disputa, entre janeiro e dezembro, a competição vai demandar R$ 18,2 milhões em salários.
Em 2011, no começo da década, as folhas no Estadual foram as seguintes… R$ 800 mil, Sport (Série B) R$ 450 mil, Náutico (Série B) R$ 200 mil, Santa Cruz (Série D)
Passados sete anos, eis as variações para a edição de 2018… + R$ 2,6 milhões (+325%), Sport (Série A) – R$ 250 mil (-55%), Náutico (Série C) + R$ 50 mil (+25%), Santa Cruz (Série C)
Embora o abismo financeiro fomente um favoritismo ao Sport, o torneio de 2011 mostra que é possível a superação. Desta vez, terá que ser bem maior…
Além da taxa de 8% sobre a renda bruta dos jogos, a FPF ainda cobra outros encargos aos clubes no Campeonato Pernambucano. Em 2018, os mandantes precisam pagar por inúmeros serviços administrativos a cada partida, com estruturas distintas a partir das fases ou clubes envolvidos. A formação mais básica envolve os jogos entre intermediários, com a arbitragem, o delegado do jogo e um assessor, enquanto a mais complexa (e cara) é a da final, com oito funções: árbitro, dois assistentes, 4º árbitro, delegado de arbitragem, delegado do jogo, supervisor de protocolo e assessor de protocolo.
Soma das taxas de arbitragem em cada jogo Semifinal e final – de R$ 11.985 a R$ 13.774 Clássicos/3º lugar – de R$ 9.809 a R$ 11.257 Mando dos grandes (turno) – de R$ 5.946 a R$ 6.279 Mando dos intermediários (turno) – de R$ 2.705 a R$ 2.955
Como indicam as reproduções do documento emitido pela federação pernambucana de futebol, cada partida é precificada de uma forma, inclusive pelo nível dos árbitros escalados. Logo, os valores da final podem chegar a 11 mil reais de diferença sobre os do turno, de R$ 2,7 mil a R$ 13,7 mil – no caso dos assistentes, a cota equivale a 60% do valor pago ao árbitro, com o 4º árbitro tendo 30% no mesmo modelo. Em comparação com o ano passado, um aumento de 2,9%. Não para aí. Também há a despesa com diárias para os árbitros, com valores pré-determinados pela cidade da partida, tendo o Recife como marco zero (e R$ 40). A diária mais alta é a de Salgueiro, R$ 210.
A responsabilidade de pagamento do mandante, detalhada no artigo 19 no regulamento do Estadual, não é regra geral. Num viés local, basta dizer que na Copa do Nordeste as taxas de arbitragem são pagas pela CBF. No estado, os valores foram estipulados pela diretoria de competições da federação e pela comissão de arbitragem. No documento de 2 de janeiro, as assinaturas dos respectivos diretores, Murilo Falcão e Emerson Sobral.
Na nova fórmula, cada time joga 5 vezes como mandante e 5 como visitante no turno. Descontando os 3 clássicos, o quadro abaixo vale para 12 jogos
O quadro mais barato contempla 8 times, à parte do Trio de Ferro. A escala vale inclusive para confrontos contra os próprios grandes. Ao todo, 40 partidas
Pelo quarto ano consecutivo o futebol pernambucano se faz presente no ranking mundial de clubes, organizado Federação de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), órgão alemão reconhecido pela Fifa. Na lista, com os jogos oficiais de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2017, o Sport ganhou 134 posições, ficando em 146º lugar, posição dividida com outros seis times, entre eles o Benfica de Portugal e o Guangzhou Evergrande da China. Ampliando o recorte, o leão ficou em 12º no país e em 1º no Nordeste. Graças à campanha na Sul-Americana, quando chegou às quartas de final pela primeira vez, uma vez que no Brasileirão a campanha foi, novamente, apática.
A lista é atualizada mensalmente, com um balanço geral no início do ano seguinte. Para fazer parte do levantamento, é necessário disputar a primeira divisão nacional – e cada país tem um peso distinto. Por isso, o Santa Cruz, presente na lista anterior, ficou de fora dessa, apesar da posição alcançada na ocasião. Na escala mundial, o Real Madrid destronou o Atlético Nacional e terminou na ponta pela quarta vez em sua história – 2000, 2002, 2014 e 2017. Já o Grêmio, tri na Taça Libertadores, chegou à vice-liderança absoluta, estabelecendo, também, a melhor posição da história de um clube do país.
Abaixo, o blog listou os rankings a partir de 2006, ano da pioneira participação pernambucana no Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos. A apuração vai a partir dos quadros divulgados pelas IFFHS, pois nem todos os clubes pontuados são divulgados, com as listas variando de 200 a 500 nomes – em 2013, por exemplo, o Náutico disputou a elite e a Sula, mas não apareceu. Como a pontuação internacional é elevada, a melhor colocação do estado foi em 2009, quando o Sport disputou a Libertadores, chegando às oitavas. No mês de abril chegou a figurar em 29º. No fim do ano, mesmo com a lanterna na Série A, foi o 89º. Na lista de 2018, portanto, o clube sentirá a falta da Sula, ausente do calendário após cinco temporadas seguidas.
Os pódios anuais, o melhor brasileiro (*) e os pernambucanos listados (**):
2017 1º) Real Madrid-ESP (328 pontos) 2º) Grêmio (286)* 3º) Manchester United-ING (284)
2º) Grêmio (1º no pais, 286 pontos) – campeão da Libertadores* 6º) Flamengo (2º, 256) – vice da Sul-Americana e da Copa do Brasil 20º) Botafogo (3º, 207) 21º) Santos (4º, 202) 33º) Palmeiras (5º, 183) – vice da Série A 46º) Atlético-PR (6º, 170) 55º) Atlético-MG (7º, 162) 64º) Corinthians (8º, 156) – campeão da Série A 102º) Chapecoense (9º, 131) 109º) Cruzeiro (10º, 126) – campeão da Copa do Brasil 109º) Fluminense (10º, 126) 146º) Sport (12º, 108 pts) – Quartas da Sula e 15º na Série A** 155º) Ponte Preta (13º, 106) 221º) São Paulo (14º, 86) 243º) Vasco 15º, (82) 282º) Bahia (16º, 74) 345º) Avaí (17º, 66) 362º) Coritiba (18º, 64) 362º) Vitória (18º, 64)
2016 1º) Atlético Nacional-COL (383 pontos) 2º) Real Madrid-ESP (310) 3º) Barcelona-ESP (280)
13º) Atlético-MG (212)* 263º) Santa Cruz (76 pts – Oitavas da Sula e 19º na Série A)** 280º) Sport (74 pts – 2ª fase na Sula e 14º na Série A)**
O Campeonato Pernambucano chegará a 23 anos seguidos na tela da Globo Nordeste. Consequência da renovação do contrato de transmissão, agora de 2019 a 2022. O acordo foi confirmado ao blog pelo diretor-geral do canal, Iuri Leire, durante o lançamento do Estadual 2018, na sede da emissora.
“Está assinado o contrato, por mais quatro anos. Nos mesmos moldes”
Sobre os tais moldes: o contrato engloba as cinco plataformas possíveis, com tevê aberta, tevê fechada, pay-per-view, sinal internacional e internet.
Com a notícia, o blog apurou o bastidor do contrato, que tinha o Sport como única pendência, uma vez que Santa Cruz e Náutico chegaram a um acordo com a emissora ainda em 2017. Além do reajuste desconhecido (em relação à cota anual vigente, de R$ 950 mil), cada clube recebeu R$ 1 milhão de luvas. Embora o leão tenha demorado a firmar a renovação, isso não significa uma cota diferenciada, maior, pois a Globo prometera aos outros dois grandes clubes locais repasses igualitários. Ou seja, se o rubro-negro conseguiu ampliar o valor, as cotas de alvirrubros e tricolores devem ser revisadas.
Essa negociação individual foi uma novidade neste processo, ao contrário dos dois contratos anteriores (2010-2014 e 2015-2018), com a FPF à frente do processo. A pedido do Trio de Ferro, o presidente Evandro Carvalho autorizou as negociações à parte, com a federação articulando apenas os valores dos times intermediários. Por sinal, pela proposta, cada time intermediário teria ao menos um jogo televisionado – uma vez que o nº de partidas deve influenciar.
Obs. Sobre a cota dos grandes, a correção do valor-base do contrato vigente através do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), como preza o contrato, dá R$ 1.119.690 em 2018. Logo, o novo acordo deve partir, no mínimo, daí.
Transmissões regulares do Campeonato Pernambucano 1998 – SporTV (tv fechada)
1999 – TV Pernambucano (tv aberta) 2000-2010 – Globo NE (tv aberta) 2011-2012 – Globo NE (tv aberta) e Premiere (PPV) 2013-2022 – Globo NE (tv aberta), Premiere (PPV) e Globo Internacional
A capa do plano comercial do Pernambucano 2018. Slogan ousado…
A média de público no Campeonato Pernambucano de 2017 foi a segunda pior desde que a FPF passou a contabilizar os dados, há 28 anos. Com índice de 2.402 espectadores, só ficou à frente de 1997, com 2.080. Mesmo considerando apenas a fase principal, a partir do hexagonal do título, o dado foi ruim, com 4.808. Agora, o contraponto. Arquibancadas vazias e muita gente sintonizada diante da televisão. As transmissões da Globo Nordeste, 13 ao todo, tiveram uma audiência média de 2,2 milhões de telespectadores, número revelado durante o evento de lançamento do Estadual 2018, na sede da emissora. O blog analisa os planos comerciais da competição desde 2010. Durante sete anos, os dados da audiência consideraram o Grande Recife, a área de maior atuação, variando de 524 mil a 974 mil pessoas/jogo. Desta vez, o relatório trouxe os números do estado, considerando todos os municípios cobertos pela Globo Nordeste (Região Metropolitana e Zona da Mata), TV Asa Branca (Agreste) e TV Grande Rio (Sertão).
Aqui, alguns registros do plano comercial oficial, com as audiências de todos os jogos exibidos em 2017, com a decisão entre Sport e Salgueiro, no Cornélio de Barros, alcançando 41,9 pontos, de acordo com a medição do canal. O ‘share’ daquela partida indica que a cada 100 televisões ligadas no horário, 70 estavam sintonizadas na peleja. É bastante coisa, levando à reflexão sobre o porquê de tanta audiência num torneio tecnicamente fraco como foi o último. Então, imagine num campeonato mais organizado…
Audiência média do Pernambucano na TV aberta 2010 – 541 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2011 – 526 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2012 – 524 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2013 – 555 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2014 – 696 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2015 – 974 mil telespectadores (RMR, 14 municípios)* 2016 – 700 mil telespectadores (RMR, 14 municípios) 2017 – 2,2 milhões de telespectadores (Pernambuco, 186 municípios)
* Não foram divulgados dados exclusivos do Estadual, mas o balanço entre o Pernambucano e o Nordestão
As maiores audiências da história da Globo NE no Estadual (Grande Recife) 1.153.620 – Sport 1 x 0 Náutico (05/05/2010, final) 1.050.763 – Sport (5) 1 x 0 (3) Santa Cruz (13/04/2014, semifinal) 1.040.976 – Santa Cruz 0 x 1 Sport (15/2011, final)
As 4 maiores audiências de 2017 foram nos mata-matas. Curiosamente, em 2018 a fórmula ampliou a fase eliminatória, agora com quartas de final
Apesar da vantagem na audiência, numa comparação proporcional com o Paulistão e o Carioca, o dado local utilizado na arte foi o da decisão. Distorceu
A seguir, as propostas de propaganda para 2018 e as ações planejadas para promover a competição. Naming rights, exposições, redes sociais etc.
20 anos da ausência de futebol local na TV à maior disputa por mercado
Na TV aberta, o último ano com concorrência sobre o futebol pernambucano, em relação à Globo, havia sido 1999. Na época, o locutor Luciano do Valle adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Pernambucano por R$ 600 mil, exibindo os jogos na TV Pernambuco, emissora estatal com histórico de ‘traço’ na audiência – até então, partidas locais passavam de forma esporádica. O sucesso foi estrondoso, chegando a marcar 50 pontos num Clássico das Multidões. Paralelamente a isso, a Copa do Nordeste corria sem exibição, com a Globo Nordeste limitando-se ao Paulista e ao Brasileirão. Como se sabe, a emissora comprou os direitos do Estadual no ano seguinte, pagando R$ 1,92 milhão por quatro edições. Fez o mesmo com o Nordestão, ficando à parte do regional apenas em 2003 e 2010, as edições marcadas pela briga jurídica entre a Liga do Nordeste e a CBF – com vitória da liga.
Pois bem. Passado tanto tempo, surge um cenário incomum, com os dois principais torneios no âmbito regional em sinais abertos distintos no Grande Recife – havendo a ressalva sobre as Série D e C, com alguns jogos do Santa na Nova NE e TV Pernambuco, respectivamente. O Pernambucano segue na Globo. Porém, a Lampions foi parar nas mãos do SBT, com transmissão nos nove estados da região, com o sinal local a cargo da TV Jornal.
Ou seja, líder e vice-líder de audiência na Região Metropolitana do Recife, agora estendida a 4 milhões de habitantes, após a entrada do 15º município, Goiana. Apesar da concorrência – com o Nordestão sendo esportivamente mais importante, frise-se -, os horários a princípio não batem. Na prática, o número de jogos locais poderá dobrar numa semana, chegando a quatro – tendo três como mínimo, sendo 2 na Globo e 1 na TV Jornal. De toda forma, fica a curiosidade sobre a intensidade da cobertura das duas empresas sobre as competições ‘rivais’, uma vez que, comercialmente, são concorrentes de fato na disputa pela atenção de consumidores alvirrubros, rubro-negros e tricolores. Um embate (ético) entre produto e informação.
Em 2017, as decisões dos torneios foram exibidas para o Recife, pois o Sport alcançou a final do Nordestão. Eis os dados dos 4 jogos na tevê aberta:
Pernambucano 833.147 telespectadores (34,3 pontos) – Sport 1 x 1 Salgueiro (07/05, ida) 976.458 telespectadores (40,2 pontos) – Salgueiro 0 x 1 Sport (28/06, volta)
Nordestão 1.107.600 telespectadores (38,2 pontos) – Sport 1 x 1 Bahia (17/05, ida ) 1.184.400 telespectadores (41,4 pontos) – Bahia 1 x 0 Sport (24/05, volta)
Abaixo, os perfis dos telespectadores dos canais, considerando a RMR:
TV Jornal (Grande Recife) – 2º lugar no Ibope Horários dos jogos: terça-feira (21h45) e sábado (16h) Narrador: Aroldo Costa Comentarista: Maciel Júnior Principais clubes envolvidos: Santa, Náutico e Bahia (nº jogos não divulgado)
Globo Nordeste (Grande Recife) – 1º lugar no Ibope Horários dos jogos: quarta-feira (21h45) e domingo (16h) Narrador: Rembrandt Júnior Comentarista: Cabral Neto Principais clubes envolvidos: Sport (7 jogos), Santa (4) e Náutico (2)
Entre 2013 e 2017, o Campeonato Pernambucano teve três aplicativos oficiais, desenvolvidos pela Look Mobile. Para a edição de 2018, a FPF firmou uma parceria com uma nova empresa de softwares, a Pronto Tecnologia, que opera no RJ, SP e PE. Desta vez, trata-se de uma plataforma de entretenimento – para smartphones e computadores – idealizada para operar com diversas competições, embora o Estadual tenha sido o primeiro da lista. Além de tabela e classificação atualizadas, detalhes dos times, estádios e cidades, o app (gratuito) foca num ‘bolão’, com os usuários tentando acertar os resultados do torneio selecionado, com direito a ranking e premiações. No caso do Estadual, o torcedor, após escolher o seu time, entre os 11 clubes participantes, passa a arriscar o placar rodada a rodada – ao todo, 63 partidas.
Eis a lógica da pontuação no aplicativo ‘Futebol Conectado’:
60 pontos – placar exato 15 pontos – resultado certo (vitória do mandante, do visitante ou empate) 10 pontos – acertar qual clube faz o primeiro gol do jogo (ou 0 x 0 também) 5 pontos – acertar o tempo do primeiro gol (1T, 2T ou 0 x 0 também)
Bônus em caso de placares exatos na rodada: 3 (200 pts), 4 (500) e 5 (1.000) Bônus em caso de resultados certos na rodada: 3 (50 pts), 4 (125) e 5 (180)
Em relação aos smartphones e tablets, o aplicativo, na versão 1.0, demanda 52 megas. Já a compatibilidade vai a partir de 4.1 no Android e 8.0 no iOS.
Há algum tempo as pesquisas indicam um envelhecimento da torcida do Náutico, cuja presença nos estádios vem sendo modesta – abaixo de 8 mil há quatro anos. Em 2015, o Plural Pesquisa lançou um levantamento sobre o Recife, após 800 entrevistas no município, com o timbu registrando 10% ao todo. Analisando além, mesmo considerando a margem de erro (3,46%), a diferença dos aficionados alvirrubros é evidente nas faixas etárias. Se acima de 50 anos, com o público nascido na era de ouro do clube, a distância num dado bruto entre alvirrubros e rubro-negros é de 16%, na juventude, com a seca de taças, o hiato salta para 39%. Inalcançável até mesmo a longo prazo.
Total no Recife 36% – Sport 31% – Santa Cruz 10% – Náutico
16-29 anos 46% – Sport 31% – Santa Cruz 7% – Náutico
30-49 anos 38% – Sport 31% – Santa Cruz 8% – Náutico
+50 anos 31% – Santa Cruz 25% – Sport 15% – Náutico
Portanto, ao assistir ao vídeo publicado pelo perfil Família Alvirrubra, com a alegria de três crianças na classificação no Pré-Nordestão – meninos nascidos durante o maior jejum do clube – , fica a satisfação de que, ainda que em menor grau, haverá sempre a renovação da torcida. Diante da tevê, o aperreio de uma decisão por pênaltis e a festa que fomenta a paixão no futebol.