Resumo da 6ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2016, 6ª rodada: Náutico 1x1 Sport, Santa Cruz 3x0 Central e Salgueiro 3x0 América. Fotos: Paulo Paiva/DP (Arena), Antônio Melcop/Santa Cruz e Pedro Leandro/CarcaráNet (Cornélio)

Os 3.345 torcedores que foram ao Cornélio de Barros, no ensolarado domingo no Sertão, viram o Salgueiro golear o Mequinha e assumir a liderança do hexagonal, virtualmente classificado a mais uma semifinal do Pernambucano. Ultrapassou o Náutico pelo saldo (6 x 4), beneficiado pelo empate no Clássico dos Clássicos, com apenas 7.041 espectadores. Aliás, um público decepcionante na arena, mesmo com transmissão na tevê aberta. O borderô foi inferior, inclusive, ao insosso empate entre Santa e Central, com 9.116 torcedores no Arruda. O fim de semana também marcou o desfecho do hexagonal da permanência, com o rebaixamento do Porto, vice-campeão em 1997 e 1998, e do Pesqueira, que cai sem receber jogos de Santa e Sport.

Hoje, as semifinais seriam Salgueiro x Santa Cruz e Náutico x Sport. 

Em 18 jogos nesta fase do #PE2016 saíram 38 gols, com média de 2,11. Em relação à artilharia, que a FPF considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, Ronaldo Alves (Náutico) e Jhon (Salgueiro) lideram com 3 gols.

Santa Cruz 0 x 0 Central – Se no fim da Série B o Tricolor jogava “decisões”, o (mesmo) time agora atuar em “amistosos”. Sem pressa, sem objetividade. 

Náutico 1 x 1 Sport – O resultado foi justo, com os dois times mostrando muita vontade. Tecnicamente, o clássico ficou devendo um pouco.

Salgueiro 3 x 0 América – Atual vice-campeão, o time sertanejo segue mostrando força no torneio local, liderando após 60% do hexagonal.

Destaque – Jhon. O centroavante revelado no Náutico marcou duas vezes, assumiu a artilharia e ajudou o Salgueiro a chegar na liderança.

Carcaça – José Woshington. Entrou na arena com a pressão natural de uma estreia em clássicos. Disciplinarmente, comprometeu a partida.

Próxima rodada
12/03 (17h00) – Sport x Central, Arena Pernambuco
13/03 (16h00) – Salgueiro x Santa Cruz, Cornélio de Barros
14/03 (20h30) – Náutico x América, Arena Pernambuco

A classificação atualizada do hexagonal do título após a 6ª rodada.

A classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2016 após 6 rodadas. Crédito: Superesportes

A classificação final do hexagonal da permanência após 10 rodadas.

A classificação do hexagonal da permanência do Pernambucano 2016 após 10 rodadas. Crédito: Superesportes

Empate no Clássico dos Clássicos com Náutico e Sport na bronca com o árbitro

Pernambucano 2016, 6ª rodada: Náutico 1x1 Sport. Foto: Paulo Paiva/DP

O segundo Clássico dos Clássicos no ano foi bem mais disputado. Desta vez com dois times vivos numa partida franca na arena, sem tanta importância para a classificação de ambos, mas com a rivalidade presente. Se o Leão buscava a sexta vitória seguida no confronto, o Timbu queria recuperar a confiança da torcida, após a última apresentação. Tecnicamente, o jogo teve limitações, mas o destaque negativo ficou mesmo para o árbitro José Woshington. Estreante em clássicos, o carpinense de 27 anos fez apenas o seu quarto jogo no torneio. O juiz não agradou a ninguém no 1 x 1, sobretudo disciplinarmente.

No primeiro tempo, não quis conversa, tratando qualquer lance mais duro com cartão amarelo – se bem que o primeiro foi justo, com Lenis tentando simular um pênalti. No segundo, assinalou uma penalidade bem duvidosa de Matheus Ferraz em Caíque Valdívia, caindo antes do contato – na visão do blog. No fim, com os jogadores nervosos, já pela falta de critério nas faltas, Woshington encerrou a sua jornada dando um vermelho direto para Gastón, pra lá de injusto. Ele se enroscou com Samuel Xavier numa disputa de bola na lateral.

Pernambucano 2016, 6ª rodada: Náutico 1x1 Sport. Foto: Paulo Paiva/DP

Voltando ao “jogo”, o Sport entrou com os seus três volantes, com Rithely, recuperado, sendo a surpresa. Se no primeiro duelo o trio dominou, desta vez foi diferente. Havia uma peça-chave de volta, Rodrigo Souza, que fortaleceu a marcação timbu e a saída de bola. Ainda assim o visitante começou se impondo e desperdiçando uma chance incrível. Após troca de passes, um cruzamento de Xavier para Xavier. De Samuel para Gabriel, livre, bater por cima. A partir daí, o Alvirrubro equilibrou e levou perigo à meta de Danilo Fernandes, sobretudo pela direita, com Walber (no lugar do improvisado, e machucado, Rafael) e Rony.

Apesar da intensidade, faltava espaço, com faltas, cartões e reclamações em interpretações distintas. Na segunda etapa, os gols. Aos 9, Ronaldo Alves se manteve 100% em pênaltis no ano, mandando no cantinho. Porém, a vantagem só durou cinco minutos, com Niel marcando contra – e o árbitro deu o gol a Rithely, que sequer estava no lance. Após a igualdade, o Sport se mostrou satisfeito, tentando encaixar contragolpes e evitando desgaste na maratona. Se o Náutico não chegou ao gol, ao menos mereceu os aplausos de sua torcida. Clássico dos Clássicos em 2016, agora, só num possível mata-mata…

Pernambucano 2016, 6ª rodada: Náutico 1x1 Sport. Foto: Paulo Paiva/DP

As projeções otimista e pessimista sobre o público da Arena Pernambuco até 2029

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

Com 46.214 lugares, a Arena Pernambuco ainda não estabeleceu uma boa média de público nos jogos de clubes. Nos três primeiros anos de operação, o índice chegou a 1/4 da capacidade. Menos gente, menos receita e mais dificuldades para ao menos cobrir os custos de um empreendimento de alto nível. O relatório da Fundação Getúlio Vargas sobre o estádio, encomendado pelo governo do estado, traz projeções de público nas próximas décadas.

“O cenário base, que se estima possa ser obtido no futuro, partindo da observação passada dos dois anos de operação e da situação atual de realização de jogos e de receitas da Arena, além da consideração de alguns fatos trazidos à discussão pela Concessionária, e das possibilidades de desenvolvimento da região, resume-se a:”

Tido como provável, o “cenário base” foi dividido em três períodos, 2015-2019, 2019-2029 e a partir de 2029, sempre evoluindo, tanto no número partidas quanto no público. Se atualmente a FGV prevê, num ano, no máximo 8 jogos acima de 22 mil espectadores, no último quadro poderá chegar a 20. Para isso, espera-se soluções na mobilidade, também apresentadas no documento.

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

Outra análise interessante é a importância dos “season tickets”, com a compra de todos os jogos da temporada (de um clube mandante, no caso). Sairia de 1%, o dado atual quase desprezível, para 60% em dez anos e 90% em quinze. Será? Isso estaria atrelado a uma mudança de comportamento (e poder aquisitivo) do consumidor/torcedor. Claro, também há o cenário pessimista. Neste caso, o empreendimento continuaria recebendo no máximo 40 jogos por ano – o que resultaria num impacto considerável no faturamento.

Taxa de ocupação da Arena
2013 – 25,5% (11.790 pessoas, 21 jogos)
2014 – 26,6% (12.305 pessoas, 43 jogos)
2015 – 23,1% (10.680 pessoas, 41 jogos)

Os três primeiros anos de futebol em São Lourenço tiveram como parceiro regular apenas o Náutico, com jogos esporádicos de Santa Cruz e Sport. Com uma estimativa futura de 60 partidas, espera-se o cenário imaginado já para o primeiro ano da operação, com as 20 principais partidas do Trio de Ferro.

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

O relatório econômico da FGV sobre a danosa operação da Arena Pernambuco

O relatório econômico da FGV sobre a operação da Arena Pernambuco

A equipe técnica da Fundação Getúlio Vargas, contratada pelo governo do estado, passou quatro meses levantando todos os dados econômicos da Arena Pernambuco relacionados à sua operação, cujo contrato original (rompido) apontava 30 anos junto ao consórcio liderado pela Odebrecht. Finalizado pela FGV em 23 de dezembro, só agora, em 5 de março de 2016, foi publicado no Portal da Transparência. Trata-se de um calhamaço de 225 páginas.

O relatório econômico aponta um faturamento muito abaixo do previsto em contrato. Nos dois primeiros anos, apenas 20%, mostrando o quanto foi danoso o acordo na parceria público-privada. De julho de 2013 a junho de 2015, a receita projetada foi de R$ 226 milhões, com a receita obtida chegando a R$ 47 milhões.

Entre outros pontos, o documento aponta oito medidas a curto prazo para otimizar a mobilidade e, consequentemente, a operação do estádio. Tal ponto considera cenários de lotação no estacionamento. Além disso, traz o interesse do governo para tocar a Cidade da Copa em outros moldes, via programa Minha Casa, Minha Vida, com 3 mil apartamentos de 45m² e 1.200 casas de 60m².

O raio x vai muito além do futebol…  Mexe profundamente com o erário.

Governo rompe contrato com a Arena PE após seis anos. O acordo previa 33 anos

Nota oficial do Governo de Pernambuco rescindindo a concessão com o consórcio Arena Pernambuco

A parceria público-privada (PPP) entre o governo do estado e o consórcio Arena Pernambuco Negócios e Participações, formado por duas empresas da Odebrecht, foi assinado em 15 de junho de 2010. Três meses depois o BNDES aprovou o crédito de R$ 400 milhões para financiar a construção do estádio. O gasto seria bem maior, as obras de mobilidade não seriam finalizadas, a Cidade da Copa ficaria no papel, o contrato de operação seria bem dispendioso (com balanços negativos de R$ 29,7 milhões em 2013 e R$ 24,4 milhões em 2014), além do claro esvaziamento nas partidas, com taxa de ocupação abaixo de 25%. Esse mesmo empreendimento ficou sob a mira da Polícia Federal, que apontou a construção como resultado de uma “organização criminosa”.

Pois é, bronca acumulada. Cinco anos e nove meses depois, o distrato. Em nota, o governador Paulo Câmara (secretário de planejamento na gestão de Eduardo Campos, o idealizador da arena) anunciou a rescisão, justificada em nove pontos, após o parecer da Fundação Getúlio Vargas, sugerindo a revisão, e do Tribunal de Contas do Estado, que apontou 21 irregularidades. Assim, foi encerrado um contrato previsto para 33 anos, entre construção e operação. 

Obviamente, o caso irá à justiça. E será mais um entre governo e construtora, pois até o custo final da obra segue em discussão (502 mi x 743 mi). E o Náutico nessa situação? Há uma cláusula de extensão, que garante a continuidade do clube durante um período. Mas o contrato deve sair de cena, com o alvirrubro ficando atento às cláusulas rescisórias (com as indenizações).

Em negrito, observações do blog sobre a nota oficial do governo:

1) A Arena Pernambuco foi entregue em junho de 2013 e custou R$ 479.000.000,00 (base maio de 2009), tendo 75% da sua construção financiada pelo BNDES e sendo a mais barata entre as arenas construídas no Brasil, levando em conta a capacidade instalada;
A mais barata numa visão sui generis… Na prática, o estádio segue sem valor, pois foi preciso antecipar a abertura em oito meses, o que encareceu a obra – a empreiteira alega um aumento de R$ 264 milhões, com o governo admitindo ao menos R$ 23 milhões. Uma câmara de arbitragem decidirá o valor final. Aí sim, saberemos se foi “a mais barata”.

2) Após a realização da Copa das Confederações, a Arena começou a ser operada pela concessionária Arena Pernambuco Negócios e Participações, a quem cabe a obrigação de explorar economicamente o empreendimento;
Na ocasião, a Radial da Copa (acesso viário mais curto) não estava pronta, dificultando o acesso e, consequentemente, a exploração comercial.

3) Nesse período de exploração da Arena, o Governo do Estado de Pernambuco constatou que as receitas projetadas pela Concessionária não se confirmaram;
Essa falha também é do estado, pois já na concepção parecia claro, uma vez que o governo atrelou o contrato à presença dos três clubes, com os 20 principais jogos de cada um. Como só o Náutico assinou, foi preciso fazer um aditivo, garantindo um faturamento mínimo de R$ 73 milhões por ano. Caso não fosse alcançado, o estado completaria. Ou seja, um contrato excepcional para o consórcio, com receita mínima garantida.

4) Diante da diferença entre as receitas estimadas e as realizadas, o Governo do Estado decidiu fazer uso do mecanismo de revisão contratual e encomendou à Fundação Getúlio Vargas (FGV) a análise do aspecto econômico do contrato, seus custos, suas receitas, apontando caminhos para a execução ou rescisão contratual, sempre com vistas a se obter a solução mais vantajosa ao interesse público;
Ao mesmo tempo, o governo suspendeu o Todos com a Nota, que era uma das bases de faturamento da arena, tendo inclusive uma lei estadual obrigando os grandes clubes a atuar lá para seguir no programa.

5) O estudo da FGV sinalizou o que a equipe técnica do Governo do Estado já tinha constatado: que a frustração de receitas decorreu da subutilização do equipamento. Diante disso, o Governo decidiu rescindir o contrato; Pela lei, o contratado deve ser ressarcido do saldo devedor da obra, uma vez que o equipamento foi efetivamente construído, está em funcionamento e pertence a Pernambuco;
A subutilização do equipamento também passa pela infraestrutura oferecida, muito aquém da anunciada. Em vez de ter uma estação de metrô a 700 metros, ficou a 2,5 km, sem volta nos jogos de meia noite. Três anos após a conclusão, os clubes seguem sem o BRT até a arena.

6) No entanto, enquanto não houver uma decisão definitiva dos órgãos de controle quanto ao valor total da obra, o Governo do Estado não efetuará nenhum pagamento;
É o único estádio da Copa 2014 com valor total ainda desconhecido…

7) O Governo do Estado abrirá uma concorrência internacional para contratar uma nova empresa para a operação da Arena Pernambuco;
Em coletiva, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, revelou em fevereiro de 2016 que um grupo holandês, que conversou com o clube, também estaria de olho no possível fim do contrato da arena.

8) Importante destacar que o contrato de concessão foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), na decisão de n.o 0101011/2011; Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e BNDES;
Ou seja, passou pelo crivo de muita gente sem que ninguém se desse conta do tamanho da despesa que o estado teria na operação…

9) A análise encomendada pelo Governo do Estado de Pernambuco à Fundação Getúlio Vargas está disponível no Portal da Transparência.

Atualização. O consórcio divulgou uma nota sucinta (como sempre):

“A Arena Pernambuco esclarece que até o momento não recebeu qualquer notificação do Governo do Estado de Pernambuco formalizando a decisão de rescindir o contrato de concessão. Há uma arbitragem e uma negociação em curso com o poder concedente para a revisão dos termos do contrato. A concessionária esclarece que não tomou conhecimento do relatório final da Fundação Getúlio Vargas.”

Arena Pernambuco. Foto: Odebrecht/divulgação

Censo do Flamengo para mapear os 27 estados. PE tem o menor % do Nordeste

Censo do Flamengo em março de 2016

Apontado há décadas como dono da maior torcida do Brasil, o Flamengo teria 32 milhões de torcedores segundo o estudo mais recente do Ibope, realizado em 2014. Isso se reflete diretamente em audiência e compra de produtos, entre outras vertentes. Para tornar esse número mais concreto, o clube criou o Censo Rubro-Negro, para mapear a sua torcida nos 27 estados, à parte do quadro de sócios. No formato, basta cadastrar o CPF no site oficial, meio válido, pois a internet já conta com 100 milhões de brasileiros conectados.

Promovido pela empresa Golden Goal Gestão Esportiva, o cadastro será feito de 1º de março a 28 de abril. Em quatro dias o número chegou a 30 mil pessoas, com o público masculino correspondendo a 80%, já sendo possível conferir os percentuais absolutos por estado. Tema em outras oportunidades no blog, vamos à influência do Fla no Nordeste. Sem surpresa, Pernambuco apresenta o menor percentual, o único abaixo de 1% – algo tratado como orgulho local. O índice é ainda mais relevante ao considerar que o estado tem a segunda maior população da região (9,2 milhões), abaixo só da Bahia (15,1 mi).

Sobre a torcida do Urubu, um estudo da Pluri Consultoria, feito em 2012, indicava que até 74% da torcida flamenguista estaria fora do Rio de Janeiro, com o status de “torcida nacional”. Neste primeiro cenário do censo do clube, o número cai para 58%, sendo o Distrito Federal o maior colaborador (6,6%). Lembrando que o presidente do Fla, Eduardo Bandeira de Mello, havia dito que o clube teria a maior torcida em 24 estados, o que incluiria Pernambuco, estatística rechaçada pelo blog, através de todas as pesquisas já feitas por aqui.

Percentual absoluto do Censo Rubro-Negro (até 04/03/2016)
4,50% – Bahia (1.350)
2,30% – Maranhão (690)
2,00% – Ceará (600)
1,90% – Paraíba (570)
1,70% – Rio Grande do Norte (510)
1,50% – Piauí (450)
1,40% – Sergipe (420)
1,30% – Alagoas (390)
0,89% – Pernambuco (267)

Indo além da quantidade de torcedores do Flamengo, é válido ressaltar a ideia, que dará ao clube condições de estreitar o relacionamento com os seus seguidores. Seja em campanhas de marketing, lançamento de produtos, transmissões etc. Algo que poderia ser copiado por Náutico, Santa e Sport, que hoje têm em suas páginas oficiais no facebook o único meio de análise geral.

O raio x das torcidas de Sport, Santa e Náutico no Recife, por sexo, idade e renda

Mascotes de Sport, Náutico e Santa. Arte: Jarbas Domingos

A vigente revisão (para cima) na precificação de ingressos e mensalidades de sócios no futebol pernambucano, sobretudo no Sport, levantou o debate sobre o impacto das medidas em relação às respectivas torcidas. Seria um caminho necessário para o fortalecimento econômico do clube, cenário já visto no Corinthians e no Palmeiras? Seria um caminho excludente para a maioria da torcida? Ou seria apenas uma forma de afastar as torcidas organizadas?

As perguntas seguem em análise. Para reforçar o tema, o blog esmiuçou a última pesquisa de torcida realizada na capital pernambucana, pelo Plural Pesquisa. Em setembro de 2015 o instituto ouviu 800 pessoas no Recife, seguindo a divisão estatística da população, por sexo, faixa etária, grau de instrução e renda, com margem de erro de 3,46%. Indo além do tamanho absoluto de cada massa, número já publicado, o blog resolveu traçar um raio x de cada torcida, separadamente, numa projeção do estudo com o dado mais recente do IBGE, que aponta uma população de 1.617.183 habitantes.

Entre outras particularidades, o fato de o Leão, em maior número em todos os quesitos, ter mais torcedoras que torcedores. Em relação à renda, o tema original, 74% dos leoninos ganham no máximo dois salários mínimos. Logo, a imensa maioria é pobre. No Santa, reconhecido como “povão”, o mesmo índice é de 65%. Sobre a idade, a torcida timbu é, proporcionalmente, a mais velha, com 40% acima de 50 anos. Necessita de títulos para fomentar uma renovação.

Um verdadeiro perfil de rubro-negros, tricolores e alvirrubros…

Sport (39%) – 630.701 torcedores*
Sexo
304.677 (48%) – Homens
330.067 (52%) – Mulheres

Faixa etária
253.897 (40%) – 16-29 anos
241.202 (38%) – 30-49 anos
139.643 (22%) – Mais de 50 anos

Escolaridade
57.126 (9%) – Até o ensino fundamental I completo
247.550 (39%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
330.067 (52%) – Ensino médio completo a ensino superior completo

Renda familiar
253.897 (40%) – Até 1 salário mínimo
215.813 (34%) – De 1 a 2 salários min.
165.033 (26%) – Mais de 2 salários min.

Santa Cruz (28%) – 452.811 torcedores*
Sexo
232.308 (52%) – Homens
214.438 (48%) – Mulheres

Faixa etária
138.491 (31%) – 16-29 anos
174.231 (39%) – 30-49 anos
134.024 (30%) – Mais de 50 anos

Escolaridade
44.674 (10%) – Até o ensino fundamental I completo
187.633 (42%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
214.438 (48%) – Ensino médio completo a ensino superior completo

Renda familiar
147.426 (33%) – Até 1 salário mínimo
142.958 (32%) – De 1 a 2 salários min.
156.361 (35%) – Mais de 2 salários min.

Náutico (10%) – 161.718 torcedores*
Sexo
81.445 (51%) – Homens
78.251 (49%) – Mulheres

Faixa etária
39.924 (25%) – 16-29 anos
55.893 (35%) – 30-49 anos
63.878 (40%) – Mais de 50 anos

Escolaridade
9.581 (6%) – Até o ensino fundamental I completo
51.102 (32%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
99.012 (62%) – Ensino médio completo a ensino superior completo

Renda familiar
51.102 (32%) – Até 1 salário mínimo
52.699 (33%) – De 1 a 2 salários min.
55.893 (35%) – Mais de 2 salários min.

* A soma pode não chegar ou mesmo ultrapassar os 100% por causa com arredondamento, via Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).

Podcast 45 (221º) – Especial Leonardo

Ídolo do Sport e apontado como um dos melhores atacantes da história do clube, Leonardo morreu de forma precoce, aos 41 anos. A triste notícia repercutiu além do Recife, uma vez que ele foi convocado para a Seleção em 1995. O especial do 45 minutos traz convidados como Juninho Pernambucano (companheiro no Sport e no Vasco), Kuki (rival e amigo pessoal), Leão (técnico em 2000) e Wanderson Lacerda (presidente leonino que o contratou em 1992), além dos jornalistas André Gallindo, Tiago Medeiros e Paulo Vinícius Coelho, o PVC. Histórias, opiniões e debate sobre um jogador especial.

Confira um infográfico com a pauta do programa aqui.

Neste podcast, com 1h55, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Pernambucano passa de 100 mil pessoas nas arquibancadas após 68% dos jogos

Pernambucano 2016, 5ª rodada: Sport 2 x 0 Náutico. Crédito: Premiere/reprodução

O Campeonato Pernambucano precisou realizar 68% dos 92 jogos previstos em 2016 para ultrapassar a básica barreira de 100 mil torcedores contabilizados. Nas últimas rodadas, a média geral teve uma tímida evolução, com 1.392, 1.587 e 1.651. O salto deve ocorrer mesmo no mata-mata. Até lá, por mais que o hexagonal do título tente colaborar, o outro hexagonal, o da permanência, joga contra. Nesta atualização do levantamento de público e renda, feito pelo blog, foram somados seis jogos da fase que irá rebaixar dois clubes, com apenas 1.298 espectadores. O índice foi de 216 testemunhas! Inviável.

Sobre o ranking de público total, o Sport conseguiu alcançar a média de 10 mil. No entanto, o clube já disputou os seus dois clássicos na fase classificatória, ambos com 14 mil torcedores. O Náutico ainda jogará um, enquanto o Santa – atual “campeão das arquibancadas” – terá dois clássicos no Arruda. Já em relação à arrecadação, com R$ 1,6 milhão, a FPF já recolheu R$ 132.923, fazendo valer a taxa de 8% sobre todas as bilheterias.

Dados atualizados até 1º de março, com a 5ª rodada do hexagonal do título e a 8ª rodada do hexagonal da permanência.

1º) Sport (3 jogos como mandante, na Ilha do Retiro)
Público: 31.889 torcedores
Média de 10.633
Taxa de ocupação: 38.75%
Renda: R$ 679.217
Média: R$ 226.405
Presença contra intermediários (1 jogo): T: 2.786 / M: 2.786

2º) Náutico (2 jogos como mandante, na Arena)
Público: 12.189 torcedores
Média de 6.094
Taxa de ocupação: 13,29%
Renda: R$ 305.385
Média de R$ 152.692
Presença contra intermediários (1 jogo): T: 2.893 / M: 2.893

3º) Santa Cruz (2 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 11.625 torcedores
Média de 5.812
Taxa de ocupação: 11,49%
Renda: R$ 116.800
Média de R$ 58.400
Presença contra intermediários (2 jogos): T: 11.625 / M: 5.812

4º) Salgueiro (2 jogos como mandante, no Cornélio de Barros)
Público: 7.295 torcedores
Média de 3.647
Taxa de ocupação: 30,21%
Renda: R$ 27.537
Média: R$ 13.768

5º) Central (6 jogos como mandante, no Lacerdão)
Público: 17.017 torcedores
Média de 2.836
Taxa de ocupação: 14,18%
Renda: R$ 333.675
Média de R$ 55.612

6º) América (5 jogos como mandante, sendo 3 no Ademir, 1 na Ilha e 1 no Arruda*)
Público: 4.581 torcedores
Média de 916

Taxa de ocupação: 3,96%
Renda: R$ 80.290
Média de R$ 16.058 
* Ainda houve mais um jogo de portões fechados

Geral – 62 jogos (1ª fase, hexagonais do título e da permanência e mata-mata)*
Público total: 102.363
Média: 1.651 pessoas
Arrecadação: R$ 1.661.549
Média: R$ 26.799
* Foram realizadas 63 partidas, mas 1 jogo ocorreu de portões fechados.

Fase principal – 15 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 77.115
Média: 5.141 pessoas
Arrecadação: R$ 1.444.414
Média: R$ 96.294

As médias das fases principais anteriores (hexagonal do título e mata-mata):
2015 – 10.122 pessoas (38 jogos)
2014 – 11.859 pessoas (38 jogos)

Pernambucano 2016, 5ª rodada: Central 0x1 Santa Cruz. Crédito: Rede Globo/reprodução

As referências pernambucanas no bar temático de futebol em São Paulo

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Ao entrar em um bar temático de futebol, a reação do público é quase sempre a mesma. A procura de uma relação com a sua origem, pela representatividade. Seja com uniforme, foto, flâmula, ingresso, faixa de campeão, carteira de sócio etc. Numa passagem em São Paulo, fui ao bar São Cristóvão, homenageando o carismático (e frágil) clube carioca que revelou Ronaldo Fenômeno.

Fincado na Vila Madalena desde abril de 2000, o local conta com incontáveis peças, até no teto. Barça e Real? Estão lá, mas se ficasse nisso, francamente, não teria tanta graça. Vá além. Pense em Auto Esporte-PB, Alecrim-RN, Galícia-BA. Estão todos lá. Muitas levadas pelos próprios clientes. O motivo? A presença do rival na parede. O futebol pernambucano, claro, está representado. Logo na entrada, uma flâmula do Sport sobre o título da Copa do Brasil de 2008 – admito que esta me causou surpresa, pois caso o Timão tivesse ficado com o título, seria bem improvável encontrar o mesmo objeto num bar no Recife.

Dentro, uma faixa do Santa Cruz pelo título estadual de 2011 e uma flâmula antiga do Náutico. Na parede do espaço central, duas pequenas garrafas de cachaça de Central e Porto, juntas. Reconhecido nacionalmente (pela ruindade), o Íbis também se faz presente com um uniforme. No bar ainda é possível ver adesivos dos clubes na chopeira e até uma bandeira do Leão

Ao sair do bar, a reação é quase sempre a mesma… Tirar fotos.

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP

Bar São Cristóvão, em São Paulo. Foto: Cassio Zirpoli/DP