O Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) realizou um estudo no Recife, em maio, constando no relatório a clássica pergunta “Para qual time você torce?”. O destaque em relação à última pesquisa, feita há dois anos, é o crescimento do Trio de Ferro, passando de 62,9% para 77,3%. Um domínio absoluto na capital. Para isso, ajudou a redução da camada “sem clube”, de 26% para 16,9%. Simpatizantes ou não, indicaram clubes locais no questionário.
Encomendado pelo portal Leia Já, o levantamento chega à terceira versão. Foram 624 entrevistados, o mesmo número dos quadros anteriores, com divisão por sexo, faixa etária, escolaridade e renda, trazendo mais elementos ao popular debate sobre o perfil das maiores torcidas pernambucanas.
No geral, o Sport segue à frente. Entretanto, considerando a margem de erro, é possível um resultado distinto em relação ao Santa (32,1% x 32,4%). Como ocorre em todas as pesquisas postadas no blog, mensurei os percentuais com a população oficial da localidade, segundo o dado mais recente do IBGE.
Instituto Maurício de Nassau / Recife 2016
Período: 3 a 4 de maio de 2016
Público: 624
Margem de erro: 4,0%
População estimada (IBGE/2015): 1.617.183
1º) Sport – 36,1% (583.803)
2º) Santa Cruz – 28,4% (459.279)
3º) Náutico – 12,8% (206.999)
Outros times – 1,9% (30.726)
Sem clube – 16,9% (273.303)
Sem resposta – 3,9% (63.070)
A evolução dos percentuais do trio, segundo o instituto (2013, 2014 e 2016) Sport – 32,3%, 28,4% e 36,1% Santa – 19,0%, 21,2% e 28,4% Náutico – 16,0%, 13,3% e 12,8%
Relembre as pesquisas do IPMN no Recife em 2013 e 2014 clicando aqui.
Comprovando o cenário de resistência, com preferência local, Pernambuco apresentou o menor percentual do time mais popular do país, o único abaixo de 1% na região. O índice é ainda mais relevante ao considerar que o estado tem a segunda maior população (9,2 milhões), abaixo apenas da Bahia (15,1 milhões). Em todos os estados, porém, é necessário destacar a possível influência do cadastro via internet, o que pode limitar a participação da torcida de baixa renda.
A cada ano a Globo Nordeste elabora um plano comercial para negociar as inserções de patrocinadores nos jogos do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste. O documento sempre traz dados relacionados à audiência de futebol, assim como o perfil do público. O relatório de 2016 aponta uma audiência de 974 mil pessoas a cada minuto de transmissão, somando os jogos exibidos nos dois torneios, de acordo com Kantar Ibope Media Workstation. Numa visível evolução, as mulheres já representam metade da audiência.
No último ano, 14 jogos no estadual e 10 no regional tiveram transmissão aberta para a capital pernambucana. Todos lideraram a audiência, com 38,5% do público que assistiu à primeira partida acompanhando todos os jogos na grade – o número representa 1,2 milhão de recifenses. Apesar de o quadro focar na capital, o alcance da emissora chega a 54 municípios, com 5.205.882 telespectadores potenciais – as demais cidades têm a cobertura de outras filiadas, a TV Asa Branca, de Caruaru, e a TV Grande Rio, de Petrolina.
Voltando ao “perfil”, vale comparar com alguns dados apresentados no plano de 2012, na ocasião com 500 mil telespectadores por minuto – o que expõe a atual influência dos mata-matas do Nordestão. Sobre o Pernambucano, o canal paga R$ 3,84 milhões aos clubes, por edição. O contrato vai até 2018.
Três anos após a sua última pesquisa de torcidas, o Paraná Pesquisas voltou a mensurar as massas futebolísticas do Brasil. O estudo, o primeiro de âmbito nacional em 2016, foi encomendado pelo globoesporte.com e traz os 14 clubes mais populares, enquanto o anterior trouxe 22 – os demais times, desta vez, somam 10%. No topo do país, nenhuma mudança, com o tridente Flamengo, Corinthians e São Paulo representando 38%.
No cenário local, apenas o Sport foi listado. No entanto, em relação ao levantamento anterior do instituto, os números leoninos caíram, algo aceitável, dentro da margem de erro. Com 1,89% na ocasião, o Sport era o 11º no geral, à frente no Nordeste. Agora, aparece com 1,5%, caindo para o 14º lugar, na segunda colocação na região, atrás do Bahia, que foi de 1,73% para 1,8%. Considerando o dado mais recente da população, divulgado pelo IBGE em agosto de 2015, a projeção do Rubro-negro aponta três milhões de seguidores.
Uma novidade neste levantamento foi a inclusão de uma segunda pergunta. Além da clássica “Para qual time você torce?”, o questionário também tinha “Qual é o time que você mais odeia?”. Neste caso, deu Timão, com 14,6%, com o Fla tendo 8,6%. Quase metade dos entrevistados, 46,9%, alegou simpatizar com todos os times. Nenhum nordestino chegou a 1% neste quesito.
Obs. Caso a lista completa de clubes seja divulgada, com Santa Cruz e Náutico, o post será atualizado.
Paraná Pesquisas / Brasil 2016
Período: março e abril de 2016
Público: 4.066 (214 municípios)
Margem de erro: 1,5%
População estimada (IBGE/2015): 204.450.649
Historicamente, os grandes clubes do Recife perdem torcida na proporção da distância da BR-232, que corta o estado, em relação ao Marco Zero. A partir de Caruaru, a curva fica mais acentuada, com pequena influência no Sertão, caindo 68,7% no Grande Recife para 11,2%, segundo o Instituto Opine, em 2008. Contudo, pesquisas na região sertaneja são mais raras em termos de amostragens. Daí, a importância do levantamento feito pela Plural Pesquisa somente no município de Salgueiro, hoje o maior centro de futebol da mesorregião, a 515 quilômetros do litoral. O instituto foi contratado para fazer um levantamento particular, ouvindo 300 pessoas, e no embalo – com a autorização do contratante – adicionou a pergunta “Qual é o time de futebol que você torce?”.
Profissionalizado há apenas dez anos, o Salgueiro ostenta uma regularidade na Série C, tendo ascendido uma vez à Segundona, e na década atual vêm brigando quase sempre no mata-mata local. Assim, ganhou força e apoio. O vice-campeão estadual de 2015 apareceu como a maior torcida, desbancando o Flamengo, tido como hegemônico há muito tempo. Hoje, quase 1/5 de Salgueiro torce pelo time da casa, que não por acaso criou uma campanha de sócios – a maior dos times do interior, com mais de duas mil adesões. Curiosamente, Salgueiro e Flamengo se enfrentaram na Copa do Brasil de 2015, com classificação carioca, na maior bilheteria do Cornélio de Barros: R$ 570.200.
Quanto ao Trio de Ferro, nota-se uma fraca representatividade no estudo, não chegando a 4%, ou 2.390 pessoas. O Sport, o melhor colocado, é apenas o sexto lugar na lista geral, enquanto o Santa Cruz não alcançou sequer 1%. Se os times da capital seguem distantes, o lado (bastante) positivo é o fortalecimento do Salgueiro, com um raríssimo domínio municipal no interior.
Plural / Salgueiro 2016
Período: 2 a 6 de março de 2016
Público: 300 entrevistados
Margem de erro: 5,66%
População estimada (IBGE/2015): 59.769
No Dia Internacional da Mulher, eis as homenagens de Náutico, Santa Cruz e Sport em 2016, através de suas páginas oficiais nas redes sociais.
Nada mais justo, com as mulheres cada vez mais presentes com os uniformes locais e nos estádios. Considerando a última divisão por sexo divulgada numa pesquisa de torcida no estado, da Plural Pesquisa em 2013, seriam quase dois milhões de mulheres apaixonadas pelo clubes da capital. Confira as projeções das torcidas femininas do Trio de Ferro em Pernambuco e no Recife, e o quanto elas representam no total de aficionados de cada agremiação.
Pernambuco (Plural 2013) Sport – 1.139.598 (53%) Santa Cruz – 494.519 (39%) Náutico – 329.642 (55%)
Total: 1.963.759, com a divisão Sport 58%, Santa 25% e Náutico 16%.
Recife (Plural 2015) Sport – 330.067 (52%) Santa Cruz – 214.438 (48%) Náutico – 78.251 (49%)
Total: 622.756, com a divisão Sport 53%, Santa 34% e Náutico 12%.
Apontado há décadas como dono da maior torcida do Brasil, o Flamengo teria 32 milhões de torcedores segundo o estudo mais recente do Ibope, realizado em 2014. Isso se reflete diretamente em audiência e compra de produtos, entre outras vertentes. Para tornar esse número mais concreto, o clube criou o Censo Rubro-Negro, para mapear a sua torcida nos 27 estados, à parte do quadro de sócios. No formato, basta cadastrar o CPF no site oficial, meio válido, pois a internet já conta com 100 milhões de brasileiros conectados.
Promovido pela empresa Golden Goal Gestão Esportiva, o cadastro será feito de 1º de março a 28 de abril. Em quatro dias o número chegou a 30 mil pessoas, com o público masculino correspondendo a 80%, já sendo possível conferir os percentuais absolutos por estado. Tema em outras oportunidades no blog, vamos à influência do Fla no Nordeste. Sem surpresa, Pernambuco apresenta o menor percentual, o único abaixo de 1% – algo tratado como orgulho local. O índice é ainda mais relevante ao considerar que o estado tem a segunda maior população da região (9,2 milhões), abaixo só da Bahia (15,1 mi).
Percentual absoluto do Censo Rubro-Negro (até 04/03/2016) 4,50% – Bahia (1.350) 2,30% – Maranhão (690) 2,00% – Ceará (600) 1,90% – Paraíba (570) 1,70% – Rio Grande do Norte (510) 1,50% – Piauí (450) 1,40% – Sergipe (420) 1,30% – Alagoas (390) 0,89% – Pernambuco (267)
Indo além da quantidade de torcedores do Flamengo, é válido ressaltar a ideia, que dará ao clube condições de estreitar o relacionamento com os seus seguidores. Seja em campanhas de marketing, lançamento de produtos, transmissões etc. Algo que poderia ser copiado por Náutico, Santa e Sport, que hoje têm em suas páginas oficiais no facebook o único meio de análise geral.
A vigente revisão (para cima) na precificação de ingressos e mensalidades de sócios no futebol pernambucano, sobretudo no Sport, levantou o debate sobre o impacto das medidas em relação às respectivas torcidas. Seria um caminho necessário para o fortalecimento econômico do clube, cenário já visto no Corinthians e no Palmeiras? Seria um caminho excludente para a maioria da torcida? Ou seria apenas uma forma de afastar as torcidas organizadas?
Entre outras particularidades, o fato de o Leão, em maior número em todos os quesitos, ter mais torcedoras que torcedores. Em relação à renda, o tema original, 74% dos leoninos ganham no máximo dois salários mínimos. Logo, a imensa maioria é pobre. No Santa, reconhecido como “povão”, o mesmo índice é de 65%. Sobre a idade, a torcida timbu é, proporcionalmente, a mais velha, com 40% acima de 50 anos. Necessita de títulos para fomentar uma renovação.
Um verdadeiro perfil de rubro-negros, tricolores e alvirrubros…
Sport (39%) – 630.701 torcedores* Sexo
304.677 (48%) – Homens
330.067 (52%) – Mulheres
Faixa etária
253.897 (40%) – 16-29 anos
241.202 (38%) – 30-49 anos
139.643 (22%) – Mais de 50 anos
Escolaridade
57.126 (9%) – Até o ensino fundamental I completo
247.550 (39%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
330.067 (52%) – Ensino médio completo a ensino superior completo
Renda familiar
253.897 (40%) – Até 1 salário mínimo
215.813 (34%) – De 1 a 2 salários min.
165.033 (26%) – Mais de 2 salários min.
Santa Cruz (28%) – 452.811 torcedores* Sexo
232.308 (52%) – Homens
214.438 (48%) – Mulheres
Faixa etária
138.491 (31%) – 16-29 anos
174.231 (39%) – 30-49 anos
134.024 (30%) – Mais de 50 anos
Escolaridade
44.674 (10%) – Até o ensino fundamental I completo
187.633 (42%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
214.438 (48%) – Ensino médio completo a ensino superior completo
Renda familiar
147.426 (33%) – Até 1 salário mínimo
142.958 (32%) – De 1 a 2 salários min.
156.361 (35%) – Mais de 2 salários min.
Faixa etária
39.924 (25%) – 16-29 anos
55.893 (35%) – 30-49 anos
63.878 (40%) – Mais de 50 anos
Escolaridade
9.581 (6%) – Até o ensino fundamental I completo
51.102 (32%) – Ensino fundamental II incompleto a ensino médio incompleto
99.012 (62%) – Ensino médio completo a ensino superior completo
Renda familiar
51.102 (32%) – Até 1 salário mínimo
52.699 (33%) – De 1 a 2 salários min.
55.893 (35%) – Mais de 2 salários min.
* A soma pode não chegar ou mesmo ultrapassar os 100% por causa com arredondamento, via Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
O Diario de Pernambuco traz em sua edição de domingo uma pesquisa do instituto Datamétrica projetando o tamanho das torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico na capital pernambucana. O levantamento ouviu 400 pessoas de diferentes perfis e bairros no fim de dezembro, tendo ainda um questionamento sobre a expectativa futebolística em 2016, como o título estadual e a participação no Campeonato Brasileiro. A reportagem esmiuçou todos os dados em duas páginas no jornal, com o blog focando na pesquisa principal.
No histórico do blog, esta foi a quinta pesquisa direcionada ao Recife nos últimos três anos. Em todas, a ordem se manteve, com rubro-negros, tricolores e alvirrubros, com a diferença dos números dentro da margem da erro. Desta vez, os percentuais seriam: Sport de 34,1% a 43,9%, Santa de 19,1% a 28,9% e Náutico 7,1% a 16,9%. Nesta abordagem, surpreende a torcida de outras equipes, que não chegou sequer a 1%. Já a quantidade de gente que não acompanha futebol toma quase 1/4 da população. Bastante, sobretudo se considerarmos que trata-se do maior centro econômico do estado.
Como sempre, o blog projetou o levantamento estatístico de acordo com a população oficial, levantada e informada pelo IBGE, no período correspondente. Com 75% da preferência local, o Trio de Ferro teria 1,2 milhão de torcedores somente na capital. Um número respeitável.
Confira a divisão dos entrevistados por sexo, faixa etária e escolaridade aqui.
Datamétrica / Recife 2015
Período: 29 e 30 de dezembro de 2015
Público: 400 entrevistados
Margem de erro: 4,9%
População estimada (IBGE/2015): 1.617.183
1º) Sport – 39% (630.701)
2º) Santa Cruz – 24% (388.123)
3º) Náutico – 12% (194.061)
Outros times – 1% (16.171)*
Sem clube – 23% (371.952)
Não sabe/não respondeu – 1% (16.171) *1% incompleto
Nas pesquisas de torcida, um ponto que gera bastante discussão é a “margem de erro”, ampliando ou reduzindo as massas a cada ano, na visão dos mais variados institutos. Tudo na base da projeção, obviamente. Daí, a curiosidade ao comparar as duas pesquisas de uma mesma empresa, numa mesma região e em épocas bem próximas. Paralelamente à análise de satisfação para clientes, a Plural Pesquisa questionou as 1.600 pessoas abordadas no Recife sobre a preferência clubística. Metade em junho e a outra em setembro. Num intervalo de apenas 90 dias, resultados distintos no futebol local.
A metodologia foi a mesma, com uma margem de erro de 3,46%. E aí está o dado interessante, pois nenhuma resposta quantificada na segunda pesquisa ultrapassou a margem do levantamento anterior. O Sport subiu de 36% para 39%, chegando a 630 mil rubro-negros, já mensurados com a nova estimativa do IBGE para a cidade, divulgada em agosto. Curiosamente, a projeção do Santa caiu na mesma proporção, de 31% para 28%. Numa leitura mais simples, trata-se da parcela volátil da torcida, seja por resultados dos jogos, audiência, relações sociais etc. Já o Náutico é outro ponto “a favor” do universo estatístico, pois manteve os 10% nas duas pesquisas, com entrevistados diferentes, mas dentro do mesmo raio x (sexo, idade, escolaridade e renda familiar).
Para terminar, a inserção do Corinthians na capital pernambucana. Se até junho aparecia junto a outros times, agora já se destaca com o percentual próprio (1%), justamente na diminuição dos não torcedores (de 22% para 20%).
Plural / Recife 2015 (2)
Período: setembro de 2015
Público: 800 entrevistados
Margem de erro: 3,46%
População estimada (IBGE/2015): 1.617.183