Ainda em 2012, ao garantir a pré-vaga na Copa Sul-americana, o departamento de marketing do Náutico lançou um vídeo chamado de Missão Sul-americana, com destaque para a pergunta, em tom de rivalidade, “¿Hablas castellano?”.
A frase, dita bastante pelos alvirrubros nesta temporada, acabou virando o mote do inédito confronto pernambucano no torneio internacional, que terminou com uma vitória por 2 x 0 para cada lado e vitória nos pênaltis do Sport, com Magrão em noite inspirada, defendendo três penalidades.
Instantes após a classificação às oitavas de final da competição, na primeira fase com um adversário estrangeiro, o perfil oficial do Leão no Instagram postou uma montagem, devolvendo a provocação (veja aqui).
Esse tipo de rivalidade no futebol, já comum entre as torcidas nas redes sociais, é pra lá de sadia. Na Argentina, os “afiches”, como são conhecidas as montagens com frases provocativas – muitas delas feitas por torcedores -, são bastantes populares, com espaços até na grande imprensa. Sem apelação.
Pelo visto, as montagens dos perfis oficiais no Recife não vão parar por aí…
Pela quinta vez em sua história, o Sport jogará de forma oficial no exterior. As quatro primeiras partidas aconteceram nas duas participações na Taça Libertadores da América, em 1988 e 2009. Saldo de três vitórias e uma derrota.
1988 – Universitario 1 x 0 Sport (Lima, Peru)
1988 – Alianza 0 x 1 Sport (Lima, Peru)
2009 – Colo Colo 1 x 2 Sport (Santiago, Chile)
2009 – LDU 2 x 3 Sport (Quito, Equador)
Agora, pela Copa Sul-americana, é a vez de viajar para o Paraguai…
Do Aeroporto Internacional dos Guararapes até Assunção, a capital do país.
No acanhado estádio Nicolás Leoz, o Leão enfrentará o Libertad, no jogo de ida pelas oitavas de final do torneio, em setembro. Um time tarimbado nos torneios no continente, com 14 participações na Libertadores e 9 na Sul-americana.
À margem dos populares Olimpia e Cerro Porteño, o Libertad ficou 26 anos sem ganhar a liga nacional. O hiato acabou em 2002. Desde então, ergueu o troféu paraguaio oito vezes, dominando o cenário. Neste período, os dois principais rivais ganharam, juntos, cinco campeonatos. Ao todo, o Repollero tem 16 títulos.
2013 – Libertad x Sport (Assunção, Paraguai)
A partida de volta, valendo a vaga nas quartas de final, será na Ilha do Retiro.
A emoção no clássico internacional foi até o limite deste 28 de agosto de 2013…
Até a agônica disputa de pênaltis, a primeira na história da Arena Pernambuco, com 8.320 torcedores presentes num dia de caos, com apagão e tudo mais.
Mas ainda havia tempo para um personagem iluminado nesta noite.
Em uma quarta-feira pioneira para o futebol pernambucano, com o primeiro clube do estado classificado às oitavas de final da Copa Sul-americana, o Sport.
Foi uma disputa de parar o estado, sobretudo diante da televisão, ligadíssima, após a vitória timbu por 2 x 0 no tempo normal.
Com uma cabeçada de Elicarlos, nos descontos do primeiro tempo, e um golaço do uruguaio Oliveira, no início da etapa final, o Alvirrubro reverteu o quadro da Ilha, sendo bem superior ao Leão, ocupando os espaços e atacando no embalo de Morales, ao contrário do visitante, tentando controlar a partida.
Só a partir daí o dono da noite só seria conhecido. Um velho conhecido.
Olivera abriu a série de cobranças. Chutou no canto esquerdo do goleiro Magrão. Com os dois braços bem esticados, firmes, o ídolo leonino espalmou, abrindo o caminho para a histórica vaga.
Felipe Azevedo, ao contrário de sua finalização nos minutos finais do jogo, quando estava livre, desta vez bateu forte, sem chances para Berna.
Mais um alvirrubro na cal. Tiago Real, outro protagonista da vitória no tempo normal. Escolheu o mesmo canto do uruguaio. Magrão também. Triscou na bola, que bateu no travessão, quicou em cima da linha e não entrou. Naquele momento, o camisa 1 da Ilha já deixava o Sport com uma vantagem enorme.
Marcelo Cordeiro, que entrara para cobrir o rombo deixado pelo expulso Peri, só confirmou a vantagem de dois gols nos tiros livres diretos. No anel superior a gritaria já era grande no cantinho esquerdo.
Veio Belusso, que enfim marcou para Timbu, num alento. Magrão saltou novamente para o seu lado esquerdo, inverso ao chute do atacante.
Patric, enchendo o pé, deixou o Rubro-negro com o aproveitamento perfeito nas cobranças. A partir dali, qualquer erro alvirrubro ou conversão leonina liquidaria a fatura para o Sport.
Aconteceu logo na primeira oportunidade, de forma arrebatadora.
Rogério mandou à meia altura, no lado direito de Magrão. Lá estava o atleta com mais de 400 partidas pelo Sport, pronto para mais uma defesa, novamente escrevendo seu nome na história do clube.
Magrão, ou “Magrón”, definiu o triunfo nos pênaltis, por 3 x 1 , num daqueles jogos que estarão sempre presentes na antologia do Clássico dos Clássicos em qualquer listinha de torcedor. Com um nome especial na lembrança.
Mais um apagão de grandes proporções no Nordeste. A falta de luz em toda a região está acontecendo em um ritmo cada vez mais acelerado, preocupante. Em relação ao futebol, vale informar então sobre a capacidade dos estádios pernambucanos em situações atípicas como esta.
Os três estádios do Recife, Arruda, Ilha do Retiro e Aflitos, são abertos com geradores provisórios ligados ao sistema de refletores. É uma fórmula para evitar bloqueios parciais de energia elétrica, apesar do consumo regular via Celpe. Esses geradores são iInsuficiente manter uma partida inteira à noite.
Neste novo apagão em 2013, com o inédito clássico agendado na Arena Pernambuco, surgiu a preocupação sobre a operação do empreendimento. A direção do consórcio logo informou que a estrutura é “diferenciada”. De fato, são três vetores para o fornecimento de energia elétrica ao estádio.
3 geradores a óleo diesel
1 usina de usina solar fotovoltaica (1 mil kilowatts de potência, desde julho)
1 subestação da Celpe (40 mil kilowatts de potência, desde abril)
As instalações são suficientes para a realização de um jogo completo, além da iluminação na área externa do complexo multiuso, de 52 hectares, incluindo, claro, o estacionamento.
Portanto, o novo estádio pernambucano conta com um sistema preparado para o momento atual, de risco. O resto da região, com o caos vivido por todos nos nove estados, mostra que ainda há muito por fazer.
O uso da psicologia no futebol brasileiro remete desde o primeiro título mundial do país. Em 1958, a delegação verde e amarela viajou para a Suécia acompanhada do psicólogo João Carvalhaes. Lá, a Seleção conquistou a Copa.
O trabalho não é recorrente. Geralmente, o “coaching” surge durante um desempenho ruim nos gramados. No Recife, os três clubes já tentaram.
O Santa, com a coach Desirée Farah em 2013, é mais um caso nesse perfil. Especialista em gestão de recursos humanos, Desirée comandará sessões com elenco para elaborar um diagnóstico e estratégias de comportamento.
Em 2010, o Náutico contou com José Luiz Tavares. Em 2011, o Sport trouxe Suzy Fleury, psicóloga com formação em coaching e famosa ao ser a primeira mulher na comissão técnica da Canarinha, em 2000, sob comando de Luxemburgo. Todos os trabalhos foram curtos, aquém dos prazos estipulados.
Sobre este tipo de trabalho, um breve resumo.
“O psicólogo do esporte não é mágico, não tem uma bola de cristal e também nenhuma pílula que solucione todos os problemas. Ele estuda o comportamento do atleta e o ambiente a sua volta. E a partir daí pode propor intervenções para modificar esse comportamento e, assim, melhorar seu rendimento.”
“A preparação psicológica é um processo, e deve fazer parte da preparação global do atleta. Quando se fala em Psicologia, em um acompanhamento de um psicólogo, logo imaginamos o contexto de um consultório. O trabalho do psicólogo do esporte é um pouco diferente do psicólogo clínico, ele irá acompanhar o atleta no seu dia a dia, durante o período de treinamento e competição e o foco principal é o desempenho. ”
Os dois parágrafos acima fazem parte do artigo de Sâmia Hallage Figueiredo, doutora pelo Instituto de Psicologia da USP. Confira a íntegra aqui.
O Google Maps mapeou todo o mundo via satélite, disponibilizando imagens, mapas, tudo detalhado, com zoom. A atualização é semestral – ainda que parcial em algumas regiões. Na nova versão do site, enfim surgiu a Arena Pernambuco, isolada, cercada por muito verde. A versão anterior só mostrava o terreno acidentado em São Lourenço da Mata (veja aqui).
Na nova versão, o estádio ainda estava na reta final das obras. Somente na próxima, em 2014, o estádio irá aparecer na versão definitiva.
“Ficam chamando a gente de comedor de farinha. Tem que respeitar”.
Frase do goleiro Flávio, da equipe júnior do Sport, após a vitória nos pênaltis contra o Grêmio, nas quartas de final da Taça Belo Horizonte da categoria.
O camisa 1 do time Sub 20 da Ilha acusou atletas adversários de terem exagerado nas provocações durante a partida.
No futebol, no calor das partidas, alguns jogadores usam a provocação como artifício para desestabilizar o adversário. O flerte com o preconceito é constante, quase inerente. A partir disso vale uma reflexão mais sociológica…
Em que momento da história brasileira comer farinha se tornou algo depreciativo para o nordestino, na visão de algumas de pessoas do Sudeste-Sul?
Certamente, não é de hoje. Recue algumas décadas na história.
Há tempos, existe esse preconceito, possivelmente acompanhado da migração de cidadãos da região para estados abaixo da Bahia.
No Rio de Janeiro não é incomum um nordestino ser chamado de “Paraíba”, tampouco em São Paulo, com a denominação de “baiano” para qualquer um.
Obviamente, não é generalizado. E vem caindo a cada ano.
Mas não há como negar. Ainda existe. Ainda é uma tentativa de diminuir um povo a partir de sua culinária, entre outra série de fatores.
Vai do convívio no dia a dia, no trabalho e até mesmo num jogo de futebol.
Uma pena para quem acha isso, pois farinha no almoço é uma delícia…
O projeto da arena em São Lourenço foi anunciado pelo governador do estado em 15 de janeiro de 2009. O isolado terreno a 19 quilômetros de distância do Marco Zero seria integrado a uma série de ações de mobilidade.
Duplicação da rodovia BR-408, criação do corredor Leste/Oeste e a ampliação do metrô. A linha metroviária já passava próximo ao local, mas havia a necessidade de uma estação. Em uma obra arrastada, a Estação Cosme e Damião foi criada. A justificativa pioneira de sua existência foi, sim, o estádio.
O tempo passou, o estádio também foi erguido, a estação foi testada, veio a Copa das Confederações e, enfim, o primeiro clássico pernambucano…
Marcado para as 21h50 de uma quarta-feira. O jogo acabará, em situações normais, por volta de meia-noite. Qualquer atraso ou decisão por pênaltis e o duelo entrará pela madrugada. Pois bem. O Metrorec, a companhia pública responsável pela coordenação do metrô na região metropolitana, confirma que o trabalho no dia será encerrado no tempo padrão, às 23h.
Acredite, o principal modal para o estádio, segundo o próprio governador do estado há quatro anos, no pomposo anúncio, não funcionará plenamente.
Num clássico, numa demanda de organização bem maior, e o metrô só irá operar na ida? O Metrorec alega que o horário da partida é justamente o da manutenção. Só “esqueceram” do novo estádio de R$ 650 milhões, que dependerá dos trilhos por muitos anos. Inclusive nos jogos à noite…
Creio que até o jogo o esquema será modificado. Ou será uma desmoralização.
A estrutura de segurança no futebol pernambucano ganhou uma delegacia exclusiva. Oficializada em 21 de junho, através do Diário Oficial do Estado, a Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva já está em atividade.
Sediada no bairro de São José, na sede da Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core), a nova unidade da polícia civil pernambucana foi criada com um objetivo claro, segundo o artigo 8º da lei de nº 15.026.
Compete em especial:
a) prevenir e reprimir, com exclusividade no município do Recife e Região Metropolitana, as agressões à ordem pública oriundas de torcidas organizadas em grandes eventos esportivos;
b) desenvolver, quando a apuração exigir uniformidade de ação ou maior especialização, concorrentemente com as Delegacias Circunscricionais do Estado de Pernambuco, ações de investigação policial, pertinentes a delitos relacionados a eventos esportivos ou outros em que se realizem competições, demonstrações e/ou treinamentos, quando tenham ligação ou em razão da atividade esportiva.
Vale lembrar que o futebol pernambucano já contava, desde 2006, com o Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo do Torcedor (Jetep), com instalações nos três maiores estádios recifenses. Até hoje, o juizado já registrou cerca de 200 processos cíveis e 1.500 processos criminais.
A ideia é que a delegacia e o juizado trabalhem em conjunto. E que os infratores sejam realmente punidos, pois o Ministério Público de Pernambuco levantou 800 crimes, nos últimos cincos anos, envolvendo supostos integrantes das três principais uniformizadas do estado. Nota-se que a nova delegacia terá trabalho.
A segurança no clássico na Arena Pernambuco deve contar com um plano diferenciado em relação aos jogos nos Aflitos, Arruda e Ilha do Retiro.
Em todos, o perímetro de segurança se estende por um raio de cinco quilômetros. Neste caso, a distância não chega a 1/3 do percurso entre o Marco Zero e o estádio em São Lourenço da Mata.
Portanto, mais atenção nas rodovias federais até o empreendimento, além do mais que comentado metrô. No caso, as estradas BR-232 e BR-408. Por isso, a segurança será feita já na escolta do público, com viaturas espalhadas.
Ao todo, a segurança no clássico internacional entre Náutico e Sport na arena será feita por 820 policiais, além de 300 vigilantes privados e 120 orientadores.
Apesar do novo plano, considerando os nove clássicos locais nesta temporada, o duelo derradeiro será apenas o 5º maior efetivo (veja aqui).
Ao contrário dos clássicos nos palcos tradicionais, na arena haverá, entre outras particularidades, estacionamento para as duas torcidas.
O acesso via carros, van e ônibus fretados, será feito pela BR-408, mas com entradas alternativas. Aos alvirrubros, no sentido Recife/São Lourenço, o acesso será na pista local, por baixo do viaduto na entrada do estádio.
Aos rubro-negros, no mesmo sentido, a entrada será logo após o viaduto, à direita, com destino ao estacionamento noroeste.
A segurança agora se estenderá por cerca de 20 quilômetros. Mais fiscalização.