Do Recife às Eliminatórias. Brasil, Bolívia, Togo, Guiné, Venezuela e Costa Rica

Leomar, Juan Arce, Peña e Rodney Wallace jogando nas seleções do Brasil, Bolívia, Venezuela e Costa Rica

O futebol pernambucano nunca emplacou um jogador em uma Copa do Mundo, mas já tem um histórico de convocações efetivas para as Eliminatórias, em quatro das últimas cinco edições. Até hoje foram oito nomes, sendo dois brasileiros, dois bolivianos, um togolês, um equato-guineense, um venezuelano e um costarriquenho. Cinco do Sport, um do Náutico e um do Serra Talhada. Após três temporadas de hiato no cenário local, o lateral rubro-negro Rodney Wallace foi lembrado para o qualificatório da Concacaf, mas como meia. Presente desde 2011, atuou 18 vezes em sua seleção, com 3 gols marcados.

Antes dele, Bosco e Leomar, convocados para a Seleção por Candinho e Leão, respectivamente, Arce, Chumacero, Peña e dois brasileiros naturalizados. Hamilton, de Togo, e Danilo, de Guiné, ambos para a disputa na África. Em relação ao Mundial propriamente dito, Náutico e Santa Cruz chegaram bem perto de uma convocação. Em 1966, o alvirrubro Nado entrou numa pré-lista de 44 nomes para a competição na Inglaterra, mas acabou ficando fora. Em 1978, o tricolor Nunes, também atacante, entrou na convocação final de Cláudio Coutinho, mas foi cortado antes da viagem à Argentina por causa de uma lesão.

Copa do Mundo 2002, no Japão/Coreia do Sul
Bosco*, goleiro do Sport (Brasil)
Jogo: Venezuela (6 x 0, 08/10/2000)
* Não entrou em campo

Leomar, volante do Sport (Brasil)
Jogo: Peru (1 x 1, 25/04/2001)

Copa do Mundo 2010, na África do Sul
Juan Arce, atacante do Sport (Bolívia)
Jogos: Paraguai (0 x 1, 05/09/2009) e Equador (1 x 3, 09/09/2009)

Hamilton**, volante do Sport (Togo)
Jogo: Marrocos (1 x 1, 06/09/2009)
** Teve problemas na documentação e não atuou 

Copa do Mundo 2014, no Brasil
Danilo Clementino, goleiro do Serra Talhada (Guiné Equatorial)
Jogo: Cabo Verde (4 x 3, 24/03/2013)

Chumacero, volante do Sport (Bolívia)
Jogos: Equador (1 x 1), 10/09/2013)

Peña, meia do Náutico (Venezuela)
Jogo: Paraguai (1 x 1, 11/10/2013)

Copa do Mundo 2018, na Rússia
Rodney Wallace, lateral-esquerdo do Sport (Costa Rica)
Jogos: Haiti (06/09/2016) e Panamá (09/09/2016)

A prévia de Santa x Sport via Conmebol

Site da Conmebol sobre Santa x Sport, pela Sul-Americana 2016

Quarta-feira, 24 de agosto de 2016. Pela primeira vez, o Clássico das Multidões terá uma versão internacional, com o duelo entre tricolores e rubro-negros na Arena Pernambuco. Na prévia de todos os duelos a Conmebol publica curiosidades e formações sobre os times. Abaixo, a íntegra (em espanhol) dos pernambucanos, um dos sete jogos da Sula com destaque na capa do site.

Sobre as escalações, um esboço já aparece no sistema de acompanhamento em tempo real da entidade, feito pela DataFactory. Allan Vieira na ala esquerda e Pisano na criação do Santa, Apodi e Ruiz como titulares pela primeira vez no Sport. Se a informação é privilegiada ou não (e provavelmente é apenas um esboço mesmo), só saberemos instantes antes de a bola rolar.

Ficha do jogo Santa x Sport, via Conmebol

Em relação aos números, o Leão vai para a sua quarta participação (seguida) na Sul-Americana, mas com o desempenho pesando contra na condição de visitante. Cinco derrotas em cinco partidas. Tudo bem que no primeiro caso, em 2013, a torcida festejou, pois o time se classificou nos pênaltis diante do Náutico, na mesma arena. Enquanto isso, os corais fazem seu “début”, como a própria página da destaca. Árbitro da partida, o chileno Julio Bascuñán tem 16 jogos no torneio, sendo cinco no Brasil. Nível Fifa, exigência do regulamento.

Qual é a sua expectativa para o primeiro Clássico das Multidões na Sula?
Times titulares ou alternativos? O público passa de 10 mil torcedores?

Uma nova história está a caminho do centenário duelo.

Lembrando que o jogo também vai contar para o Troféu Givanildo Oliveira.

Texto da Commebol sobre Santa x Sport, na Sul-Americana

Podcast – Balanço da Olimpíada do Rio

Finalizada a edição carioca dos Jogos Olímpicos, a turma do 45 minutos se reuniu e fez um longo balanço, sobre estrutura, melhores eventos, resultado do Brasil (surpresas e decepções), números, curiosidades, expectativa para Tóquio. Conversa longa, com 2h25, com uma boa dose de humor.

Entre as 19 medalhas brasileiras, respondemos perguntamos como…
Qual foi o ouro mais importante?
Qual medalha foi mais surpreendente?
Qual foi o maior nome do País nos Jogos?
Qual foi o resultado mais expressivo sem medalha?
Quais modalidades deveriam receber mais investimento?

Neste PodioCast, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto, Lucas Fitipaldo e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando qusier!

Pernambuco no encerramento olímpico no Rio, com frevo, DJ, Lenine e Gonzagão

Frevo na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Maracanã. Crédito: Rede Globo/reprodução

Onipresente nas ladeiras olindenses e nas ruas do Recife Antigo, sobretudo no mês de fevereiro, o frevo foi bem longe. Tomou conta do Maracanã. No embalo de Vassourinhas, o ritmo pernambucano foi um dos escolhidos para compor a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016.

Aliás, Pernambuco foi um dos estados cuja cultura mais se fez presente no evento. Na sequência da apresentação das passistas vieram cantorias, o time completo da Orchestra Santa Massa, com Fábio Trummer, DJ Dolores, Isaar, Maciel Saulo e Jam da Silva, Maestro Spok, uma lembrança daquelas de Luiz Gonzaga, com Asa Branca fazendo os bonecos de barro de Mestre Vitalino ganharem vida, e, por último, Lenine. A maior festa em linha reta.

Durante os 17 dias da primeira Olimpíada no país a presença pernambucana foi intensa, com bandeiras e camisas do estado e do trio da capital. Os atletas locais não medalharam, é verdade, mas houve plena entrega nas disputas, representada em Yane Marques, a porta-bandeira brasileira na abertura.

Depois de tanto simbolismo, o plano B já está traçado caso Tóquio vacile…

Sim, em 2020. Ou, no mais tardar, 2024. Não entendeu? Veja aqui.

Nunca duvide. Pernambuco sempre dá um jeito. =)

Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Crédito: Rede Globo/reprodução

Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Crédito: Rede Globo/reprodução

Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Crédito: Rede Globo/reprodução

Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Crédito: Rede Globo/reprodução

Cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Crédito: Rede Globo/reprodução

Mesmo sem top ten, Brasil supera as suas marcas particulares nos Jogos Olímpicos

Brasil nos Jogos Olímpicos

O objetivo do Comitê Olímpico Brasil, de colocar o Time Brasil no top ten em 2016, não foi alcançado. Nem qualitativamente, pelo peso das medalhas (13º lugar), ou quantitativamente, pelo total de pódios (12º). Antes do Rio de Janeiro, em apenas quatro edições, das 27 edições realizadas, a nação da cidade-sede não havia ficado entre os dez primeiros no quadro de medalhas.

Ainda assim, o país encerrou a sua participação nos Jogos Olímpicos liderando na América Latina e quebrando todas as suas marcas particulares. Superou Atenas-2004 no número de ouros (7 x 5), Londres-2012 no total de medalhas (19 x 17) e Antuérpia-1920 na melhor colocação no quadro (13º x 15º), considerando o modelo tradicional. Medalhou em doze modalidades: atletismo (1), boxe (1), canoagem (3), futebol (1), ginástica (3), judô (3), maratona aquática (1), taekwondo (1), tiro (1) vela (1), vôlei (1) e vôlei de praia (2).

Esse desempenho teve um custo alto. De uma forma geral, nunca se investiu tanto, entre recursos estatais, loterias e iniciativa privada, com 700 milhões de dólares injetados neste ciclo, compreendendo num período de quatro anos. Ou 89% a mais que o ciclo anterior. Considerando o investimento no Rio e a média de gasto por medalha nas três edições passadas, as participações em 2012, 2008 e 2004 poderiam ter gerado 32, 45 e 74 medalhas, respectivamente

Investimento nos ciclos olímpicos
2004 – US$ 94 milhões, ou 9.4 milhões por medalha (10)
2008 – US$ 250 milhões, ou 15.6 milhões por medalha (16)
2012 – US$ 370 milhões, ou 21.7 milhões por medalha (17)
2016 – US$ 700 milhões, ou 36.8 milhões por medalha (19)

No Rio, dos 465 atletas da delegação brazuca, a maior da história, 49 foram ao pódio, distribuídos em 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes. O índice de medalhistas foi de 10%, o menor desde 1992, em Barcelona – abaixo, um quadro com o desempenho em todas as participações. Pesou para o baixo aproveitamento, sem dúvida alguma, os resultados nos esportes coletivos, com apenas dois pódios (futebol e vôlei masculinos, ambos dourados). Em Beijing, para se ter uma ideia, foram 78 medalhistas, numa delegação com 188 representantes a menos. Ali, 28% dos brasileiros voltaram para casa com a medalha no pescoço.

Também pesou (contra) o desempenho feminino. Desde que as brasileiras passaram subir no pódio, há vinte anos, em Atlanta, esta foi edição com menos atletas medalhistas. Apenas 7, ou 3% da trupe. O recorde por gênero, das próprias mulheres, em 1996, é de 42%! A eliminação do vôlei feminino, então franco favorito, tirou 12 pessoas deste cálculo. Por outro lado, foram dois ouros, ambos inéditos (Rafaela Silva, no judô, e Martine Grael e Kahena Kunze, na vela), ficando atrás, qualitativamente, apenas dos Jogos de 2008.

Somando a participação brasileira em todas Olimpíadas…

Geral (22 participações)
3.147 atletas
475 medalhistas (15,0%)
128 medalhas (30 ouros, 36 pratas e 62 bronzes)

Homens (22 participações)
2.241 atletas
335 medalhistas (14,9%)
95 medalhas (23 ouros, 29 pratas e 48 bronzes)

Mulheres (20 participações)
906 atletas
140 medalhas (15,4%)
28 medalhas (7 ouros, 7 pratas e 14 bronzes)

Brasil, enfim campeão de tudo no futebol

Seleção Brasileira, campeã de tudo. Arte: Fred Figueiroa/DP

A espera foi grande, de quase um século, mas a Seleção Brasileira enfim alcançou o status de “campeã de tudo”, ao ganhar a medalha de ouro na Olimpíada. Desde a pioneira participação do país no torneio de futebol, em 1952, o time verde e amarelo sempre havia ficado no meio do caminho.

A restrição nas convocações, entre atletas amadores e profissionais, com ou sem passagem na seleção principal e até limite de idade, sempre atrapalhou a montagem dos grupos. Os resultados mais antigos, aliás, foram horríveis, como eliminações na primeira fase. Evoluindo nos Jogos, a Canarinha bateu trave em três oportunidades, com a prata. A obsessão durou até a glória no Maracanã. Foi o 18º título oficial do Brasil, sendo 5 da Copa do Mundo, 4 da Copa das Confederações, 8 da Copa América e 1 dos Jogos Olímpicos, no Rio.

Hoje, falta apenas Eurocopa.

Brincadeira à parte, só poderia participar como convidado, claro. Porém, se o Japão disputou a Copa América nesta condição, em 1999, impossível não é…

Até segunda ordem, o torneio europeu não dá espaço a isso. Ainda.

Linha do tempo das principais conquistas
1919 – Copa América (Brasil)
1922 – Copa América (Brasil)
1949 – Copa América (Brasil)
1958 – Copa do mundo (Suécia)
1962 – Copa do Mundo (Chile)
1970 – Copa do Mundo (México)
1989 – Copa América (Brasil)
1994 – Copa do Mundo (Estados Unidos)
1997 – Copa América (Bolívia)
1997 – Copa das Confederações (Arábia Saudita)
1999 – Copa América (Paraguai)
2002 – Copa do Mundo (Japão e Coreia do Sul)
2004 – Copa América (Peru)
2005 – Copa das Confederações (Alemanha)
2007 – Copa América (Venezuela)
2009 – Copa das Confederações (África do Sul)
2013 – Copa das Confederações (Brasil)
2016 – Jogos Olímpicos (Brasil)

Espera até o primeiro título*
3 anos – Copa América (1916-1919)
5 anos – Copa das Confederações (1992-1997)
28 anos – Copa do Mundo (1930-1958)
96 anos – Jogos Olímpicos (1920-2016)
*Desde a criação da Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF, em 1914 

O Brasil é a terceira seleção a conquistar os quatro maiores títulos do futebol, reconhecidos pela Fifa: mundial, intercontinental, olímpico e continental. Antes, apenas França e Argentina. Os Bleus têm 1 Copa do Mundo, 2 Copas das Confederações, 1 Ouro e 2 Eurocopas. Completaram o ciclo em 2001. Já os hermanos, que fecharam a lista em 2004, na Olimpíada de Atenas, ganharam 2 Copas do Mundo, 1 Copa das Confederações, 2 Ouros e 14 Copas Américas. Ao Brasil, uma diferença. É o único que venceu tudo no Século XXI.

Neymar celebra o ouro inédito da Seleção num Maracanã repleto, contra a Alemanha

Olimpíadas 2016, final: Brasil (5) 1 x 1 (4) Alemanha. Foto: Rio 2016/twitter (@Rio2016)

Como um raio, tal qual Usain Bolt já se faz presente na história olímpica, Neymar escreveu o seu nome na antologia do futebol brasileiro. O atacante passou em branco na primeira fase do torneio olímpico do Rio. Vaias da torcida no Mané Garrincha, ansiedade em campo e a pressão de ser a maior estrela em busca de um título inédito para a Seleção Brasileira. Reservado desde então, longe de entrevistas atravessadas (até colocar a medalha no pescoço) e mais consciente de seu papel, inclusive o de capitão, o craque passou a ser o que dele se espera. Foi decisivo. Contra a Colômbia, contra Honduras, contra a Alemanha.

Foram quatro gols no mata-mata e o último pênalti na agônica decisão contra os germânicos. O jogador de 24 anos, em sua segunda Olimpíada, comandou o Brasil numa reviravolta celebrada em um Maracanã totalmente amarelo, como se imaginou para a Copa 2014. No primeiro tempo, o camisa 10 marcou um golaço de falta. A partir dali o jogo ficaria bem complicado, com a Alemanha mandando três bolas no travessão. Trabalhando bem as jogadas, mostrando a organização de sempre, chegaram ao empate na segunda etapa, com Meyer finalizando.

Na prorrogação, faltou gás. Mas não coração, de ambos os lados. O Brasil errava mais, talvez pelo peso dos maus resultados do time principal nos últimos anos. Nos rápidos intervalos, Micale tentou incutir na equipe a necessidade de ocupar os espaços, tudo ou nada. Nada mudou, e a definição se estendeu às penalidade. Após oito cobranças perfeitas, quatro de cada lado, brilhou Weverton, convocado de última hora, justamente pelo histórico nos pênaltis. Deixou o caminho aberto para Neymar confirmar o ouro, 5 x 4. Aquele mesmo time que passou em branco contra África do Sul e Iraque explodiu o Maraca.

Após três vices olímpicos no futebol, enfim o ouro, o sexto do Time Brasil nos Jogos de 2016, quebrando o recorde de Atenas. Mais emblemático, impossível.

Campanhas brasileiras nos Jogos
1952 – quartas de final (2v, 0e, 1d)
1956 – não disputou
1960 – 1ª fase (2v, 0e, 1d)
1964 – 1ª fase (1v, 1e, 1d)
1968 – 1ª fase (0v, 2e, 1d)
1972 – 1ª fase (0v, 1e, 2d)
1976 – semifinal (2v, 1e, 2d)
1980 – não disputou
1984 – Prata (4v, 1e, 1d)
1988 – Prata (4v, 1e, 1d)
1992 – não disputou
1996 – Bronze (4v, 0e, 2d)
2000 – quartas de final (2v, 0e, 2d)
2004 – não disputou
2008 – Bronze (5v, 0e, 1d)
2012 – Prata (5v, 0e, 1d)
2016 – Ouro (3v, 3e, 0d)

Em 13 participações olímpicas, o Brasil disputou 60 jogos, com 34 vitórias, 10 empates, 16 derrotas. Considerando três pontos por vitória, um aproveitamento de 62,2%. No Mundial, com força máxima, exceto em 1930 (base carioca), são 104 jogos, com 70 vitórias, 17 empates e 17 derrotas. Índice de 72,7%.

Olimpíadas 2016, final: Brasil (5) 1 x 1 (4) Alemanha. Foto: Lucas Figueiredo/MoWa Press (site da CBF)

Isaquias Queiroz, o primeiro brasileiro com 3 medalhas em uma Olimpíada

As três medalhas olímpicas de Isaquias Queiroz no Rio, em 2016. Crédito: Rio 2016/twitter (@Rio2016) e Sportv/reprodução

O histórico brasileiro de multimedalhistas olímpicos é escasso. Ainda que tenha começado bem, com os atiradores Guilherme Paraense e Afrânio da Costa ganhando duas medalhas, cada, no idos de 1920, em Antuérpia. Depois, o país esperou 76 anos até que um representante repetisse o feito nos Jogos Olímpicos, com o nadador Gustavo Borges. Cielo, também da natação, fez o mesmo em Beijing. Sempre com duas medalhas. Parecia cabalístico. Até surgir Isaquias Queiroz, em 2016, numa modalidade sem resultados até então.

Na canoagem, o baiano de Ubaiataba foi ao pódio nas três provas que disputou na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro. Começou com a prata no C1 1.000m. Seguiu com um bronze emocionante no C1 200m, quando “empurrou” a canoa a centímetros da linha de chegada. Por fim, em parceria com Erlon de Souza, remou na C2 1.000m e ganhou mais uma prata. Recorde.

Além de se tornar o primeiro atleta brasileiro com três medalhas em uma mesma Olimpíada, logo como estreante, Isaquias já é um dos 15 maiores medalhistas do país somando todas as participações. Até então, apenas nomes da vela, vôlei, natação e hipismo. Tendo iniciado a prática da modalidade em 2005, o canoísta tem apenas 22 anos, com a perspectiva de evolução técnica e física para até dois ciclos olímpicos, em 2020 e 2024. Caminho aberto para ser o maior medalhista do país em todos os tempos? Parece bem plausível…

Eis os maiores multimedalhistas olímpicos do Brasil:

Em uma Olimpíada
3 – Isaquias Queiroz (2016, canoagem), 2 pratas e 1 bronze
2 – Guilherme Paraense (1920, tiro), 1 ouro e 1 bronze
2 – César Cielo (2008, natação), 1 ouro e 1 bronze
2 – Afrânio da Costa (1920, tiro), 1 prata e 1 bronze
2 – Gustavo Borges (1996, natação), 1 prata e 1 bronze

Somando todas Olimpíadas*
5 – Robert Scheidt (vela), 2 ouros, 2 pratas e 1 bronze
5 – Torben Grael (vela), 2 ouros, 1 prata e 2 bronzes
4 – Serginho (vôlei), 2 ouros e 2 pratas
4 – Gustavo Borges (natação), 2 pratas e 2 bronzes

3 – Marcelo Ferreira (vela), 2 ouros e 1 bronze
3 – Dante (vôlei), 1 ouro e 2 pratas
3 – Giba (vôlei), 1 ouro e 2 pratas
3 – Rodrigão (vôlei), 1 ouro e 2 pratas
3 – Bruno (vôlei), 1 ouro e 2 pratas

3 – Ricardo (vôlei de praia), 1 ouro, 1 prata e 1 bronze
3 – Emanuel (vôlei de praia), 1 ouro, 1 prata e 1 bronze

3 – Rodrigo Pessoa (hipismo), 1 ouro e 2 bronzes
3 – Fofão (vôlei feminino), 1 ouro e 2 bronzes
3 – César Cielo (natação), 1 ouro e 2 bronzes
3 – Isaquias Queiroz (canoagem), 2 pratas e 1 bronze
* Atualizado após a edição do Rio

Isaquias Queiroz na Olimpíada de 2016. Foto: Rio 2016/twitter (@Rio2016)

E se o Recife cogitasse receber uma edição dos Jogos Pan-Americanos?

Ideias para centros pan-americanos no Recife. Arte: Cassio Zirpoli sobre imagem do Google Maps

No embalo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, com pleno engajamento da torcida, vamos a um exercício de futurologia. E se o Recife cogitasse uma candidatura aos Jogos Pan-Americanos, emulando a infraestrutura olímpica numa escala menor? Trata-se de um evento com 42 países, com 5,6 mil atletas competindo durante duas semanas. Considerando as principais modalidades, a estrutura já existente e projetos já apresentados oficialmente (em execução ou não), o blog apontou 14 locais com eventos esportivos na região metropolitana.

Localização dos polos esportivos no Grande Recife
1 – Centro Santos Dumont (atletismo, natação, badminton e lutas)
2 – Geraldão (basquete)
3 – Praia de Boa Viagem (vôlei de praia)
4 – Orla do Pina (tênis)
5 – Marco Zero (chegada da maratona)
6 – Rio Capibaribe, na Rua da Aurora (remo e canoagem)
7 – Centro de Convenções (handebol, ginástica, judô, taekwondo e boxe)
8 – Memorial Arcoverde (basebol)
9 – Ilha do Retiro (futebol)
10 – Aflitos (rúgbi)
11 – Arruda (futebol)
12 – Cabanga Iate Clube Maria Farinha (vela)
13 – Caxangá Golf & Country Club (hipismo, golfe e tiro)
14 – Arena PE (futebol e cerimônias), Arena Indoor (vôlei) e vila dos atletas

Lima, a capital peruana, ganhou a eleição para o Pan de 2019, enquanto a sede de 2023 ainda será definida pela Organização Desportiva Pan-Americana, a Odepa. A cidade deve ser anunciada em 2017, mantendo a média de seis anos de preparação para cada cidade. Mesmo menor em relação aos Jogos Olímpicos, o gasto é alto. Em 2007, na última vez em que o Brasil recebeu o torneio intercontinental, o Rio gastou R$ 3,5 bilhões, sendo R$ 330 milhões no Engenhão, o Estádio Olímpico de 2016. O velódromo também saiu caríssimo – este, por não ter nada parecido em Pernambuco, precisaria ser erguido do zero.

Para 2023, sete cidades já demonstraram interesse. São Paulo (sede em 1963), San Juan-PUR (sede em 1979), Mar del Plata-ARG (sede em 1995), Rosário-ARG, Medelín-COL e Porto Alegre. Além do óbvio plano executivo com locais de competição, infraestrutura, centro de imprensa, mobilidade e segurança, cada cidade precisa pagar o custo de inscrição: US$ 50 mil. Encara?

No Recife, vamos às justificavas sobre cada local.

Obs. Com o claro problema no litoral, a maratona aquática precisa ser estudada.

1 – Santos Dumont: Atletismo
Apesar de não ter sido utilizado, o Centro Esportivo Santos Dumont chegou a ser inscrito no guia oficial de treinamento Pré-Jogos Olímpicos de 2016. A pista de atletismo, reformada, receberia uma arquibancada na ala leste. Para receber ao menos 15 mil espectadores, precisaria de uma arquibancada móvel. A medida foi adotada pela cidade canasense de Winnipeg, no Pan de 1999.

Projeto de reforma do Centro Santos Dumont. Crédito: divulgação

1 – Santos Dumont: Natação, polo aquático e saltos ornamentais
Pelo projeto lançado em 2012, o parque aquático do Santos Dumont receberia boa parte da verba de reforma de todo o complexo. O orçamento total foi calculado em R$ 84.994.736, considerando a requalificação física e estrutural, através do decreto 38.395 no Diário Oficial do Estado. Na divisão, 65,32% do governo do estado e 34,68% do Ministério do Esporte. Ainda não saiu do papel.

Projeto de reforma do Centro Santos Dumont. Crédito: divulgação

1 – Santos Dumont: Badminton, lutas greco-romana/livre e levant. de peso
Um enorme galpão com quadras poliesportivas seria construído no projeto de reforma – cujo prazo de conclusão datava no primeiro semestre de 2014. O amplo espaço seria suficiente para esportes de menor apelo popular no Brasil.

Projeto de reforma do Centro Santos Dumont. Crédito: divulgação

2 – Geraldão: Basquete
Inaugurado em 1970, o Geraldão passa por sua maior reforma, numa obra de R$ 45,7 milhões e que deveria ter sido concluída em 2014. O equipamento, que já recebeu 19 mil pessoas na Liga Mundial de Vôlei, em 2002, será liberado para 10 mil pessoas, em cadeiras. Entre as novidades, ambiente climatizado, piso com padrão internacional e um telão de última geração. Em caso de inversão com a Arena Indoor, o ginásio poderia receber o vôlei em vez do basquete.

Projeto de reforma do Geraldão. Crédito: divulgação

3 – Praia de Boa Viagem – Vôlei de praia
A famosa orla recifense recebe torneios nacionais de vôlei de praia há mais de uma década. Abaixo, um exemplo, o Circuito Banco do Brasil em 2013. A estrutura montada atenderia à exigência pan-americana, com quadra central, com mais de dois mil lugares, e três quadras menores, com arquibancadas.

Circuito de vôlei de praia Banco do Brasil, no Recife, em 2013. Foto: CBV/divulgação

4 – Orla do Pina: Tênis
As quatro quadras de tênis no Pina já receberam quatro torneios oficiais de nível “challenger”, em 1992, 1993, 1994 e 2011. O último aconteceu após uma reforma completa das quadras, de R$ 4,1 milhões, incluindo novo piso e troca no sistema de iluminação, com 48 refletores. Na quadra principal foi montada até uma arquibancada com 1.000 lugares e mais 150 no camarote vip. Na ocasião, a disputa contou com 32 tenistas na chave principal.

Quadras de tênis na orla do Pina, no Recife

5 – Marco Zero: Chegada da maratona e fan fest
Cartão postal do Recife, o local seria ponto obrigatório para imagens do evento, com a chegada da maratona, cujo trajeto poderia sair da Igreja de Nazaré, em Suape. Além disso, o local, com know-how, poderia abrigar o palco de eventos do Pan, engajando turistas e demais interessados.

Marco Zero do Recife. Foto: DP

6 – Rio Capibaribe: Remo e canoagem
Outro cartão postal. O rio é ponto de treino de remo em diversos pontos, como próximo à Ilha do Retiro (remadores do Sport) e na Rua da Aurora (remadores do Náutico). Ás águas calmas e o calçadão da Aurora poderiam harmonizar com a disputa. Outra opção seria levar as provas para o Marco Zero.

Rio Capibaribe, no Recife. Crédito: yoneericardo2.blogspot.com.b

7 – Centro de Convenções: Handebol, ginástica, judô, taekwondo e boxe
Assim como ocorreu no Pan de Toronto, em 2015, e na Olimpíada do Rio, em 2016, o Centro de Convenções, em Olinda, poderia ser adaptado para receber diversas modalidades com demanda menor de espaço. As alas sul e norte do pavilhão de feiras têm 18.870 metros quadrados e já contam com ar-condicionado. O Cecon ainda tem 5,3 mil m² de área livre, num espaço para praças de alimentação e confraternização. Em 2012, o governo do estado apresentou um projeto de ampliação de R$ 800 milhões, incluindo a construção de um complexo empresarial-hoteleiro. Ainda no papel.

Centro de Convenções, em Olinda. Crédito: governo do estado

8 – Parque Memorial Arcoverde: Basebol
O parque na divisa entre Olinda e Recife foi inaugurado em 1994. Inicialmente, contava com campos de futebol, quadras de tênis e de outras modalidades. Deteriorado, o espaço tem um projeto de repaginação parado. Paralelamente a isso, pode receber um campo de basebol, numa parceria entre a Major League Baseball (MLB), do Estados Unidos, e o governo estadual. A liga busca desenvolver o esporte no país. Resolveria a lacuna no Pan.

Projeto de requalificação do Memorial Arcoverde, em Olinda

9 – Ilha do Retiro: Futebol
Ainda que o futebol seja um evento com seleções Sub 20, a popularidade no país poderia causar um interesse acima da média na disputa. Três estádios na capital dariam conta, com a Ilha do Retiro aguardando uma reforma de R$ 750 milhões. Como o Sport não encontrou um parceiro na iniciativa privada, a arena acabou engavetada, mesmo liberada pela Prefeitura do Recife.

Projeto da Arena do Sport. Crédito: Sport/divulgação

10 – Aflitos: Rúgbi
Sem mandar jogos em seu estádio de forma regular desde 2013, o Náutico projeta a volta ao Eládio de Barros em 2017. Com dimensões menores e sem grandes perspectivas de modernização, o local poderia receber o torneio de rúgbi. Há algum tempo já vem sendo palco de jogos de futebol americano, num bom indicativo para os aficionados locais sobre uma modalidade semelhante.

Estádio dos Aflitos. Foto: Cassio Zirpoli/DP

11 – Arruda: Futebol
A Arena Coral foi lançada em 28 de junho de 2007. Na época, o Santa estipulou o investimento em R$ 190 milhões. Uma década depois, o montante aumentou, ainda sem uma quantia definida. O novo Mundão poderia receber a final ou ao menos a semifinal dos torneios de futebol, tendo a Arena Pernambuco como concorrente – dependendo do grau de reforma no estádio até o Pan.

Projeto da Arena Coral. Crédito: Santa Cruz/divulgação

12 – Maria Farinha: Vela
O litoral norte de Paulista, na altura de Maria Farinha, é um reduto tradicionalíssimo das regatas pernambucanas, na proximidade da segunda unidade do Cabanga Iate Clube. A descentralização do Pan-Americano também poderia pesar a favor da decisão de levar a disputa para lá.

Maria Farinha, no norte de Paulista

13 – Caxangá Golf: Golfe, hipismo e tiro
O clube no final da Avenida Caxangá tem 80 hectares, boa parte no campo de golfe, com 18 buracos, a quantidade exigida no torneio do Pan – a estreia da modalidade foi em 2015. Também há espaço para hipismo, em provas de saltos e equitação, além de espaço suficiente para para montar instalações para o tiro.

Caxangá Golf Club

14 – Cidade da Copa: Arena (futebol), Indoor (vôlei) e vila dos atletas
Como se sabe, apenas a arena tornou-se realidade. No entanto, pelo bilionário projeto original, em 2019 o local também já contaria com um ginásio (a “Arena Indoor” teria 15 mil lugares, sendo a maior da cidade, apta para o vôlei, de grande procura), centro de convenções (9,5 mil m²), centro comercial (79 mil m²), dois hotéis (300 e 250 quartos) e 1.510 unidades residenciais, entre prédios e casas. A área residencial, sendo concluída próxima ao evento, poderia formar a Vila dos Atletas. A distância dos demais polos de competições teria que ser resolvida com um ajuste no metrô e em linhas expressas. 

Projeto da Cidade da Copa em 2019. Crédito: Odebrecht/divulgação

A concorrência de um jogo do Náutico na Arena com a final olímpica de futebol

A Série B ficou paralisada durante 18 dias, por decisão da CBF, devido à realização dos Jogos Olímpicos. Uma decisão acertada e que fez falta à Série A, deslocada (como produto) durante o período. Entretanto, a entidade vacilou feio na volta da segundona, com três partidas chocando com horário da final olímpica do futebol. Considerando que a Seleção era favorita na disputa, era preciso observar isso. O fato de a decisão ser contra a Alemanha só piorou a situação, numa concorrência desleal. Consciente disso, o departamento de marketing do Náutico propôs um vídeo sobre o “jogo da seleção” no sábado.

Ok, o jogo da Canarinha começa 1h30 após o início na Arena. Porém, quem for ao estádio em São Lourenço deve ter o recorrente trabalho nos deslocamento, inviabilizando a audiência na transmissão do Maracanã. Qual a escolha?

Agenda no sábado…
Náutico x Criciúma, 16h00 (Arena Pernambuco)
Brasil x Alemanha, 17h30 (Maracanã, tevê aberta)