Apontado como principal favorito ao título do Nordestão de 2015, o Leão iniciou o torneio perdendo em São Luís. Na segunda rodada, voltou à Ilha do Retiro após 100 dias mandando seus jogos apenas na Arena Pernambuco. A arquibancada da velha casa pintada, melhoras no gramado… mas faltou futebol.
Na verdade, vem faltando. A sonora vaia após a vitória sobre o Náutico, no domingo, pelo Estadual, foi um aviso. A torcida está insatisfeita com o rendimento do time, abaixo do potencial técnico. Contra o Coruripe, cuja folha não passa de R$ 100 mil (1/20 do gasto leonino), o time ficou no 0 x 0.
O senso comum apontaria o resultado como “nota”. Mas, nesta noite, essa nota foi apenas do Sport, pois os alagoanos criaram as melhores chances, exigindo duas ótimas defesas de Magrão. Na reta final, o Coruripe chegou a colocar o rubro-negro na roda, com a bola de pé em pé. A marcação só observava.
Vale ressaltar que Eduardo Batista montara o Leão com o quarteto ofensivo formado por Diego Souza, Régis, Élber e Samuel. Em ação no primeiro tempo, a formação não funcionou. Esperava-se mais tabelas, mas o Sport insistiu nas laterais, sem intensidade – Patric faz muita falta no lado direito.
Diego Souza e Élber saíram no intervalo, entrando Joelinton e Mike. Um pouco mais de movimentação e só. No fim, a Ilha, um tanto vazia, vaiou o time de novo.
A situação do Sport vai se complicando no grupo B. De favorito a vexame?
O centro de documentação (Cedoc) do Diario de Pernambuco conta com fotos, filmes e slides desde 1950, quando o acervo foi criado. Nem todas as fotos foram publicadas no jornal. Explica-se: uma reportagem pode ter, por exemplo, duas imagens, mas o fotógrafo produz dez vezes mais. E as fotos ficam no arquivo, que começou a ser digitalizado em 2004. Aqui, as imagens do Sport com as três taças da Copa do Nodeste. A de 1994 saiu só na capa do jornal, enquanto a de 2000 nem isso, sendo guardada no acervo. Relembre.
15/12/1994 – CRB (2) 0 x 0 (3) Sport, Rei Pelé
Heitor Cunha, hoje editor de fotografia do jornal, foi à Maceió e revelou uma foto em cores. Na época, apenas a capa do Diario era colorida. O restante, P&B.
01/03/2000 – Sport 2 x 2 Vitória, Ilha do Retiro
Com a multidão que invadiu a Ilha, o fotógrafo Alexandre Gondim subiu em uma cadeira na beira do campo para focar melhor a comemoração com o troféu.
09/04/2014 – Ceará 1 x 1 Sport, Castelão
Daniel Leal, o repórter enviado para fazer a cobertura da decisão, registrou a entrega da taça no palco oficial através de um telefone celular.
No imbróglio por mais datas para o campeonato estadual, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, garante que o Pernambucano é mais rentável que a Copa do Nordeste. Tanto em premiação/cotas quanto em renda dos jogos.
As cotas das campanhas no Nordestão de 2015 foram informadas ao blog pela organização do regional. O campeão receberá R$ 2,74 milhões, com um total de R$ 11,14 milhões distribuídos entre os vinte participantes. Alegando um contrato de confidencialidade entre os doze clubes locais, a federação pernambucana de futebol e a Rede Globo, a detentora dos direitos de transmissão, o mandatário não revelou a cota de paticipação do Estadual desta temporada.
“Não posso dizer os valores, por força do contrato, mas garanto a você que o Pernambucano dá mais dinheiro. Tanto no valor dos patrocínios e da televisão quanto na bilheteria. Pode comparar, o Pernambucano é mais rentável”.
Sem a quantia detalhada, nem mesmo nos balanços financeiros divulgados pelos clubes, a comparação fica difícil, ainda que seja a palavra do presidente.
Insistindo no assunto, vamos aos dados de 2014, com a renda apurada nos borderôs oficiais e a premiação pelo título do Estadual, revelada no twitter por Arnaldo Barros, vice-presidente do Sport, o vencedor dos dois torneios. Contudo, não se sabe o total de cotas do campeão da 100ª edição do Pernambucano.
Cota de participação ao campeão*
Estadual: R$ 400 mil
Nordestão: R$ 700 mil * Apenas o valor recebido na final, descontando as cotas das fases anteriores.
A agência de notícias Associated Press, com sede em Nova York, é uma das mais antigas do mundo, em atividade desde 1846. Conhecida pela sigla “AP”, a agência distribui notícias e fotos para jornais de todos os cantos do globo, incluindo os pernambucanos, diga-se. Por isso, chama a atenção a reportagem enviada à Europa sobre a Copa do Nordeste. Escrito por Tales Azzoni, correspondente da AP em São Paulo, o texto “Prospera a versão brasileira da Liga dos Campeões, a Lampions League” explica o apelido Lampião/Lampions, a média de público e a transformação do futebol da região. A seguir, a tradução do texto. Confira a reportagem original, em inglês, clicando aqui.
Equipes com grandes e fervorosas torcidas se qualificam através de campeonatos locais. Elas são divididas em grupos de quatro e o melhor avança para a fase eliminatória. Milhares vão ao jogos, milhões assistem na televisão e o interesse segue crescendo.O sorteio para as quartas de final é transmitido ao vivo pela TV e o campeão ergue um troféu conhecido como “orelhuda”.
Liga dos Campeões? Experimente Lampions League.
Disputado no nordeste do Brasil, povoado por quase 55 milhões de habitantes, quase tantos como a soma de Chile e Argentina, a Lampions League evolui como o campeonato regional de futebol mais bem sucedido do país.
Ela tem algumas das mais altas audiências da tevê e a melhor média de público. No ano passado, a final atraiu mais de 60.000 pessoas à Arena Castelão, em Fortaleza, no maior público do Brasil à parte da Copa do Mundo. Passou até os jogos do Mundial em Fortaleza, incluindo o da Seleção.
O campeonato é oficialmente conhecido como Copa do Nordeste (Northeast Cup), mas não demorou muito para que os fãs começassem a chamá-lo de Lampions League, em referência a Lampião, um conhecido e popular herói local da década de 1920, que permanece simbólico à região. Muitos nordestinos – northeasterns – vão aos jogos vestindo camisas da “Lampions League” e chapéus típicos.
Não é coincidência que o formato da Lampions League, o marketing e o troféu sejam modelados à Liga dos Campeões da Uefa. Até o hino da Liga dos Campeões foi adaptado para a música leve de uma região conhecida por seu clima quente, belas praias e pessoas alegres.
A emissora que transmite a Copa do Nordeste no Brasil, o Esporte Interativo, também adquiriu recentemente os direitos exclusivos para a Liga dos Campeões no país.
“Estamos usando um torneio para ajudar a promover o outro”, diz o presidente da Esporte Interativo Edgar Diniz. “Nós sempre admiramos e nos inspiramos pela forma como a Liga dos Campeões foi capaz de construir sua marca. Por isso, decidimos adotar algumas das mesmas práticas.”
A copa tem crescido tanto que o clube mais popular do Brasil, o Flamengo, do Rio de Janeiro, tentou recentemente um convite junto aos organizadores. O Goiás, um clube de primeira divisão nacional localizado no Centro-Oeste, também considerou a adesão.
Entre os times tradicionais no torneio estão Bahia, Vitória, Náutico, Sport, Ceará e Fortaleza, todos com reconhecimento pelo Brasil. A intensa rivalidade entre eles acrescenta sabor, assim como o entusiasmo dos torcedores locais, conhecidos como os mais apaixonados e dedicados no país.
“Todo mundo está reconhecendo que este é um dos melhores torneios no Brasil neste momento”, diz Alexi Portela, o presidente da liga que organiza a copa. “Aqui, as equipes preferem jogar a Copa do Nordeste do que a Copa do Brasil. O impacto financeiro para esses clubes tem sido grande. O torneio tornou-se realmente significativo para cada um destes clubes.”
Como outros torneios regionais, a copa preenche os primeiros meses antes do Campeonato Brasileiro, que começa em maio e vai até dezembro. Ídolos locais, como Chicão, Magrão e Durval esperam também ganhar para suas equipes uma vaga na Copa Sul-Americana.
As Copa do Nordeste foi disputada pela primeira vez em 2001, mas foi cancelada após duas temporadas por razões políticas. Ele voltou com o novo formato em 2013.
“Nós crescemos (em público) 22% no ano passado, e esperamos crescer 30% este ano”, diz Portela. “Não há dúvida de que estamos falando sobre o mais rápido crescimento de uma competição no Brasil hoje em dia”.
Nota blog – Apesar do texto positivo sobre a Lampions, faltaram alguns dados na reportagem. Destaco abaixo:
1) Oficialmente, a Copa do Nordeste começou em 1994, e não em 2001.
2) O público da final do regional foi o segundo maior registrado no país em 2014, fora o Mundial. O maior, também no Castelão, foi na Série C, no 1 x 1 entre Fortaleza e Macaé, com 62.525 pagantes.
3) A média de público do Nordestão foi, sim, a maior entre estaduais e regionais em 2014. O índice do torneio foi de 8.286 espectadores por jogo.
4) Segundo o Ibope MW Parabólica, as 62 partidas do regional de 2014 tiveram uma audiência média de 1,6 milhão de telespectadores. Na final, 4,5 milhões.
5) O faturamento do Nordestão 2014 foi de R$ 23 milhões e a expectativa é de que o número chegue em 2015 a R$ 29 milhões, o maior da história.
Nenhuma vitória pernambucana na primeira rodada do Nordestão. Derrota do Sport no Maranhão e empate entre Náutico e Salgueiro. O 45 minutos analisa a estreia local no regional e já estica o debate para o Clássico dos Clássicos de domingo, pelo Estadual. No Pernambucano, espaço também para o Santa Cruz, que terá enfim a sua dupla de ataque titular, no Sertão. A pauta do podcast foi finalizada com a nova paralisação do metrô, atrapalhando a mobilidade à arena, e o recurso do Flamengo para levar o caso do título brasileiro de 1987 ao STF.
Estou nesta edição (1h39min) ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Novo confronto entre Náutico e Salgueiro na Arena Pernambuco. Mais uma vez, empate. Estreando na Copa do Nordeste, pelo grupo C, os pernambucanos ficaram no 2 x 2. Com o novo formato do regional, avançando de forma direta somente o primeiro lugar de cada chave, o resultado obriga a uma recuperação rápida. Ao Carcará, o ponto fora de casa naturalmente foi mais proveitoso.
Com o estádio vazio – novamente atrapalhado pela paralisação do metrô -, o Náutico fez um péssimo primeiro tempo. Viu o Salgueiro perder um pênalti, cometido infantilmente por João Ananias e desperdiçado de forma constrangedora por Lúcio, chegar outras vezes com muito perigo e, finalmente, abrir o placar com Berger, após falha de Júlio César.
As vaias dos 1.882 espectadores eram justas. Cobrando mais empenho dos laterais alvirrubro, Moacir Júnior precisava de eficência no setor para a bola chegar no miolo de zaga. Quase não chegava, ou então só mascada.
E em duas bolas cruzadas, da direita e da esquerda, o Náutico conseguiu virar o placar, com Josimar, desencantando em sua 5ª apresentação, e Gastón, um tanto nervoso até então, mais preocupado em bater boca.
Mesmo em desvantagem, o Carcará continuava agredindo, usando a velocidade diante de uma zaga timbu pregada. Num lançamento bem desviado pelo ataque, a bola sobrou para Anderson Lessa. O ex-alvirrubro já tinha ido bem no domingo. Nesta quinta, finalmente deixou o seu. Por cobertura.
E com o apito final, tanto no Estadual quanto no Nordestão, a presão para Timbu e Carcará ficou para a segunda rodada…
O caso referente ao título de campeão brasileiro de 1987 irá passar por um juízo de admissibilidade de prequestionamento e repercussão geral.
Simplificando o juridiquês: é preciso preencher esses requisitos para que o maior imbróglio da história do futebol nacional chegue ao Supremo Tribunal Federal. A mais alta instância do poder judiciário do país julga apenas matérias constitucionais. Daí a necessidade de avaliar o “peso” do polêmico caso, que se arrasta na justiça comum desde 14 de janeiro de 1988.
Em 16 de abril de 2001 expirou o prazo para recurso do Flamengo sobre a sentença da Justiça Federal, de 2 de maio de 1994, o que transformou o caso em transitado em julgado, a favor da conquista exclusiva do Sport.
Num ato administrativo à parte de qualquer respeito à coisa julgada, em 21 de fevereiro de 2011 a CBF proclamou os dois rubro-negros campeões, de torneios paralelos. Logo, o Sport entrou com uma ação de respeito à sentença original, reiniciando a confusão, que foi parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável pelas divergências fundamentadas na lei federal.
Em 8 de abril de 2014, a terceira turma do STJ julgou por 4 votos a 1 novamente a favor do Leão. No mesmo dia, o departamento jurídico do Flamengo anunciou a intenção de estender a disputa até o STF. Dito e feito. O Mengo protocolou um recurso extraordinário, possível somente na última competência (veja aqui).
O caso está batendo à porta. Cabe à última instância do Brasil decidir pela continuidade… Do STF não passa.
O Sport perdeu do Sampaio Corrêa pela primeira vez. No 8º jogo oficial entre as equipes, a Bolívia Querida virou o placar em dois minutos, ampliou no finzinho e expôs o ritmo do Leão, cadenciado demais durante as partidas.
Com empate entre Coruripe e Socorrense, o atual campeão nordestino largou na lanterna do grupo B. Sem dúvida, foi punido pela falta de ímpeto ofensivo para matar o jogo no primeiro tempo, quando controlou as ações, e pelo desleixo na etapa final, cedendo espaço demais ao mandante, estreante no Nordestão.
O Leão começou dominando as ações no Castelão, mais aceso que no Clássico das Multidões. Aos 14, abriu o placar com Rithely, escorando de cabeça o escanteio cobrado por Danilo. Diego Souza, que chegara de última hora, após a regularização, entrou jogando fácil. Chegou a deixar Joelinton livre para marcar. Oscilante, o jovem centroavante perdeu a “bola” da noite.
Se o time de Eduardo Batista voltou do intervalo num ritmo disperso, a equipe de Oliveira Canindé foi para o abafa. Mostrou vontade e foi tecnicamente bem. Aos 14 e aos 15, virou com Edivânio e Válber. Às pressas, o rubro-negro promoveu todas as mudanças, incluindo Régis, que deu mais velocidade. Exposto, o time pernambucano sofreu outro gol aos 43, com Robert, 3 x 2.
Aos 50 minutos, Régis descontou. Não adiantou. Que fique a lição.
O favoritismo é do Sport, mas precisa fazer o óbvio, mostrar superioridade…
A Copa do Nordeste foi remodelada em 2001, quando ganhou mais datas e despertou um grande interesse do mercado. Em abril daquele ano, a revista Placar estampou em uma capa a manchete “o melhor campeonato do Brasil”. O auge como ‘produto’ viria em 2002, com o regional sendo realizado num período de 113 dias, com 126 partidas e faturamento de R$ 15 milhões, com crescimento de 36% sobre a edição anterior. Claro, foi transmitido na televisão, tanto em sinal aberto quanto pago. Contudo, numa decisão inexplicável da CBF, para não dizer outra coisa, o torneio foi retirado do calendário oficial logo depois.
A copa ainda seria realizada duas vezes às margens da confederação brasileira, em 2003 e 2010. Ficou no limbo até o milionário acordo judicial que ratificou a sua volta chancelada, em 2013. Desde então, vem crescendo nos âmbitos esportivo (quatro arenas), técnico (20 clubes) e financeiro (novos contratos).
2001 – R$ 11 milhões (94 dias)
2002 – R$ 15 milhões (113 dias)
2013 – R$ 20 milhões (45 dias)
2014 – R$ 23 milhões (70 dias)
2015 – R$ 29 milhões (85 dias)
A expectativa para esta temporada, de acordo com os organizadores, é a soma de bilheteria dos jogos, cotas de tevê e patrocinadores. Apenas em premiações, as cotas de participação chegam a R$ 11,14 milhões. O tempo de disputa também subiu, em duas semanas, agora presente nos nove estados. Evolução prevista no contrato do torneio, cujo acordo prevê a realização até 2022.
Em relação ao futebol pernambucano, o ganho é considerável. Nos últimos dois anos, agregando cotas e rendas dos times locais, o montante foi de R$ 8,96 milhões (abaixo, os dados de cada um). Consolidado no calendário futebolístico e servindo de exemplo para outros regionais, o Nordestão pode não ser, hoje, o melhor campeonato do Brasil, mas é, certamente, o melhor da região.
2013
Santa Cruz – R$ 1,43 milhão
Sport – R$ 1,09 milhão
Salgueiro – R$ 549 mil
2014
Sport – R$ 3,17 milhões
Santa Cruz – R$ 1,63 milhão
Náutico – R$ 1,10 milhão
Em 2015 o estado será representado por Sport, Náutico e Salgueiro.
Jamais esmorecer, um lema não escrito do Santa Cruz.
O centenário já é história. Cercado de expectativa, o ano não contagiou nem no gramado nem fora dele. Felizmente, o tempo passou rápido O Tricolor já chegou ao 101º ano, com ideias renovadas. Em campo, uma nova comissão técnica e um elenco remontado terão bastante trabalho para atingir os objetivos do clube, mais escassos devidos aos insucessos do ano anterior. Paciência.
Mas em 2014 o respaldo administrativo também fez falta. Agora será decisivo. Sem dúvida alguma, o grande projeto coral é alavancar a campanha de sócios.
15 mil até dezembro de 2015.
20 mil em 2016.
45 mil em 2017…
A meta não é nada modesta. Contudo, preenchendo essa lacuna, o clube terá lastro financeiro neste contínuo processo de mudanças no futebol brasileiro. Em vez de sobreviver com um orçamento anual de R$ 17 milhões, muito abaixo dos dois rivais, teria a chance de viver com o dobro disso, ao menos.
É, aqui entre nós, essa ideia é fundamentada numa paixão incalculável, que já atravessou todas as provações possíveis nos gramados. E que se mantém firme entre os mais de 2 milhões de fiéis.
São 101 anos junto ao povo, para o povo. Parabéns, Santa Cruz.
E que o enorme potencial do clube enfim seja qualificado e aproveitado…